Brasil, Vinhos que Tomei e Recomendo – I
Ao longo dos tempos tenho tomado diversos vinhos brasileiros. Aliás, nos idos de oitenta não havia muitas opções, ou era isso ou tinha-se que ter o bolso bem recheado pois os importados eram caríssimos. Hoje existem muito mais opções no mercado, mas sempre tento provar os nossos nacionais e tenho visto um enorme salto de qualidade no produto. Acho que a nível comercial ainda há muito o que fazer já que é difícil encontrar os produtos, exceção feita a umas três ou quatro vinícolas maiores, nos diversos pontos de venda. O próprio consumidor conhece pouco de nossos produtos o qual olha com certo preconceito baseado em más experiências de anos anteriores. Por outro lado, em um ano de atividade tive somente um convite para degustação de vinhos brasileiros, a Cordilheira de Santa’Ana, a qual comentarei mais adiante, enquanto não tenho dedos para contar todos os convites que recebi de diversas importadoras. Isto, obviamente, reduz o nível do garimpo, conhecimento e capacidade de divulgação.
Por sinal foi incrível o baixo retorno das vinícolas, a grande maioria sequer se dignou a responder aos e-mails enviados, quando lhes informei do painel sobre vinhos brasileiros que estava realizando. Nada contra, ninguém precisa me atender e isto não é uma reclamação ou desabafo, cada um age da forma que acha devida e há que se respeitar isso, somente uma constatação de que o trabalho de pesquisa e garimpo certamente ficam prejudicados e esta ausência de informações, de acordo com conversas com diversos outros atuantes na área, parece ser uma característica do setor. Ou seja, o que quero externar, é minha opinião sincera de que grande parte das vinícolas brasileiras, obviamente que existem exceções e falo de forma genérica, são vitimas de seus próprios erros na ausência de uma política adequada de divulgação e distribuição. Num mercado competitivo que nem o Brasil, entre os quatro principais no mundo em termos de diversidade, com cerca de 18.000 rótulos só de importados, quem ficar sentado na vinícola esperando o cliente chegar ………
Enfim, o problema é mesmo dos produtores, não nosso e já dei palpite demais sobre esse assunto. Como consumidores o que queremos é tomar bons vinhos com bons preços e ter uma certa facilidade de acesso aos rótulos que mais gostamos. Nesse sentido, creio poder lhes sugerir alguns rótulos bastante interessantes, uns mais conhecidos, outros menos, baseado em minha experiência. Começo pelos mais baratos, como sempre faço, lembrando que as safras de 2002, 2004 e 2005 foram muito boas e são uma boa pedida para se procurar nas lojas, especialmente a 2005. Quanto aos vinhos brancos, melhor tomar o mais jovem possível e a safra de 2008 tem apresentado bons produtos.
Até R$30,00 uma série de vinhos que não têm a intenção de serem grandes, mas que são muito bons para o dia-a-dia e estão prontos a beber.
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A Miolo tem uma linha bastante grande de produtos, mas dentro desta faixa de preços os que mais me entusiasmaram foram o Miolo Reserva Merlot os Fortaleza do Seival Tempranillo e o branco Pinot Grigio. Uma ressalva, o Tempranillo 2005 estava muito bom porém não tenho tido boas informações sobre o 2006 então a safra é importante.
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Marson Reserva Cabernet Sauvignon é um outro vinho de grande relação custo x beneficio que surpreende por suas qualidades com taninos finos e elegantes, muito harmônico, copro médio e saboroso passando seis meses em barrica de carvalho americano e mais seis meses em garrafa nas caves, uma bela pedida.
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Marco Luigi Merlot, mais uma prova de que a nossa principal uva é a Merlot com bons produtos nesta faixa de preços e alguns ótimos em faixas acima. Um vinho muito redondo, equilibrado, boa fruta madura, boa acidez, muito apetecível com taninos macios e agradável final de boca.
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Fausto Rosé da Pizzato, um rosé de merlot muito frutado, boa acidez, bem refrescante que acompanha muito bem comidas leves como um peru à Califórnia.
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Adolfo Lona corte de Merlot/Cabernet 2004, um vinho diferente e bastante interessante com um nariz muito floral e intenso que assusta num primeiro momento mas que se encontra bem resolvido na boca com taninos doces, redondo e saboroso.
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Cordelier Merlot, existe o reserva elaborado com uvas selecionadas, sem passagem por madeira e mais tempo de cave, e o básico com somente uns 4 meses de cave antes de ser lançado ao mercado e que vem acondicionado em uma garrafa que imita garrafa envelhecida. Os dois são bons, mas eu curto mesmo é o da garrafa envelhecida que tem uns aromas e paladar bem marcantes e uma ótima pedida pelo preço em torno de R$15 a 17,00, apesar de que o Reserva não fica atrás e pouco mais custa.
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Rio Sol, um vinho surpreendente e, apesar de ser o mais barato da linha com preço ao redor de 20 Reais, é um dos meus preferidos. Corte de Cabernet Sauvignon com Syrah, é um vinho muito equilibrado, harmônico e saboroso que substitui amplamente a grande maioria dos vinhos nesta faixa trazidos do Chile e da Argentina.
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Angheben Barbera 2007, provei ontem e é realmente uma grande pedida nesta faixa de preços, mostrando bom equilíbrio, taninos macios, médio corpo, redondo e muito agradável de tomar. O Touriga Nacional de que falam tanto não me conveceu e é bem mais caro.
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Aurora Varietal Cabernet Sauvignon e Merlot, são dois vinhos para aqueles dias de caixa baixo, já que estão abaixo do 20 Reais, mas que não negam fogo. São corretos, ligeiros, fáceis de beber e bastante agradáveis sendo ótima companhia para um belo sanduba de fim de semana, um caldo verde ou uma carne grelhada não muito condimentada.
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Salton Volpi. Quero finalizar com esta linha de produtos da Salton que acredito ser uma das melhores, se não a melhor relação Qualidade x Preço x Satisfação no mercado. A Salton também possui uma linha mais barata, a Classic, que é correta, ligeira mas não me encanta. Já a linha Volpi recomendo sem pestanejar, especialmente o Merlot que é sempre muito bom, de taninos doces e sedosos num corpo médio, muito saboroso e de média persistência, um dos bons merlots nacionais e uma aposta certeira nesta faixa de preços, e os Pinot Noir e Sauvignon Blanc que tive o grato prazer de provar ontem. O Pinot 07 está em outra faixa de preços, falo depois, mas o Sauvignon Blanc 08 me encantou e conquistou desde a primeira fungada na taça! Surpreendente porque, apesar de ter alguns vinhos brancos nacionais de que gosto são poucos os que realmente me encantaram e este é uma delicia. Com baixo teor de álcool (11.9º), muito balanceado, nariz intenso em que aprece uma goiaba branca muito presente, e olha que meu nariz é meio fraquinho, frutado na boca, muito boa acidez o que o torna fresco, agradável e fácil de tomar deixando na boca aquele gostinho de quero mais.
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Casa Valduga Premium. Esta linha possui vinhos de muita qualidade, porém com somente um rótulo que conheço e que cabe nesta faixa de preços, sendo um dos outros brancos nacionais de que gosto muito. É o Gewurtzraminer, que apresenta muita tipicidade com aqueles aromas florais e lichia, muito saboroso e ótima companhia para pratos orientais apimentados como curry de frango ou camarão.
É isso gente, conforme for dando vou publicando a seqüência dos posts sobre o Brasil já que ainda existe muito por falar e começo a receber novas e interessantes informações. Um abraço, bom fim de semana e amanhã tem a Coluna do Breno, depois no Domingo novidades, oportunidades e eventos. Volto na segunda-feira, Salute e kanimambo.
o angheben touriga nacional que provaste é 2005?
sobre o salton classic: sim, não emocionam, mas por R$10 não dá pra pedir muita emoção, né? quando estou com orçamento pra lá de estourado, é a eles que recorro. nada de fortes emoções, mas honestidade e função.
sobre valduga gewürztraminer: outro dia provei o 2008. não me decepcionei, longe disso, que está para nascer o vinho valduga que me decepcione. apenas o achei um pouco apagado, considerando o que foi a safra desse ano. talvez ele esteja melhor no ano que vem?
beijos.
ps- estou adorando as aulas!
Angheben T.N. 2004. As safras no RS são deveras importantes e mudam totalmente os vinhos. O 2005 é melhor? Gewurtz, gostei muito do 2007, o 2008 não provei, mas o melhor nacional é mesmo o da Cordilheira de Santa’Ana só que custa o dobro do da Valduga!
TN 2005 definitivamente! é outro vinho. o 2004 foi o que provei anteriormente e do qual não gostei.
paguei R$23 pelo valduga e vou ficar namorando o cordilheira por um bom tempo…
Meu caro, tenho dedicado tempo (e fígado) aos vinhos brasileiros. São minha paixão e com ela sofro bastantes, dou rizadas, mas também fico satisfeito.
Concordo com tudo que disse, especialmente quando se refere ao Cordelier Merlot e Marco Luigi Merlot. Estive em ambas vinícolas em outubro e a coisa é bem conduzida por lá.
Quanto ao Gewurztraminer da Casa Valduga, é o branco nacional que mais consumimos em casa. Sempre com a presença aromática que se espera de um vinho desta casta. Outras vinícolas até produzem Gewurz nesta faixa de preços ($20-23) mas não conseguem o mesmo resultado. Quanto ao Cordilheira de Santana, confesso ainda não ter experimentado, mas tem que ser muito bom para justificar o valor pago.
Também estive na Angheben e disse ao atendente (que pareceu ser um dos enólogos da casa) que o Barbera 2007 é MUITO MELHOR que o 2004, que foi a primeira safra desta uva e estava muito duro e verde.
Grande abraço.
VPT
Olá João!
Ótimo o post sobre os nacionais… vou correndo comprar um Valguda Gewurtztraminer, pois ainda não provei.
Obrigado pelo comentário no De Vinho em Vinho.
Forte abraço,
Rafael.
Salton volpi, realmente é muito bom, até a garrafa é mais pesada