Direto do Front no Decanter Wine Show/2010
Era para ter postado algo ontem, mas não consegui. De qualquer forma, espero que o resumo da ópera de hoje possa ajudar os amigos de BH e Floripa neste estupendo evento repleto de grandes caldos. Que o portfólio da Decanter é de primeira todos já sabemos e, quem ainda não sabe está perdendo. Melhor, o Adolar e sua turma de produtores não escondem garrafas de baixo da mesa não, aqui você prova grandes vinhos mesmo!
Sou um amante de vinhos brancos e como sempre a Decanter mostrou um portfólio invejável. Faltaram alguns produtores que considero geniais como o Chateau Tracy e Domainde du Salvard (Loire), Domaine Bouzerau (Borgonha) e José Parientes (Espanha), mas sobra qualidade.
- Anselmo Mendes e sua coleção de grandes hits da região do Vinho Verde. Seu Muros Antigos Loureiro é uma delicia que, ainda por cima, possui um ótimo preço . Sempre muito bom o Alvarinho Muros Antigos e o estupendo, já um clássico elaborado em barricas francesas sem tosta alguma, o Muros de Melgaço Alvarinho. Agora traz dois novos produtos, o Contato; vinho de mais corpo, maior presença vegetal perfeitamente balanceado e o Anselmo Mendes Parcela que é um outro campeão em formação pois sequer rótulos possui anda.
- Tiara de Viña Alicia – Dentro do que pude provar de vinhos brancos argentinos, este se destaca e não é de hoje. Riesling, Alvarinho e Savignin num assemblage diferenciado e de muita qualidade que encanta e surpreende.
- Altas Quintas Colheita Branco – Mais um português de primeira linha com esta novidade em que 80% de Verdelho se mesclam á clássica Arinto para gerar esse estupendo vinho fresco, complexo e vibrante com passagem por seis meses de barrica muito bem colocada. Bão demais da conta sô!
- Grans-Fassian – Um produtor do Mosel que traz um vino “básico” muito bom, Riesling QbA, por volta dos R$74 e um estupendo Spatlese Piesporter Goldtropfchen 2007 que nos alicia com sua incrível finesse, seu equilíbrio e riqueza de sabores. Um clássico vinho doce da região que certamente está entre os melhores que já provei.
- Quinta dos Roques Encruzado – um vinho que está virando um clássico da região e um dos tops brancos portugueses. Aliás, eis aí um belo Desafio de Vinhos a ser organizado, só de brancos portugueses!
Nos vinhos de sobremesa, uma outra face de nossa vinosfera pouco explorada pelos aficionados dos bons caldos, algumas preciosidades entre elas o Spatlese da Grans-Fabian que mencionei acima, mas tem muito mais:
- Recioto della Valpolicella I Castei de Michelle Castellani (tinto) é imperdível e um clássico da região, divino!
- Brumaire Doux de Alain Brumont, região de Mandiran na França, um vinho que me foi apresentado pelo Beto Acherboim no apagar das luzes do evento e que me forçou, eheh, a pegar mais uma taça. Mamma mia, que vinho e que equilíbrio entre doçura e acidez! Estonteante e surpreendente.
- Pendits, produtor de Tokaj, Hungria – elaborados com a uva Furmint, são vinhos para levar a almofadinha , ajoelahar e agradecer aos Deuses por tão divinos caldos. O Furmint Edes é um colheita tardio delicioso com um preço de R$98 e um preparo para o que vem a seguir. Um espetacular Tokaj Aszú (quer dizer botritizado em Hungaro) 6 Puttonyos 2001, uma safra ruim em que poucos produziram seus vinhos (imagino como deva ser nas boas safras!) absolutamente divino! Quando achamos que atingimos o ápice, que não pode existir algo melhor, chega-nos o Tokaj Aszú Esszencia 2000 (para alcançar nível de Esszencia precisa ter no mínimo 180grs de açúcar residual) e nos derruba, fragilizados que já estávamos pelo néctar anterior. MA-RA-VI-LHA!!!!! Preço condizente com a raridade, razão por minha falha de formação enófila até agora, já que jamais havia colocado uma dessas preciosidades na boca, variando entre R$400 a 600,00.
- Vinho do Porto – Os ótimos Warre’s são sempre uma perdição e, mesmo havendo lá um belo Vintage 92, tenho que reconhecer que o LBV 2000 é muito especial e, para mim, o mais marcante deles.
Espumantes e Champagnes de qualidade compõem o portfólio deste importante importador e uma série de produtores estão presentes. Provei alguns e estes me marcaram mais:
- Barnaut – excelente o Blanc de Noir Brut Grand Cru elaborado com Pinot Noir, uma das melhores relações Qualidade x Preço x Prazer neste competitivo mercado de champagnes gama de entrada na faixa dos R$180,00.
- Bedin – o Prosecco estra-dry deles acaba com qualquer preconceito contra estes vinhos e o preço é super camarada, em torno dos R$55,00. Vale muiiito a pena.
- Case Bianche – produtor novo que não conhecia, possui um Prosecco Brut Vigna Del Cuc Brut de grande qualidade e que vale a pena ser conferido pelos amantes de espumantes. Custa em torno de R$77,00 e vale!
- Kriter – um espumante borgonhês bastante interessante. Recomendo especialmente o Rosé que é muito bom.
- Raventos i Blanc – produtores do saboroso cava L’Hereu, possui uma linha de alta gama muito bom. O Elisabet Raventos 2003 é especial, mas fui seduzido mesmo foi pelo Gran Reserva Brut.
Preciosidades Tintas. Estes são aqueles vinhos que não devem deixar de ser degustados. São a fina flor dos expositores presentes e que compõem a primeira linha dos vinhos deste estupendo portfólio da Decanter. Não falarei muito sobre eles porque são vinhos difíceis de descrever pois nos deixam estupefatos, de queixo caído, imersos que ficamos por emoções mil que nos correm nas veias deixando-nos literalmente embasbacados mexendo com todo o nosso sistema sensorial. Exagero? Bem, se acha isso minha sugestão é fazer um tour por estes magníficos tintos e depois deixe-se levar até o Tokaj, é o nirvana meus amigos!
- Ben Shild Syrah Reserva – um dos melhores exemplares de syrah australiano que eu já tive oportunidade de tomar. Um grande vinho.
- Cote Rotie la Divine de Jean-Luc Colombo – este ajoelhei para receber o néctar em minha taça. Magnifico, só ele já vale a entrada!
- Pio Cesare Barbera d’Alba Fides – sempre uma prova e exemplo dos grandes vinhos produzidos por Pio Cesare. Este rótulo é dos que mais me seduz, mas ficar por aqui e provar a linha toda é uma grande experiência.
- Vinha do Lordelo de Domingos Alves de Souza – uma preciosidade que deverá se tornar ícone da região do Douro. Já estupendo, um vinho para se comprar algumas garrafas e acompanhar sua evolução ao longo dos próximos anos.
- Monte Vide’Eu – Bouza é um dos melhores produtores Uruguaios e a bodega um local incrível a se visitar. Este vinho top da casa, assemblage de tannat, Merlot e Tempranillo é de tirar o fôlego e esta safra de 2006 está magnífica.
- Chateau de La Tour – Pierre Labet produz bons vinhos básicos, mas é nos top, aqueles produzidos em seu domaine, que as preciosidades aparecem. O caro Clos-Vougeot Grand Cru é objeto de desejo de muitos, mas o que mais me seduziu foi o Beaune 1er Cru Coucherias, um grande Borgonha por um preço que, se não é barato porque os bons borgonhas não o são, é condizente com o vinho. Um bom começo para as degustações dos tintos.
- Michele Castellani – Mais um produtor que vale provar a linha toda, é uma aula de Valpolicella e vinhos da região do veneto. Já falei do Recioto, agora destaco o Amarone Cinque Stelle Ca’del Pipa uma verdadeira maravilha, como fala um amigo meu, um Amarone de gala!
Achados. É, nem só de preciosidades vive nossa vinosfera. São objetos de desejo sim e certa presença no wish list da maioria com espaço na adega de poucos. Voltando á realidade, eis alguns achados numa faixa de preços que nos possibilita desfrutar de bons vinhos sem gastar muito. Muito bons vinhos dentro de seu contexto.
- Michele Castellani – É, está em todas mesmo e desta vez com seu Valpolicella Clássico campo de Biotto por R$57 e o delicioso Classico Ripasso Costamaran por R$80,00.
- Legado Munoz Garnacha – Por apenas R$29,50, talvez o melhor achado de um vinho para o dia a dia. Da região de La mancha na Espanha, surpreende muito positivamente.
- Quinta da Plansel Marquês de Montemor – toda a tipicidade do Alentejo por apenas R$35,00, uma ótima opção nesta faixa de preços.
- Amalaya da Bodega Colomé – rótulo bastante interessante para quem gosta de um estilo mais potente de vinhos argentinos com boa extração e concentração. R$42,00.
- Callia – aqui toda a bodega é um achado pois produz vinhos bem feitos, equilibrados e saborosos em diversas faixas de preço e todas elas muito competitivas. Recomendo especialmente o Callia Magna Viognier, o Callia Alta Reserve Malbec, Callia Magna Syrah com preços na casa dos R$35 a 45,00.
- Anselmo Mendes Muros Antigos Loureiro – com frutos do mar, uma caldeirada de lulas e coisas do gênero, não tem para ninguém por apenas R$49,00. Prazer garantido neste verão que se aproxima.
- Caldas Douro – também do Domingos Alves de Souza, um tradicioal blend de cepas autóctones da região duriense por um preço bem camarada. R$49,70.
- Rocca delle Macie – um grande produtor da Toscana com alguns grandes vinhos. Do que estava exposto, me surpreendi com o Sasyr IGT 2007, um blend de Sangiovese com Syrah por R$75,00. Sabores e aromas diferentes num corte inusitado. Vale muito a pena.
- Terranoble – o Carmenére básico deles por R$26,00 é algo raro, mas o Reserva pinot por R$69,00 talvez seja o melhor custo x beneficio da casa. Vale a pena provar os dois novos lançamentos Lahuen Carmenére La Costa e Los Andes.
Tristezas. É, nem tudo é festa sempre há tristezas nestes eventos. A tristeza de não ter podido ver e provar mais! Já sei estou chorando de barriga cheia, mas existem produtores com rótulos que queria conhecer e não consegui. Gente como Luigi Bosca, Tommaso Bussola, Cesani, os vinhos da rara cepa Wildbacher de origem Austriaca mas presente no Veneto italiano há mais de 200 anos, entre outros. Enfim, os amigos de BH e Floripa que aproveitem, espero que o resumo acima lhes ajude a traçar um plano de “combate” pois a tarefa é árdua. Eu espero por 2012 e mais um Decanter Wine Show, quem sabe com 100 produtores e três dias?! Hoje tem mais, tem Encontro de Vinhos dos amigos Beto e Daniel, haja fôlego!!!!
Parabéns a todos da Decanter que fizeram deste evento um grande sucesso e um obrigado especial aos amigos Cézar e Yani. Salute amigos e kanimambo
Ps. Amanhã publico o Slide show aqui no post
O que dizer João
novamente teus comentários sobre degustações deste porte são sem dúvida os melhores que podemos encontrar na rede.
Obrigado mais uma vez. Sem dúvida levarei em Florianopolis a folha impressa em negrito!
Abraços
Renato
Valeu Renato e aproveita. Vai ser dificil vc ver tudo o que coloquei, mas não deixe passar, de jeito nenhum, os vinhos de: Jean-Luc Colombo/ Pio Cesare / Michelle Castellani / Pendits e alguns dos ótimos brancos finalizando com o ótimo Warre’s LBV se vc gostar de um Porto. Depois recheia com os outros que também são de lamber os beiços!
Salute amigo e um prazer colaborar.
Caro João,
Concordo contigo, o Côtie-Rôtie la Divine (Jean Luc Colombo) já vale a entrada. Foi o vinho que mais me encantou.
Abraço.
Eugênio
Obrigado. Será “dificil” provar tudo mas tentarei com todas as forças, eheh ( vou chegar cedo e já reservei um apartamento no mesmo hotel do evento para o sucessivo e merecido repouso do guerreiro ).
Já participei da edição passada ( 2008 ) que passou também por Curitiba e, PASME, não provei os vinhos do Jean-Luc. Desta vez ele não me escapa.
Abraços
Participei do evento aqui no Rio e considero um dos melhores em termos de organizacao. Descobri rotulos fantasticos e alguns ficarao na memoria para sempre! abracos
João, mais uma vez obrigada pelas dicas.
Vou a Floripa com a listinha no bolso.
Já tinha anotado os brancos alemães e os vinhos do Porto e Tokaj, mas faltavam os tintos.
Valeu!
Abraço,
Ana
Caro João,
Mais uma vez, ótimas dicas. Juntei-as com outras e fiz minha listinha “básica” e ontem, parti para o combate na edição do evento aqui em BH. O que dizer? Simplesmente perfeito!! Na minha modesta opinião, o melhor do Brasil. Ótimos vinhos, espaço mais que adequado, zero tumulto, buffet farto e de alto nível, e o principal, muitos, muitos vinhos bons (alguns espetaculares!).
Senti falta do seu comentário sobre os vinhos da autraliana Kilikanoon. Ou… será que nem chegou a prová-los?? Rapaz, se não o fez, não sabe o que perdeu. Ouvi vários comentários (e concordo com eles) que o Prodigal Grenache 2004 brigava bonito com o Oracle Shiraz 2004 como sendo o vinho da noite. Isso sem falar na simpatia de Mina (filha do diretor executivo da vinícola) que servia à todos com solicitude e, num português quase perfeito, fazia questão de discorrer sobre os vinhos.
E que vinhos são aqueles do simpaticíssimo Sr. Domingos?? E os caldos da Vina Alicia? Os Tokaj (para beber de joelhos)?? Enfim… Tantos vinhos bons que fica até difícil.
Resumindo minhas dicas são (em relação custo x benefício):
Kriter Rosé
Quinta das Caldas Douro 2004
Tannat A8 Parcela Única
Riesling QbA
Oi Ricardo, é pelos vistos comi bola nessa e perdi a Kilikanoon. Ato falho que precisarei corrigir em um futuro não muito distante. Mas pela lista do que provei, faltou boca e tempo para tanta coisa!
João,
Primeiramente muito obrigado!
Gostei muito da feira, realmente podemos chamar de show!!!!
Particularmente 3 vinhos me chamaram muito a atenção:
Tinto:
1 – Arzuaga Navarro – Gran Reserva 2001 – Espanha
Um vinho que parece um “licor” na boca. Muito elegante, leve e macio na boca. Com preço de R$630,00 o torna uma preciosidade.
2 – Pio Cesare – Barolo 2005 – Italia
Incrivelmente eu encontrei um barolo com pouco tempo depois de aberto mais redondo de se beber. Um néctar. Valor R$326,80
Espumante
Para não dizer que eu só coloquei vinho caro (rsrs), tá certo que pelo preço no mínim tem que ser bom. Este é bem mais barato e um ótimo custo x beneficio.
3 – Kriter Brut – Franca – Bourgogne
Ai já me pegou pelo paladar, sou suspeito para falar de Borgonha, mas este espumante é incrivelmente muito bom. Usa método Charmat, o que não o torna menos elegante. Diria que as cegas passa por uma Champagne fácil.
Preço R$66,50
abraço,
Evandro
Confraria2panas
João e Ricardo,
Realmente o Kilikanoon é maravilhoso, achei o Riesling Mort´s Block 09 deles fantástico. Outro que adorei foi o Tiara da Viña Alicia, um branco com corte bem original: Riesling/Alvarinho/Savagnin.
Um abraço
Eugênio Oliveira
http://www.decantandoavida.com