Conclusões
Quanto mais milito nesta nossa vinosfera, mais conclusões tiro das coisas que nela acontecem. Eis algumas que me têm chamado a atenção:
Vinho Brasileiro – apesar de minhas sérias restrições á filosofia comercial da grande maioria das vinícolas, limitações/erros na distribuição e certa miopia mercadólogica, temos que reconhecer o grande avanço tecnológico e de qualidade alcançado, uma verdadeira revolução se compararmos o hoje com dez anos atrás. O mercado, no entanto, ainda padece de muito preconceito que os fatos contestam. Só neste blog, em degustações às cegas com uma banca de 13 degustadores experientes, temos alguns claros exemplos disto:
- Desafio de Vinhos Merlot – Campeão Valduga Storia 2005 entre 12 vinhos do mundo inteiro.
- Desafio Assemblages do Novo Mundo (até R$85,00)- Campeão Salton Talento 2005 entre 12 vinhos da Argentina, Chile, África do Sul, Austrália e Estados Unidos.
- Desafio Bordeauxs até R$100,00 – O vinho surpresa foi um corte bordalês brasileiro de santa Catarina e um dos melhores vinhos tintos nacionais, VF da Vila Francioni que ostentou um elogiadíssimo segundo lugar.
- Desafio de Vinhos Portugueses até R$100 – O vinho surpresa foi mais uma vez um brasileiro, o Castas Portuguesas 2005 da Miolo que alcançou um honroso oitavo lugar entre 14 vinhos de diversas regiões produtoras portuguesas.
- Desafio Uvas Ícones – Este foi recém realizado e ainda não postei, mas mais uma vez um Merlot brasileiro foi muito bem obrigado (veja na semana que vem aqui).
Contra fatos não há argumentos, e existe gente que precisa abrir a mente e coração deixando-se emocionar pelos bons vinhos tintos nacionais, inclusive os de gama média. Nem falo dos espumantes!
Que preço é mera indicação de qualidade, não fato – mais uma vez os Desafios de Vinhos são clara comprovação disto com diversos vinhos surpresa de baixo valor, o Desafio Merlot e o Desafio Assemblage do Novo Mundo são ótimos exemplos, superando os “big shots”. Aliás, fica muito claro que nome e camisa não ganham jogo, aqui interessa performance na taça e na hora H, às cegas, é que o bicho vira homem e mostra ao que veio. Os laureados nem sempre demonstram na taça o glamour apregoado pela mídia e, como não tomamos rótulo nem pontuação, ( ou você toma?) o que realmente importa é o doce néctar dentro da garrafa e na sua taça!
Vinhos baratos são ruins – Há uns 50 dias que estou trabalhando num novo painel de vinhos até R$50,00 (já tenho algumas listas postadas em outros momentos), que divido em duas faixas; até R$30 e acima. Abaixo de R$30 tem gente que, com o preconceito acima mencionado, nem olha. Bem, se o bolso está recheado e só se toma vinho de vem em quando, tudo bem já que realmente os muito bons e ótimos vinhos estão na sua grande maioria acima disto, porém tenho me surpreendido com uma série de rótulos altamente recomendados que tenho garimpado. Como tomo vinho diariamente, os vinhos do dia-a-dia são essenciais e, se o preço não se adequar ao bolso, é falência na certa! rsrs Aguardem, na semana que vem começo a falar disso, mas existe sim muita coisa interessante e, na faixa de R$31 a 50 então, nem se fala!
Que gosto pessoal influi na pontuação – Existem críticos que querem nos convencer de que suas pontuações são meramente técnicas, para mim uma verdadeira falácia. Impossível não nos deixarmos levar por subjetividades que fazem a própria essência do vinho. Por isso as notas dadas por Robert Parker e equipe serem tão diferentes do Hugh Johnson, Decanter e companhia. Por isso um vinho que alguém detesta, ser apreciado por outro. Seu guru? Definitivamente aquele com que você tenha mais sinergia de gostos e estilo. Tome alguns rótulos recomendados por diversos criticos, avaliadores, degustadores, amigos, blogueiros, etc., defina os que mais têm a ver com você e seu paladar usando suas dicas como referência na hora da compras futuras.
Salute e kanimambo
João, desta vez você se superou. Acho que este foi o melhor comentário que alguém já fez nesta enochatice que vemos por aí. Longe de ser um conhecedor da área, sempre tive uma intuição de que muita coisa boa é ignorada por preconceito e/ou subserviência, especialmente os vinhos nacionais ou mais baratos. Isto é um incentivo àqueles que querem experimentar mas não têm boas indicações. Parabéns e obrigado.