Grito de Alerta – Estão Querendo Meter a Mão no Nosso Bolso!
Meus amigos, estamos numa semana decisiva na batalha contra as Salvaguardas ao Vinho Brasileiro e por isso mais este manifesto final e longo contra elas. Já escrevi muito sobre este tema, mas tenho visto que o consumidor segue estando muito pouco informado sobre o tema, em grande parte por falta de clareza dos formadores de opinião, por falta de postura de alguns, da dubiedade mostrada por outros, etc., então cá vão mais algumas, muitas porque o tema é complexo, linhas. Faltou coerência, faltou determinação, faltou posicionamento pois muitos ficaram estes últimos meses acendendo uma vela para Deus e outra pro diabo just in case! Uma tristeza, fatos que me causaram muita decepção, mas com os quais aprendi muito também, pois pude separar o joio do trigo! Por outro lado, respeito por aqueles que se posicionaram contráriamente, discordo radicalmente e os contestarei sempre mas respeito pois todos têm direito a sua própria opinião e liberdade de escolha, e estes, pelo menos, se posicionaram clara e abertamente, mostraram cara e a deram para bater uma pena que poucos tenham tido essa coragem se escondendo de mim, de você e do consumidor em geral.
Antes que saia o resultado final e o MDIC se manifeste oficialmente, tem fofoca de tudo o que é lado – passa não passa -, quero pela última vez antes do veredito, tecer alguns outros comentários que sintetizam um pouco tudo o que já falei.Vamos deixar claro, de uma vez por todas, estão querendo meter a mão no nosso bolso! A Ibravin ( Instituto Brasileiro do Vinho) em conjunto com outras entidades de classe ligadas aos produtores de vinho, devidamente apoiados pelos maiores produtores de vinho Brasileiro como Miolo, Lovara, Valduga, Domno, Dal Pizzol, Aurora, Perini, Garibaldi, Don Giovanni, entre outros, pleiteou ao governo federal a instituição de salvaguardas ao vinho brasileiro que podem estabelecer mudanças nas tarifas do vinho importado extra-zona (produtores fora do Mercosul inclusive do Chile) e/ou o estabelecimento de quotas de importação a ser determinado pelo MDIC (ministério da Industria e Comércio). Tudo isso foi claramente colocado sob bases falsas e de graves deturpações dos números visando eludir os órgãos competentes pela análise da petição e o publico em geral, como pôde ser comprovada na defesa impetrada pelos mais diversos órgãos nacionais e internacionais.
Agindo sem base justificável, já que não cumpre a premissa básica estabelecida pela OMC que determina que tais ações somente são válidas em casos extremos de grande prejuízo á indústria local ou risco eminente de, conforme pode ser comprovado pelos próprios sites desses produtores e seus balanços, já existe um enorme repudio internacional a esta tentativa de verdadeiro golpe contra o consumidor e retaliações certamente deverão ocorrer causando enormes prejuízos á nação. Aparentemente não aprendemos nada com o retrocesso tecnológico causado pela reserva de mercado da informática e restrição ás importações de veículos quando nos faziam andar em verdadeiras carroças pagando absurdos valores por isso e querem repetir a dose em que o principal lesado será você que, por mais uma vez, será chamado a pagar mais essa conta gerada pelos barões do vinho brasileiro que por grave erro estratégico, pegaram altas somas a quase custo zero do BNDES sem se preocupar do que fazer para escoar sua produção e produzindo mais do que a demanda de mercado.
Apesar dos esforços de diversas entidades e profissionais do setor em trazer a Ibravin para dialogar e construir um projeto conjunto para o vinho no Brasil, lamentavelmente eles se recusaram a descer de seu pedestal preferindo o embate e a imposição de ideias por razões que desconhecemos porém desconfiamos. Querem salvaguardas pela concorrência nos vinhos finos que é uma infima parte seus negócios porém seus balanços mostram que faturamento e market share não é o real problema ou então mentem em seus sites! Concluindo, os problemas dos vinhos finos brasileiros no mercado, assim como outros produtos de nossa vitivinicultura, estão diretamente ligados a causas internas graves como; o excesso de impostos locais sob toda a base de insumos, da produção e da comercialização do vinho que é tratado tributariamente como bebida alcóolica porém é fiscalizado como alimento, da falta de estrutura de distribuição, da falta de investimento mercadológico visando divulgar a cultura do vinho como fonte alimentar, falta união entre os produtores no sentido de um trabalho conjunto de estimulo de consumo, um projeto mais focado tanto interna como internacionalmente no suco de uva natural (grande arma comercial que temos), etc., etc., etc.. O problema é consequentemente de ordem interna e as salvaguardas não são a solução, mas sim mera ação paliativa de empurrar o problema com a barriga. Somos a favor do vinho e sua cultura, independentemente de sua origem, porém claramente contrários ás salvaguardas e aqueles que estão por trás desta aberração por entender que caso isso venha a ser instituído, estaremos iniciando um período de trevas em que todo o crescimento qualitativo da última década será jogada no lixo e sofreremos um enorme retrocesso tanto na produção quanto no consumo.
É sabido que, a cada vez que se aumentam impostos por uma questão de proteção á indústria local, o status quo não se altera pois, em vez desta adotar uma estratégia para aproveitar e conquistar market share, eles aumentam seus preços no mesmo porcentual faturando uma grana extra. Eles e o governo que já não precisa de grandes desculpas para aumentar impostos de forma a alimentar um estado cada vez mais paquidérmico de custos fixos para lá de administráveis! Ninguém nos dias de hoje muda seus hábitos de consumo por decreto, os produtores nacionais têm que ser competentes, como já mostraram ser no segmento de espumantes, e deixar de lamúrias pois suas vendas de vinhos finos não vão aumentar enquanto seus preços não estiverem condizentes com a qualidade entregue. Não adianta produzir mais do que seu mercado consome ou de sua capacidade de escoamento comercial, como têm feito de forma equivocada, mas sim de focar em seus pontos fortes e brigar, usando seu forte lobby, por ações mais positivas como as defendidas pelo pessoal da UVIFAN que reúne um grupo de pequenos produtores do sul que, estes sim, merecem nosso apoio, lembrando que há que se separar o joio do trigo!
Da forma como está proposto pelos peticionários das salvaguardas, o retrocesso será inevitável. No fritar dos ovos, seremos nós consumidores que, mais uma vez, vamos ser chamados a arcar com a conta gerada pelos barões do vinho. Chega de os carregar no colo, estão grandinhos (e gordos) demais para isso. Como se já não pagássemos um absurdo pelo que compramos aqui, seja nacional ou importado, isso será um verdadeiro assalto á luz do dia! Estão querendo meter a mão no seu bolso e, quando o fizerem, não nos esqueçamos dos que estão por trás de tudo isto.
Podemos ter surpresas e o técnico se sobrepor ao politico, coisa difícil de ver neste país especialmente nos últimos dez anos, mas as marcas deixadas pela tentativa de golpe e de meter a mão nos nossos bolsos, vão demorar para cicatrizar. Dizem que a esperança é a última que morre, mas também o faz e se as salvaguardas passarem será o fim da esperança por bom senso e seriedade nas hostes do poder.
Dei meu recado final, venho atuando e fazendo o que está ao meu alcance para reverter esta possível aberração, especialmente tentando esclarecer ao leitor amigo sobre o golpe que armaram contra nós. Não é o primeiro, os selo foi o primeiro, e certamente não será o último pois já mostraram do que são capazes e diálogo não está no DNA deles, mas agora só nos resta esperar. Aproveite este momento, no entanto, para separar o joio do trigo e faça algo. Tome uma atitude, chame seus amigos e mostre-lhes o tamanho do golpe e quem está por trás disso, propague a mensagem e mostre que você se importa, porque depois não adianta ficar se lamentando!
Falo de separar o joio do trigo e, dentro do que conheço, tento sempre fazer um contraponto ressaltando uma lista de produtores nacionais contrários a toda essa safadeza, selo e salvaguardas, elaborada pelos barões do vinho e seu oligopólio. São gente que merece nosso apoio; Vallontano, Angheben, Cave Geisse, Adolfo Lona, Villaggio Grando, Antonio Dias, Maximo Boschi, Courmayeur, Villa Francioni, Quinta das Neves e Bella Quinta que em algum momento se manifestaram publicamente contrários.
Por uma vinosfera mais sã e mais coesa, salute e kanimambo lembrando que você tem armas constitucionais para lutar contra esse status quo, use-as, tome uma atitude. NÃO ás salvaguardas, NÃO aos barões do vinho que a defendem, NÃO a quem quer meter a mão nosso bolso!
Mais esclarecedor impossível. Embora represente marcas que não se posicionaram claramente, deixei e deixo a eles a minha posição de forma bem clara. Sou contra a salvaguarda, assim como fui contra o selo fiscal.
Da mesma forma que desagrado alguns, por ser absolutamente contra o boicote indiscriminado.
Enfim, minhas posições não agradam nem gregos nem goianos, mas é bem clara!
Parabéns pela sua usual combatividade, meu amigo.
Muito boa e esclarecedora a sua síntese.
Alerto que tem lobo em pele de carneiro nesta turma que se diz contra a salvaguarda.
É preciso que os produtores brasileiros que realmente se opõem contra a famigerada se manifestem em bloco ou isolados, mas OFICIALMENTE, em declaração de repúdio as entidades manipuladoras que representam os salva guardistas.
Abraço!
JFC,
Nao sei se voce chegou a ler, mas parece que importadores e produtores nacionais teriam chegado a um acordo pelo qual nao seria importados vinhos de menos de US$ 2 a unidade. Me pergunto que vinho e este, pois nunca vi nada nestes precos em nossos mercados.
Abs
Guilherme
Guilherme, pega dois lá e multiplica por 4 ou 5. A R$18 a 20 já se encontra vinhos importados por aqui.Tá certo que a qualidade deixa a desejar, mas…… quem sabe um Lambrusco!