Desvendando o Desafio de Uvas Ícones
Em Setembro, o Desafio de Vinhos teve como temas as Uvas Ícones de cada país. Difícil determinar qual a uva ícone italiana ou francesa, mas optei pela Pinot Noir por ser a principal casta vinificada em varietal, e na Itália optei pela Barbera por uma questão de disponibilidade, mas poderia ter sido Sangiovese, Nebbiolo, etc.. De qualquer forma, reuni nesta prova de vinhos ás cegas, um total de onze vinhos representando onze países e uma surpresa, um rótulo para dar nó na cabeça de todos os participantes da banca de degustação. Como sempre, já tradição neste tipo de prova, interessantes surpresas no evento realizado com o apoio da Zahil, onde a degustação ocorreu, e das demais importadoras e produtores que enviaram seus representantes para mais este embate. Sem este apoio todo seria impossível realizar estes Desafios, razão pela qual inicio meus posts sobre os resultados com este agradecimento. É o mínimo que posso fazer pelo apoio e confiança depositados neste trabalho de garimpo, de mostrar através destes eventos que há vida, e muito boa vida, abaixo de R$100,00 e quem nem sempre o melhor vinho é o mais caro. Insisto na tese de que nome, origem e camisa não ganham título, mas sim performance o que, no nosso caso, significa o caldo na taça e na boca, o resto é marketing.
Colaboraram, enviando seus Desafiantes, os já costumeiros parceiros como Decanter, Zahil, D’Olivino, Peninsula e Wine Society, os amigos da Brasart, Dominio Cassis e Portal dos Vinhos com o Emilio nos cedendo o que já se tornou uma raridade, o Valduga Storia 2005, assim como o produtor, Quinta Mendes Pereira e, “last but not least”, um novato nestas degustações, a Wine Lover´s, uma importadora nova especializada em rótulos americanos que, no apagar das luzes, nos cedeu um Zinfandel. Como já comentei, a degustação foi realizada às cegas e os vinhos foram todos decantados por cerca de 40 minutos e retornados às garrafas e adega climatizada de onde saíram para serviço devidamente envolvidas em papel alumínio e numeradas de forma aleatória.
Para escolher o Melhor Vinho, melhor Custo x Beneficio e Melhor Compra, uma banca composta de 14 pessoas: Emilio Santoro (Portal dos Vinhos) / Zé Roberto Pedreira e Fábio Gimenes (Confraria de Embu) / Simon Knittel (Kylix) / Ralph Schaffa (Restauranteur) / nosso convidado especial José Luiz Pagliari (Colunista e pesquisador) / Dr. Luis Fernando Leite de Barros (Enófilo) / Ricardo Tomasi (Sommelier/Specialitá) / Marcel Proença (Assemblage Vinhos) / Bernardo Silveira (Sommelier da Zahil) / Cristiano Orlandi (Vivendo Vinhos) / Francisco Stredel e Evandro Silva (Confraria 2 Panas) e eu. Dos 13, desconsideramos o Bernardo por uma questão ética, mesmo considerando-se que a prova foi às cegas, com notas em ficha de avaliação padrão ABS sendo a mais alta e a mais baixa eliminadas e o restante somado e dividido por 11 dando-nos o resultado de pontuação e ganhador, o Melhor Vinho do Desafio. Você arrisca chutar quem foi o ganhador?
O Melhor Custo x Beneficio que sempre foi eleito pelos degustadores presentes, desta feita virou uma equação matemática sendo apurado através da divisão pura e simples da nota obtida pelo preço. Para a Melhor Compra, foi mantida a regra, sendo apontada por voto direto. Quem serão os ganhadores? Isto veremos amanhã, porém já antecipo o vinho surpresa que, tivesse sido servido com rótulo aberto, certamente teria notas bem menores que as recebidas e muito provavelmente teria comentários pejorativos só por sua origem o que me leva a reforçar a necessidade de arquivar todos os eventuais preconceitos que possamos ter ao levar uma taça à boca. O vinho, que acabou surpreendendo a todos e obtido boas notas como veremos amanhã, foi nada mais nada menos que um Pomar Reserva 2006 da região de Lara na, na, na… ……. Venezuela! Veja mais sobre este vinho trazido pelo confrade Francisco, que é venezuelano e um amante do vinho, gracias viejo, amanhã.
Mas estes desafios não servem somente para provar os vinhos do Desafio, garimpar novos rótulos e mostrar que existe vida em nossa vinosfera sem ter que gastar muito, nestes casos limitados a R$120,00 preferencialmente em torno de R$100. Serve também para provarmos novos espumantes disponíveis no mercado que são tomados na recepção dos degustadores com o objetico de prepararmos as papilas gustativas para o que vem a seguir. Temos, com isso, tido o privilégio de tomar diversos espumantes de boa qualidade e muito saborosos. Desta feita, o amigo Bernardo (Zahil) nos apresentou um espumante argentino elaborado pelo método tradicional com um corte de Chardonnay e Pinot Noir, que foi muito bem comentado pelos membros da banca, o El Portillo Brut das Bodegas Salentein, importação e distribuição exclusiva desta simpática importadora que possui um excelente portfólio com preços bastante convidativos. Bastante aromático com forte presença de frutos tropicais convidando a beber, na boca apresenta bom volume, bom frescor, com uma acidez não muito comum aos espumantes argentinos, balanceado com um final algo cítrico e um sutil toque de leveduras muito sedutor. Perlage bastante abundante, fina e de boa persistência. Uma grata e agradável surpresa que merece ser conferida pelos amigos leitores e que espero faça bonito em uma degustação às cegas de espumantes que estou tentando orquestrar para o mês de Novembro.
Salute, kanimambo e amanhã veja os resultados e comentários apurados.
Caracas(literalmente), essa eu quero ver… vinho venezuelano!!!