Destaques 2011 – Vinhos Ibéricos II – Espanha
A Espanha não abundou na taça como em outros anos, mas o que apareceu foi bem interessante com alguns rótulos, mesmo não sendo novidades, comprovando a qualidade dos caldos e algo de novo na praça, provavelmente fruto das crises recentes, preços bem competitivos. Também, mostrando uma maior diversidade de uvas e sabores, mostrando que a vitivinicultura espanhola é bem diversa não vivendo só de Tempranillo, apesar desta seguir produzindo os melhores vinhos. Aliás, Pujanza Norte, Cune Imperial Grande Reserva 99, Viña Sastre Pago de Santa Cruz e Veja Sicilia Único 99, quatro dos melhores vinhos que tomei neste ano que passou, e quatro grandes vinhos, só que não para serem comentados aqui sob o tema Destaques.
Aproveitando para lembrar que os vinhos Crianza passam, obrigatoriamente, por doze meses de barrica e doze de adega entes de sairem ao mercado, então cuidado se acharem por aí um Crianza 2011!! Enfim, um país a ser explorado, não só em vinhos como na rica gastronomia, mas vamos aos vinhos:
- Erumir Crinza – da região de Penédes (próximo a Barcelona) um vinho diferenciado num estilo mais moderno de ser, fruto do corte da emblemática Tempranillo com Merlot e Cabernet Sauvignon. Bom corpo, muita fruta e taninos macios, boa acidez e notas defumadas compõem um conjunto muito agradável que tem acompanhado bem paella. Pelo menos tenho recomendado e o pessoal volta para mais! Boa opção para agradar a gregos e troianos na faixa dos R$45,00.
- Legado Munoz Garnacha – da região de La Mancha, pensei que não passava nada por madeira, pero no es verdad! São 3 meses de barrica que transformam este 100% Garnacha num vinho a conferir. Corpo médio, muita fruta, baunilha, acidez correta, final de boca especiado, um destaque na taça que impressiona nessa faixa de preço! Best Buy, um vinho que os críticos internacionais já pontuaram por diversas vezes entre 86 e 87 pontos que por cerca de R$30,00 é um vinho difícil de bater! Sugestão; acompanhe-o com uma carne de panela ou escondidinho de carne seca, deve ficar da hora!
- Fruto Noble – uma das mais gratas surpresas do ano porque vem de uma região muito pouco conhecida por aqui, Alicante. Neste pedaço da Espanha, Jumilla/Alicante/Yecla, reina a Monastrel ou Mouvédre como a cepa é conhecida no sul da França. Este corte de Monastrel, Cabernet Franc e Syrah é absolutamente delicioso, equilibrado e sedutor num vinho de cerca de R$70,00 que vale cada centavo.
- Finca San Martin Crianza – para quem gosta do estilo mais clássico de Rioja um prato, digo taça, cheia! Vem da região de Alavesa, mais moderna, porém as características tanto olfativas como palativas fazem mais o estilo tradicional com madeira muito bem colocada, frutos vermelhos, notas de salumeria, boa acidez que o deixa muito gastronômico. Por cerca de R$75,00 uma bela pedida.
- Una Cepa – uma parreira = uma garrafa de vinho. Com este tipo de coeficiente, difícil errar e o vinho realmente comprova isso. Boa tipicidade da região, Ribera del Duero, que tradicionalmente produz caldos mais robustos que os de Rioja. Não vou me estender muito sobre este rótulo porque já o comentei recentemente aqui, mas só confirmar que é um daqueles caldos que realmente me deram prazer de tomar este ano que passou e deixou saudades, corpo e estrutura com elegância. Custa ao redor dos R$135,00, um patamar de preços mais elevado que a maioria dos que aqui citei, mas nem por isso menos destaque !
- Castaño Monastrel – da região de Yecla, mais um vinho desta cepa que se destacou em minha taça neste ano. Um vinho que custa somente R$46,00 e recebeu de Robert Parker 90 pontos. Tá, só isso não quer dizer nada, mas na taça e na boca, o vinho comprova ser muito apetecível com seus taninos doces, fruta madura bem presente no nariz e boca, boa textura sendo um vinho muito gostoso de se tomar num alegre encontro descompromissado entre amigos. Queijos, embutidos (chorizo, Jamon), pizza de peperoni ou calabreza, parecem boas companhias.
Hoje é feriado em Sampa, quer passear na Granja Viana? Ótimas referências gastronõmicas para os mais diversos gostos e, óbvio, a Vino & Sapore para você garimpar vinhos diferenciados e bater um papo comigo. Salute, kanimambo e seguimos nos encontarndo por aqui, amanhã tem mais Destaques de 2011.
João,
Tens referências de onde encontrar esses vinhos em Madri? Encontrei somente o Castaño Monastrel na Lavinia, que é a referência até o momento.
Grande abraço,
JF
José Felipe, Madrid não conheço bem então não posso te ajudar. Se fosse Barcelona era mais fácil. Abs
Realmente o Castaño Monastrell Tinto é perfeito! E sugiro que deguste o rosado. É especial!!! Aproveito para parabenizá-lo pelo site.
Filipe, gostaria de saber se você pode me ajudar no seguinte…
Tenho uma amiga espanhola que está morando no Brasil. Os pais dela vem ao Brasil em janeiro, e talvez possam me trazer 2 garrafas de vinho. Eu, como bom apaixonado pelos vinhos da Rioja, estou sofrendo com uma dúvida crudelíssima…Quais tintos escolher, afinal? Sempre ouço dizer que existem poucos riojas tradicionais no mercado (já ouvi até que os únicos vinhos REALMENTE clássicos são os Lopez de Heredia)…Mas existem riojas de perfil moderno que também são muito bons…Então eu pergunto:
1) No nível Reserva, quais vc escolheria entre Tondonia Reserva 2001, Ardanza 2001 (ou 2004, que já saiu na Espanha), CVNE Imperial Reserva e CVNE Viña Real Reserva?
2) No nível Gran Reserva, quais vc escolheria entre Tondonia Gran Reserva 1994, La Rioja Alta 904 1998, Castillo Ygay 2001 (ou 2004), Imperial Gran Reserva e Viña Real Gran Reserva?
3) Entre os produtores de perfil mais moderno, tem algum que você prefira? Artadi Pagos Viejos, Roda, Remires de Ganuza, Telmo Rodriguez, Contador, Baigorri? Algum outro?
4) De maneira geral, eu ainda prefiro vinhos tintos a brancos. Mas muita gente diz que os Tondonia brancos ofuscam completamente os Tondonia tintos; que os tintos podem ser até bons, mas que os brancos detonam geral. Você concorda?
Achei curioso que a Wine Advocate tenha pontuado os Tondonia tintos com notas altíssimas na última avaliação dos Rioja, notas tão altas quanto as dos brancos; isso, de certo modo, vai contra esse senso comum a respeito dos Tondonia; e também vai contra a tendência dos americanos de valorizar os vinhos mais concentrados e encorpadões…
5) Se a gente for considerar os melhores vinhos espanhóis na faixa de 30 a 60 euros, você escolheria entre um Ribera Del Duero ou um Rioja? (independente de ser um vinho “clássico” ou não) Você acha, por exemplo, que o Imperial Gran Reserva e o La R.A. 904 estão no mesmo nível do Alión, ou do Aalto?
Me perdoe por tantas perguntas, mas é que eu fico perdido com a vastidão desse universo…
Obrigado!
Rubão
Oi Rubão, difícil essa meu irmão! Mesma coisa que me pedir para escolher entre uma Mercedes e uma BMW de classes similares!! Enfim, não vou fugir da raia, mas é meu gosto ok? Começo, pela última pergunta sua; se o Cune Imperial Gran Reserva for o 98, não tenho duvidas que seria minha opção, mas eu gosto de vinhos mais tradicionais e os Riberas têm estilo mais contundente e de grande estrutura. Se fosse trazer um Ribera eu traria um Vega Sicilia Valbuena 5º! Tondonia branco com uns 20 anos de vida, são experiência sensorial diferente! Não são vinhos brancos comuns e têm que ser encarados como tal, Se acompanhado por presunto cru ibérico ou Parma então, é ds deuses!! Pergunta 3, sou mais os vinhos do RODA. Pergunta 2, qualquer um é de laber os beiços especialmente se tiverem uma meia duzia de anos para cima nas costas, sendo que 2001 e 98 estão especiais e o 2004 também, mas ainda em plena evolução. O mesmo vale para a pergunta 1, porém aqui teria uma certa queda para o Ardanza ou Araña, mas o Tondonia, sei lá bem difícil essa! abs e vais ficar numa boa com qualquer um desses rótulos.
Muito obrigado mais uma vez, Filipe!
Uma última pergunta: Apesar de o Vega Sicilia ser o maior nome da Espanha, nas últimas avaliações de grandes publicações, como a Wine Advocate o Guia Peñín, o Valbuena teve notas semelhantes ou até mais baixas do que vinhos bem mais baratos, como o 904 e o Ygay. Tenho a impressão de que, em matéria de custo-benefício, esses 2 últimos valem mais a pena – o Valbuena custa em torno de 90 euros; o Ygay custa uns 40 e poucos; e o 904 custa 30 e poucos.
Assim, não sei se eu devo apostar mais nas avaliações dos críticos…ou no “status Vega Sicilia”…Porque enfim…Vega Sicilia é sempre Vega Sicília, né…Ou não? Você já tomou algum Valbuena recente? (2005/06/07)
Tomei o 2005 e adorei, um baita vinho, mas não sei se vale dois 904, aí é uma questão muito pessoal. Quanto ao Unico da Vega Sicilia, tomei um 99 ainda novo! Gostei, tomar uma lenda é sempre uma experiência legal e interessante, mas gostei mais do Valbuena e não pagaria o que pedem por um Unico. Abs