O Valor das Notas

              O valor das notas e avaliação de vinhos na imprensa especializada é assunto muito discutido e controverso nos dias de hoje. Se alguns dos grandes críticos e degustadores no mundo dão uma boa nota a um vinho, logo o preço dele dispara. Existem notas de 0 a 100, ou de 0 a 20 ou até de 0 a 10, outros não dão nota, mas qualificam os vinhos com estrelas, enfim uma diversidade grande de formas de avaliação. Existem até concursos para determinar o melhor vinho, como se fosse viável dizer que um determinado vinho é melhor que outro ou que um determinado vinho é o melhor do mundo! Com tantas variáveis e subjetividade no processo, isto é impossível de dizer já que, em não estarmos tratando com uma ciência exata, tão pouco, a comparação poderá ser exata. O que podemos dizer, isso sim, é de que um vinho nos tenha agradado mais que outros. A subjetividade é grande demais para que possamos exercer esse tipo de comparativo. Então porque tem tanta gente dando notas?

              Sejam eles, gente mais renomada internacionalmente, como, entre muitos outros, Robert Parker (EUA), Hugh Johnson e Jancis Robinson (Inglaterra), revistas conceituadas internacionalmente como Wine Spectator, Wine Enthusiast e Wine & Spirits (EUA), Revista dos Vinhos (Portugal), Revue du Vin (França) ou Decanter (Inglaterra), como daqui do Brasil; como Jorge Carrara e Saul Galvão ou as revistas Gula, Prazeres da Mesa, Vinho Magazine, Wine ou Adega entre outras. Outros como Luiz Horta, Raul Fagundes, Alexandra Corvo avaliam, mas não dão notas.  Na verdade, todas estas formas de avaliação são válidas, o que devemos é encarar todo este vasto material disponível nas bancas, livrarias e na Internet, como indicativos de qualidade. Por exemplo, se um vinho tem uma pontuação de 88 pontos na Wine Spectator, 4 estrelas na Decanter e o Robert Parker lhe dá 90 pontos, a análise que devemos fazer destas avaliações é de que se trata de um vinho de ótima qualidade. Se vamos gostar ou não, isto já são outros quinhentos! O que sabemos, de fato, é de que o vinho que estamos comprando ruim não é.

              O João Paulo Martins conceituado critico de vinhos e colunista da Revista de Vinhos (Portuguesa) teceu interessantes comentários que, creio, vem compor com este artigo. Vejamos, “Há consumidores a quem a critica faz falta porque ele representa um trabalho de rastreio (garimpo), que o próprio não quis ou não teve tempo de o fazer e que, felizmente, alguém fez por ele. Se há um critico, com um critério de avaliação com o qual me identifico, então poderei decidir se vou ou não assistir a esse filme”. Mais adiante diz ele, “À critica dos vinhos se pede bom senso. Fazer da critica um exercício de poesia, muito mais para auto-satisfação do que para ajudar a quem lê, não leva a lugar nenhum. Pôr-se a inventar aromas. Chegando a mais de vinte descrições num mesmo vinho, é um sinal de infantilidade vínica  o que, ainda que fosse verdade, isso criaria uma distancia tal entre o critico e o leitor que, inevitavelmente, afastaria este ultimo pela sua incapacidade de chegar a tal proliferação aromática”.  Às colocações de João Paulo Martins (nada a ver com nosso pianista) adiciono a colocação feita por Aubert de Villaine, proprietário da Domaine de Romaneé-Conti, em entrevista á revista Veja, em que ele diz “Não fico surpreso que as pessoas não identifiquem estes aromas todos nos vinhos que compram. Eu mesmo não sou capaz de reconhecê-los. Aliás, acho muito aborrecido. Não estou interessado nisso, e sim na personalidade do vinho”. Isto tudo me leva a concluir que estas avaliações devem ser usadas e entendidas com moderação e precaução dependendo do seu nível de sinergia gustativa com quem teceu a avaliação ou deu a nota.

              Por outro lado, estas avaliações são especialmente interessantes quando você se depara com aquelas ofertas fantásticas, (aliás, em qualquer produto, quando a esmola é demais o Santo desconfia e, conseqüentemente, há que se colocar as barbas de molho para os grandes descontos) em que, antes de mergulhar de cabeça, devemos checar se existe algum comentário ou avaliação do vinho em questão. Já me livrei de muito mico desta forma. No caso de que não existam avaliações do vinho que você busca, isto não quer dizer que seja ruim, só que não foi avaliado. Nesse caso, compre uma garrafa e prove antes de sair fazendo loucuras.

               Para acessar algumas destas informações há que se pagar, porém existem opções gratuitas e cabe a cada um buscar a fonte de informações que melhor lhe prouver e depois, avaliar os vinhos tomados comparando-os com a avaliação que usou para compra. Se existir uma sinergia comum entre suas avaliações e a do seu “consultor”, use-o sempre como padrão já que, aparentemente, os gostos batem e, de vez em quando, arrisque-se. Afora as revistas acima mencionadas que podem ser encontradas nas bancas sugiro os seguintes sites para você pegar dicas, analisar vinhos antes de comprar ou simplesmente aprender mais sobre o inebriante mundo do vinho:

Veja  (http://vejinha.abril.com.br/vinhos/) com muita coisa legal, em especial os comentários, avaliações e dicas da Alexandra Corvo; Revista Wine Spectator ( http://www.winespectator.com/); Revista Decanter  ( http://www.decanter.com/ ); Dr. Vino (http://drvino.com/); Jancis Robinson  (http://jancisrobinson.com/); Revista Gula ( http://www.gula.com.br/) ; Wine Experts ( http://winexperts.terra.com.br/) ; (Luiz Horta) http://luizhorta.wordpress.com/ ; Ricardo Cesar  (http://cartadevinhos.blogspot.com/); Belo Vinho (http://www.belovinho.com.br/) Revista Prazeres da Mesa (http://prazeresdamesa.uol.com.br/conteudo/conteudo.php?id=3 );Basílico c/ Jorge Carrara  (http://basilico.uol.com.br/index.shtml); Notas de Degustação (http://www.notasdedegustacao.com.br/vinhos.htm); Saul Galvão (http://blog.estadao.com.br/blog/saul) ;

Revista Wine Enthusiast (http://www.winemag.com/homepage/index.asp) ; Vinho e Poesia (http://www.vinhoepoesia.com.br/) Raul Fagundes ( http://raul.fagundes.blog.uol.com.br//) e  Academia do Vinho (www.academiadovinho.com.br/) talvez o site nacional mais completo sobre as coisas do vinho. Para finalizar, se já não for um assinante, compre o Estado de São Paulo de Quinta-feira, onde o Saul Galvão, invariavelmente, nos traz ótimas dicas sobre vinhos e o Luiz Horta sempre escreve algo educativo e curioso sobre o mundo dos vinhos, suas peculiaridades e personalidades, no caderno Paladar.  

              Agora, tem gente que gosta de tomar (beber) nota, fazer o quê? Sempre pensei que tomar vinho fosse um exercício de prazer e um despertar de emoções! Quanto mais milito neste mundo dos vinhos, mais acredito nisso.

“Champagne; Nas vitórias é merecido e nas derrotas, necessário” –  Napoleão Bonaparte