Uvas & Vinhos – Nero D’Avola, Siciliana com certeza!
Nestes posts sobre Uvas & Vinhos, não vamos nos ater somente às tradicionais cepas mais conhecidas, mas enveredaremos por regiões diferentes e uvas autóctones das regiões mais diversas de nossa vinosfera. Nesta semana passamos na Sicilia, sul da Itália, para falarmos da Nero D’Avola uma uva autóctone da ilha.
Originária da Sicília, esta variedade tinta tem aparecido com maior freqüência em vinhos varietais no mercado mundial. Até pouco tempo atrás, era usada básicamente em assemblages com o intuito de aportar cor e corpo. É a uva tinta mais tradicional e importante da região, também conhecida como Calabrese, é responsável por alguns dos melhores tintos da Sicília, além de participar do corte do tradicional vinho Marsala. Sua origem nos remete a centenas de anos atrás, na cidade Avola, ao sul da ilha, na parte meridional da província de Siracusa, onde a uva parece ter sido descoberta por produtores locais. Hoje é cultivada por toda a ilha, mas com maior destaque na região sul, graças a seu clima e solo, ideais para o desenvolvimento da Nero D’Alvola.
É muito comparada à uva Syrah, seja em suas características físicas como organolépticas e preferência por regiões geográficas mais quentes e ensolaradas. Quando vinificada sozinha, produz vinhos com grande intensidade de cor, potencial de envelhecimento, especialmente quando passa por barricas de carvalho, boa estrutura, taninos robustos porém macios, mostrando comumente notas de ameixa e chocolate.
A Sicilia foi durante muito tempo um exportador de vinhos a granel, inclusive para outras regiões da Itália, tendo priorizado por demasiado tempo, quantidade sobre qualidade. Somente de uns tempos para cá é que houve uma reformulação e inversão de prioridades, podendo hoje contar com um número considerável de bons vinhos possibilitando escolher vinhos mais ou menos robustos, mais amistosos, de maior guarda ou para serem tomados jovens. Abaixo seguem algumas indicações de vinhos que acho serem uma boa porta de entrada para os sabores desta uva devendo-se tomar cuidado com o nível de teor alcoólico dos rótulos advindos desta região já que o excessivo calor pode gerar níveis bastante altos. Os rótulos não são muitos, mas são de vinhos provados e aprovados, com preço final consumidor aproximado e todos de um estilo de bom corpo e volume de boca, porém mais elegantes, equilibrados e saborosos sem perder a tipicidade e sabores únicos desta cepa. Gosto de bons vinho e ponto, porém estas uvas autóctones geram vinhos por demais interessantes e diferenciados que fazem meu dia! Espero que façam o seu também.
- Masseria Trajone Nero D’Avola 2006 – Vinci – R$38,00
- Branciforti Nero D’Avola 2005 – Expand – R$50,00
- Kailá Nero D’Avola 2006 – Decanter – R$51,00
- Regaleali Nero d´Avola 2006 – Mistral – R$68,00
- Chiaramonte 2005 – Expand – R$75,00
- Aliré Syrah c/ Nero D’Avola 2005 – Decanter – R$87,00
- Passo Delle Mule 2006 – Portal dos Vinhos (Bruck) – R$97,50
Quanto á harmonização destes vinhos, eis o que o amigo e especialista em harmonização Álvaro Galvão (Divino Guia) tem a nos dizer: “Falar dos vinhos feitos com a uva Nero D’avola é ao mesmo tempo fácil e difícil. Fácil, porque é uma das uvas mais emblemáticas do sul da Itália, e que compõe grande parte dos vinhos feitos por aquele terroir, vulcânico. mediterrâneo e agreste, o que confere mineralidade e acidez a esta uva, componentes que a fazem muito gastronômica, mas em compensação muitas das vezes, mais alcoólica do que devia, já que o terreno pedregoso com muito calor durante o dia e temperaturas mais amenas à noite, fazem amadurecer as uvas com alto teor de polifenóis e açúcares, gerando o alto teor de álcool.
Difícil, porque é tão versátil, que nos parece redundância dizer que ela harmoniza bem com molhos de tomates mais acídulos, com carnes de caça, de penas ou não, e com cogumelos de várias origens. Ah, não nos esqueçamos dos queijos, de cabra inclusive, que são mais ácidos, e por isto mesmo, pedem um vinho idem e com certo teor de álcool.
Peixes mais gordurosos como os nossos Surubim, Pintado, Cachara, e mesmo o Pacú e Tambaqui, creio que seria uma pedida ousada e interessante, mas lembro que os dois últimos, só assados, sendo que os de couro, podem vir em caldeiradas e/ou assados.”
Post elaborado a seis mãos! O texto sobre as uvas chega pelas mãos da amiga Mariana Morgado, a harmonização pelas do experiente Álvaro Galvão e as sugestões de vinhos são minhas. Espero que curtam e que a matéria produzida lhe possa ser útil e esclarecedora, essa foi nossa intenção.
Salute e kanimambo.
Interessante ler sobre esta uva pouco comentada. Conheci a Nero d’Avola devido a uma promoção de vinhos, onde comprei algumas garrafas por 19 reais cada, da Cantina Bocantino, importação da Casa Flora. Graduação13% Vol.
Esta uva me tirou de um desafio colocado pelo meu filho, que queria tomar um vinho no jantar para acompanhar um prato de carne picada ao molho “Curry”. Imaginei que teria que ser um vinho robusto para não sucumbir perante tal tempero. Harmonizou 10. Ufaaa!
Oi Jordão, mais uma para eu conferir. Legal seu comentário e grato por compartilhar a experiência com a agente. Me diz uma coisa, esse curry era apimentado?
Olá João Filipe,
Minha esposa não adiciona pimenta, mas o molho fica picante pois o curry é uma alquimia de mais de 20 tipos de especiarias, ervas e sementes e certamente um dos componentes é algum tipo de pimenta. O prato era de carne picada e legumes em cubinhos. Tava muito bom…, abração.
Um dos melhores vinhos que já tive o prazer de experimentar foi, sem dúvidas, um Nero D’avola Avulisi, Feudo di Santa Tresa, 2002. Recomendo fortemente.
A propósito, parabéns pelo blog.
Ontem foi a primeira vez que pude experimentar essa uva. Um dos mais saborosos vinhos que já provei.
Comprei uma garrafa do ” La cacciatora” Nero d´avola mas ainda não tive coragem de abrir a garrafa! Fiquei indeciso. Mas vou armonizar com um penne ao molho de queijos e ervas e vamos ver no que é que dá. Depois eu conto!
Gostaria de receber os novos artigos.
Grato,
Armando
# REALMENTE,,, A NERO D’AVOLA É A SUPREENDENTE UVA CALABRESE DO PASSADO , POREM EM AVOLA ,REGIONE DE SIRACUSA FICOU MARAVILHOSA,,,POIS SEUS VINHOS GENEROSOS, EM PALADAR E CUSTO BENEFICIO, FICOU MELHOR QUE AS DO NORTE,,,,EXPLICO MELHOR, HOJE É COMUM A SICILIA ,CALABRIA ,E PRINCIPALMENTE A PULIA,,,VENDEREM SUAS UVAS AO NORTE,,PORQUE AS DO SUL SÃO ESCURAS,,,AS DO NORTE CLARAS E ASCIDAS,,,NO SUL PRODUZEM VINHOS COM UVAS NATIVAS DE SUAS REGIOES, COM UMA SÓ UVA, JÁ NO NORTE COSTUMAM PRODUZIR COM MAIS QUE UMA UVA,,,,, UVAS DO SUL,,,-PRIMITIVO=MALVASIA NERA,e BIANCA=NEGRO AMARO=GRECA=SALENTINO=GALIOPO=NERO D’AVOLA=GRILO=GRECO DI TUFFO=FIANNO=EM FIM MUITAS MAIS UVAS MAS SÃO ORIGINARIAS DAS REGIOES ;;;;SALUTTE ALLA TERRA DE ENETROIA;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;
ORLANDO FOSSA DAL BRASILE !!!
Só tomamos uma vez o Baccantino Nero d´avola, e confesso não ligo muito para harmonização radical, (gosto é gosto) nesse dia o degustamos com alguns queijos: Maasdan, Emmenthal, Brie, Gruyére, e foi top todos gostamos.
falando de vinhos, é importante saber primeiro nome da casta que dá!!!
Oi Jordão, não entendi.
Top Top Top, amo essa uva, foi a primeira que experimentei do meu primeiro vinho e vou levá-la comigo sempre!!
Excelente vinho e o melhor, acabei de voltar da Itália, comprei no supermercado o nero D’avola lá cacciatora por € 3,59
Recentemente comprei um varietal desta uva mas ainda não abri. Estou curioso tenho me encantado com vinhos robustos como cabernet Sauvignon sangiovese e Tannat. Obrigado pelo postar, pois me fez criar um pouco mais de expectativa por este vinho. Abraço.
Primeira vez que degusto a Nero D’Avola e estava também a degustar um chocolate com Pistache. Perfeição!