Baixa Gastronomia no Domingo
Não sei nem se o título se adequa, mas apesar de reconhecer e respeitar os feitos transformadores de alguns grandes chefes de cozinha, cansei de me satisfazer visualmente em restaurantes, mas sair com o bolso rasgado e uma certa sensação de que faltou algo, comida! É bacana, sim é na maioria das vezes servindo como experiência sensorial, porém eu gosto mesmo é de boa comida no prato, o famoso prato cheio como no Don Curro e outros restaurantes do estilo, desculpem minha franqueza.
Sou mal e mal, um cozinheiro de fim de semana com limitações criativas porém tento sempre buscar algo novo para preparar. Neste Domingo, estava indeciso no que fazer porém quando vi no mercado uma fraldinha bonita de carne de gado criado ao pasto (gostei do conceito) e com um preço bacana, que teimava em piscar para mim, não resisti. Comprei e pensei que no forno poderia bem ser nosso almoço, algo “light”, clean sem muita invenção (há momentos em que o menos é mais!) só acompanhado de uma salada de bifun com kani, ovo mexido, azeitona e cenoura cortada fina em tiras.
Chegando em casa lá fui eu ao google fuçar por uma receita e sem querer descobri a Larissa Januário e seu delicioso Sem Medida que já está entre meus favoritos aqui do lado. Fotos lindas, passo a passo bem demonstrado e uma série de descobertas de receitas simples e criativas. Quem sabe agora consigo me aprimorar testando algumas delas!
A receita da Fraldinha peguei no site dela e é incrível como é fácil e rápido, em menos de meia hora estava pronta! Preciso ainda acertar o ponto melhor, mas a carne ficou macia, saborosa e a salada de bifun foi uma ótima pedida, até porque de sobremesa (há que se balancear as coisas!rs) tínhamos irresistíveis doces portugueses. Coloquei umas fotos que mostram a simplicidade do prato mas basta salgar a carne com sal grosso ou flor de sal, eu usei esse último e ficou muito bom, selar cerca de 5 a 7 minutos de cada lado numa frigideira em fogo bem alto, depois mais 10 a 15 minutos no forno pré aquecido, só isso! Para cortar essa delicia uma faca com nome e sobrenome,rs, que ganhei recentemente do amigo Juan, mas nem precisava de tão macia que estava, e pronto a carne estava pronta a servir. A simplicidade que buscava, mostrando que não precisa complicar para se obter prazer na cozinha e que há hora para tudo! Veja mais no site da Larissa.
Ah, não falei de vinho né! Bem, eu precisava provar o Perrin Reserve branco Cotes du Rhone pois pensava em colocá-lo na Vino & Sapore então abri-o enquanto cozinhava e petiscávamos algo. Bom, fresco, conforme a temperatura aumentou, para próximo dos 10 graus, os aromas (pêssego, apricot e um suave floral) apareceram melhor, tendo apresentado uma certa mineralidade gostosa de final de boca. Para um blend de Garnache Blanc, Viognier, Roussane e Marsanne elaborado por este conceituado produtor com preço na casa dos oitenta a oitenta e cinco Reais, esperava um pouco mais de complexidade e estrutura que não encontrei. Bom para cozinha asiática, curries, entradas mas a meu ver falta-lhe punch para encarar um prato de maior estrutura, que é o que ando procurando.
Quanto ao tinto para acompanhar a carne, abri um Malbec Carinae que também não me encantou mas que certamente terá seus seguidores pois é daqueles vinhos power (carne suculenta, delicada, pouca gordura, o vinho passou por cima) com muita extração e alto teor de álcool que demora a integrar. Bem que a amiga Flavia me recomendou decantar, mas é um vinho de cerca de sessenta Reais, achei exagerado mas ela estava certa.
Foi um Domingo mais gastronômico que enófilo, mas igualmente gostoso pois estava com a família o que é sempre um tempero especial. Bem, é isso, salute e kanimambo pela visita.
É isso mesmo JFC, estou contigo e não abro.
“A simplicidade que buscava, mostrando que não precisa complicar para se obter prazer na cozinha e que há hora para tudo!”
:-))
Abraços!
Ótimo post, JFC, simples e direto. Também sou “Cozinheiro de final de semana” e é uma delicia cozinhar para a família