Malbec ou Tannat no Churrasco?
Para quem está menos embrenhado nos segredos de nossa vinosfera, fica a impressão de que a Malbec é uma uva argentina e a Tannat uruguaia. Ledo engano, pois as duas se originam na França e daí saíram para o mundo tendo se tornado ícones da vinicultura nestes dois países. A Malbec é originária da região de Cahors sendo também uma das cepas autorizadas a fazer parte do corte bordalês, apesar de pouco usada, tendo encontrado em seu novo habitat, Mendoza/Argentina, sua Shangrila! A Tannat, por outro lado, nasceu no Madiran onde ainda se elaboram potentes vinhos de longa guarda, para mostrar-se em toda a sua plenitude no nosso vizinho Uruguai. Os vinhos tannat do Uruguai ainda são meio desconhecidos do grande publico, mas estes varietais ou blends com merlot, vêm gradativamente ganhando destaque na mídia especializada e espero que façam rapidamente a transposição para sua taça.
Pergunte para um uruguaio e ele certamente lhe dirá que não tem nada como tannat para fazer companhia a uma boa carne. Já os argentinos, estes juram que a Malbec gera vinhos que têm tudo a ver com sua carne! Achei que estava na hora de conferir isso e no fim de semana fui a um churrasco na casa de um amigo com duas garrafas de baixo de braço; um Alta Reserva Tannat da Gimenez Mendez e um Malbec Reserva Tomero da bodega Vistalba. Na churrrasqueira, os amigos Márcio e Raffa preparavam alguns cortes deliciosos que faziam antever um grande embate entre esses dois vinhos. Tinha costela de cordeiro, maminha, costela de porco com mostarda, picanha, enfim um verdadeiro pitéu que prometia! Sem bairrismos, somos neutros (um português e dois brasileiros), abrimos as duas garrafas e nos deixamos levar nas ondas dos mais intensos sabores.
Com o cordeiro não teve nem graça, o Gimenez Mendez literalmente arrasou seu adversário combinando taninos firmes, mas elegantes com nuances terrosas e riqueza de sabores que harmonizou muito bem com a carne de gosto mais forte. O Tomero com seus 14.6% de álcool, taninos macios, doces e fruta compotada, não foi páreo. Porém, ainda tínhamos outras carnes a provar e vinho a tomar, a batalha mal começava! Com a maminha, de sabores mais delicados, o Tomero mostrou suas armas mostrando-se mais equilibrado, mas na picanha e costela dançou de novo. Neste encontro, com estas carnes e estas pessoas, deu Gimenez Mendez na cabeça, mas faça você seu próprio juízo. No próximo churrasco, leve seu Malbec, mas não esqueça de colocar um Tannat na bagagem, você pode se surpreender!
Salute e kanimambo pela visita
João, eu concordo com você. Temos que testar e achar o melhor para cada carne/corte.
O que eu tenho feito e tem dado certo é churrasco com espumante. Fica bom, viu? 🙂
Prova e depois me fala.
Abs
Daniel
João acredito que os consumidores de um modo geral tem ainda um pé atrás com os vinhos da uva Tannat. Mais deveriam seguir seu conselho, pois melhoraram muito. Esta linha Gimenez Mendez é muito boa, provei o super premium 2006, um vinhaço!
Abs e saúde
João, eu sempre harmonizei churrasco com Malbec até porque nossa mercado está cheio de bons rótulos dessa Cepa, já Tannat a facilidade ainda não é a mesma.
Fiquei curioso com a ideia do Daniel, vou testar para ver como fica.
Abraços.
Valeu gente e uma sugestão, acompanhando o pitaco do Daniel, é acompanhar a costelinha de porco com um bom vinho verde como mencionei em meu post http://falandodevinhos.wordpress.com/2009/10/13/gastronomia-e-harmonizacao/ . Essa acidez é uma perfeita companheira para cortes mais gordurosos e quando não tenho o verdinho de plantão, já me achego num espumante nacional brut que tenho sempre em casa. Silvestre, concordo contigo o Premium da Gimenez Mendez é um trmendo vinho, mas sua linha toda tem produtos de muita qualidade. realmente uma uva e produtor a ser mais divulgados e provados pelos aficionados do vinho.
João,
ótimo artigo!
abç
Jeriel
Oi, João. Conheci seu blog semana passada, quando estava em um jantar com uma grande amiga e vendo a carta de vinhos, tinha um vinho que me era desconhecido, mas me chamou a atenção pelo tipo de cepas que eu desconhecia, a Nero d’avola.
Assim, peguei o celular, entrei no google, digitei o nome do vinho e da uva e me apareceu o seu blog. Li o que escreveu sobre e não tive dúvidas de que seria o vinho a ser escolhido para o jantar.
Desde então, seu blog tem feito parte da lista de blogs que visito. Obrigado e parabéns pelo blog.
Aqui, o link que escrevi no meu blog sobre este jantar: http://christhered.blogspot.com/2011/03/amigos-vinhos-nanda-e-boccantino-nero.html
Abraços
Christian
Gostei mesmo desse ”laboratório” além de gostar muito de churrasco, claro, lá da minha terra, todo fim de semana tem, e nada melhor do que fazer esses experimentos!Jóia de post, como sempre!
Valeu ,Caro.
Uma ótima opção de tannat, é o tanat viejo de H.Stagnari, meu tannat preferido para churrasco. Já quanto a uva malbec, ficaria com o carmelo patti malbec ou Weinert malbec 1999.
São ótimas opções para acompanhar churrasco.
Ótimo post.
Abraços.
Gostei demais do Malbec Reserva da bodega Salentein no Vale do Uco,MENDOZA…e Tannat para mim o melhor e o H Staganari Viejo…
Sim… Tannat H Stagnari é maravilhoso!!!! Combina perfeito com “las parrilas uruguayas”
Primeiro gostaria de elogiar muito o blog. Fui ao Uruguai em um evento onde foi possível apreciar alguns vinhos Tannat… duas vinícolas se destacaram para mim…Stagnari com certeza e outro que me surpreendeu foi um Dom Pascual (Vinícola Juanico).
Belo POST. Adoro tannats uruguaios. Meu preferido para churrascos é o Tannat A, da Bodega Marichal!
Abraço.
Só para botar uma lenha nessa fogueira ( ou um carvão nessa brasa )…
E os Tempranilos espanhóis ? Será que rivalizam com o tannat ?
Abraços
Luiz Felipe
Um vinho da casta malbec ou qualquer casta cujo tanino é bem presente, pode harmonizar com um churrasco, cujas carne é temperada com sal grosso. Não ficaria ‘metaliza’ gerando aquele gosto ruim na boca? Como você disse, um malbec e outras castas mais encorpadas harmoniza bem com churrascos de qualquer tipo, como por exemplo, churrasco que leva sal grosso e sal fino e médio? Ah, um tempo atrás, degustei um vinho Matilda Australiano, das castas cabernet sauvignon, shiraz e malbec, em um churrasco, com carne temperada a sal grosso e ficou legal. Obrigado e belo texto.
Sim Bruno, sem problemas porque o Sal grosso é batido, não fica normalmente na carne.