Saul Galvão, Saudades do Mestre!
Costumam dizer que português não tem memória e sim uma vaga lembrança (rs), mas com relação a este Tuga aqui essa premissa não poderia estar mais errada! Posso até deixar de lado, mas situações e pessoas importantes da minha vida são guardadas a sete chaves na mente e, por muitas vezes, também no coração de onde volta e meia deixo que saiam. Hoje, não sei bem porque cargas d’água, é dia de lembrar um de meus principais mentores que é, indiretamente, um dos responsável por eu ter-me embrenhado por este mundo regido por Baco, o saudoso Saul Galvão. Depois dele o Paladar ficou mais pobre, mesmo com gente muito boa por lá, e nossa vinosfera perdeu um de seus principais incentivadores.
Aprendi com ele a falar sobre vinhos que podemos pagar, de que a verdadeira razão da existência do vinho é nos dar prazer, de que vinho caro não é necessariamente bom e nem o barato ruim, que em todas as faixas de preços existem os bons e os mau vinhos enfim, aprendi que ter os pés no chão, mesmo apreciando grandes vinhos e bons pratos, é essencial para desmistificar os caldos de Baco. Saudades mestre e para homenageá-lo, hoje reproduzo uma coluna dele (16/11/2006) na imagem abaixo, porém sem deixar de colocar aqui duas frases sob as quais alguns ditos críticos de hoje em dia, repletos de verdades e dogmas, deveriam levar em conta pois anda faltando humildade a muitos nessa nossa vinosfera.
“O vinho precisa descer do pedestal no qual foi colocado por alguns esnobes e pretensos entendedores e ser colocado em seu lugar, que é o copo. Nada mais chato que um esnobe do vinho, que fala pomposamente, como se ele fosse o único ungido a entender termos herméticos.”
“Aliás, quando se fala em vinhos, nunca há uma palavra final, mas sim opiniões, que podem ou não ser bem sustentadas.”
“O vinho precisa descer do pedestal no qual foi colocado por alguns esnobes e pretensos entendedores e ser colocado em seu lugar, que é o copo. Nada mais chato que um esnobe do vinho, que fala pomposamente, como se ele fosse o único ungido a entender termos herméticos.”
“Aliás, quando se fala em vinhos, nunca há uma palavra final, mas sim opiniões, que podem ou não ser bem sustentadas.”
Já se passaram 4 anos desde que ele nos deixou, mas ficou seu conhecimento e seu exemplo. Valeu mestre, kanimambo!
João, vale comentar que fica clara a sua relação com o Saul, além de toda a inspiração, na fluência do texto e estilo de linguagem. Esta coluna tem “a sua cara” e fico feliz em poder acompanhá-lo nesta jornada, seja aprendendo com seus conhecimentos, seja nas visitas frequetes à Vino & Sapore! Grande abraço e obrigado por nos apresentar às melhores safras, de vinhos e de pessoas…
Olá João. Certa vez em um dos cursos que fiz com o Saul, um dos participantes perguntou qual era a melhor maneira de guardar um vinho aberto para o dia seguinte. E ele com sua ilustríssima simplicidade que contrapunha o grande conhecimento, disse que ele sempre tomava a garrafa por completo e que era a melhor coisa a fazer. Uma outra vez perguntaram quando da decantação, o que fazer com o vinho restante com a borra. Ora é só beber, porque mal não faz. Realmente uma pessoa que fez muito pelo vinho no Brasil e que deixa saudades sempre. Abs!
. . . muitas saudades ! . . . ainda hoje faço aquela receita de bacalhau da madrugada do Saul . . . grande figura ! . . . .
Oi Eduardo, era gente como a gente, ou assim nos fazia crer.