Doze Razões Porque Você Deve Enterrar seus Preconceitos
Agora também envolvido no comércio do vinho, vejo que dois preconceitos ainda estão bem enraizados no consumidor brasileiro que recebo na loja:
- De que vinho europeu quando barato é ruim
- De que preço por preço os argentinos e chilenos possuem uma melhor relação Qualidade x Custo x Prazer.
A relação de valores mudou; os hermanos subiram demais seus preços FOB e os europeus baixaram, então mesmo com impostos diferenciados os valores ficaram mais parelhos. Independente de origem, insisto sempre para que as pessoas saiam, mesmo que parcialmente, de sua zona de conforto e se deem a oportunidade de navegar por outros mares provando coisas diferenciadas. Para incentivar os amigos a iniciar essa viagem por vinhos do velho mundo sem gastar rios de dinheiro, listo aqui 12 razões (rótulos) que valem bem a pena a viagem! Não são todos (há alguns) vinhos abaixo das 50 pratas, como amigo Didu gosta de comentar, mas com a inflação (alguém aí acredita em 5% a.a.!!) isso está cada vez mais difícil de encontrar! São, todavia, vinhos abaixo das 60 pratas e em linha com seus pares vindos dos países hermanos argentinos e chilenos.
Poggio del Sasso Vermentino – Toscana/Itália – Um branco surpreendente com uma uva pouco conhecido entre nós, a Vermentino.
Villa Chiopris Friulano – Friuli/Itália – Mais uma uva autóctone italiana que mostra grande frescor, vindo das regiões mais frias do país.
Los Navalles Verdejo – Rueda/Espanha – esta região e uva normalmente nos trazem vinhos de ótimo frescor e boa estrutura de boca. Este exemplar não foge à regra
Domain de la Petite Cassagne – Costiére de Nimes/França – no sul do Rhône, mais um vinho sedutor tanto no nariz quanto na boca. Grenache, Syrah, Carignan e Mouvédre, um blend típico da região, corpo médio, frutos negros e 90 pontos do colega (rs) Parker!
Paul Mas Grenache Noir – Languedoc/França – Para quem gosta de varietais, a frutada Grenache com uma madeira muito bem colocada resultam num vinho de corpo médio muito balanceado que garantem satisfação ao primeiro gole.
Surani Primitivo di Manduria – Puglia/Itália – aromático, muito agradável, tipicidade da casta com grande equilíbrio e um final muito agradável. Para provar que os Primitivos de Manduria não precisam ser caros para serem gostosos.
Leonardo Red Blend – Toscana/Itália – blend de Sangiovese com Cabernet, Syrah e Merlot que recentemente foi Top of Sales no Saturday Night Tasting da Vino & Sapore. Puro prazer e ótima companhia para um prato de pasta.
D’Alessandro Nero d’Avola – Sicilia/Itália – sedoso, equilibrado e muito gostoso, muita fruta, boa textura, mais uma grata surpresa.
Argaray Crianza – Navarra/Espanha – Tempranillo, Merlot e Cabernet, especiarias, fruta, corpo médio, boa estrutura e volume de boca um prazer para os sentidos.
Hereditas Tinto –Altentejo/Portugal – Aragonez 50%, Alicante Bouschet 25%, Cabernet Sauvignon 15% e Syrah 10%, um mix de castas internacionais e da região que compõem com muita riqueza de sabores este vinho que passa por seis meses de afinamento em barricas.
Casa da Passarela Tinto – Dão/Portugal – maciez, taninos finos, saboroso, vinho apetecível e fácil de agradar para tomar descompromissadamente ou acompanhando pratos mais leves.
Legado Munhoz Garnacha – Espanha – um vinho que sempre surpreende possuindo uma relação custo x beneficio quase que imbatível. Muita fruta, leve toque amadeirado, muito saboroso.
Faça você mesmo essa Viagem e depois comente se não valeu a pena! Da mesma forma que há belas surpresa em terras sul-americanas, estas também existem em outras praias e nada como a experimentação para descobrir isso e enterrar preconceitos. Aqui estão doze, mas há bem mais, então não pare não! Prove os portugueses; Encostas de Xisto Alvarinho, o Caza da Lua Tinto e o Quinta do Encontro Merlot/Baga ou os espanhóis Villavid branco e o Bobal (sim é uma cepa), todos abaixo das 40 pratas! Enfim, são inúmeros os rótulos disponíveis no mercado então junto com seu Malbec, Cabernet ou Merlot, de vez em quando permita-se um desvio por outros mares abençoados por Baco e enterre seu preconceit.
Salute, kanimambo e bon voyage!
Grande João!!
Vinhos bons e ruins em todas as faixas de preço existem em todos os países.
Litrometragem é um fator de evolução e escolha!
Degustar sem preconceito é uma das coisas boas do vinho que, se fossem todos iguais, não seriam “vinho”..
abraço
Concordo totalmente Nilson, mas esse mesmo preconceito vc não sente por aí?!
João,
A mais de dez anos comercializado vinhos e atendendo a pessoas em diversos segmentos: supermercados, lojas, restaurantes e em nossa própria loja, busco compartilhar a experiência selecionando vinhos nas diversas faixas de preço. Buscando dicas, como as suas e a de outros profissionais de bom caráter vamos descobrindo que maravilhas podem descobertas a todo instante como nos vinhos que vc relaciona. Sem dúvida é o momento para o velho mundo, que está chegando com um volume considerável de rótulos de boa relação custo x valor. Experimentando as pessoas vão descobrir e serem surpreendidas pelo novo velho mundo . O preço de nossos vizinhos está assombrosamente subindo ficando, muitas vezes vergonhoso, perante vinhos que além da alta qualidade, da história e da cultura, viajam do outro lado do mundo para nossas taças. Argentina e Chile estão ficando problemáticos..
Prezado João, na sequencia desta tua abordagem, muito estimulante (pois eu inclusive sempre pensei que vinho produzido em Euro, quando é vendido barato no Brasil,é porque na Europa é…..fraco) gostaria de te convidar a abordar um tema:
– Apreciador de vinho não é um alienígena milionário.
Trata-se do seguinte:
Por que os restaurantes (vip’s e populares, todos) carregam DEMAIS nos preços em suas cartas de vinho?
Teve um que me disse que “é para compensar a quebra de taças e a baixa rotatividade”….Pode um disparate desse?
Vamos a um exemplo real, utilizando um vinho bem básico ( só para exemplificar numericamente) da Chandon, que é o Latitude 33.
Custa na lojas e mercados (ao menos aqui em Curitiba) de R$ 24 (Angeloni) a R$ 32 (outros locais) . Isso significa que o custo de aquisição B2B, é bem menor, pois um lojista com cnpj, adquire do importador. Isso vale para os restaurantes, que adquirem das importadoras locais, e nao de lojas.
Ora se eles compram a menos de R$ 20….porque nas cartas apresentam esse vinho (que é básico, mas honesto) acima de R$ 50 ?????
O que justifica isso? Impostos ? claro que não.
E aí, vc olha em volta, são 100 mesas, em uma “churrascaria VIP”, e apenas 2 ou 3 meses com vinho…as demais com coca (irk) ou Cerveja….
E se falarmos de Um Catena Alta? Quase R$ 300 na carta de restaurantes…
Já no Alma Viva, Percentualmente, eles não carregam muito (senão ninguém toma). O grande disparate está nos vinhos mais simples, onde a margem % é altíssima. Qual a sua opinião?? O que fazer para reverter? Uma campanha de discussão do tema? abç.
Oldemar, o problema é mundial, porém por aqui, em função dos valores, beira o ridículo. Só tem uma forma, boicotar o lugar e divulgar o assalto para que outros não corram o mesmo risco. Se o prato valer muito a pena, quem sabe pagar a rolha seja mais em conta? Fora isso não tem muito jeito não!
De todo o debate uma coisa é muito boa: estar aqui na página compartilhando argumentos e nossas experiências junto ao vinho, com boa gente.
Nosso trabalho aqui no Armazém Conceição , na Lagoa em Florianópolis
( João:espaço comercial Plin Plin scrscrs) e´voltado a concepção que vinho não é um mero produto industrial mas sim um produto artístico cultural oriundo da maneira de agir e pensar de um povo em um determinado espaço geo climático.
No maia aquele abraço e precisamos todos defender preços justos e impostos decentes e que retornem …
Prezado João,
Sim, acredito valer muito a pena. Alguns vinhos da Grécia também apresentam relação Qualidade x Custo x Prazer muito boa, e me surpreenderam. Independente da forma como aprendemos a degustar e apreciar vinhos, independente de origem, o importante é conhecer, aprender e apreciar o que nos é apresentado, conforme disponibilidade. Independente de métodos e origem, como na vida, o vinho tem o beneficio da variedade, e o preconceito limita. Acompanho seus posts pela qualidade no aprendizado que me envolvo. Abraços.
Na temática do que o Oldemar comentou, pelo menos aqui em Floripa, existem exceções!
Por aqui observamos vinhos da Decanter num grande número de cartas. Assim, fica mais fácil ter uma base de comparação.
O que observo é que em restaurantes com uma mesma faixa de preço, as cartas de vinhos chegam a ter mais de 20% de variação. E com os 10% do serviço, uma garrafa custar R$ 60 ou R$ 72 faz uma boa diferença.
A minha opção, no fim das contas, tem sido privilegiar restaurantes com uma carta de vinho “honesta”. Não no sentido de variedade e qualidade, que isso, ainda bem, tem se tornado cada vez mais comum por aqui, mas também com um preço que não nos faça sentir descaradamente assaltados.
Com relação a operação comercial de: restaurantes, lojas, e negócios de uma maneira em gera,l para que a grande maioria compreenda tem de abrir seu próprio e descobrir o que é CUSTO.
Os custos são variáveis e tem muitos fatores relativos. Estamos no bRasil e aqui com nossos impostos fantásticos nada é fácil..
A cartas te preços e cabe a cada um de nós escolher o que é justo e o que lhe convém.
Tem um pretenso restaurante italiano nas rendeiras que compra vinhos de baixa categoria nos Macros e super da vida por R$ 10/15 e vende por R$ 60,00..Este não é um lugar para quem gosta de vinhos.
No Canto da Lagoa tem uma pizzaria que faz o mesmo assim como muitos outros e ,a maioria, faz parte daquela associação artificial de restaurantes….
Sem contar o contrabando..
Quem bebe marcas nem sabe o que é beber vinhos..
Temos de experimentar, ler, experimentar mais e visitar os bons locais..
Prezado Nilson,
Concordo. Uma das limitações é que o brasileiro, em geral, ainda visita o restaurante focado para comer, e ainda não possui o preparo e conhecimento para harmonizar pratos com vinhos (Veja bem: pratos com vinhos, e não o contrario). Tenho formação e qualificação em operação de restaurantes e bebidas, e grande parte dos custos em restaurantes ainda estão associados a ineficiência de pratica operacional e financeira. Claro que a alta carga de impostos tem impacto na precificação de menu e carta de vinhos, mas eu particularmente acredito que a atual gastronomia brasileira ainda não permite uma mudança cultural voltada para maior aceitação da enogastronomia. Ainda temos (na maioria das ocasiões) a ideia de somente harmonizar o vinho com o prato, levando o vinho para a segunda opção de seleção durante o processo de consumo em restaurante. Isso, sem duvidas, mexe com a estrutura de composição de uma carta de vinhos, que como um menu de comidas, também possui suas estrelas e etc. A elaboração de uma carta de vinhos deve levar em consideração vários fatores (custo atacado é apenas uma das variáveis), e eu acredito que particularmente um restaurante bem sucedido em sua carta de vinhos não deve depender de somente harmonizar com seu menu de comidas. Eu, particularmente, acredito que o serviço de comida nos restaurantes brasileiros vai de contramão ao desenvolvimento de consumo de vinho: Serviços de comida com porções fartas e volumosas (o brasileiro ainda gosta e possui a expectativa de fartura nas porções de comidas servidas nos restaurantes, esquecendo-se da qualidade). Do ponto de vista de vinho como prioridade de consumo em um restaurante, as porções deveriam ser individuais, menores, com foco em qualidade na execução e sabores, e voltados para harmonia com o vinho selecionado pelo cliente. Por exemplo, um restaurante poderia ter em sua carta de vinhos um bom e acessível Pinot Noir Borgnone e na mesma carta de vinhos, a recomendação de ‘Boeuf Bourguignon’. Na minha opinião, seria uma forma de educar o consumidor e faze-lo compreender que o valor de um vinho pode agregar valor na experiência gastronomica, e não o contrario. Obviamente, Ética deve fazer parte da operação de um restaurante, inclusive em sua formação de preços. Ainda temos muito o que nos educar.
Fábio; estamos andando na contramão evolutiva em muitas coisas e estamos sendo chamados pelo governo atual de ” pátria de chuteiras” pode?
Nada de pátria de doutores, de phds, de ceintistas, de alfabetizados..
Nada de pátria de saúde, de hospitais, de atendimento, de humanidade..
Tudo isto para sermos aviltados com impostos abusivos como a ST que aumenta o custo de vinhos para compra interestadual em 39,885% para importados e em 29,995% para nacionais. Azeite de oliva em 18% e assim vai..
Tudo depende de educação e… ..
o resto já sabemos..
É amigos, dou consultoria, elaboro cartas de vinho e os forneço para restaurantes. Uma pesquisa feita aqui mesmo no blog Há uns 3 anos atrás deu que o consumidor aceita e entende uma variação de preço nos restauranes em torno de 40% sobre o preço de prateleira nos mercados/lojas especializadas. O que tenho reparado é que quando esse porcentual é aplicado o giro cresce, simples meu caro Watson! Agora, há gente que salga, porém segue vendendo e aí fica uma pergunta, estão errados? Me parece que quem manda no mercado é o cliente então se este paga …….!
Aí Nilson, enem tem 6,5 milhões de inscritos a R$35 a inscrição dá um pouco mais de 2 bi! Achas que vai ter politico de bolsa cheia para gastar nas próximas eleições?!!!!! Enquanto isso crau em nós e no consumidor, tá triste mesmo…..
Moro em Lisboa ,sou brasileiro, mas tenho muitos amigos portugueses. Seguimos uma regra que um vinho bom ,aqui,é a partir de 3,00€, e temos as sugestões dos amigos.Tem aqui muito fabricante artesanal de vinho.Que é proibido .Esses dias experimentei um vinho verde tinto ,feito em fundo de quintal sem rotulo.Uma coisa espectacular !Preço irrisório !Quando vou ao Brasil não tomo vinho,pois é caro.Acredito que seja pelos impostos,uma estúpida ideia de protecionismo do produto nacional!
Nilson, Concordo contigo. Entendo seu argumento. Verdade, realmente sabemos…
Gerson foi um dos maiores jogadores de futebol que presenciei. Mas o comercial para um determinado cigarro, o queimou (injustamente), fez escola, e criou a famosa Lei de Gerson…..parece que é o caso…….
JFC, onde compro estes vinhos que vc relacionou? Grato