Bodega Chacra – Pinots Surpreendentes!
Aos amigos amantes de bons Pinots fica uma pergunta, você conhece? Não, então não deixe de conhecer este que não é só o melhor Pinot Noir da Patagônia e sim, quiçá, da América do Sul. Vinhos de primeiro nível mundial com um estilo “borgonhês” de ser, deixando muitos deles enrubescidos, que tive o privilégio de tomar e que comento com vocês aqui abaixo. Em um encontro com almoço delicioso e muito bem harmonizado no Emiliano, a convite do novo importador e distribuidor da marca, Expand, provamos o Barda, o Chacra 55 e o Chacra 32. Antes de falar dos vinhos, no entanto, falemos de quem o produz.
“Incisa della Rochetta” é um sobrenome de grande respeito em nossa vinosfera já que essa família é, nada mais nada menos, do que a “criadora” do ícone “Sassicaia”. Pois bem, é de Piero Incisa della Rochetta; um afortunado, criativo e apaixonado jovem que em 2004 decide comprar alguns vinhedos abandonados com vinhas datadas de 1932, a idéia de investir na “criação” de um vinho de terroir com manejo biodinâmico no longínquo Vale do Rio Negro na Patagônia. Os vinhos são elaborados artesanalmente, sem nenhum processo mecânico ou químico em seu processo de produção, com as uvas sendo colocadas inteiras, sem espremer, no barril de fermentação onde o próprio peso das uvas acaba fazendo esse trabalho. A fermentação é iniciada espontaneamente através de leveduras selvagens formando uma camada de dióxido de carbono que não é retirada nem empurrada para baixo. Uma vez que a fermentação alcoólica se completa, o vinho é transferido sem as cascas para pequenos barris de carvalho através de gravidade. Após a fermentação malolática em barril, em aproximadamente 6 meses, o vinho permanece intocável por um período de cerca de 12 meses, dependendo do vinho, após o qual o vinho é engarrafado sem filtração. Resultado? Vinhos “single vineyard” de excepcional qualidade, extrema elegância, um verdadeiro retrato de um terroir muito especial e uma grande demonstração da globalização no mundo do vinho em que, um produtor italiano com um enólogo dinamarquês (Hans Vinding Diers) produzem vinho de cepa originariamente francesa na remota Patagônia Argentina.
Barda 07 – o “básico” da linha de somente três rótulos. Vinhedo com 12.5 hectares de 15 anos de idade, produz hoje cerca de 20.000 garrafas. Um vinho sedutor que conquista já na cor, muito antes de chegar no nariz e boca. Cor rubi suave, translúcido com aquele jeitão de vinho da Borgonha, nariz delicado, frutado com suaves toques florais. A entrada de boca é cativante com fruta fresca, um frescor sutil, que mostrou ser característica de todos os vinhos, saboroso, taninos sedosos, redondo, média persistência, vibrante, suculento e extremamente agradável de tomar. Tinha 3 garrafas na adega que me foram oferecidas por um amigo argentino e esperava por uma maior guarda antes de abri-las. Depois desta degustação já só ficaram 2 e as outras não devem permanecer por mais tempo ali! O vinho está absolutamente pronto apesar de achar que pode melhorar com mais um tempo em garrafa.Só para efeitos de prova, “dever profissional” e para satisfazer minha curiosidade enófila, guardarei uma para tomar daqui a um ano. Preço na Expand, R$130,00.
Chacra Cincuenta y Cinco 07 – elaborado com uvas dos 5 hectares de vinhedos plantados em pé franco em 1955 (ano bom esse, rsrs) e uma produção total de apenas 9.255 garrafas. Talvez a melhor relação Qualidade x Preço x Satisfação dos três. Um degrau acima em todos os aspectos, tanto nariz como em boca, tendo se mostrado mais evoluído, pedindo tempo apesar de já estar muito apetecível. Aromas de fruta vermelha madura, talvez ameixa, com uma maior intensidade floral. Da taça para a boca, um mineral mais presente, bastante fresco e equilibrado, muito rico, de maior corpo sem negar seu estilo de elegância, boa textura com taninos aveludados, um final de boca bastante longo, fino e agradável que nos convida à próxima taça. Um belo vinho, com preço de R$180,00.
Chacra Treinta y Dos 07 – elaborado com aqueles primeiros vinhedos plantados em 1932 que eles veem recuperando aos poucos. São somente 2.2 hectares de vinhas e uma reduzida produção de apenas 7.445 garrafas por safra. Talvez o mais complexo de todos e, muito interessante, tivemos a oportunidade de provar de duas garrafas. A primeira aberta no almoço e a segunda aberta no final do dia anterior e guardada em garrafa somente com rolha sem vacu-vin. Pela ausência de produtos químicos, o vinho se mantém por muito mais tempo sem “ajudas” externas. São os mistérios, ou não, advindos de uma produção biodinâmica. Mostrou-se um vinho bem mais complexo de boa concentração aromática, muito harmônico, taninos finos de grande elegância, vinho de grande expressão que, caso fossem essas na minha adega, lá permaneceriam por mais uns dois anos antes de sorver de todo o seu esplendor. É um vinho de grande persistência e retrogosto algo especiado, ótima estrutura com bom volume de boca, mas sem perder a finesse, taninos firmes e sedosos mostrando que ainda terá alguns bons pares de anos pela frente. Acho o preço puxado, mesmo para um vinho desta qualidade, R$420,00
Nunca tinha provado Pinots desta categoria vindos da América do Sul e fiquei realmente impressionado, entendendo melhor o porquê dos preços, mesmo de um vinho produzido por estas bandas, ainda por cima por ser biodinâmico o que acarreta custos mais elevados de produção. Lição aprendida, “concentre-se no conteúdo não na origem ou no rótulo“! Difícil dizer qual o mais interessante; se o Treinta y Dos, de grande complexidade, mas de preço muito alto; se o Barda extremamente amistoso e sedutor ou se o Cincuenta y Cinco que me parece exatamente a otimização dos dois com um preço bastante interessante para o porte do vinho já que existem muito poucos Pinots no mercado, de qualidade similar, a esse preço. Qual comprar creio que seria uma opção baseado em um mix de; disponibilidade de caixa com ocasião e companhia adequada. Que Baco lhe ajude nesse processo que, acredite, não é fácil pois os vinhos são realmente estupendos, cada um a seu modo, e merecedores de sua escolha.
Salute e kanimambo.
João, bom dia!
Vou procurar pelos vinhos na próxima semana, quando “atravesso a rua” e vou à Puerto Iguazu comprar vinhos, carnes e queijos.
Recentemente, tb fiquei impressionado com a qualidade de um Pinot Noir argentino: o Luca. O 2006 já está pronto, mas o 2007 pede alguma guarda. Paguei 107,00 pesos por cada garrafa. No Brasil, a Vinci oferece por R$ 112,00 (2007).
Se tiver oportunidade, experimente-os. Aposto q vai gostar!
Abraço e parabéns pelo blog.
JFC,
Grande amigo, compartilho dessa boa imagem em relação aos vinhos da Patagônia Argentina. São sete ou oito produtores que chegam ao mercado nacional com boa qualidade! Entre eles, Bodega del Fin del Mundo, nunca bebí um vinho mal feito deles, Familia Schroeder e Humberto Canale.
Entre os Pinot’s temos o Bodega del Fin del Mundo Reserva (R$ 65) que é muito interessante e o Newen (R$ 45) e Saurus (R$ 41) e o Saurus Reserva (R$ 71) ambos bons.
Ainda sobre a Bodega del Fin del Mundo, eles tem variadas linhas que podem ser encontradas em supermercados e os preços variam entre R$ 15 e R4 45.
Já a Humberto Canale produz além de bons Pinot´s um interessantíssimo varietal de Cabernet Franc, Humberto Canale Gran Reserva, se não me engano a safra disponível no mercado é a 2004. Tive o prazer de beber com o Alexandre (Diário de Baco) e o Rafael (De Vinho em Vinho) um 2003 muito complexo.
Experimente um deles e nos conte!!!
Forte Abraço!
Cristiano
http://www.vivendovinhos.blogspot.com
Olá João…
Tive o prazer de experimentar o Chacra Cincuenta y Cinco numa degustação só de pinot´s na ABS ano passado.
Deixou todos os outros, inclusive franceses, para trás.
Realmente como vc disse, têm os preços um poucos puxados, mas são espetaculares e valem o investimento.
abs!
Alexandre
Valeu gente. Na verdade Alexandre, acho que este novo preço da Expand para o 55, bem abaixo do anteriormente praticado, o deixou bem competitivo considerando-se que é um Pinot de primeira grandeza. O 32 é que está complicado, esse é para poucos previlegiados.
Cristiano, me falaram muito bem do Humberto Canale Merlot, já provaste? Daquela região tem também o Fabre Montmayou que tem produtos deveras interessantes. Vou ficar de olho nessas dicas!
Vitor, Luca Pinot já listado nos vinhos a provar. Valeu e espero que vc consiga encontrar estes vinhos em Puerto Iguazu.
JFC,
Não provei o merlot ainda, mas o provarei… risos
Forte Abraço!
Cristiano
Encontrei os vinhos na Argentina. Paguei 107,00 pesos pelo Barda. O 55 estava a 250,00 pesos, enquanto o 33 estava a 290,00 pesos. Com o peso cotado a pouco mais de R$ 0,50, o 32 pede por volta de R$ 150,00, uma tremenda diferença para a fortuna exigida no Brasil. Vou experimentar o Barda e, se gosta, volto pra buscar o 32.
Abraço.
Oi Vitor, os meus Bardas também comprei na Argentina e paguei nessa faixa, mas o 32 tem um preço médio de 360 a 400 pesos ou seja, por 290 está uma baba!! Prova logo o Barda, porque não sei por quanto tempo esses caras terão estoque mantendo esse preço. Agora, acho que o 32 precisa de tempo e, se o tomares de imediato, dá-lhe bastante tempo de decanter.
Abraço e salute mon ami.
Perdão: acima, quando me referi ao “33”, evidentemente se tratava do “32”.
Prezado João,
Parabéns pelo blog. Como este post é antigo, gostaria de saber se vc já avaliou o Barda 2008? Seria recomendado do mesmo jeito?
E uma curiosidade, já cumpriu o dever profisional e abriu aquele da safra 2007 após decorridos os 12 meses? Valeu a guarda?
abraço
Sandro, maravilha e na verdade tinha mais uma que devo abrir ainda este ano. Novas safras ainda não provei, mas te garanto que não existe nada tão borgonhês por estas bandas, quem sabe alguns rótulos top do Oregon?! Irresistível!
Bom dia meus caros !
Acabei de comprar na Expand (loja do Outlet Premium) uma garrafa do 32 2008 por R$ 238,40 (20% desconto no preço original) estão disponíveis também o 55 2007 e 2008 ambos ao preço de R$ 158,40 e o Barda R$ 98,00. Comprei às cegas mas pelos comentários acredito ter feito um ótimo investimento.
Abrsços e saúde !
Boa noite, retornei à Expand para uma nova compra e adquiri o Barda 2008 ao preço de R$ 78,00 uma ótima oportunidade !
Abrs e saúde !
João meu caro, feliz ano novo ! Estou com o Barda e o 32 ambos safra 2008 . . . . qual sua sugestão de abertura ? Mais um ano, dois . . . . Um forte abraço e saúde !
Oi Gustavo, olha não sou um expert nos vinhos deles, mas pelo que vi e provei, creio que o Barda já se deve tomar muito bem e não sei se é um vinho de guarda longa devendo ser aproveitado talvez nos primeiros três a quatro anos de vida. Já 32 me pareceu mais longevo e talvez seja melhor apreciado a partir de 2012, mas garanto que não fará feio hoje!
Obrigado João e tão logo venha a provar posto minhas impressões ! Abrs e saúde !
Degustei o chácra 55 safra 2006, é um vinho emocionante!
Numa degustação às cegas da nossa confraria,realizada recentemente na loja da Grand Crú de Porto Alegre,superou um Leyda 21, e um Pinot da Borgonha .
Hoje degustei um safra 2008,não está tão pronto como o 2006, mas está no mesmo caminho e pelo jeito chegará lá !