TOPS Argentinos – Charlando e Bebendo com os Panas.
Vocês conhecem os Panas? Pois bem, antes que meus amigos portugueses venham a tirar conclusões precipitadas, “pana” é uma gíria venezuelana usada por amigos que se sentem mais que isso, se sentem irmãos! Foi daí que nasceu a confraria 2 panas, que já são cinco e se reúnem mensalmente para degustar grandes vinhos, com alguns dos confrades sendo participantes ativos do grupo que compõe a banca de degustadores de nossos Desafios de Vinhos. Desta vez fui convidado por dois deles, o Francisco (pana-mor) e o Evandro, com quem tive a agradável oportunidade de provar alguns dos grandes vinhos premium argentinos trazidos por este seleto grupo de panas.
Encontramo-nos no Restaurante Pobre Juan da Vila Olimpia, restaurante que realmente é lindíssimo e cheio de charme com uma decoração muito bonita e aconchegante. Aliás, a da filial de Higienópolis também é assim. O serviço foi de primeiríssimo nível e as carnes boas com um especial destaque para a excelente morcilla, muito bem temperada e no ponto. Para quem gosta, como eu, um prato cheio!!
Sete vinhos provados, alguns excepcionais rótulos de grande fama, mas que pecam, a meu ver, por uma certo exagero no teor alcoólico e falta de finesse, exceção feita aos três vinhos que mais me encantaram; Val de Flores, Caro e Alta Vista Alto, que conseguem mesclar potência com elegância numa riqueza de sabores que efetivamente encantam.
- Altocedro 2004
- Yacochuya Malbec 2005
- Caro 2005
- Vistalba Corte A 2006
- Alta Vista Alto 2004
- Val de Flores 2004
- Mundvs Alto Cabernet Sauvignon 2005 * vinho surpresa
Não tenho tomado muitos vinhos argentinos porque tenho buscado sabores e sensações diferentes que dificilmente tenho visto na maioria dos vinhos de lá, mesmo os chamados vinhos premium ou super-premium, estando a maioria muito similares sem apresentar algo significante que os diferencie uns dos outros e sem produzir aquele UAU que esperamos de vinhos desse porte, salvo algumas exceções. Afora isso, pelo preço que estes, teoricamente, grandes vinhos estão chegando ao Brasil, temos hoje inúmeros grandes rótulos de outras origens com maior complexidade e riqueza de sabores que me têm atiçado mais a curiosidade. Por outro lado, tenho me assustado com o teor de álcool em constante elevação nesses vinhos, nesta degustação acho que o menor tinha 14%, nível que, para mim, costuma ser minha linha limitante. Tudo bem, há gente que gosta e respeito isso, mas eu não consigo encarar um Yacochuya com 16.5% de teor alcoólico fortemente sentido tanto no nariz como na boca, transpira álcool por todos os poros, mesmo com as altas notas que diversos críticos lhe deram. Acho que vinhos com essa potência perdem a função social, tanto que este não passaria no meu teste da terceira taça, mas nem a pau, aliás, nem na segunda!
Um vinho que surpreendeu, até porque não é muito caro, é o Mundvs Alto 2005 que a casa Valduga produz em terras mendocinas e que mostrou muito boa estrutura e equilíbrio apesar de seus altos 15.5% de teor alcoólico, mas talvez o melhor custo x benefício de todos os vinhos provados tenha sido o Caro que, não por acaso, foi um dos meus preferidos e o único com “apenas” 14% de álcool. Legal a forma como o Evandro, confrade anfitrião da noite, preparou a degustação apresentando diversos cortes de carne para que sentíssemos as diversas harmonizações possíveis. Um exercício sensorial muito legal que você pode acompanhar melhor acessando o blog da confraria.
Valeu gente, uma bela experiência com vinhos que há muito queria conhecer e, muito mais que isso, o privilégio de poder desfrutar da agradável presença dos confrades.
Salute e kanimambo
Ps. em função do Dia dos pais, adiantarei o Dicas da Semana para amanhã!