Um Achado em Chablis, Coisa Rara
Achados, ótimas relações Qualidade x Preço x Prazer, há em todos as gamas de produto, porém em algumas regiões são muito difíceis de se encontrar e quando isso ocorre é sempre motivo de festa, pelo menos para min! Adoro, mas não tomei tantos assim porque a palavra Chablis vem normalmente atrelada a uma série de cifrões os quais dificilmente consigo bancar e acredito que a maioria dos amigos compartilha comigo do mesmo mal! rs Do que tenho provado fica claro que os Petit Chablis e Chablis AOC disponíveis no mercado não chega a encantar e quando são um pouco melhores já se fala de vinhos na casa dos 100 a 130 Reais. Quando damos um pulo na escada de qualidade e partimos para os Premier Cru a qualidade sobe assustadoramente e o preço idem, já chegando na faixa dos R$180 a 200 sendo mais comum encontrá-los na faixa dos 200 a 300 reais! Se subirmos mais um degrau na escada, aí a coisa realmente fica séria e haja carteira!!
Nesse cenário, este achado foi para mim a melhor descoberta feita até aqui neste ano, um vinho absolutamente delicioso que possui toda a tipicidade que se espera de um vinho desta classificação e, graças à perseverança e garimpo da amiga Paula Fonyat da importadora Vínica, sem os altos preços que se espera desses mesmos vinhos. Domaine Servin Vaillons Premier Cru Chablis, um vinho absolutamente sedutor que habitou minha taça neste último fim de semana e já deixou saudade! Sempre gostei muito dos vinhos de Chablis, que para quem não conhece é uma região produtora francesa que faz parte da Borgonha. Sua uva, a majestade Chardonnay! Para quem gosta de chardonnays untuosos, pesados, madeira bem presente, fique com os exemplares do dito Novo Mundo ou até de outras regiões europeias, porque aqui os vinhos são de outra estirpe.
Em Chablis, diferentemente dos vinhos elaborados na Cote D’Or, a madeira é muito pouco usada e quando presente é muito sutil, normalmente usada somente em parte do vinho e na maioria das vezes barricas velhas de forma a preservar sua majestade, a uva.Região fria, mais próximo aos vinhedos de champagne do que os da Borgonha, região a qual pertence, possui um solo muito característico argilo-calcário com sedimentos de conchas marinhas fossilizadas. Uma mineralidade e acidez em perfeita harmonia com um final onde aparece muito sutilmente uma certa salinidade, são marcas registradas destes vinhos.
Este Premier Cru foi elaborado com uvas advindas de vinhedos com 33 anos, sem passagem por madeira, aromas de frutos brancos, algo de melão Orange (viajei?!) na primeira fungada, mineral, toques florais e ao final notas de abacaxi fresco. Dá para deixar o nariz na taça por um bom tempo, pois a paleta olfativa é já bastante complexa mesmo que não explosiva, pois aqui reina a finesse. Na boca, hummm, a mineralidade e acidez em perfeita união, sabores que me levaram num passeio por um pomar de pêssegos e nectarinas, e aquele final leve toque de salinidade muito peculiar. Pensei em lagosta, ostras gratinadas ou frescas, casquinha de siri e peixes (linguado, salmão, truta) com temperos suaves, spaghetti alle vongole (sem tomate!!) me parecem boas opções de harmonização, mas este dá para tomar só acompanhado de boa companhia e basta! Encontrar este 1ºer Cru por apenas uns 20 a 30 Reais acima do preço de um Chablis AOC, foi realmente um verdadeiro achado!
Por hoje é só e precisava compartilhar estas sensações com os amigos. Quem chegou a tempo, tomei com um escondidinho de bacalhau (na foto) que não harmonizou muito bem, ainda tomou uns goles já os outros ficaram no desejo mesmo, sorry. Salute, kanimambo e aguardem minha degustação de Grandes Malbecs ás Cegas (dia 10/04) antecipando a celebração do Malbec World Day e postergamos a data do Riedel Tasting para dia
E aonde se pode comprá-lo aqui no Rio de Janeiro?
Oi Eduardo, o mais fácil é contatar a Vínica e ver com eles quem tem o vinho por aí.