Desafio Bordeaux, Desvendando os Ganhadores
Mais do que meramente desvendar os resultados de mais este gostoso Desafio de Vinhos mensal, mostro um resumo dos comentários sobre cada vinho, obtido das fichas de degustação preenchidas pelos 13 membros da banca. São valores e avaliações médias, nem sempre condizentes com que um ou outro membro do painel sentiu ao provar o vinho e no final mostramos a nota e vinho preferido de cada degustador.
O sucesso destes eventos tem sido garantido pelo apoio de nossos parceiros os quais já mencionei ontem quando relacionei todos os Desafiantes a quem, mais uma vez reitero meus agradecimentos. Este Desafio foi especialmente prazeroso por ter sido realizado no Jardim Gourmet da Vinea Store que tem um astral muito especial, um local belíssimo recheado de gente muito especial e de muito charme. Afora os agradecimentos ao corpo diretivo da casa; Adriana, Ivan e troupe, tenho que ressaltar a extrema competência e simpatia da equipe do João Manoel; o Alexandre e a Fabiana, show de bola! Mais do que os vinhos, foi o carinho dessas pessoas e a alegria dos membros da banca de degustação convidados, que fizeram deste evento e desta noite, um momento marcante na história dos Desafios até agora promovidos. Cada um destes Desafios é uma história e o bom é que são todos estupendos porque as pessoas o fazem assim. Você, no entanto, veio para obter informação, então chega de blá, blá, blá e vamos aos finalmente!
Onze vinhos, onze personalidades e um painel, na minha avaliação, muito equilibrado já que a minha menor nota foi 85 e a máxima 89,5. Agora vamos ver o que o grupo achou e o resultado final deste embate relacionando os vinhos por ordem em que se apresentaram (serviço):
Chateau Desclau Cuvée Marguerite 2002 (Vinea) – Fruta latente, delicada, algo vegetal com toques minerais numa paleta olfativa inicialmente bastante tímida e pouco complexa. Ao levar a taça á boca, encontramos taninos finos já domados, muito bem equilibrado com uma acidez presente lhe dando um agradável frescor, leve, saboroso com um final meio mentolado de média persistência. Com um tempo em taça, desenvolve uma complexidade de aromas impressionante e uma riqueza de sabores que encanta. O vinho que, ao longo da degustação, mais necessitou de ajuste para cima em função de sua evolução em taça. Mesmo sendo um 2002 que tinha sido decantado por uma hora, ao servi-lo dê-lhe tempo para desabrochar e se mostrar por inteiro. Média de pontos 86,82.
Chateau La Raze Beauvallet 2005 (Vinea) – Vinho que mais me tinha impressionado no evento “Bordeaux ao seu Alcance” (inspirador deste Desafio) organizado pela CIVB (http://www.bordeaux.com/Civb.aspx ) no mês passado. Apesar de uma primeira impressão olfativa bastante atraente indicando uma certa complexidade aromática, vai morrendo na taça mostrando-se algo monocromático com forte presença de couro. Melhora muito na boca com taninos finos aveludados, corpo médio, saboroso com um final de boa persistência. Agradou mas não encantou, tendo sido prejudicado por sua performance olfativa em taça. Um vinho que merece uma nova avaliação num futuro próximo, hoje não foi bem tendo obtido uma nota média abaixo de seu potencial, ou assim penso, de 84,05.
Chateau Noaillac 2005 (Decanter) – Paleta olfativa complexa em que aprece bastante fruta compotada, caramelo, baunilha, algo floral com algumas nuances de defumado, muito interessante e convidativo. Na boca mostrou-se ainda algo novo, apesar de já muito saboroso e apetecível, com taninos finos ainda algo firmes, mas sem qualquer agressividade, corpo médio para encorpado, bom volume de boca, rico, harmônico com um final muito agradável de boa persistência. Nitidamente um belo vinho de maior guarda, que se beneficiará, e muito, com mais um par de anos em garrafa (*** na revista Decanter), que obteve uma média de 86,68 pontos.
Chateau La Guérinnière 2005 (D’Olivino) – nariz algo químico, fruta madura, evoluindo na taça para uma paleta láctea, café, baunilha, chocolate de bastante complexidade mesmo que não muito intensa, esbanjando elegância. Na boca é estupendo, para usar um dos muitos adjetivos usados pela banca, mostrando bom volume de boca, taninos firmes e sedosos, ótima acidez e de grande harmonia, com um final literalmente apetitoso que chama mais taça e chama comida. Vinho de muita personalidade que encantou a grande maioria dos mebros da banca degustadora tendo alcançado a nota média de 90,27 pontos.
Chateau Lamblin Cuvée Hommage 2003 (La Cave Jado) – paleta olfativa diferenciada (lembro que é orgânico, apesar de não saber se isso é efetivamente relevante nesta análise olfativa) com uva passa, algo floral e incríveis nuances cítricas. Muito boa textura, taninos ainda firmes mostrando ótimo potencial de guarda, acidez moderada, bem equilibrado, corpo médio para encorpado com bom volume e textura mostrando um final sedoso de boa persistência. Muito bom vinho que cresce bastante com tempo em taça, então curta sem pressa de ser feliz. Obteve uma média de 86,09 pontos .
Chateau Puycarpin 2006 (Zahil) – este desafiante escalado pela importadora é já bastante calejado no mercado mostrando-se ser muito confiável e constante safra após safra, um verdadeiro campeão de regularidade. Este não foi diferente mostrando boa intensidade aromática, fruta compotada e algo químico (verniz/acetona). Corpo leve para médio, equilibrado e saboroso, fácil de gostar e agradar. Macio, correto, honesto, um vinho que não tem erro, um verdadeiro porto seguro quando falamos de vinhos Bordeaux de gama de entrada. Obteve a média de 86,5 pontos.
Calvet Reserve Rouge 2005 (Interfood) – mostra-se agradável no nariz, com fruta madura, salumeria e algo resinoso, mesmo que algo sutil sem grande intensidade aromática. Na boca é leve, franco, sem grande complexidade, redondo e fácil de beber mostrando uma faceta mais moderna e vibrante, perdendo em caráter e tipicidade. Final de boca especiado e um pouco quente de média persistência. Não chega a empolgar, mas é um vinho fácil de se tomar e agradar, tendo obtido a média de 84,77 pontos.
Chateau La Monastére 2005 (Expand) – herbáceo, algo floral, balsâmico compondo um perfil aromático interessante, de boa intensidade e complexo. Na boca é leve, suave, taninos sedosos, macios, saboroso e bastante equilibrado, fácil de beber com um final mineral e algo de couro. Não é um blockbuster, mas é um vinho bastante agradável e amistoso que cumpre bem o seu papel mesmo que não transmitindo fortes emoções. Para um evento em que se queira fazer bonito sem gastar muito, esta é uma boa opção. Obteve uma média de 85,32 pontos.
Villa Francioni 2005 (Villa Francioni) – fruta madura, especiarias, algo defumado vibrante e franco ao nariz. Boca harmônica com as sensações aromáticas, mostrando-se algo apimentado, saboroso, ótima estrutura, taninos finos e elegantes ainda que levemente verdes neste momento, muito saboroso, equilibrado, complexo, boa textura, final longo, consistente e com grande evolução na taça. Pleno de caráter, não passa despercebido e marca posições apesar de a maioria não o ter identificado como fora de Bordeaux, enquanto outros entenderam que este era o rótulo surpresa, porém o identificaram mais como um top chileno. Dançaram, este é brasileiro mesmo, tendo obtido uma média de 88,73 pontos.
Chateau Mamin 2003 (D’Olivino) – no nariz mostrou-se bastante quimico, vegetal com alguma fruta madura compotada. Houve menção a casca de laranja, mas sinceramente, não a consegui sentir. Na boca é macio, redondo, corpo médio, madeira sutil com acidez adequada e bem equilibrado. Absolutamente pronto a beber não devendo evoluir muito mais em garrafa. Vinho elegante, agradável e fácil de se gostar, tendo obtido a boa média de 86,27 pontos.
Chateau Reynon 2006 (Casa Flora) – chegou em cima da hora, decantou, mas não descansou o que pode ter prejudicado um pouco sua performance. Notas vegetais, canela, mofo, algo floral que lembra violetas, compondo uma paleta olfativa nada sedutora e estranha apesar de a garrafa estar íntegra. Melhora muito na boca quando se mostra muito saboroso, bastante equilibrado, taninos doces e sedosos, cremoso com bom volume de boca e boa persistência com um final com toques de chocolate. Não empolga, mas é um vinho correto que obteve 87 pontos do Robert Parker. Nesta noite obteve a média de 84,68 pontos e mais um vinho que mereceria uma segunda chance.
O resultado final mostra que sim, existe vida fora dos grandes bordeauxs. Com menos complexidade e sofisticação, mas estes “plebeus” estão aí confirmando ser vinhos amistosos e agradáveis, uma bela introdução aos vinhos de Bordeaux cabendo aos amigos fazerem sua própria avaliação, provando-os e confirmando, ou não, os resultados de mais este Desafio de Vinhos. Nesta noite e neste desafio, esta banca de degustadores assim definiu: Melhor Vinho , indiscutivelmente, o Chateau La Guérinnière tendo na sua cola o Villa Francioni que se confirma como um dos grandes vinhos brasileiros da atualidade. Em terceiro, com um sprint final impressionante para um vinho que começou mal e evoluiu muito na taça o Chateau Desclau Cuvée Marguerite que deixou para trás o Chateau Noaillac em quarto e o Chateau Puycarpin em quinto, completando o pódio . Com o Melhor Custo x Beneficio o La Guérinnière e a Melhor Compra o Chateau Puycarpin, preço imbatível, com votações quase que unânimes.
Desta feita, somente dois vinhos foram aquinhoados com a maior nota de cada degustador, só confirmando o quanto estes dois rótulos se sobressaíram sobre os outros. Vejam os preferidos de cada degustador e suas notas:
Chateau La Guérinniére – O Campeão da Noite
- Marcel Proença – 91,5
- Alvaro Galvão – 89
- Francisco Stredel – 91
- Evandro Silva – 88
- Dr. Luis Fernando Barros – 90,5
- Fabio Gimenes – 95
- José Roberto Pedreira – 93
- João Filipe Clemente – 89,5
Villa Francioni 2005 – A surpresa
- Jaerton Eduardo – 90,5
- Ricardo Tomasi – 93
- Simon Knittel – 88
- Ralph Schaffa – 87,5
- Emilio Santoro – 90
Para finalizar, um delicioso risotto de funghi acompanhado de um vinho italiano da casa (Vinea Store), para dar uma mudada na boca e nos sentidos, um gostoso Rosso Salento “Santi Medici” 2005 elaborado com 100% da uva negroamaro, vinho macio com taninos doces e muito agradável.
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Salute e um kanimambo muito especial a todos que apoiaram e ajudaram a fazer mais este Desafio de Vinhos.
Prezados amigos,
parabens pela degustacao em questao….
Como ja lhes disse na mensagem pelo site de enogastronomia acho que este tipo de catas a cegas
sao imbativeis pois acabam sempre surprendendo a muitos senao a todos…
Por melhores que sejam os degustadores sempre esta o aspecto subjetivo que acaba condicionando ate aos melhores…
Um grande abraco e caso queram alguma sugestao em futuras degustacoes a cegas podem me consultar que terei imenso prazer em colaborar com voces…
Atenciosamente,
Ignacio Carrau
021 7629 7520