Salvaguardas – Esclarecimentos sobre Minha Posição
Hoje seria dia de Vinopiadas, porém não estou com clima para isso e semana que vem retomo, agora não posso perder o embalo! Ainda tenho mais uma série de declarações de produtores a publicar, porém quero antes deixar claro que tenho o direito de me manifestar. Sou um consumidor, cidadão, pago impostos e como tal tenho direitos que me foram instituídos pela constituição em vigor. Por mais que queiram me calar, seguirei nesta minha cruzada junto com muitos outros, para que o bom senso prevaleça e a Secex (porque os autores da solicitação de Salvaguardas já deixaram claro em nota oficial que não arredarão pé) arquive esse estudo depois de ouvir todos os interessados, inclusive o grande número de produtores brasileiros que estão contra o estabelecimento das salvaguardas em estudo. Parte deles já se manifestou aqui e, como vi em algum lugar (me perdoe o autor da frase, porém não me lembro de quem foi) a cave é mais em baixo!
Quem tiver a pachorra de ler tudo o que já escrevi sobre este assunto, vai verificar que nunca escondi minha posição contrária ao que considero um golpe contra o consumidor para beneficio de poucos. Não me atenho a somente repassar informações ou relatar o que outros dizem. Também o faço, para que fique claro que não estou sozinho nessa luta, mas importante que as pessoas assumam posição, pois nesta discussão não há como ficar em cima do muro e o leitor/consumidor certamente saberá quem é quem ao final deste processo lamentável.
Primeiro metem o pé no meu peito, e no de todos que apreciam os caldos de Baco, depois me pedem calma e ponderação! Para quê já que deixaram claro que não vão arredar pé! Devemos ficar calados e ver mais um “arrastão lobista” dos mesmos conseguir nos meter goela abaixo mais um “Selo Fiscal”. Sim, porque eu não esqueci o Maledetto nem muitos dos produtores nacionais que tomaram ferro! Avivando a memória, a Receita tinha dado parecer técnico contrário à instituição do Maledetto Selo Fiscal e aos 49 do segundo tempo via FIERGS (Federação de Indústrias do Rio Grande do Sul) – canal de lobby interessante esse – o ministério aprovou.
- Os problemas da vitivinicultura não se resolverão dessa forma. Há inúmeros e graves problemas que precisam de solução e está claro que este não é o adequado como não foi para o setor de informática no passado. Quem garante que o que dizem que será feito nos próximos três anos ocorrerá? Em três anos se resolvem todas as mazelas desse setor produtivo, duvido e tem produtor que também não crê nisso. Se não ocorrer quem se responsabiliza e quais as punições?
- Da mesma forma que a vitivinicultura é fonte de empregos em larga escala, nossa vinosfera como um todo, importados inclusive, também empregam e muito. A quantidade de empregos diretos e indiretos que certamente serão perdidos e o fechamento de pequenas empresas será uma realidade. Isso, no entanto, não parece tocar os peticionários que, como com o Selo Fiscal e consequente fechamento de dezenas de pequenos produtores, jamais deram pelota para isso! Interessa o deles!!
- Pessoalmente sempre tive divergências comerciais com essas entidades e muitos de seus acionistas, que agora só se agravam, pois mais uma vez demonstram serem predadores vorazes. Isso não tem nada a ver com pessoas ou os vinhos, a divergência é filosófica. Uma série de produtos são bons, outros muito bons, um ou outro beirando o ótimo, e sempre fiz questão de tratar destes assuntos de forma diferenciada. Uma é a filosofia das empresas e suas estratégias, outra é a qualidade do que provei.
- Discordo de gente, jornalistas inclusos, que dizem que quem tenha aceite convites dessas entidades não tenha o direto de se manifestar. Tudo bem que nunca aceitei, também nunca ninguém me convidou (rs), mas isso de nada impede que as ações hora em curso não permitam que essas pessoas sejam contrárias a esse golpe. A isto se chama independência e, ficar calado mesmo que com posição contraria, aí sim ficaria qualificado o famoso rabo preso. Posso elogiar o vinho e/ou a pessoa, porém cair de pau em atitudes inconvenientes que tenham tomado, uma coisa não invalida a outra. Aliás, desde sempre que digo que dizer amém para tudo não demonstra amizade, demonstra fé cega e subserviência o que não faz meu estilo.
- Boicote é algo justo e uma arma que o consumidor tem para se defender de ações abusivas como essa, só acho que se isso acontecer, que seja direcionado ás empresas certas e que cada um faça seu próprio juízo baseado nos dados já expostos tanto aqui como pela mídia em geral. Pessoalmente, eu que já não trabalhava com alguns desses tubarões, também pararei de trabalhar com outros signatários da petição e uma boa parte dos que se escondem por trás das entidades e se recusam a tomar posição publica assumindo, em minha opinião, uma posição covarde. Um direito que me assiste e que, pelo que venho sentindo, incomoda os leões!
- Estou de luto. No header de meu blog e com uma braçadeira preta com que visitarei a Expovinis, convido os amigos a fazerem o mesmo, deixarei claro minha revolta e decepção com gente que tanto poderia fazer por nossa vinosfera , mas que preferem a desunião em pró de seus próprios interesses. Óbvio que não os visitarei na Expovinis, não seria coerente com o que penso e venho expondo aqui. Mais uma vez, um direito que me assiste! Não tenho nada contra os produtores brasileiros, muito pelo contrário e os posts aqui publicados ao longo de mais de quatro anos, são prova clara disso, porém também não sou defensor das importadoras, por sinal muitas também caladas demais para o meu gosto. Meu compromisso é com o vinho e com o consumidor assim como, não nego, com meu investimento na divulgação e no comércio de vinhos que correrão sérios riscos a perdurar essa excrecência.
Quem segura esse lobby? Desta feita há que se manter a luta e não esmorecer, logicamente dentro das regras democráticas, até ao fim lançando mão de todas as nossas prerrogativas legais pois o conjunto de consumidores tem mais força do que pensa. Aí cabe; Petição – Boicote – Manifestação pacifica e ordenada – Boca no trombone – Pressão popular sobre nossos representantes no congresso – Mídias Sociais – blogs e imprensa livre, enfim as estratégias e opções são imensas, use-as sem moderação, mas com educação, pois sem ela perdemos a razão! A luta continua assim como os posts sobre o tema aqui no blog, mas siga também os outros como o do amigo Didu que postou entrevista com o corajoso, mesmo que discorde dele tenho que reconhecer que ele está sempre disposto a dar a cara para bater, Paviani que é diretor executivo da Ibravin. Não muda em nada minha opinião, muito pelo contrário, mas importante para você também fazer seu juízo de valor. Vale ver esse e outros posts dele assim como acompanhar o do Alexandre Lalas, por sinal autor da Petição Publica Contra as Salvaguardas com link aqui do lado, que é de tirar o chapéu e possui hoje a melhor cobertura da mídia sobre este tema.
A luta continua, não esmoreça e tome uma atitude. Amanhã, tem mais e lembre-se, se os grandes lordes do vinho não quiserem, não haverão Salvaguardas. Salute, kanimambo e vamos em frente porque atrás vem gente querendo nos morder. Diga NÃO, assine a petição e chame os amigos para o fazerem! Lojista, mexa-se, reaja, envie mensagem para seu mailing mostrando o golpe que se está armando e sugerindo a assinatua da petição. Lembre-se você não passará incólume por esta tempestade!!
B O I C O T E. J A !!!!!!!!!
SIM, BOICOTE!!!!! Vamos divulgar esta ideia por todos canais possiveis.
Bom dia, João! Belo trabalho!
A história da nação mais poderosa do planeta começou com um boicote… e de chá ! É claro que funciona (e eles sabem!) e devemos utilizar esta ferramenta, com maturidade e focado num objetivo maior: a sobrevivência do vinho de qualidade no Brasil. Então, vamos focar nossos alvos. Creio sinceramente que este momento será um divisor de águas. Como dito, não dá mais para ficar em cima do muro neste País; e não é só na questão vinícola. Mas vamos por partes… Vamos cobrar uma posição dos anunciantes (e-commerce) que nos entulham de mailing lists de vinhos, das associações enófilas, dos importadores, da mídia, dos blogueiros, etc. e não comprem produtos das vínicolas que estão patrocinando este saque aos nossos bolsos (pelo imposto e/ou pela redução de demanda de vinhos por cotas) ! Abraços a todos.
Subscrevo integralmente sua opinião, caro João Filipe.
Não devemos descuidar e deixar o assunto cair no esquecimento. É exatamente isso que eles querem.
Saudações!
Pedi por um posicionamento da Wine.com na página deles no Facebook, vamos ver o que dizem…
Olá Albert ! Espero que você tenha mais sorte que eu… Fiz este questionamento hoje pela manhã e não obtive qualquer resposta. A WINE já está detonada ! Meu bolso merece respeito ! Próximo passo é a revista ADEGA… Abraços
Se alguém não viu, segue entrevista com o CEO da JM Fonseca publicada na revista Isto É Dinheiro. Achei a entrevista até boa, com exceção da piada infeliz que também não ajuda em nada:
http://www.vivendoavida.net/?p=22487
Esta foi a resposta deles (na verdade meu entendimento é que ficaram em cima do muro). Respondi perguntando com quem estão interagindo no sentido de tomarem um posicionamento mais forte, vamos ver…
Wine Vinhos
Olá, Albert, boa tarde!
Nós acreditamos que a abertura de mercado foi um movimento importante, que permitiu todos os brasileiros, de diversas camadas da população, a terem acesso a grandes experiências. Nos orgulhamos por termos lançado no mercado brasileiro um modelo de negócios que ajudou a descomplicar a compra e a entrega de vinhos, e que também ajudou a diminuir os preços pela livre competição.
Porém, lamentamos o que consideramos ser um retrocesso e o fato de os consumidores serem, mais uma vez, os principais impactados por medidas como essas. Infelizmente, isso também pode contribuir no aumento do nível de contrabando de bebidas para o país, expondo novamente o consumidor e afetando a atuação de empresas sérias e responsáveis que atuam no Brasil.
Enfim, nós respeitamos as decisões do governo e ressaltamos que iremos nos adaptar ao máximo para continuarmos oferecendo o melhor serviço a nossos clientes.
Um grande abraço!
É Albert, acho que vai faltar muro para tanta gente… Fico feliz por ter tomado a decisão correta, no caso da Wine. Obrigado pelo retorno. Abraços.
Na boa, quem criou espaço de vinho fino para os produtores nacionais, foram os importadores com seus preços abusivos e pornograficos ao longo do tempo. Até eu fico tentado a montar uma vinicola devido a estes preços aqui em sao paulo. Repito, Brasil não tem expertise e nem terroir bom para a produçao de vinho fino. A vocaçao brasileira é produzir em larga escala cerveja e em pequena escala cachaça.
Agora que o monstro foi criado, este governo tupiniquim protecionista tem que defender, pois a política economica ridicula da Dilma e Mantega se baseia não no consumidor final, e sim, no favorecimento a industria mediocre tupiniquim. (vide carro e tablets)
H Lee,
Desculpe, mas dizer que o Brasil precisa produzir cerveja em larga escala e cachaça em pequena demonstra um certo desconhecimento da realidade.
A cerveja brasileira é diferente daquela feita no exterior, principalmente pelos seus ingredientes, de modo que ela é bem mais leve e barata. Deve ser o unico lugar do mundo em que é utilizado arroz como cereal para ser fermentado, porque é mais barato que o trigo e a cevada que vem do exterior, Ha quem diga que é uma porcaria e ha quem diga que é excelente. Existem centenas de produtos diferentes, que agradam cada tipo de paladar.
A cachaça é produzida em milhoes de litros aqui em SP, no RJ, MG e Nordeste, sendo que a maioria dos Estados considera que é um produto basico, com aliquota reduzida de ICMS, desde que seja local. Ha porcarias, parecidas com veneno, e ha produtos excelentes, reconhecidos no exterior.
Da mesma forma o vinho, tem bons e nem tao bons profissionais. Ha vinhos bons, produzidos de acordos com as caracteristicas locais, e outros nem tao bons, que tentam replicar um padrao do exterior. Ha muitos profissionais que foram para o exterior aprender o trabalho com o vinho, para serem desmerecidos com tao poucas palavras.
Ninguem deve ter o seu trabalho desmerecido quando esta tentando fazê-lo corretamente.
Se é pra revindicar de fato, não quero mais ser explorado tanto pelas vinícolas brasileiras quanto pelas importadoras. Quero, eu, ter direito de importar diretamente sem tanta burocracia, pagando todos os impostos. Não quero mais intermediarios que só querem saber de meter a faca. Quero ver se não consigo importar bem mais barato, mesmo comprando um infimo das importadoras, mesmo o frete sendo carissimo por cada garrafa, mesmo comprando dos varejistas, mesmo……Chega! Basta de imposicao tbm nos importados!
H Lee,
A legislação brasileira veda a importação de vinhos por pessoas físicas e se não for para revenda (assim como armas de fogo e explosivos). Só pessoas jurídicas podem importar e desde que seja para revender. Mas isso não é de hoje, vem da década de 60 ou 70. Difícil justificar, pois àquela época nem mesmo vinícolas havia por aqui.
Você consegue trazer até a alfândega, no momento do desembaraço aduaneiro o produto será apreendido e levado a perdimento.
Abs.,
João, alguém sabe efetivamente quais são as empresas que apoiam – aberta ou veladamente? Poderíamos divulgar uma lista com os signatários e apoiadores. Até para efeitos de boicote isso seria mais justo.
Marcelo, na Segunda publico um resumo, mas é dificil porque uns estão medo de assumir posição pró por medo de boicote e outros por medo de represálias.
Guilherme,
Conheço a legislaçao e sei que, eu, pessoa física, não posso importar do Brasil. Legislaçao antiquada, burocrata e sem sentido. O que eu quero colocar é a falta de livre arbitrio inclusive no caso dos vinhos importados, mas ninguem luta por isso. Está tudo na mao dos importadores predadadores.
Em suma, parei de comprar dos importadores locais, somente alguns vinhos no Cellar. O jeito é viajar mais e trazer na mala mesmo. Mercado de vinho fino no Brasil é minusculo, ridiculo e prostituido.
BOICOTE TOTAL!