TOPS Argentinos e Chilenos, Valem Tudo Isso?
Momento de Reflexão para começar bem a semana! Afinal, esses aclamados e altamente pontuados vinhos dos hermanos valem mesmo essa “pipa de massas”, como dizem lá na saudosa terrinha, que pedem por aqui e mesmo lá na origem? São vinhos que variam aí entre os seus R$200 a 700,00! Só para trazer isso para um patamar mais universal, preços entre USD120 a 420 ou Euros 80 a 300!!!!! Sei que quem gosta de fazer suas perguntas semanais são os amigos Claudio e Rafaela (le Vin au Blog), mas não resisti já que ando me surpreendendo com os preços que tenho visto. O pessoal está todo aqui pertinho e cheio das benesses fiscais, os vinhos, bem; alguns muito bons, outros já ìcones, outros negam fogo (ou exalam em alguns casos) na hora H, etc. Será que valem mesmo toda essa grana?
Fiquei curioso em saber o que os consumidores como um todo acham disso. Eu cá tenho a minha opinião formada e, não desprezando alguns ótimos vinhos que os hermanos produzem, não acredito que valham! Na minha percepção até encaro valores de cerca de R$200, mas acima disso acho um despautério, com algumas raras exceções, se comparado a Barolos, Brunellos, Bordeauxs, Douros, Alentejos, Riojas etc.. Tomar um delicioso Marques de Cáceres Gran Reserva 2001 por R$165, um Il Brusciato de Bolgheri 2006 por R$110, um Amarone Cinque Stelle por R$270,00, Chateau Tour de By Cru Bourgeois 2005 por R$140,00, um Jaffelin Savigny-les-Beaune Premier Cru 2007 por R$180,00, um Barolo Tré Ciabot 2003 por R$190,00 ou até um Cote Rotie La Divine por R$370,00, mesmo achando caro com relação aos preços de origem, ainda consigo entender, agora esses preços dos hermanos ……………..!!!!! Outra coisa, e as notas do tal de Jay Miller degustador mor do Robert Parker e seu Wine Advocate?!! Periga do cara dar 96 pontos para água com gás argentina, chose de loque, sô!
E você, o que você acha?
Salute e aguardo ansioso pelos comentários dos amigos. Kanimambo
Amigo,
Sou fã declarado desses vinhos mas sou obrigado a reconhecer que quando atingem cifras astronômicas (Cobos, Chadwick) o grande apelo que é a relação preço-qualidade cai por terra. Acessei o portal da Vinci e constatei que o ótimo Kai Carménére 2007 da Errazuriz pulou de R$ 200 e tantos para proibitivos R$ 325,65.
Concordo com a faixa de preço indicada, por isso, no ano que passou, o meu vinho do ano foi o Zuccardi Zeta, por pouco mais de R$ 200. Acima disso realmente o Velho Continente já tem boas opções, principalmente aqueles vinhos oriundos da península ibérica.
Esses dias tomei um Herdade do Perdigão Reserva 2003 (ver comentário no blog), que considerei uma verdadeira “pomada” que custa menos de R$ 210. Por um pouco menos (cerca de R$ 180), temos o meu duriense predileto: Quinta do Crasto Reserva.
Ou seja, os produtores e importadores de vinhos do Novo Mundo precisam “cair na real” porque vinho muito caro está fadado a ficar na prateleira…
abraço
Jeriel
http://www.blogdojeriel.com.br
Ola.
1. Os vinhos top do Chile e Argentina nao valem o quanto custam. Idem para Brasil (pior ainda)
2. Ha importadores que cobram muito mas as margens sao baixas (varios motivos para isso)
2.1 Ha importadores que cobram muito com grandes margens. Sao gersons mesmo.
3. O consumidor de vinhos novato se submete a pagar esse absurdo por Chile, Argentina (e vamos la, Brasil de novo). Sao meio trouxas mesmo. Nao desenvolveram o gosto pelo vinho de verdade (muito melhor na Europa que na AS), adoram pagar pelo rotulo (Nossa, tomei um alma viva, oba ontem tomei um Don Melchor e por ai vai)
3.1 O consumidor tem uma ideia de que o barato nao é bom. Ai vem grande culpa pela formatacao do preco. E entramos num ciclo sim fim… cobra-se caro porque ha quem pague.
3.2 Favor comparar com os consumidores que conhecem vinho e ha muito tomam o tal liquido. Nao pagam R$ 200.00 por um vinho da AS nem ferrando.
Por fim, alguem ai gosta dos precos dos restaurantes hoje?? Ha muito trouxa que paga a conta e nao reclama. E roupas? Mesma coisa…. e carros? Idem.
Brasileiro é um povo com os pes no chao. E as maos tambem.
Caro João,
Creio que parte significativa destes preços esteja relacionada a lógica dos “pontos” de Robert Parker, WineSpectator e outros.
Repare que boa parte destes grandes nomes (e preços) argentinos e chilenos estão relacionados a elevadas pontuações da crítica.
Veja, por exemplo, os malbecs da Catena que receberam até 95 pontos do RP e que hoje custam nada menos que R$ 350.
Ou ainda o famoso trio que vive em pé de guerra no gosto da WS: Don Melchor, Clos Apalta e Almaviva, três vinhos altamente pontuados e altamente caros e inflacionados, sobretudo após receberem a tal pontuação.
É uma lógica perversa, não apenas porque coloca os preços em patamares surreais, mas sobretudo porque nivela o gosto e o prazer do vinho.
Caro João,
Fora o fato da ganância de certos importadores, entre vinhos do Velho Continente e da Argentina e Chile, opto pelos primeiros.
Claro que vinhos com baixos rendimentos, colheita manual etc… acabam por ser mais caros. Porém, acho que muitas vezes o produtor acaba usando isso como desculpa para aumentar ainda mais o preço, em especial quando obtém “notas altas” da “crítica especializada” (nem sempre independente).
A verdade é que esses vinhos caros do Novo Mundo – inclusive algums californianos de alta gama – são mais um conceito, um misto de marketing com receita de algum flying winemaker de renome internacional, do que reflexos do próprio terroir (sempre teremos exceções, inclusive nos países do Novo Mundo, como, por exemplo, Achval Férrer na Argentina e Joseph Phelps na Califórnia).
A verdade é que devemos buscar entender e compreender a proposta de cada produtor, seja de que país for.
Por fim, por que esses superchilenos ou superargentinos custam mais caro na Argentina e no Chile do que em um mercado competitivo como o norte-americano?
Carlos Reis
Não se trata apenas de ganância de importadores.
Do ponto de vista do importador, há diversos fatores a se pesar pois há custos indissociáveis em trazer vinho de fora para o Brazil.
Primeiramente as exorbitantes taxas de importação, fruto de lobbies passados e presentes, articulados, pasmem, pelos grandes da indústria vinífera brasileira e que inclusive agora, se articulam novamente para aumentar a carga tributária sobre a importação de vinhos.
Há o custo de frete. E aqui nem sempre falamos de um espacinho num container qualquer. Estamos falando de vinho, um produto capaz de deteriorar com temperaturas elevadas, mudanças bruscas de calor, tempo parado no porto em condições inadequadas, etc. E não se fala em trazer uma ou duas caixas, mas cerca de 1200 caixas para encher um container completamente e, assim, obter um menor custo de frete.
Falamos ainda da absorção do produto em um mercado alheio ao vinho. Isto significa muitas vezes produtos estocados por longos períodos de tempo. Capital parado, como se costuma dizer.
E o vinho não é absolutamente barato lá fora. Ele é apenas proporcionalmente mais barato. É evidente que você paga mais barato num vinho chileno se comprado no Chile. Você não paga impostos de importação, não paga frete, não paga estoque, não paga distribuidores. E também não traz duas ou três caixas do mesmo vinho, sob pena de ser barrado na alfândega (o João já escreveu uma excelente matéria sobre isso).
Mas veja bem. Pode parecer que eu esteja defendendo o importador. Não estou. Sequer necessitam de tal defesa, ainda que como consumidores que somos, sejamos afetados por quase tudo que os afetam.
O que quero dizer é que não dá pra fazer análises unilaterais. Não tem justificativa, por exemplo, dizer que a culpa é do importador, do distribuidor ou, PASMEM, que a culpa é do brasileiro. Isto é sem sentido, sobretudo quando analisado fora de contexto.
Caro Clemente e Jeriel,
Aqui do velho mundo sou suspeito para falar deste assunto, mas por “cá” no Douro temos excelentes vinhos por preços (Brasil) nesta faixa.
Até breve.
Grande abraço Clemente e Jeriel…
E por que os vinhos argentinos e chilenos custam em geral a metade ou menos nos Estados Unidos do que no Brasil? Será que não há custos nem impostos nos Estados Unidos? Não seriam os vinhos transportadors em containers refrigerados?
Concordo que o custo Brasil é alto, e absurdo, mas ainda acho que há ganância demais nas margens de lucros dos importadores. Isso só emperra a explosão do consumo de vinho no Brasil, torna elitista a bebida.
Carlos Reis
Carlos, está comparando alhos com bugalhos. Pior. Está falando de Estados Unidos. Uma simples busca no Google responde a esta pergunta.
Alhos com bugalhos ou vinhos e vinhas? Apenas comparei o preço dos vinhos argentinos no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos (mercado importador) e idem quanto ao Chile. Não sabia que não podia.
Tomei recentemente um Don Melchor 2006, agraciado com o 96 WS, mas foi absolutamente decepcionante pelo preço pago (US$ 85 nos Estados Unidos) – ou será que a expectativa é muito grande?
Se tivesse comprado um Quinta do Crasto, já indicado por um colega do site, teria aplicado melhor o meu dinheiro.
Não sei se são os impostos, as margens de lucro, o que é exatamente, mas um conjunto de fatores leva o vinho no Brasil a custar um absurdo, muitas vezes custa mais do que os pratos de um casal num restaurante, quando no exterior o seu preço não é o de mais uma refeição.
É verdade que o Almaviva 2007 e o Clos Apalta 2006 são excelentes, mas é fato que é difícil concordar com os preços cobrados. Mas os consumidores só tomariam as rédeas da situação se deixassem de comprar, o que não tem ocorrido.
Concordo totalmente com o Sr. Carlos Reis, o Sr. Alex Araujo deve receber algum benefício, afinal penso que somos consumidores e devemos defender nossos interesses. Realmente considero uma vergonha estarmos no mercosul e os Americanos pagarem significativamente mais barato pelo produto Sul Americano. Tenho conhecimento de causa, por exemplo o preço do Catena Malbec em uma loja na California custa US$ 18,29 contra US$ 29,25 do importador brasileiro, ou seja, 37% menos e ainda para outro continente. Difícil de engolir…