O Valor das Notas No Vinho – 0-10/0-20/0-100/50-100?!
Já comentei este tema por aqui e repito, são interessantes indicadores de qualidade a serem digeridos com uma certa parcimônia! São muitos os críticos que dão notas a suas avaliações, alguns até por aqui, já eu somente pratico pontuação quando participo de concursos ou bancas degustadoras e isto se torna absolutamente necessário. No blog não o faço por uma questão filosófica!
Há critico bom e outros nem tanto, há os que confio e outros nem tanto, tudo é uma questão de confiança e conceito. Uma vez mudaram os críticos convidados num importante evento de vinhos no Chile. Anualmente eram os críticos americanos os convidados e nesse ano foram europeus, para variar um pouco. O que se viu foi uma reviravolta geral nas premiações dadas! Uns preferem um estilo (maior extração e potência) e outros buscam um outro (maior elegância e complexidade), tudo acaba se resumindo numa quustão de preferências individuais e por isso essa notas são tão relativas.
Pior é que uns dão notas de uma forma e outros de outras, então como entender e compará-las? Um dos críticos que acompanho, especialmente quando se trata de Espanha, é Penin. Lendo seu Guia de 2013 me deparei com esta tabela de equivalência que achei bastante interessante e decidi compartilhá-la com os amigos leitores, lembrando que Penin, por uma questão didática, adotou desde 1992 a pontuação americana como seu padrão. Neste padrão, que começa em 50 e é a que mais comumente usamos por aqui em nossa vinosfera tupiniquim, 50 a 59 é um vinho defeituoso/ruim, de 60 a 69 não recomendável, de 70 a 79 um vinho correto, de 80 a 84 um vinho bom, de 85 a 89 um vinho muito bom, de 90 a 94 excelente e acima disso um vinho excepcional lembrando que a perfeição não existe então, em meu conceito, 100 pontos não dou para nenhum vinho! Aliás, vinhos desse calibre (próximo dos 100 pontos) não são para serem pontuados e sim apreciados e contemplados preferencialmente de joelhos agradecendo a Baco pela oportunidade!
João
Bacana !
Seria interessante comparar as equivalências para os Guias que não dão notas em números como ‘Vini d’Italia’ e “Duemillavini’. Não sei se existem outros ??
Abraços
Sergio Montag
Olá,João!
Conheci teu blog por meio dos meninos do Vinho do Bom. Adorei o vídeo que fizeram com você e vim por aqui espiar. Eu adorei a tua filosofia de aprender com os vinhos que cabem no teu bolso, que na verdade é o bolso de todos nós! Eu moro na Itália, sou jornalista e curso um master em Cultura da Alimentação e do Vinho na Universidade Cà Foscari de Veneza e felizmente por aqui o acesso aos bons vinhos é bem mais fácil. Falo sempre com meus colegas sobre as dificuldades em comprar um vinho italiano no Brasil a um preço honesto. Também tenho um blog que faço junto a uma amiga que mora em Firenze onde escrevemos sobre nossas experiências aqui e sobre os aspectos da cultura italiana come arte, moda, gastronomia e claro, vinhos. Dá uma passada por lá depois. http://www.grazieate.wordpress.com
Um abraço,
Isabela
Ola Joao,
Tenho sempre acompanhado seu blog pela simplicidade, sinceridade e qualidade de conteúdo. Eu tenho a pratica de dar notas aos vinhos que degusto usando um web site americano. Isto porque o site possui uma boa base de dados de vinhos do mundo todo, o que facilita na hora de buscar o vinho/vintage e registrar as degustações para consultas futuras. Eu gosto de dar notas, mas como sou apenas consumidor, uso minhas notas como uma forma de criar uma referencia relativa entre os vinhos que degusto. Uso o sistema do R. Parker, porem quando vejo em uma loja um vinho com nota Parker, eu nao tenho isso como referencia para compra, pois entendo que uma nota nao reflete totalmente as minhas preferencias e expectativas. Outro ponto pessoal e importante é que eu nao gosto de sistemas de avaliação de vinhos por estrelas (de 1 a 5 estrelas), pois para mim trata-se de uma forma superficial de dizer se gostei ou nao do vinho. Eu aprecio uma forma sistemática ou poética de avaliação de vinhos, com o uso de palavras claras e significativas. Além de uma avaliação sistemática (como o sistema da WSET que eu utilizo, mas nao necessariamente o melhor), eu gosto de extrapolar esta avaliação e incorporar em minha experiência a essência do vinho sendo consumido, independente do preço pago, origem, etc. Enfim, minha opinião é que independente do sistema ou tabela de notas utilizada, o importante seria compreender as preferencias da pessoa que avalia e publica a nota, principalmente de quem publica notas com uma perspectiva comercial. Isto ajuda. Eu, particularmente, nao tenho R. Parker como minha bússola na busca de vinhos de qualidade embora suas notas sejam reconhecidas internacionalmente. Abs.
Sempre fiquei confuso com estas pontuações, o jeito é descobrirmos o critério ou peculiaridade que nos agrada, e aprender cada vez mais. Contudo, é claro que vinhos acima dos 80 pontos, geralmente, não costumam desagradar a muitos.
Me espanta quando vejo as lojas vendendo um vinho argentino ou espanhol dizendo que o R. Parker deu tantos pontos depois da contribuição do Jay Miller para o critério de pontuação. Se o próprio Parker afastou seu avaliador de Argentina e Espanha em razão das suspeitas, por que os lojistas continuam usando critério tão suspeito? Só se for porque apostam na falta de informações.
Caro Guilherme, se você soubesse a quantidade de pessoas que tomam notas, ficaria estarrecido. Tenho cliente que entra na loja perguntando o que é que eu tenho acima de 90 pontos! Nunca fui de colocar notas nas garrafas, mas últimamente fui “forçado” pela demanda do consumidor. Concordo totalmente contigo no conceito, mas na prática……