Contra Rótulos I – Dê Sua Opinião.
ADENDO EM 13/09:
Que tal montarmos um contra rótulo como “deveria ser” no nosso conceito de consumidores e publicá-lo assim como, essa parte me comprometo a fazer, enviá-lo a um bom número de produtores. Não vamos mudar o mundo, isso seria uma utopia, mas talvez possamos provocar uma pequena marola ! Já temos algumas idéias aqui, mas precisamos de mais sugestões, alguém mais se anima a participar?!
Tem uns que dizem tudo, até qual a semana do ano em que em que a uva foi colhida, o nível da tosta da barrica usada, quanto tempo de malolática e a que temperatura. Outros entram em frenesi poético com descrições delirantes sobre seus vinhos num processo de auto elogios que chegam a beirar o ridículo. Há aqueles que não dizem nada, mal e mal apontam que o vinho é fruto de “mosto fermentado de uvas viníferas europeias maduras”, duhh! Afinal, qual a função do contra rótulo e o que é que nós consumidores buscamos ao lê-lo? No outro dia na loja, um cliente se apaixonou pelo texto do contra rótulo de um vinho que se descrevia como um néctar dos deuses numa prosa realmente de primeira, verdadeira arma de seduzir incautos já que o vinho, mesmo que bom em seu contexto de preço, é um vinho simples de pouco mais de vinte reais.
O Eugenio, do ótimo blog Decantando a Vida, publicou um post muito legal com algumas preciosidades dentro os quais retirei uma, o resto você clica no link e lê:
“Da altitude de 1.000m resulta um vinho diferenciado, que guarda segredos para serem desvendados… Abra esta garrafa e liberte o buquê da brisa dos campos e o sabor…”
(vinho Sozo 2005 Cab.Sauvignon/RS-Brasil)
Afinal, o que você acha que um contra rótulo deveria dizer? Que informações lhe são realmente úteis e que não estão lá, pelo menos na maioria dos rótulos. Nesta semana afora comentar vinhos, publicarei um resumo de alguns artigos que li sobre o tema e achei geniais assim como darei minha opinião sobre o assunto. Neste momento, porém, gostaria de saber sua opinião. O que você busca de informação quando gira a garrafa para ler o contra rótulo?
Salute, kanimambo e fico no aguardo da participação dos amigos.
Caro João Felipe,
As informações que gostaria de encontrar no contra rótulo são simples e, creio, passíveis de serem atendidas sem maiores problemas. Vejamos:
1. identificação das uvas e respectiva porcentagem;
2. se com passagem por barrica, qual o tipo de carvalho e tempo de permanência;
3. quanto tempo de descanso em garrafa;
4. tempo máximo de guarda;
5. dica de harmonização;
6. site do produtor.
Abraços,
Josmar Martinho
Eu procuro o tempo de guarda em primeiro lugar, que quase nunca e informado.
Depois teor de álcool, caso este nao esteja no rotulo.
Gosto de saber tb, se quem vinificou e o mesmo que cultivou e engarrafou.
Informações de aroma e sabor, eu leio, mas nao levo muito em consideração, já que isso e um pouco subjetivo e varia do olfato de cada um.
Concordo plenamente com o que o Sr. Josmar Martinho escreveu, considero essas informações essenciais, a grande maioria omite muitas dessas informações o que dificulta ao comprador a escolha do vinho.
Na minha opinião, além dos varietais e percentagem, gostaria de saber se as uvas são de cultivo próprio ou adquiridas de terceiros. Qual sua procedência e onde foram vinificadas.
Teor Alcólico, maturidade dos taninos, grau de acidez.. basicamente isso.
O comentário do Josmar é excelente, perfeito.
Informações menos poéticas e mais utéis.
Convém lembrar que a Miolo na linha básica (Seleção e FS) tem a expectativa de tempo de guarda, já na linha mais cara nada…srsrsr
Abs
Eu nao entendo pq nao colocar uma estimativa de guarda. Ninguém melhor que o produtor para passar essa informação.
Concordo com o Josmar e tb em colocar a expectativa de guarda ao invés tempo máximo de guarda.
Seria muito interessante ter uma referência de quanto o produtor gastou para produzir o vinho, assim mediriamos a taxa de lucro das outras empresas, talvez beberiamos vinhos melhores por preços menores.
Concordo inteiramente com o Josmar.
Assim como teor alcoolico, acho que deveria haver uma ‘taxa de acidez’ para orientar a compra.
Concordo com a manifestação do Josmar; penso que assim a indústria/comércio do vinho estariam cumprindo o código de defesa do consumidor.
Abs.
Me parece que uma das magias do vinho está na individualidade de cada produto e de quem o consome.
O corte realmente seria uma boa, mas em alguns vinhos como o Secreto ou o Caballo Loco isso tiraria uma dos charmes destes vinhos. E quanto ao corte bordalês? É óbvio para muitos franceses e um enigma para muitos americanos …
Quanto ao tempo de guarda, há uma série de variáveis muito grande, desde as condições de transporte e armazenamento, até o paladar de cada um; para aqueles que preferem taninos mais potentes, o tempo máximo de guarda é um, para quem prefere taninos mais suaves, o tempo será outro (até mesmo de décadas).
O site do produtor na internet parece óbvio quando se fala em grandes corporações, mas e para o pequeno produtor artesanal? Mesmo no Chile há produtores que fazem 5.000 garrafas por ano que nem pensam em internet.
Enfim, o contra-rótulo ficaria muito chato se fosse padronizado como uma tabelinha, ainda que eu concorde que isso seria bastante razoável nos vinhos de grande produção.
Caro Guilherme, concordo que a magia do vinho está na individualidade do produto e na forma como cada um de nós o aprecia.
E por isso mesmo tenho certeza que você irá concordar que a publicação das informações não irá alterar a individualidade do produto. Aquele vinho que tanto apreciamos continuará sendo único ao nosso paladar, independente das informações constarem no seu contra rótulo.
Em relação a guarda, como você bem colocou, diversos fatores influenciam. Mas ter a informação no rótulo, seria extremamente gratificante, pois poderíamos, inclusive, nos desafiar a encontrar o tempo ideal de guarda adequado ao nosso paladar, antecipando, mantendo ou postergando o tempo de guarda. Mas faríamos isso a partir de balizador que nos seria passado pelo produtor.
Por isso acredito que as quatro primeiras informações muito bem sugeridas pelo Josmar são essenciais em um contra rótulo.
Caro Luiz Ferreira,
A minha tendência é concordar com você, seria bom que a informação fosse disponibilizada sempre em seu grau máximo.
Mas há algumas perguntas cujas respostas não parecem tão claras, como a diferença entre prazo de validade (sempre indeterminado para vinhos) e tempo máximo de guarda. Se o produtor informar que o tempo máximo recomendado de guarda é de 5 anos, desde que em condições ideiais, como vai informar que o prazo de validade (obrigatório pelo código de defesa do consumidor) é indeterminado? Quando o produto passa do prazo de validade, ele se torna impróprio para consumo; o vinho sem as suas qualidades será impróprio para consumo? Eu acho que não, porque ele não será harmonioso, mas não deixará ninguém doente (salvo pela perda de um bom vinho).
O tempo de descanso em garrafa também desafia um estudo, porque neste período o vinho está evoluindo em garrafa em condições ideais, mas fará alguma diferença se o descanso ocorreu no produtor ou na adega de nossa casa? Acredito que não, de modo que esta informação não parece ter muita utilidade, porque não diz respeito a fase de produção. Como exemplo, um barolo leva cerca de 6 anos para ser colocado no mercado, como exigência legal de origem controlada. Se o produtor informasse que o balorolo dele ficou 4 anos em adega, o consumidor vai saber que não é um DOCG, não mais do que isso, e se o consumidor não souber da exigência, a informação do rótulo não terá utilidade.
Por isso me parece difícil padronizar o contra-rótulo, porque certas informações são úteis/importantes em alguns vinhos e em outros não.