Surpresas com Espumantes Chilenos
Sempre tive um pé atrás com relação aos espumantes do Chile que a meu ver sempre estiveram bem atrás nos nossos, até porque acredito que tanto em quantidade como em qualidade e também preço, estamos na frente dos Hermanos tanto chilenos como argentinos! Há bons espumantes em ambos os países, reconheço, porém sem o volume de rótulos de qualidade e muito menos de preço, mas os rótulos que tenho provado têm me surpreendido, inclusive no preço onde os brasileiros nadam de braçada. Aliás, eis aí um mistério que nunca consegui desvendar, porquê os produtores nacionais conseguem produzir tão bons espumantes de forma competitiva e empacam tanto nos vinhos tranquilos?! Pelo menos até agora ninguém me deu uma resposta minimamente plausível, quem sabe alguém se aventura?
Enfim, voltemos ao tema do post! Dos espumantes chilenos, tive a oportunidade de provar dois recentemente, um trazido pelos amigos Marcia e Marc e outro agora, advindo da degustação do WineBar promovida pela Wines of Chile, ambos curiosamente rosés. O primeiro foi tomado na companhia dos amigos, foi o Undurraga Rosé, elaborado com 100% Pinot Noir, um espumante que nos surpreendeu por sua cor intensa, estrutura e ótimo equilíbrio, boca seca e frutada com uma perlage muito boa. Um bom espumante que tomado na companhia dos amigos ficou melhor ainda.
Agora me chega este Santa Digma Estelado Rosé da Miguel Torres Chilena que tomei em dois estágios. O primeiro enquanto preparava o almoço de domingo (um sloppy sunday), adoro cozinhar com vinho (rs), um gostoso risoto de lula e o segundo acompanhando o prato. Este já surpreende na cor, um rosado claro, brilhante e sedutor, mas a maior surpresa vem quando você olha o rótulo e vê que ele foi elaborado com a uva País. Já vi alguns produtores trabalhando com esta uva secular que chegou ao Chile pela mão dos colonizadores espanhóis no século XVI, porém ainda são raros os vinhos de qualidade no mercado. Até pouco, era somente usada para a produção de vinhos mais rústicos e sem expressividade, baixo teor alcoólico e alta acidez. Aos poucos, os grandes produtores começam a trabalhar e a descobrir as riquezas desta uva, sendo que este espumante já por dois anos seguidos foi considerado o melhor do Chile.
Posso dizer que sobrou nada para contar a história! Tomei quase que solo e desceu muito bem. Tanto como aperitivo refrescante enquanto preparava o rango, como acompanhando o risoto que leva um pouco de pimenta e biquinho e um leve toque de tempero de paella o que contrastou muito bem com o frescor do Estelato. Bem seco, nariz sutil e delicado, acidez acentuada, perlage muito fina e abundante, creio que se dará bem também com crustáceos, camarões grelhados, manjubinha (lembram!) e queijos de cabra como aperitivo ou solo! Um belo e surpreendente espumante que está no mercado por volta dos R$75 mais ou menos dez. preço justo, porém já vi por R$65 e aí eu acho uma barbada.
A foto com o prato não ficou aquelas coisas, a garrafa já estava pela metade (rs), mas dá para ter uma ideia! Ainda preciso ter umas aulas com a amiga Nádia Jung, quem sabe aprendo algo sobre fotografia. De qualquer forma, creio que minhas aptidões são outras! Salute, kanimambo e um brinde rosado a uma deliciosa semana para todos.
João,
Muito bom texto. Noto que os espumantes brasileiros estão cada vez mais ganhando destaque internacional. Acredito que a Jancis Robinson chegou a publicar isso. Seria o caso, na sua opinião, de o Brasil tentar consolidar uma estratégia mais direcionada para maior divulgação internacional de nossos espumantes? Quem sabe uma D.O. especifica?
Abraços.
Oi Fabio, eu diria que sim.