Vinhos do Dão e Bairrada
Na sequência de boas degustações de que venho participando, mais uma boa leva de bons vinhos e desta feita, portugueses. Neste ano de 2009, a ViniPortugal e a ABS firmaram um acordo de divulgação das diversas regiões produtoras de vinho em Portugal. Projeto bastante interessante em que um produtor vem falar um pouco sobre a região e comentar seus vinhos em uma degustação realizada na ABS. Uma boa e criativa forma de difundir ainda mais o consumo dos bons vinhos portugueses, conhecer novas regiões e aprender coisas novas. Eu sei que aprendi ao participar desta estupenda degustação de Dão e Bairrada apresentada por Luis Pato, um homem que impõe respeito por seu passado e presente à frente de alguns dos melhore vinhos da Bairrada, o domador da Baga, um visionário e revolucionário na elaboração de vinhos na região.
Foram degustados seis vinhos, sendo três rótulos do Dão e três da Bairrada. Seis vinhos de grandes qualidades e, na minha opinião e para o meu gosto, três deles estupendos. Falemos dos Vinhos:
Vinha Barrosa 2005, elaborado com vinhas velhas de vinhedos de mais de 80 anos! A baga, uva com a qual este vinho é produzido e cepa ícone da região da Bairrada é uma uva tânica que produz vinhos encorpados e, até pouco tempo atrás, de uma certa rusticidade que pede tempo para se equacionar e mostrar todo o seu potencial. Luis Pato o “domador” da baga nos traz um vinho esplendoroso e encantador na boca com apenas 4 anos de vida, genial! É daqueles vinhos que já nasce grande e promete prazeres especiais para quem souber, e puder, esperar mais meia dúzia de anos. Comprar uma garrafa dessas e guardá-la por oito, dez, 12 anos é trabalho hercúleo digno de pessoas que possuem uma tremenda capacidade de disciplina e auto-controle já que a tentação será enorme. Doze meses em barris de carvalho seguido de mais seis em pipas de 650 litros , o vinho se apresenta macio e aveludado na boca mostrando uma personalidade muito própria e uma tremenda elegância pouco esperada num 100% baga tão novo. Boa paleta olfativa com aromas florais e algo de eucalipto, na boca apresenta fruta de boa concentração, mas sem os exageros novo mundistas, fresco, algo de salumeria, expressivo mostrando grande harmonia com um final de boca longo e saboroso. Um grande vinho que me encantou e foi uma bela forma de começar a degustação. (Mistral por USD87,50)
Quinta da Bageiras Garrafeira 2003, resinoso, fruta compotada, taninos firmes ainda presentes apesar da cor já mostrar uma certa evolução. Um vinho potente que mostra toda a força da baga pedindo decantação longa ou mais alguns anos de garrafa para mostrar toda a sua exuberância. Um exemplo mais clássico dos vinhos da Bairrada apresentando um estilo austero. Frutos silvestres, algo terroso e especiado, grande estrutura e volume de boca, um bom vinho que pede tempo para mostrar todas as suas virtudes. (Luzitana de Vinhos e Azeites por cerca de R$154,00)
Casa de Saima Garrafeira 2001, vinho advindo de uma das melhores safras na Bairrada. Aromas de boa intensidade que mesclam fruta concentrada e algo animal, como couro , muito firme e algo rústico mostrando que mesmo com 8 anos de vida, é ainda uma criança e certamente é vinho para mais 8 anos. Na boca é corpulento, ostensivo e viril, muita estrutura, taninos firmes bem equilibrados por muito boa acidez e uma certa mineralidade, um vinho que, mesmo não sendo de um estilo que me agrade, apresenta qualidades e certamente deverá evoluir mauito ainda, Vinho para abrir em mais 4 anos ou deixar em decanter por pelo menos uma hora e meia a duas antes de servir acompanhada de um leitão pururuca daqueles. Que tal um porco no rolete? (Decanter por R$251,00)
Quinta dos Carvalhais Touriga Nacional 2000. Dão e Touriga Nacional, dupla que me seduz e este vinho é realmente encantador! Um vinho classudo com tudo o que o Dão e esta uva podem gerar de bom, idade certa, complexo e muito rico de aromas e sabores. Aromas terrosos, floral (violetas), algo herbáceo. Na boca de boa textura e volume de boca, aparece fruta silvestre com nuances de especiarias, taninos sedosos, muito equilibrado, boa estrutura, rico, final longo e algo especiado. Um vinho que mostra muita finesse e elegância, extremamente sedutor que certamente entrou para minha lista de tops deste ano. (Zahil por R$150,00)
Lokal Sílex 2005 de Filipa Pato. Uma das filhas do Luis que, apesar de usar a estrutura de cantina do pai, brilha com luz própria produzindo ótimos vinhos com uvas tanto da Bairrada como do Dão. Adoro o espumante 3b e o Ensaios tinto, dois vinhos que visitam minha mesa com uma certa assiduidade e que já recomendei anteriormente. Este é um corte de Touriga (75%) e Alfrocheiro que lhe dá o tom aromático com notas de chocolate ao nariz, especialmente depois de um tempo em taça. Resinoso, algo químico, escuro na cor e denso na boca com grande concentração. Taninos firmes, algo duros ainda mostrando uma certa rusticidade, grande estrutura indicando grande potencial de guarda. (Casa Flora por R$105).
Quinta dos Roques Touriga Nacional 2005. Mais um Touriga do Dão e mais um grande vinho na taça! Aliás, este produtor faz, a meu ver, um dos melhores vinhos brancos de Portugal, o Quinta dos Roques Encruzado, um baita vinho. Este jovem Touriga é de grande complexidade aromática em que aparecem violetas, chocolate, talvez algo de caramelo, mostrando-se na boca ainda algo fechado, porém já mostrando seu enorme potencial. Suculento, gordo, corpo médio, harmônico mostrando um balance entre os taninos finos e acidez muito uniforme, frutos negros maduros e um final de boca longo, aveludado com um retrogosto algo especiado com nuances de baunilha. Um vinho muito bom que se tornará excepcional dentro de um par de anos mais e daqueles que devem fazer parte do “wish list” de bons vinhos portugueses a tomar. Uma de minhas, muitas, paixões! (Decanter por R$168)
Não preciso falar quais forma meus preferidos, preciso? Salute e kanimambo
João,
Bárbaro! Fico feliz que vc tenha gostado da nossa inciativa de promover as regiões portuguesas junto à ABS.
A proxima v não pode faltar… É com o Nuno Cmacela de Abreu, dia 1 de julho, sobre a região do Tejo (ex Ribatejo). Vem de encontro àquelas informações que vc me pediu sobre as alterações dos nomes ds regiões.
Te vejo na Grande Prova Viniportugal na proxima 3a feira!
Bjs e obrigada,
Fernanda