Vinho Verde

Nada mais português que um bom Vinho Verde que, lamentavelmente, o Brasil ainda não descobriu. O Vinho Verde branco, sim porque há tintos que muito se bebem pelo interior de Portugal afora, tem tudo a ver com nosso clima e com nossa alimentação, especialmente nas regiões litorâneas. Da região do Minho, norte de Portugal fronteira com a Galicia (Espanha), especialmente da sub-região de Monção e Melgaço, vinhos gostosos, amistosos, sempre muito frescos, tradicionalmente de baixo teor de álcool, com uma acidez cortante, alguma agulha na ponta da língua, é ótima companhia para frutos do mar em geral, bolinhos de bacalhau, casquinhas de siri e coisas do gênero, perfeito com sardinhas assadas na brasa! Neste painel de quase dois meses em que provei uma série de vinhos brancos e rosés, não poderia deixar de fora estes deliciosos vinhos, bem apropriados para o nosso verão e, ainda por cima, com ótimos preços.

 

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  • Quinta do Ameal Loureiro 06 (Vinho Seleto) – uva Loureiro, autóctone de Portugal, vínificado em extremo (varietal) apesar de tradicionalmente ser usada como corte nos vinhos verdes aportando-lhes uma melhor estrutura. O estilo deste Ameal faz lembrar muito a delicadeza e sutileza dos bons vinhos do Mosel, na Alemanha, incluindo o teor alcoólico de 11.5º. Deliciosamente refrescante, grande intensidade aromática em que sobressai um encantador bouquet floral. Na boca é leve, suave, um toque de seda no palato em que aparecem frutos cítricos, toques de limão com um final de boca algo amendoado. Muito mineral, ótima acidez, alguma agulha muito sutil e bem típica dos vinhos verdes. Encantador e de grande finesse!
  • Loureiro Muros Antigos 06 (Decanter) – de Anselmo Mendes, uns dos papas da região, vem este delicioso, floral e refrescante vinho com a mesma cepa do Ameal, porém de maior corpo, mais franco e vibrante com um teor alcoólico de 12%. Inicia cativando pelo olfato suave e elegante, com notas cítricas e florais. Na boca, é exuberante, intenso, fresco, textura macia e muita fruta. Muito harmonioso, é um vinho imperdível, que fará bonito escoltando um peixe grelhado com arroz de tomate ou uma caldeirada de lulas. Mais uma maravilha, mas acho que está na hora de esperar safra mais nova, pois achei-o menos fresco e vibrante que há seis meses atrás, ou compre agora e tomo logo.
  • Muralhas de Monção 07 (Barrinhas) – um dos vinhos verdes mais consumidos em Portugal e por aqui tem os seus seguidores também, como eu e meu amigo Antonio. Corte de Alvarinho com Trajadura, muito cítrico com nuances florais, sempre apresentando grande frescor e muito balanceado, é um vinho que safra pós safra mostra uma consistência impar e substância, algo nem sempre disponível nos vinhos verdes disponíveis no mercado. Tem um final de boca muito agradável e de boa persistência apresentando um retrogosto de frutas tropicais e algo mineral. Não é de grandes complexidades, mas é certeiro, direto diz logo ao que vem e nos deixa bem felizes e satisfeitos, missão cumprida com honras e bom preço, por volta dos R$38,00.
  • Varanda do Conde 07(Casa Flora) – uma enorme surpresa e uma paixão ao primeiro gole. Mais uma vez um corte com as casta autóctones Alvarinho e Trajadura que, já nos aromas, mostra-se sedutor com suas nuances florais e o que me pareceu ser casca de laranja. Na boca mostra uma acidez bem cortante com alguma mineralidade, deixando o vinho muito fresco, leve e fácil de tomar, muito equilibrado, leve agulha, saboroso com um muito agradável final de boca de média persistência que me lembrou nectarinas e deixa aquele gostinho de quero mais, e mais, e…… Um vinho feito para o nosso verão acompanhando camarõezinhos grelhados, lula à doré ou carne de porco na brasa, enquanto o sol se põe sobre as águas do mar tranqüilo. Fico aguado só de pensar!
  • Deu La Deu 07 (Barrinhas) – um dos mais tradicionais e muito consistentes vinhos monocasta elaborados com Alvarinho. De cor dourada brilhante e límpido, possui uma paleta olfativa bem frutada que nos leva a viajar por terras tropicais em que aparecem aromas de melão e algo de pêra cercado por nuances florais. Acidez muito boa o que lhe aporta um grande frescor, copo médio, cremoso, com final de boca guloso e mineral de média persistência com retrogosto que me lembrou maçã verde. Uma ótima companhia para um churrasco, muito yummy! Está no mercado por preços variando entre R$58 a 70,00 ou seja, há que pesquisar.
  • Quinta da Aveleda 07 (Interfood) – divide com o Varanda do Conde o titulo de melhor relação Preço x Qualidade x Satisfação desta lista de Vinhos Verdes. Corte de Loreiro, majoritariamente, Trajadura e Alvarinho com 11,5%, é mais um daqueles clássicos da região que se torna irresistível com umas sardinhas assadas e batatas cozidas. Gostosos aromas frutados e cítricos com algo herbáceo, na boca é harmônico, balanceado e muito saboroso com uma certa complexidade de sabores em que aparece algo de frutas tropicais, melão,talvez maçã verde tudo com muito frescor e vivacidade. Não possui corpo para encarar pratos muito evoluídos, mas certamente será grande companhia para pratos de peixe grelhados e, obviamente, as sardinhas já comentadas. 
  • Portal do Fidalgo 06 (Casa Flora) – Nariz agradável, citrico de boa intensidade. Na boca apresenta corpo médio, é suculento, vivo, muito equilibrado e fresco mostrando bem todas as características da cepa, um vinho para abrir o apetite e preparar as papilas gustativas para o que está por vir, ou, preferencialmente, para acompanhar um bacalhau grelhado ou na brasa com batatas ao murro ou um belo prato de lulas grelhadas na manteiga com batatas cozidas. Aqui o teor de álcool é mais alto, em torno de 13.2%, porém sem se notar já que está muito bem equilibrado. Com preço rondando os R$50,00, é um dos Alvarinhos mais baratos do mercado e uma boa introdução à cepa.
  • Casal Garcia 07 (Interfood) – talvez o mais conhecido Vinho Verde e um dos que mais vende mundo afora. Um corte das uvas Trajadura, Loureiro, Arinto e Azal muito leve e suave, descompromissado, magro, um estilo de vinho que costumo denominar de “beira de piscina”. Nariz tímido que se repete na boca com boa acidez, acentuado frescor e algo cítrico. Para tomar bem gelado e aos goles, não chega a entusiasmar, mas para o que se propõe é bastante agradável. No mercado por volta de R$25 a 28,00.  
  • Promoções válidas somente até ao final de Março.

Para os que gostam de encarar coisas diferentes, eis uma dica; como sugeri no Deu la Deu, harmonizar com churrasco, prove um destes deliciosos vinhos acompanhando uma costela de porco na brasa. Estranhou? Tente e comente aqui depois. O frescor e acidez cortante destes vinhos, equilibra-se maravilhosa e refrescantemente como contrapeso à gordura da carne. Agora vá um pouco mais longe ainda, sirva-o com feijoada (Cristiano, já adiantei a minha escolha)! Uma última coisa, com algumas exceções, como os bons Alvarinhos, para aproveitar todos os seus predicados estes vinhos devem ser tomados preferencialmente jovens, quanto mais melhor, preferencialmente não deixando passar dos dois anos. Como a grande maioria do que está no mercado é 2007, aproveitemos bem este primeiro semestre enquanto aguardamos as safras mais novas chegarem só que, provavelmente, com novos preços. Se quiser conhecer um pouco mais sobre Vinhos Verdes, clique aqui.

 

 

 

 

 

 

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Salute e kanimambo.

Ps. Se tiver oportunidade de se deparar com um Alvarinho Soallheiro 07 (Mistral), não negue fogo e compre. O Alvarinho Muros de Melgaço (Decanter) é outro que também não se deve perder, sendo vinhos mais complexos e elaborados, já numa outra liga saindo desta linha mais ligeira de vinhos, podendo inclusive envelhecer bem. Alvarinhos, no entanto, são vinhos de uma classe especial que merecem uma matéria especifica sobre a cepa. Questão de tempo!