Sua Tabela de Safras 2009
Como no ano passado, fiz um acordo com a Mistral que muito gentilmente nos cedeu os arquivos de sua Tabela de Safras que agora disponibilizo para você meu caro amigo leitor a apreciador das coisas do vinho. É o tipo de informação importante para ter, porém para ser usado com parcimônia já que não é um divisor de águas, mas sim uma ferramenta de assessoria na compra de seus vinhos. Já tratei deste tema em posts anteriores, inclusive naquele em que disponibilizei a tabela no ano passado, porém a matéria que publiquei sobre a Toscana é um claro exemplo de como esta tabela pode ser importante na nossa escolha de um vinho a comprar. Eis mais algumas dicas de como aplicar as informações para melhor usufruir sua tabela que, sugiro, seja impressa e guardada em sua carteira como uma fonte de referência lembrando que estas tabelas devem assessorá-lo e não tomar decisões por você, pois são somente indicativos genéricos de qualidade. Usadas com sabedoria, todavia, podem sim ser uma valiosa ajuda na diminuição de equívocos na compra reduzindo consideravelmente nossa margem de risco.
Lembrando, temos hoje, mais de 18.000 rótulos disponíveis vindos de todos os cantos do mundo! Quem não precisa de ajuda para escolher, quem? Esta Tabela de Safras II (contemplando safras conhecidas e avaliadas até final de 2008) pode ajudar na hora de suas compras. Eis algumas situações práticas em que a tabela pode, e deve, ser usada considerando-se, sempre, que estamos diante de garrafas e/ou origens pouco conhecidas.
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Na prateleira dois rótulos iguais de Chianti Clássico, porém de safras diferentes; um de 2002 e o outro de 2006, qual comprar?
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Um vinho desconhecido, de uma região/país que você pouco conhece como, por exemplo, a Austrália.
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Vinhos de preço similar e do mesmo país, mas de regiões diferentes. Por exemplo; um espanhol de Rioja 2002 e um Toro do mesmo ano.
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Quero comprar um vinho conhecido, de que gostei, para guardar na adega. Sabendo-se que vinhos de boas safras costumam ser mais longevos, fica clara a escolha a ser feita.
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Uma promoção, preço convidativo, rótulo de design atrativo, um Bordeaux ou Amarone 92 pouco conhecido. Compro ou não compro?
Com o uso da tabela abaixo, suas chances de acerto melhoram bastante. Existem tabelas mais completas ainda que dão a indicação de quando os vinhos dessas safras estarão no pico e prontas para seu consumo ideal; Wine Magazine, Wine Spectator e Robert Parker produzem algumas destas e para todos eles existem links aqui do lado. A Helô reclamou, no ano passado, e a Mistral atendeu, agora a o Brasil já aparece na tabela. Por outro lado, aproveito para agregar informação sobre minhas experiências recentes com os vinhos brancos e roses nacionais de 2008 que estão muito bons. Não tenho dados efetivos que substanciem isso, porém na boca parece-me que estamos diante de uma muito boa safra destes vinhos.
Nos vinhos do dia-a-dia, mais simples e feitos para serem tomados bem jovens, realmente a importância das safras é menos relevante. No entanto, ao subirmos a escala de valores e qualidade as safras começam sim a ter importância na elaboração de um vinho. Por exemplo, existem vinhos top que sequer são produzidos numa safra mais fraca (bom momento para comprar seu segundo vinho) e, por outro lado, o que faz um Tignanello 04 custar R$480 em quanto um 05 custa quase R$100 a menos ou um Chateau Rayas Chateaneuf-du-Pape Pignan 05 custar USD250 e seu irmão mais velho de 02 custar USD175 ou, ainda, um Quarts de Chaume de Baumard 06 custar USD159 e o seu, ótimo por sinal, 00 custar USD90? Por mais que neguem, sim as safras são importantes, inclusive no seu bolso. Por outro lado, se os grandes vinhos se fazem no vinhedo, como desprezar o valor das safras que nada mais é do que a soma de diversos eventos climáticos ao longo do ano e, em especial, da vindima? Um pouco mais para alguns produtores e rótulos do que para outros, mas apesar de tanta tecnologia a natureza ainda dita suas regras! Eis aqui a Sua Tabela de Safras:
Para imprimir, sugiro salvar a imagem e depois imprimir adequando tamanho. Não sei porquê, mas não estou conseguindo colocar a imagem no WordPress já no tamanho correto para impressão, sorry! Salute e kanimambo.
Olá João, gostaria de esclarecer algumas dúvidas. Eu costumo tomar um Rio Sol que gosto muito, no rótulo diz que se trata de um vinho seco de mesa. Vi em um dos seus artigos que esse mesmo vinho é um corte de Cabernet Sauvignon com Syrah. A pergunta é a seguinte: vinhos sem essa indicação de uvas costumam ser de qualidade inferior? E outra pegunta, a região produtora vale mais que o rótulo? Pergunto isso pq vi um vinho argentino de Mendoza-06 que não conheço e queria provar. Obrigado e forte abraço.
Oi Ed. Este mundo do vinho é tudo menos simplista, um mundo nada binário. A quase totalidade dos vinhos tintos finos, são secos de mesa mas as cepas com que ele é elaborado podem variar muitissimo. Podem ser de uma uva só (varietal), um corte como este com duas cepas (bi-varietal), ou um corte de diversas uvas. Isso não os faz pior ou melhores, os faz diferentes. Por outro lado, um mesmo corte de produtor diferente, mesmo que da mesma região, pode ser totalmente diferente. Um Cabernet Sauvignon do norte do chile é diferente do centro, que é diferente de um de Mendoza ou do Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves e ainda da Itália. O que quero tentar te passar é que não existem regras por aqui. Só provando é que aprendemos do que gostamos, por isso é importante tomar notas do que se bebe, para que se tente criar um perfil ou estilo de vinho que mais lhe agrade o que facilitará futuras compras.
Quanto á questão do rótulo, não entendi muito bem a pergunta. O nome do rótulo talvez seja menos importante do que o restante das informações que dele devem, nem sempre acontece, constar. O importante do rótulo é nos informar; quem é o produtor, se é um varietal ou se é um corte, o teor de álcool (eu tento evitar os acima de 14% nos tintos e 12.5% nos brancos), safra, e de onde vem (região e país). Esse de Mendoza, tente saber esses detalhes e os registre para consulta futura, depois tome-o. Em Paises e Produtos tem uma matéria sobre a Argentina que talvez possa te ajudar.
Lamentavelmente para o bolso, este mundo do vinho só tem um segredo; litragem! Só tomando, provando e tomando notas é que vc vai conseguir descobrir do que gosta e voltar lá como um porto seguro nessa viagem sem fim.
Não sei se confundi mais do que ajudei, mas é isso aí.
Abraço
Obrigado João, você esclarecu muita coisa sim. Eu que vou tentar te explicar melhor a minha pergunta…rss. Eu, na verdade, estava falando de vinhos que não trazem no rótulo nada sobre as uvas utilizadas, ou seja, presumo que sejam elaborados com diversas uvas. E como não sabemos quais são essas uvas, fico pensando que são vinhos inferiores. Esclarecendo a outra pergunta sobre o vinho de Mendoza (Não me lembro o nome), ele foi indicado por um amigo, mas como não conheço fiquei com medo de arriscar.
Quando eu lhe perguntei da importância de rótulos e regiões, me expressei mal. Exemplo, gosto muito de vinhos da Conchaytoro e da casa Valduga, produtores/marcas famosas e respeitas. Se eu encontrar um vinho da mesma região de um desses e esse produtor for pouco conhecido, posso confiar?
Espero ter sido claro….rsss
Forte abraço e parabéns.
Valeu Ed, agora entendi. Olhe, essa coisa de mencionar as cepas ajuda, mas é muito uma questão cultural também. Dos melhore vinhos do mundo como Chateaux Margaux, Cheval Blanc e Chateau Petrus, nenhum menciona as cepas com que é produzido, e são o que são. Um Borgonha por outro lado, apesar de sabermos que é elaborado com Pinot Noir, muitas vezes não é mencionado porque se pressupõe, erradamente, de que todos sabem disso porém podem também ser elaborados com a cepa gamay, dependendo da região ou ainda o Barolo que não diz que é elaborado com a uva Nebbiolo. Fritar dos ovos, seria desejável que todos os contra rótulos tivessem mais informações, mas não é obrigatório e muitos não o fazem. Geralmente os vinhos do velho mundo são menos informativos e os do novo mundo mais.
Quanto a confiar, é relativo. Do mesmo produtor podem existir bons e maus vinhos, vinhos que te agradem e vinhos que não. O que dizer de outro fornecedor! Obvio que podemos tentar reduzir o risco da compra lendo sobre eles na rede, livros ou revistas, mas creio que escapar do ato de ter que arriscar para melhorar o nosso conhecimento, parte do barato de navegar por essa incrível vinosfera, não tem muito jeito não. Quanto mais caros maior o risco e necessidade de pesquisa, mas o caminho é esse. Tem vinhos caros de boas criticas que tomei e não me agradaram. Me danei, mas pelo menos sei que aquele não me pega mais! rsrs Em outros mais baratos, onde arrisco mais, me surpreendi e me dei bem.
Prezado João,
poderia explicar porque evita as graduações alcoolicas muito altas como mencionado?
Abs
Oi Boris, por uma questão de gosto, Não gosto de vinhos muito potentes assim como acho que perdem muita da “função social” do vinho que é alongar os jantares e encontros enquanto sorvemos os bons caldos disponibilzados. Se os vinhos forem muito potentes será dificil passar da terceira taça e aí perde a graça.
João,
desculpe o preciosismo mas na ultima resposta que deu para o Ed, você mencionou Barolo como vinho composto de uva Barbera enquanto o correto é uva Nebbiolo.
Sei que deve ter digitado a palavra na pressa mas fiz questão de observar isto para não confundir alguns dos amigos que acompanham sempre teu excelente e precioso Blog.
Abraços
Ouch, coisa feia, pior que não me dei conta! Ainda bem que você viu. Valeu pelo toque e já corrigi.
Abraço
Blz, so espero não tenha considerado minha observação como uma chatice pois realmente não foi essa a intenção .
Abraços
Criticas construtivas e toques desses são sempre bem-vindos, até porque existem erros e erros. Neste caso o erro alterava o teor e poderia, como vc bem disse, confundir o leitor. Valeu mesmo.
Abs
Gostaria de saber qual safra para pera manca e barca velha?
Carmine, para os grandes vinhos a safra é menos importante, porém o Barca Velha é do Douro, consequentemente a de 2000 (último que foi colocado no mercado) foi grande, mas o vinho já se encontra esgotado por aqui. Vi em Lisboa na faixa de 200 Euros. Quanto ao Pera Manca, este é do Alentejo e tem havido diversas boas safras conforme consta da tabela.