Tributo a Pedro & Inês
São alguns feedbacks que recebo que me fazem seguir adiante com esta coluna. Algums são verdadeiras preciosidades, como este que virou post. Lembram-se do post que fiz sobre Pedro e Inês, quando dos dias dos namorados. Pois bem, não é que a Zulmira é descendente direta deles e nos deu alguns enfoques e testemunho familiar sobre os dois e seu exemplar amor! Achei que valia um post, então eis a íntegra do comentário recebido:
“Quero dizer que gostei muito da tua coluna e tudo que escreveste sobre D Pedro e D Inês, corresponde ao que ouvi em conversas da família ( pai, avó, tias e primos). Sou descendente direta, por parte de meu pai, deste grande amor, somos da linhagem de João, Duque de Valença e Campos, filho do meio do casal. Por motivos políticos aqui estamos em terras brasileiras. Meu pai era um estudioso deste romance que de fato existiu, este Romeu e Julieta lusitano, trágico e lindo. Minha avó Maria Clara herdou castelos e terras em Portugal, tinha muita documentação um pouco está conosco e outro tanto com parentes. Como Comendador do Vaticano, meu pai tinha a confirmação que eles realmente casaram-se secretamente em 01.01.1353 na Igreja de São Vicente em Bragança e o fato que a Igreja Católica NUNCA haver contestado este acontecimento, apesar de todos os atritos de D.Pedro com a Igreja na época, é a confirmação deste fato. A mãe de D. Pedro, D. Beatriz reconheceu em seu testamento os filhos do casal os citando como Príncipes e chamando-os de Príncipes Infantes, desta forma legitimando-os.
Minha avó sempre contava que eles eram muito felizes e que se amavam muito. Já haviam se conhecido no Castelo de Albuquerque quando eram pequenos, uma vez que eram primos, e quando queriam que ele casasse com Bianca de Castela , ele a refugou e pediu ao pai para casar por AMOR com Inês. O impedimento que alegavam para prejudicar o amor deles é de que eram primos, mas tanto Bianca como Constância, sua primeira mulher eram suas primas também, portanto o motivo era 100% político.
Sobre Inês o que sei é que era loira de olhos verdes, magra, pele muito clara, muito alta para a época, da altura de D Pedro. A Rainha Beatriz (sogra) em carta para uma parenta próxima teria comentado sobre a beleza de D Inês e o encantamento de D.Pedro, chamando-a de deusa “e tu sabes o que acontece quando os Deuses descem a terra”… Dizia-me minha avó, que Inês estava grávida quando foi degolada, o que está retratado nas imagens do tumulo dela, tornando a dor dele maior ainda! Foi essa terrível dor, que fez com que ele mandasse arrancar o coração dos algozes de sua amada, um pelas costas e outro pela frente, para que sentissem o que ele havia sentido, que ele sem ela era um homem sem coração, porque o haviam arrancado dele.
A expressão “agora a Inês é morta” é do desolado D. Pedro em sua imensa tristeza. O fato é que Dom Pedro quase enlouqueceu, passava as noites vagando pelas ruas, mesmo no inverno, fazia fogueiras para se aquecer e o povo lhe trazia vinhos e comidas tentando animá-lo, cantando e dançando perto dele, morreu cedo aos 49 anos, era um pai extremamente carinhoso com Beatriz, João e Diniz filhos dele com Inês. Sei, também, que ele era um Rei extremamente justo, sem fazer distinção entre pobres e ricos, muito eficiente na gestão do dinheiro público e extremamente honesto. Tenho muito orgulho e muita emoção de descender dele, de Inês e deste grande amor! Um grande homem, uma linda mulher, uma linda uma linda estória de amor, e nós como testemunhas vivas ….”
É isso gente, hoje fui mero passageiro e mensageiro neste post com o qual presto um tributo aos protagonistas desta linda história. Legal o que a Internet nos proporciona! Um pouco de história e cultura não fazem mal a ninguém e aqui está um pouco da história viva passada por gerações. Dizem que quem vive do passado é museu, no entanto, é estudando o passado que podemos; melhor entender o presente, evitar repetir erros, enfatizar os acertos e projetar o futuro. Salute ao amor, salute aos atos e atitudes que fazem história, salute Maria Zulmira e seu irmão Antonio Manuel, dignos e orgulhosos descendentes desse exemplo de dedicação e comprometimento entre duas pessoas que se amam.
Até Segunda, bom Domingo e kanimambo.