Um Tinto Uruguaio de Respeito, Abraxas 2007.
É, nesta última Quarta fiz um suspense para falar deste vinho, porém aqui estou para o comentar, um senhor vinho. Daqueles que vestem fraque e cartola com eximia destreza e elegância apesar de um porte musculoso e viril. Abraxas, um vinho elaborado com 100% do melhor tannat plantado em Rocha, no norte do Uruguai já próximo de Punta Del Este.
Encorpado, grande estrutura, teor de álcool aquém do esperado com somente educados 12,5% que nos permitem passar da terceira taça! E olha que dá fácil para isso, uma pena que não tivesse um belo pedaço de bife ancho para acompanhar, pois seria divino. Frutos negros no olfato, como a cor que insiste em tingir a taça com laivos violeta, e terroso. Na boca explode numa complexa sinfonia em que prevalece o equilíbrio. Taninos aveludados de muito boa qualidade, rico, untuoso e sedutor com a madeira já bem integrada, denso, final longo em que aparece algum moka com toques de especiarias. Talvez não possua a mesma capacidade de guarda do 2002 que ainda está pujante, porém talvez seja mais rico em sabores e mais harmonioso, um conjunto mais cativante e apetitoso para ser curtido e apreciado sem pressa, mais do que meramente bebido.
Realmente é de tirar o chapéu para o que os enólogos fazem por lá com essa uva. Seus vinhos premium estão num patamar de grande qualidade e este não nega a raça. Um dos bons rótulos nesta gama de qualidade a um preço abaixo da média o que o faz saber ainda melhor, eheh! Acha-se por aí na faixa dos R$100,00 e este eu recomendo como um belo custo x beneficio que certamente faria alguns dos bons vinhos do Mandiran enrubescerem. Importado pela Dominio Cassis, sei que na Portal dos Vinhos tinha e também terá na Vino & Sapore, uma no Morumbi em Sampa e a outra na Granja Viana em Cotia. Ah, ia-me esquecendo, a garrafa é poderosa e, nas mãos erradas, pode virar uma arma letal. A bichinha deve pesar uns 5 kgs!!!!!!!
Salute e kanimambo
Caro João,
Olá! Ao ler seus comentários sobre esse belo exemplar de vinho elaborado com a poderosa e difícil cepa Tannat, não resisti em comentar aqui, meio que em off topic, em função das suas impressões positivas e mais até pelas suas últimas frases (curiosidade sobre a garrafa…).
É que ontem tive uma experiência única e muito similar à sua: participei de uma degustação de alguns vinhos da espanhola Bodega Rodero (Ribera del Duero) conduzida por ninguém mais que o próprio produtor, Sr. Carmelo Rodero.
Vinhos honestíssimos, orgânicos, estruturados e longuíssimos. Do mais simples e sem madeira (de equilíbrio assustador e relação custo x benefício espetacular) passando pelo Rodero Crianza 2005 (nem parece que já tem 5 anos. Inteiraço, potente e elegante ao mesmo tempo; redondo, sedoso…) ao top Rodero Crianza Reserva. Esse último mais parecendo um caldo alquímico por suas nuances e pela evolução em taça, minuto a minuto que passava…
O interessante é que cada um é “embotellado” numa garrafa específica e cuja gradação de cor e espessura (consequentemente, peso) é visível. O Reserva vai numa garrafa bem mais alta que a normal e assim como a do Abraxas, é muito pesada. Detalhe: o vidro era de uma cor enegrecida e quase opaco!
O Sr. Carmelo disse que é assim de modo a contribuir para que o vinho possa, desde que armazenado nas condições adequadas, evoluir por, tranquilamente, mais uns 10 anos mais ou menos…
Sempre que busco um vinho de qualidade, encorpado e de ótima qualidade ligo direto na Dominio Cassis. Local onde encontro ótimo atendimento e ótimas dicas de combinações para os vinhos. A última dica que recebi foi vinho tinto com paleta de cordeiro! Recomendo!!!
Abraços
Rodrigo