Direto do Front – 3º Dia na Expovinis
Terceiro e último dia de mais uma jornada por esta incrível, diversa e instigante vinosfera. Viagem terminada, porém não totalmente finalizada em seus objetivos. Atracado para reparos e manutenção ( rsrs), faltaram-me pelos menos uma dúzia de portos que não consegui visitar, mas garimpei bastante e fiz algumas interessantes descobertas. Deixei de conhecer alguns dos vinhos espumantes da Perini, os tintos da Valdemiz, o chardonnay da Góes Venturini e da Pizzato, o Cabernet Gran Reserva Villa Lobos da Valduga, mais vinhos da Decanter, Cantu, Vinea e D’Olivino, o Casillero Reserva Sauvignon Blanc e novo espumante da Concha y Toro, Londrivinus, os estandes portugues da AEP, da Fenadegas, CVR Lisboa e dos Vinhos da Madeira (já sei, pecado para quem prova e fala tanto dos vinhos portugueses), entre outros. São simplesmente portos demais e pouco tempo para escalá-los a todos, desta forma foram para um caderninho de portos a visitar e certamente ao longo do ano estarei compartilhando com você essa experiência pois viraram prioridade. Falemos do terceiro e último dia desta viagem por nossa vinosfera e algumas preciosidades descobertas.
Vinhos da Córsega no Empório Sorio, era para ter retornado antes para conhecer os tintos, mas só ontem consegui. Revi o jovem casal que iniciou uma viagem especial trazendo vinhos desta Ilha da Beleza, o que já me inspirou a estudar sua história, cultura e vinhedos, assim como o homem que toca essa cooperativa de produtores o Alain Mazoyer. Um tinto gostoso, equilibrado algo especiado e de de aromas muito frutados ao nariz, é o Terranostra Niellucciu 07, uma uva da família da Sangiovese; o Terra Mariana Pinot Noir 07 , com uma paleta olfativa olfativa agradável e algo floral se sobrepondo à fruta, taninos finos, longos de muita harmonia e macio elaborado com uvas de vinhedos de 15 a 20 anos de idade, deve ainda evoluir bem nos próximos dois a três anos (ambos por volta dos R$65) e o topo de gama deles o muito bom Domaine Pasqua 04, corte de Cabernet com Syrah de maior estrutura de boca mostrando ser um vinho de guarda que, após 5 anos de garrafa, ainda mostra boa presença de taninos. Dê-lhe mais dois anos de garrafa para que demonstre toda a sua beleza. Esta nova importadora umbilicalmente ligada às coisas da Córsega foi realmente uma das boas pepitas garimpadas nesta viagem e deve ser acompanhada e checada pelos amigos deste espaço. Gostei dos tintos mas adorei os brancos doces Muscat e Chardonnay Doux.
Miolo, voltei com o amigo Miguel, enólogo desta linha Seival, para provar os tintos e conferir o Fortaleza do Seival Pinot Noir, entre outros. O Pinot é um vinho agradável, fácil de tomar e honesto. Sem grandes arroubos de emoção, é um vinho que atende ao dia-a-dia de forma correta. Gostei mais do Tempranillo 07 que voltou aos níveis de qualidade do 2005 (o 2006 não tinha me agradado) com boa estrutura e volume de boca para um vinho nesta faixa de preços. Por último o Castas Portuguesas 2005 que ainda não tinha tomado, devido a uma certa decepção com a safra de 2003 que não me tinha deixado uma impressão favorável. Com 12 meses de barricas francesas novas, este é um vinho diferente mais evoluído, saboroso e equilibrado com taninos mais equacionados, mas presentes mostrando que ainda agüenta um bom par de anos, gostei. O vinho foi elaborado com partes iguais de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro que é uma uva que se dá muito bem nos cortes do Dão, mas que não me encanta pois, para meu gosto, aporta um pouco de rusticidade ao vinho. O Miguel me disse que o 2006 virá com uma boa redução desta cepa no corte o que, acredito, deva tornar o vinho mais amistoso e elegante. Esperemos para comprovar. Faltou-me provar o RAR Pinot Noir que o Miguel disse que está muito bom, mais um que vai para o meu “wish list”, que fica cada dia maior! rsrs
Zahil, dei uma passada rápida pelo estande e provei somente um dos vinhos disponíveis que me agradou bastante, um branco saboroso, Muscadet Sevre et Maine Sur Lie do Domaine Lê Haut Févrie 07, uma grande companhia para mariscos e frutaos do mar grelhados que está por volta de R$51,00. Nos eleitos TOP 10 da Expovinis 2009, um dos novos rótulos da importadora Zahil levou premiação como o melhor vinho branco de outras cepas apresentado na feira, que aconteceu entre os dias 05 e 07 de maio, no Transamérica Expo Center, aqui São Paulo. Na ocasião, foram avaliados vinhos brancos nas categorias “Chardonnay”, “Sauvignon Blanc” e “Outras Cepas”. A Zahil conquistou o júri nesta terceira categoria com o Riesling Les Pierrets 2001, da região da Alsácia, na França, do prestigiado Domaine Josmeyer. A escolha vem ao encontro da tendência de alta de brancos feitos com a riesling, que parece ser a “uva” da vez. Para os enófilos que não puderam comparecer ao evento, a importadora já disponibiliza o vinho, por R$ 220,00.
Na Decanter, alguns rápidos goles em três vinhos de boa qualidade e preços diversos. Da Espanha o Pago de Cirsus D.O. Navarra, Selección de La Família 2004, um senhor vinho! Corte de Tempranillo, Cabernet e Merlot, possui um nariz de boa intensidade com a madeira aparecendo bastante. Na boca, no entanto, essa madeira não aparece, havendo uma predominância de fruta compotada, taninos aveludados num vinho encorpado, denso, mas elegante que está no mercado por volta dos R$250,00. Da Itália o San Fabiano Calcimaia Cabernet Sauvignon 2005,de R$180,00, mais um vinho de muita boa estrutura, concentrado e rico que agrada bastante e finalmente um Colomé Reserva 2004, corte de Malbec com Cabernet Sauvignon que impressiona por sua elegância e equilíbrio num vinho com 15.5% de álcool. Macio, longo, saboroso, porém duvido que passasse no meu teste da terceira taça e certamente um vinho para acompanhar um bom prato, vinho que anda por volta dos R$200,00. Bons, mas difíceis de encaixar no orçamento, pelo menos no meu. Para quem pode, um prato, oops, taça cheia!
Tinto da Alemanha, o Wuerttenberger Trollinger (cepa autóctone) 2007, que deve andar por volta dos R$40 a 50,00, é um clarete de bonita cor, leve e suave devendo ser uma ótima companhia para um galeto na brasa. Já o Lemberger (outra uva autóctone) 2007 é um vinho que apresenta maior corpo, nariz frutado, sedutor, saboroso, com taninos finos já equacionados, mostrando-se um vinho interessante para acompanhar carnes. Preço por volta de R$ 60,00.
Henriques & Henriques Madeira, dos poucos vinhos da Madeira que consegui provar, este é importado pela Expand. O 5 Year Full Rich, é um vinho fortificado, branco, assemelhando-se aos tawnies envelhecidos, um vinho muito agradável de doçura equilibrada, concentrado, cremoso, aromas de frutos secos e mel,alguma especiaria, uma ótima companhia para uma torta de nozes ou amêndoas. Já o Medium Rich Madeira Single Harvest 98, é meio-doce cor dourada, na boca caramelo, café com alguns toques cítricos de final de boca dando-lhe a necessária acidez, mas o de tirar o chapéu mesmo, é o Verdelho 15 anos! Verdelho, uma das castas usadas na elaboração dos vinhos da Madeira, aporta um sabor de nozes ao vinho com um estilo meio-seco ou que se costuma chamar de off-dry, um seco com nuances doces. Um senhor vinho de cor muito bonita tipo ouro velho oxidado, incrível paleta aromática e delicioso na boca com os frutos secos aparecendo bem na boca.
Quinta Mendes Pereira, a amiga Raquel, produtora de vinhos no Dão, está de casa nova, agora na Malbec do Brasil, importadora do grupo La Rioja, que com esta aquisição inicia um novo projeto dentro da empresa trabalhando com produtores de ponta e vinhos topo de gama. Tomei o delicioso e fresco branco, o Garrafeira 2004, sempre uma satisfação, ficando melhor a cada mês que passa e, pela primeira vez o premiado e conceituado Touriga Nacional Reserva 2005, um senhor vinho que figura entre os estupendos vinhos top de gama elaborados com esta uva em Portugal. Taças ruins e temperatura fora do que seria o ideal, mas o vinho mostra um enorme potencial. Cor violácea, aromas de boa tipicidade apesar de ainda timidos, ótimo volume de boca e bem harmônico com taninos finos e aveludados e um final de boca de boa persistência, fresco, jovem a pedir ar! Uma decantação, taças adequadas e temperatura por volta dos 16 a 17 graus e teremos um vinho de primeira! Como tenho uma garrafinha na adega, comprada em Lisboa na minha última viagem, certamente irei me deleitar com ela logo, logo e aí comento mais. Quanto a preço, teremos que esperar um pouco para ver com que níveis a importadora sairá ao mercado.
Wine Society, voltei ao estande pra mais um round de degustações, deta vez com um pouco mais de calma bem no inicio da feira. Sempre um monte de surresas e vinhos muito agradáveis. Desta vez exploramos um pouco mais da linha de produtos da Leasingham, uma empresa do grupo Constellation. Excepcional, para mim que gosto de um estilo de Riesling mais suave e refinado como no Mosel (Alemanha), o Bin 7 de 2007 é encantador e absolutamente sedutor, um vinho de cerca de R$110,00, metade de seu primo mais evoluído e top de linha o Classic Clare Riesling. O Bin 56 de 2006, corte de Cabernet com um tempero de 8% de Malbec, é um vinho muito agradável. Redondo, fino,de taninos macios e final de média persistência bem agradável por cerca de R$115, o Classic Clare Cabernet 2004, um grande cabernet australiano que necessita de tempo, grande estrutura, denso e muito complexo por R$200,00. Um outro branco, desta feita da Mitchelton, o Airstrip 06 é um peculiar corte do Rhône produzido pelos Aussies, um blend das uvas Marsanne/Viognier e Roussane com 14% de teor alcoólico, dourado e poderoso, um vinho que precisa de comida, por cerca de R$80 e um interessante Marsanne 08, da região de Victoria, de nariz bem frutado mostrando algo de pêssego com nuances citrinas lembrando aromas mais típicos da Sauvignon Blanc. Na boca mostra boa acidez com persistência média, entrando seco na boca mas terminando com nuances algo off-dry. Fácil de tomar e agradar, será uma boa companhia para o verão e papo solto e descontraído com os amigos, eventualemente acompanhando alguma salada asiática e custa somente cerca de R$38,00.
ACHADO do dia os espumantes Blanc de Noir da Pericó uma produtora de altitude situada em São Joaquim na será de Santa Catarina elaborando dois incríveis espumantes brut á base de Cabernet Sauvignon com Merlot. Incrível pelo fato de o branco ser de absoluta cor palha verdeal, diferente dos argentinos que também trabalham muito com Blanc de Noir, porém sempre apresentando uma cor mais rosada. O Rosé é de uma cor salmão linda e na boca sedutor, ambos mostrando um frescor incrível para as castas usadas neste blend. O branco mostra muita maçã, algo cítrico na boca, grande equilíbrio e o rose com um pouco mais de corpo e volume de boca com aromas mais frutados lembrando frutas vermelhas, morangos, mas mantendo as mesmas características de frescor. São duas novas opções de espumantes vibrantes, saborosos e muito agradáveis de tomar que podem ser encontrados em São Paulo no Le Tire Bouchon e Cantina Materello com preços estimados por volta de R$35 a 38,00.
TOP 10 da Expovinis. Ainda corro atrás de informações adicionais à mera lista de ganhadores que você já dever ter cansado de ter lido. De qualquer forma a foto dos ganhadores está no slide show abaixo e se quiser acessar a lista de ganhadores, veja aqui, no blog do Gerosa.
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Final de semana com a programação atrapalhada. Hoje este Direto do Front e no domingo a Coluna do Breno. Na segunda voltamos à nossa programação normal. Dicas da Semana e Noticias do Mundo do Vinho retornam na semana que vem. Nos vemos!
Salute e kanimambo
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