Malbec e Bacalhau, Não é que Deu Tango!
Adoro essa experiências! Algumas dão errado, mas me esbaldo quando dão certo e esta deu muito certo porque há mil formas de preparar bacalhau e os mais diversos estilos de Malbec então é uma questão de prova e uma certa dose de sede de novidade com uma pitada de ‘aventura”. rs Na enogastronomia “inventar” pode ser uma muito boa pois vivemos nos surpreendendo e aprendendo.
Faz uns quinze dias estava provando este vinho na loja e me surpreendi muito positivamente com sua elegância e finesse, algo não muito costumeiro nos vinhos dos Hermanos mais conhecidos por sua concentração e potência. Levei o resto da garrafa para casa para provar com mais calma e aproveitei para tentar harmonizá-la com um prato de Penne com Bacalhau e Brócolis, ficou da hora, mas vejamos por quê e que vinho é esse.
O vinho é o Gougenheim Valle Escondido Malbec 2010 com educados 13.5% de teor alcoólico elaborado na sub-região de Tupungato em Mendoza a cerca de 1000 metros de altitude. Na cor é rubi com toques violáceos típicos da cepa sem a típica super extração que resulta em vinhos muito escuros. Nariz sedutor de frutos negros com nuances florais, pelo menos assim me pareceu, que convidam a levar a taça à boca onde ele se mostra extremamente sedutor, equilibrado e elegante com taninos macios e sedosos, boa estrutura, corpo médio e um final muito agradável algo especiado que pede mais uma taça. Leve passagem por madeira (4 meses) muito bem balanceada que lhe aporta alguma complexidade de sabores ressaltando suas virtudes. Parker lhe deu 87 pontos, eu lhe daria talvez um pontinho a mais pela boa relação Qualidade x Preço x Prazer pois é um vinho de preço final ao redor dos R$49,00 a 55,00 dependendo da loja, mas o tenho visto em promoção por R$39,00 o que o torna irresistível e imperdível!
Tudo levava a crer que poderia encarar meu bacalhau com galhardia e efetivamente isso se comprovou. O prato é leve e o vinho deu-lhe um pouco mais de corpo sem se sobrepor em função de seu equilíbrio e elegância, uma harmonização como a que sempre buscamos em que ambos os players crescem quando juntos, o famoso 2 + 2 = 5 que faz com esse mundo da enogastronomia não seja binário e eu adoro isso! Não é sempre que conseguimos, mas nesta “maridaje” me dei bem. Por sinal, o prato foi regado com o incrível azeite não filtrado da Malhadinha (Alentejo) o que fez o prato crescer um montão, esse ando consumindo a conta-gotas!!
Se ainda fizer um friozinho e você quiser aproveitar para tentar algo diferente, tente harmonizá-lo com Fondue de Queijo, acho que pode dar samba, ou harmonize-o com amigos num alegre bate papo acompanhando uma linguiça de pernil com ervas como aperitivo, também vale por sua versatilidade, e o preço está muito camarada! A importadora é a Almeria que vem primando por nos ofertar alguns “achados” por preços bem convidativos. Dizem que o Syrah deles também é muito bom, mas esse ainda não provei e quando o fizer vos conto.
Salute, kanimambo e uma ótima semana para os amigos.
João,
Vc. tem na sua loja esse Malbec? Pode reservar um pra mim. Vc. recomendqaria com um salmão ao molho de alcaparras? Abrç. Peralta
Tenho sim Antonio, não tinha como não o colocar no portfolio. Agora, com Salmão meu amigo, eu só recomendo branco e preferencialmente um Sauvignon Blanc .
Valeu pela dica, João. Espero encontrar este vinho aqui pelo sul, pois realmente as “bombas” argentinas (no sentido vínico, claro) não são para todos os dias… Se me permite um pitaco, com salmão, que é um peixe gordo, eu iria de chardonnay, que de modo geral tem mais corpo que o SB. Mas se for um sashimi de salmão, aí a coisa muda de figura e o SB combina perfeitamente, mas sempre é uma questão de gosto!
JFC,
no final de semana provei um suflê de bacalhau com um malbec do Château de Haute-Serre, do produtor Georges Vigoroux, região de Cahors, e do fado com o can can saiu um bom resultado. Foi minha primeira experiência com um malbec que parece ser da região de origem da uva, bem diferente dos argentinos. Encorpado sem ser doce, uma seda na boca – talvez porque fosse 2005, valeu a prova. Abs.
Guilherme