Pequeno Dicionário de Português x Brasileiro – Parte IV
Este vinho tinto vinificado em extreme com tinta amarela, é muito porreiro e fácil de encontrar no mercado retalhista lisboeta, mais barato do que os preços nas garrafeiras. Melhor seria dizer que é uma tara, especialmente quando acompanhado de uma tarte de pimentos assados, algo que me sabe muito bem. Podem-me chamar de saloio, mas me fio no feitio do banheiro, que é gajo sério e fiche, quando me diz que é um dos melhores vinhos de Portugal. Ou será que me está a enfiar o barrete?
Meus caros, com esta última lista e frase acima, que agora já deve dar para “traduzir” facilmente, finalizo meu Pequeno Dicionário que espero vos ajude a compreender melhor o idioma de Camões. Outras palavras existirão, especialmente na área enogastronômica, que espero os amigos possam ir completando através de comentários. Com maior prazer revisarei os posts inserindo estas nova palavras e/ou expressões.
Relva | Grama |
Rés-do-chão | Térreo |
Resolúvel | Solucionável |
Ressonar | Roncar |
Restauração | Restauração ou região de restaurantes |
Restolho | Sobras, resto do resto, algo ruim sem uso. |
Retalhista | Varejistas |
Retrete | Privada, vaso sanitário |
Rojões | Pedaços de carne de porco conservada em banha. |
Rotunda | Praça circular. -CUIDADO – Em Portugal, como no resto da Europa, quem está fazendo a rotunda tem preferência no transito e não quem entra pela direita como prática comum no Brasil, mesmo que a lei seja a mesma. |
Rulote | Trailer |
Saber bem | Tem a ver com sabor. Ex. uma tosta e um galão iam-me saber bem agora. |
Saco | Saco mesmo, e só. È muito comum ir á padaria levando seu próprio saco. Ao significado dado pelos Brasileiros à palavra saco, em Portugal se usa bolas, tomates, etc. |
Saloio | Caipira |
Sandes | Sanduíche |
Sanita | Privada, vaso sanitário |
Sapateira | Um prato feito de carne de um tipo de caranguejo e servido gelado, normalmente na própria casca. Pitéu. |
Sarilhos | Encrenca, confusão |
Sebenta | Apostila |
Secretária | Mesa de escritório / Escrivaninha |
Sem crise | Sem problema |
Serviços de restauração | Serviços de restaurante |
SIDA | AIDS |
Sitio | Lugar |
Sorna | Pessoa indolente, preguiçoso |
Sova | Surra |
Sumo | Suco |
Supressão de berma à frente | Término do acostamento logo adiante |
TAC | Tomografia axial computadorizada. Um exame de raio X, muito comum em Portugal. |
Tacho | Panela |
Talho | Açougue |
Tara | Qualquer coisa muito boa ou bonita, inclusive pessoas. Ex. o almoço estava uma tara. |
Taralhoco/a | Senil, gagá. |
Tareia | Surra |
Tarte | Torta |
Tasca | Boteco em que se servem refeições prontas, nosso “pf”, porém de boa qualidade. |
Tejadilho | Teto (capota) |
Telemóvel | Celular |
Tenda | Barraca |
Tensão | Pressão arterial |
Ter lata | Cara de pau |
Ter tomates | Gíria para determinar alguém com “aquilo” roxo, corajoso, macho. |
Teso | Duro, sem dinheiro. |
Tirar um curso | Fazer um curso |
Titulo | Bilhete (ônibus, trem, metrô) |
Tosta | Torrada |
Tosta mista | Misto quente |
Trambulhão | Tombo |
Traque | Também conhecido como bufa, ato de soltar gazes. |
Travão | Freio |
Trepar | Mero ato de subir |
Trinca-espinhas | Pessoa alta e magérrima |
Trincar | Morder |
Tripeiro | Pessoa nascida na cidade do Porto |
Troço | Trecho |
Trolitada | Pancada |
T-shirt | Camiseta |
Utente | Usuário |
Vale dos lençóis | Cama. Ex. estou estafado, chega por hoje, vou para o vale dos lençóis. |
Valente | Valente, mas também usado com o intuito de grande, robusto. |
Varicela | Catapora |
Ventoinha | Ventilador |
Verniz | Esmalte para unhas |
Vinho em extreme | Vinho varietal, produzido com uma só cepa. |
Visa | Cartão usado para crédito |
Zaragata | Briga, discussão, confusão |
Zé dos anzóis | Um Zé ninguém, individuo qualquer, sem valor.. |
Zona | Região |
Salute e kanimambo
Caro João Filipe,
Você viu ontem na coluna de Jorge Lucki, publicada no Valor Econômico, que o Brasil vai passar a integrar o guia Descorchados, ao lado de Chile e Argentina?
Ele tambem adiantou o resultado do ranking dos 50 melhores vinhos, que será publicado na edição de 2010 do guia. Quatro brasileiros entraram na seleção. Ótima notícia!
Oi Aristoteles, valeu pelos comentários e participação. Vi o jornal, não. A noticia é boa, devagar começamos a assumir um lugar nessa vasta vinosfera, mas diz aí, que rótulos brasileiros são esses?
Abs e kanimambo
Olá João
De uns tempos pra cá tenho acompanhado seu blog. Considerando meu interesse por vinhos, muito me agrada a leitura, pois me parece que você escreve para pessoas como eu, para quem está descobrindo os vinhos mas que nem sempre dispõe de altas somas para degustar tops de linha. Continue assim que, assim como eu, muitos estão adorando ! Parabéns !
Bom, apenas para corrigir um pequeno engano ( que não se trata de vinhos ! ), gostaria de informar que no Brasil, a regra pelo código de trânsito em “rotundas” também é preferência de quem está circulando nela.
Fonte : Código Brasileiro de Trânsito
Art. 29.
III – quando veículos, transitando por fluxos que se cruzem, se aproximarem de local não sinalizado, terá preferência de passagem: …
b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela;
Valeu Alexandre. Sei que a lei existe, mas acho que 90% dos motoristas aqui a desconhecem. Com essa de que quem vem da direita tem prioridade, é uma lambança atrás da outra! rsrs Se fizer isso numa grande cidade em Portugal, os caras vão passar por cima.
Salute amigo e aguarde meu painel de vinhos até R$50,00 ainda neste mês de Outubro, tem uma série de rótulos de muita qualidade.
O grande vencedor foi o DV Catena Vineyard Designated Nicasia Vineyard 2003.
Os quatro brasileiros incluídos nos cinquenta melhores são os seguintes:
37o – Sauvignon Blanc 2009 Villa Francioni (já provei o chardonnay dessa vinícola catarinense é achei excelente)
43o – Storia Merlot 2005 Casa Valduga
45o – Talento 2005 Salton
47o – RAR 2005 Miolo
O interessante é que todas as provas são feitas às cegas.
Bom, isso é uma constatação de que temos boas coisas por aqui. Às vezes são caras mesmo, mas alguns vinhos nacionais, embora não seja regra geral, já podem justificar um preço um pouco mais elevado.
Beleza, grato. Desses quatro, dois; o Storia e o Talento, já ganharam meus Desafios de Vinhos que também são às cegas. aliás, nesses Desafios, os vinhos brasileiros têm se dado bem.
Abs
É verdade, João. Eu acompanho seus Desafios de Vinho e sempre percebo como os brasileiros são bem avaliados.
Abraços,
Caro João,
Outra novidade legal recente. Foi lançado o livro Gosto e Poder, de Jonathan Nossiter, também diretor do filme Mondonvino. Achei a obra é excelente!
Ele trata da formulação do conceito de terroir em nossa cultura, estendendo-o para além do mundo dos vinhos. O terroir seria a expressão mais humana da cultura, porque a coloca como um produto da tradição, aqui tomada não em seu sentido pernóstico, mas sim do conhecimento que, geração após geração, é produzido e acumulado. Assim, o vinho de terroir seria a expressão dialética da terra com os seus produtores e que, por isso, deve ser visto como um produto cultural. O vinho “globalizado”, por sua vez, não carrega consigo essa complexidade, o que o torna mais pobre, ao menos em sua dimensão cultural.
É muito interessante, por exemplo, a análise que ele faz dos produtores brasileiros (o cara nasceu nos EUA, morou na França e em vários outros lugares e atualmente mora no Brasil, tendo se naturalizado brasileiro). A transformação dos produtores em empresários está fazendo com que os nossos vinhos não tragam nenhuma expressão que lhes seja distintiva, mas apenas a reprodução de um caráter internacional do vinho contemporâneo. É tal gosto médio ditado pelo mercado: teor alcoólico elevado, muita fruta, madeira em excesso etc. O exemplo clássico é o vinho da Miolo produzido sob a orientação de Michel Rolland. Bebível, mas medíocre.
Por outro lado, ele fala de alguns produtores nacionais que insistem em remar contra a corrente e apostar na formulação de um caráter próprio do seu vinho. É o caso da Vallontano, vendida na Mistral, por exemplo.
Desculpe colocar esse comentário aqui. Mas não achei um lugar mais apropriado. Fique à vontade para remanejá-lo como quiser.
Abraços,