Sou um Privilegiado! Provei os Porto Vintage 2007.
Eu e mais umas 25 a 30 pessoas que se reuniram a convite do IVDP (Instituto do Vinho do Douro e Porto – link aqui do lado) para provar alguns dos Vinhos do Porto Vintage 2007. Quem me acompanha há um tempo, sabe que uma de minhas taras são os Vinhos do Porto e o Vintage é quintessência dos vinhos ruby, necessário explicar porque os tawnies envelhecidos são também preciosidades abençoadas pelos deuses, especialmente quando, pelo menos a meu ver, são tomados com algumas décadas de tempo de guarda. Um Vintage de qualidade de um grande produtor com vinte ou trinta anos, é um verdadeiro elixir dos deuses, e algo que me traz imenso prazer tomar e compartilhar com amigos.
Tenho uma pequena coleção em casa, pois a cada casamento de um de meus filhos abro uma garrafa com sua idade, tendo a última sido um Quarles Harris 1977. Depois, cada filho tem mais uma garrafa que deverá ser aberta somente quando completarem 50 anos, nesse momento nenhuma das garrafas terá menos de 30 anos, com a obrigatoriedade de a compartilhar com os irmãos. Aí tem uma garrafa para aniversários de casamento, outra para quando completar sessenta anos, outra para setenta, e por aí vai, desculpas/razões é que não faltam para celebrar.
Pois bem, apesar de diversas casas produtoras declararem vintage num determinado ano, porque sua produção especifica alcançou os padrões mínimos de qualidade exigido pelo IVDP, o ano somente será declarado clássico quando a grande maioria das casas atinge esse patamar e o Instituto assim o declare. Costumam existir de dois a três anos clássicos por década e nesta já tivemos em 2000, 2003 e agora 2007. O Ano Vintage de 2007 tem algumas peculiaridades que o tornam especial e potencialmente o melhor da década até agora, provavelmente semelhante em qualidade ao fantástico ano de 1994. A principio, este é o ano da elegância, de taninos mais prontos e aveludados, riqueza de sabores e equilíbrio com enorme frescor. Foi isso que fomos comprovar nesta excelente prova de 29 Vinhos do Porto Vintage 2007. A primeira degustação deste porte a ser realizada fora de Portugal para este Vintage, uma honra estar presente nessa degustação.
É, essa taça aí em cima é de um dos meus preferidos da degustação, o Fonseca Vintage 2007. Mas não foi só ele que possuía essa cor retinta, púrpura que literalmente tingia a taça. Por sua tenra idade e ausência de decantação não foram vinhos de grande intensidade aromática, exceção a uns dois ou três, sendo na boca que mostraram seu enorme potencial. Provamos; Burmester, Churchill, Cockburn’s, Companhia Velha, Dalva, Dow’s, Duorum, Ferreira, Fonseca, Graham’s, Kopke, Messias, Niepoort, Poças, Quevedo, Quinta da Pedra Alta, Quinta da Romaneira, Quinta das Tecedeiras, Quinta do Crasto, Quinta do Noval, Quinta de Noval Silval, Quinta do Portal, Quinta do Vale D. Maria, Quinta do Vesúvio, Quinta Nova de Nossa Sra. do Carmo, Rozés, Taylor’s, Vallegre e Warre’s.
De todos estes bons Portos Vintage e ao meu palato, dez se sobressairam, me encantaram e mexeram com minhas emoções dando-me grande satisfação e prazer e, na minha humilde opinião, aqueles rótulos que os amigos colecionadores e apreciadores destas preciosidades devam colocar em seu “wish list”, todos grandes vinhos com enorme capacidade de guarda. São eles, por ordem de preferência; Quinta do Vesúvio, Fonseca, Graham’s, Quinta do Noval, Warre’s, Cockburn, Taylor’s, Churchill, Dow’s e Quinta da Romaneira. Todos maravilhosos, mas os primeiros três, no entanto, me arrebataram e seduziram, deixando-me com uma vontade danada de fazer algumas adições a minha coleção, somente precisando de encontrar alguma desculpa, o que não é difícil já que agora começo a chegar no estágio dos netos! Três vinhos excepcionais, todos absolutamente retintos na cor, sobre os quais tentarei tecer alguns comentários, apesar da dificuldade que é tentar colocar emoções no papel.
- Graham’s, daqueles vinhos que ficarão na história e os que tiverem o privilégio de abrir uma garrafa dessas daqui a quinze, vinte ou trinta anos certamente o tomarão de joelhos. Púrpura, denso e carnoso, equilibrado, muito frutado, taninos redondos e finos, complexo e muito rico em boca com um final interminável. Nariz frutado, especiarias com nuances florais sutis mostrando a presença de um bom volume de Touriga Nacional no blend. Delicioso, ótima acidez e textura um vinho que espero rever dentro de 18 anos. Porquê dezoito? Porque precisarei comemorar os 18 anos de meu neto, ué!
- Fonseca, talvez o vinho que mais me tenha surpreendido nessa prova. Tradicionalmente, pelo menos os que já provei e confesso que não sou nenhum Cabral, os vinhos do porto da Fonseca tendem a ser extremamente encorpados, robustos e duros, especialmente na sua juventude. Pois não foi nada disso que encontrei, muito pelo contrário, um vinho de grande estrutura sim, porém delicado, sedoso e cremoso, fruta em compota, algo de capuccino e menta num conjunto muito complexo no palato. No olfato fruta escura, fechado, pedindo tempo. Arrebatador e certamente será com ele que comemorarei os 18 de meu segundo neto que sequer foi concebido ainda!
- Quinta do Vesúvio, o mais pronto deles todos e o que melhor transmite todas as carcteristicas da safra. Não sei se terá a mesma longevidade dos outros dois acima ou até de vinhos como Dow’s, Quinta do Noval e Warre’s por exemplo, mas está excepcional no momento e foi o que mais me seduziu. Fruta negra madura em abundância, licor de ginjas com nuances florais de violeta compõem uma intrigante paleta olfativa que nos chama á taça. Na boca sente-se bem a presença de taninos doces, ótima acidez que lhe dá um frescor muito especial, equilíbrio, harmonia, concentrado, taninos finos, macios e sedosos num corpo de boa estrutura, enorme riqueza de sabores com um final longo e algo terroso. Um gentleman, um lorde de fraque e cartola para ser apreciado desde já, mas que deverá estar ainda melhor quando o abrir daqui a dezessete anos nas minhas, inshala, bodas de ouro!
Bem, como viram, razões para celebrar não faltam e sua criatividade certamente encontrará diversas outras e pessoais razões para o levar a comprar uma destas garrafas que, por lá, valem entre 45 a 55 Euros o que, convenhamos, não é nenhuma fortuna para o produto. Grato ao Carlos Soares do IVDP, à Fernanda Fonseca a organizadora do evento, ao pessoal da Aicep, do consulado, realmente um momento único em minha curta, porém intensa, vida de enófilo comentarista das delicias que tornam esta vinosfera um lugar muito especial para se habitar.
Salute e kanimambo.
João, isso é covardia. Deixou a gente com (MUITA) água na boca. Deve ter sido demais mesmo!
E a sua idéia de ter vinhos comemorativos é realmente muito bacana. Agora precisa conseguir uma pra quando o seu blog fizer 10 anos. Já pensou nisso?
Um abraço
Daniel
João,
Gostaria de sua opinião a respeito da conservação e serviço do vinho do porto, pois existe muita informação desecontrada.
– O vinho do porto deve ser guardado à temperatura ambiente ou conservado na adega em torno dos 16 a 18º?
– partindo do pressuposto de de que ele deve ser guardado na adega, o serviço também será nessa temperatura?
A prática comum é a de guardar e servir o vinho na temperatura ambiente no Brasil, mas eu achei opiniões defendendo sua manutenção em torno dos 18º, como ocorre com os tintos mais encorpados.
Abraços
Eheheh, oi Daniel essa foto da taça ficou demais, não?! Tá mesmo de ficar aguado e, como disse, sinto-me honrado e um privilegiado que deus baco vem protegendo. dez anos de Blog, cara não tinha pensado nisso não, ainda nem completei dois! De qualquer forma é uma bela razão para abrir um porto legal, mas aí acho que abrirei um Tawny 10 anos da Quinta do Mourão S. Leonardo, Barros, Niepoort, Graham’s ou Taylor’s. Dependendo da quantidade de gente podemos pensar até numa super degustação com as cinco, o que achas?
Aristóteles, meu amigo, esquece essa história de temperatura ambiente no Brasil. Por aqui nenhum vinho merece isso e muito menos você. Dê uma olhada neste post >> http://falandodevinhos.wordpress.com/2007/12/12/temperatura-de-servico-do-vinho/ que deve te ajudar.
Abs
Caro João,
Para mim foi também um grande privilégio organizar esta super prova!!! Adorei o Noval (sou fã…), o Fonseca, o Vesuvio e o Dows.
E mais ainda poder proporcionar este momento à queridos como você!
Saúde!
Abraços,
Fernanda Fonseca
Caro Joao
Foi por um mero acaso que dei com este seu fantástico blog. Tem sido um prazer acompanhar todas as suas epopeias enólogas. De todas elas destaco esta sobre os vintage 2007 do Porto.
Se me permite, deixo-lhe alguns dos meus vinhos favoritos que, se porventura conhece agradecia o seu comentário e possível recomendaçao de outros similares. Se ainda nao conhece recomendo vivamente.
– Quinta do Monte d´Oiro 2003, Estremadura
– Quinta das Marias, touriga Nacional, Dão
– Quinta dos Carvalhais 2005 Único, Dão
– Abandonado 2005, Douro
– Chriseya 2003, Douro
Um abraço de Lisboa,
Ricardo Marques
Olá Ricardo, que bom te ter por aqui, obrigado pela visita. Realmente estes Vintages estão maravilhosos e foi uma tremenda honra desfrutar deles. Olha, dessa lista que tu enviaste, dois conheço (não a safra) e já comentei aqui (http://falandodevinhos.wordpress.com/2008/06/17/mistral-experience-ii/ e http://falandodevinhos.wordpress.com/2008/12/30/dois-portugueses-de-reflexao/). O Monte d’Oiro 04 e o Chryseia 01 são dois vinhos excepcionais. O Quinta das Marias está na minha adega esperando o momento certo, mas o Abandonado e o Unico não tive a oportunidade ainda. Provei sim, o Quinta de Carvalhais T. Nacional (http://falandodevinhos.wordpress.com/2009/05/26/vinhos-do-dao-e-bairrada/) que é outro grande vinho.
Abraço, kanimambo e um salute especial ás festas de Natal e fim de ano.
boa noite li os comentarios destes nossos amigos Brasileiros e fiquei muito contente pois eles adoram um nectar que é de todos nao só de Portugueses,pois este vinho é unico pese os Sul Africanos queiram copiar,também já provei muitos dos vintages de 2007 acho todos muito bons,aqueles que falaram,mas acho que se esqueceram dum que acho extraordinário,Quinta do Portal 2007claro concordo com os outros mas falta salientar este pois provei hoje e á minha conta e eramos 5 pessoas eu bebi sem mentir meia garrafa,com isto dizer que sou um apaixonado já possuo cercade 3 000 garrafas todos vintages,lbv,colheita desde 1900 até 2007 sendo que a maior parte é de 1994 500 garrafas e 1997 500 garrafas porque foram os melhores anos do ultimo século,estou vendendo tudo por 170 000 euros podendo ainda ser negociado.Estao todas em perfeitas condiçoes,cave climatizada,os vinhos todos deitados dentro das caixas.deixo contacto (351) 918991538 sou de Aveiro, nao sou comerciante apenas fui comprando e agora necessito vender.Obrigado
Boa noite,
foi com muito agrado que visitei este site, e li os comentários e a qualidade com que a informação sobre os Vintage 2007 é apresentada.
Naturalmete sinto-me orgulhoso pelos comentários sobre o Fonseca 2007. A escolha de um lote de Vintage, e a decisão para declarar um ano como Vintage é um dos momentos mais especiais que se pode ter. No caso da Fonseca, e com as gerações de experiencia dedicados a produzir estes Vinhos do Porto que envelhecem durante tantos anos e com tanta grandeza, o que está em jogo é a nossa reputação. O Instituto do Vinho do Porto em todas as categorias de Vinho do Porto faz um optimo trabalho em guarantir a qualidade minima, mas no caso do Vintage, as casa de renome (Fonseca, Taylor, Noval, Graham) tomam a decisão individual se um ano é classico ao não, e a qualidade é sempre do mais alto nivel dado que o seu bom nome está em causa. Normalmente coincidem entre elas, dado que a natureza é o principal factor que destingue a qualidade de um ano para o outro, mas nem sempre.
Os Portos Vintage são extraordinários, e reconhecidos como um dos grandes vinhos do mundo. Temos é muito trabalho a fazer a dar este prazer a muitos apaixonados do vinho que não o conhecem. Terminar um jantar especial vinico sem uma garrafa de Vintage é deixar manco esse momento.
Para o leitor que perguntou sobre o guardar das garafas vintage, é desejavel para quem quer guardar as suas garrafas mais de 10 anos, que as guarde a temperaturas inferiores a 17ºC. O ideal é entre 14-16º, mas o mais importante é não deixar passar acima dos 20º nos meses mais quentes. Temperaturas quentes faz o vinho evoluir mais rapidamente do que o desejado, e não deixando ganhar a complexidade de garrafa que tanto destingue um vintage envelhecido.
Muitos cumprimentos,
David Fonseca Gimaraens
Quanta honra para um pobre marquês receber tão nobre visita. Grato pela visita David e parabéns por esse maravilhoso Fonseca vintage 2007 que terei o prazer de comprar para minha coleção particular de Vintages quando de minha visita á SISAB ainda este mês. Cheers!
Possuo uma garrafa de um Vintage Port, safra de 1997 edição comemorativa dos 500 anos do descobrimento do Brasil, vcs tem idéia de quanto deve valer?
Obrigado
Paulo
Oi Paulo, eu não sei não, mas quem é o produtor?
Bom |Dia João, Imagina agora q a wine spectator deu nota 10 para o dows, para qto vai esse vinho, estou tentando comprar com uma amiga q mora nos estados unidos, so qro ver como faço para chegar as garrafas aqui no Brasil
um abraço
É Luis, eu também ando atrás de umas duas out rês garrafas e sumiram! Devem voltar logo, logo ao dobro do preço, mas a safra tem vinhos tão bons que dá para viver sem esse.
Oi João Filipe,
Vou abrir uma garrafa de um Porto Vintage que trouxe de Portugal ano passado com 8/10 amigos.
Não tenho ideia do que sevir para harmonizar com o vinho.
Pode me ajudar?
Muito obrigada e é sempre um prazer ler seu blog!
Um abraço,
Mariah Bayeux
Olá Mariah, dependendo da safra e idade do vinho, a harmonização dele com os amigos já basta! rs No entanto, os Vintage vão muito bem com queijos, sendo a harmonização perfeita umas torradinhas e um da Serra da Estrela ou do Azeitão elaborados com leite de ovelha. Como alternativa mais em conta, ainda ontem comi com um Vintage 92, os queijos tipo Reblochon e Taleggio da Serra das Antas. Também doces á base de chocolate ou chocolate mesmo e aí há gente que curte mais com ao leite do que amargo. uma brincadeira legal é um pouco de cada para cada um descobrir a sua “própria” harmonização.
Com chocolate, a minha preferência é para o meio amargo (30 a 40% de cacau).
Abs e espero ter ajudado.
Hummm…serra da estrela ou azeitão já começo a salivar!
Super ajudou, muito obrigada Filipe!
Ola! Srº João, sou empregado de mesa em uma marisqueira, e como meu patrão tem uma vasta quantidade de vinhos do porto, acabei me apaixonando por eles, não sou um bom conhecedor, mas pretendo mergulhar nesse mundo do vinho do porto, por acasi ja tenho comprado algumas garrafas, a ultima foi o vesuvio, adorei o sua maneira de comemorar suas datas especiais, e aproveito para pedir algumas dicas sobre cursos e algo mais referente a vinhos do porto…um grd abraço
Olá Clauber, quisera poder te ajudar. Como dizes que trabalhas numa marisqueira imagino que seja em terras lusas e eu estou em São Paulo, então o mais fácil será contatares por aí o Instituo do vinho do porto, http://www.ivdp.pt/pagina.asp?codPag=168&idioma=0, leres matérias que eles têem no site e também aqui, (categorias – Vinho do porto) para buscar mais informações. Depois, bem, depois só a litragem é que te dará o conhecimento de causa. Saúde!
eu gostaria de saber qual o valor e a qualidade de um vintage 1997 edição dos 500 anos do descobrimento do Brasil produtor confraria dos Vinhos
Paulo, nunca ouvi falar desse produtor, desculpe. Me parece algo mais comercial e sem grande valor, mas não posso afirmar.