Opiniões Sobre o Vinho

 

Complexo, sofisticado, complicado, fácil, agradável, frescura, as opiniões são as mais diversas e pesquisando a rede atrás de informações sobre um tema que pretendo escrever, dei de cara com um post do amigo e produtor de belos espumantes em Garibaldi, Adolfo Lona, que me deu a idéia para este post de hoje. Lamentavelmente tem gente demais andando de salto 15, ditando regras e falando complicado em suas avaliações com o intuito de aumentar cachê, um enorme pecado para quem deveria ter a mente aberta e a responsabilidade de ampliar horizontes para a maioria de leitores de menor conhecimento. Falta-lhes humildade, porém há o contra ponto com gente que realmente importa! Eis a opinião de alguns desses que se importam e trazem o vinho para seu real patamar:

Adolfo Lona (link para post completo dele > http://adolfolona.blogspot.com.br/2012/05/melhor-vinho-e-balela.html
“A melhor forma de se guardar um vinho é na memória. O melhor vinho é aquele que lhe dá prazer. Nada mais verdadeiro. O vinho é momento, o entorno, subjetividade, o vinho é sentimento. Um vinho cinco estrelas degustado numa reunião formal vai para a gaveta das experiências, um vinho simples bebido num momento especial, vai para a das lembranças. Já bebi alguns vinhos e espumantes na minha vida e posso assegurar que muitos deles não deixaram marcas. Outros ficaram gravados porque estão associados a momentos especiais. Gosto de beber bons vinhos e espumantes? Sim, em especial na boa companhia de pessoas, locais, música, por do sol, família, amigos, esposa/o, noiva/o, filhos, penumbra, solidão, etc, etc, etc…. ”

Saul Galvão – do saudoso mestre um pensamento que guardo e compartilho com todos sempre que possível. Foi publicado em seu blog no artigo Prazeres do Vinho de dia 13 de Abril de 2008, se não estiver equivocado! Diz ele; “Aliás, quando se fala em vinhos, NUNCA há uma palavra final, mas sim opiniões, que podem ou não ser bem sustentadas. Só uma opinião importa, a sua. O vinho só existe para dar prazer. Se ele deu prazer, cumpriu sua função, independentemente de regras cânones e opiniões alheias. Costumo dizer que o vinho precisa descer do pedestal no qual foi colocado por alguns esnobes e pretensos entendedores e ser colocado em seu lugar, que é o copo. Nada mais chato que um esnobe do vinho, que fala pomposamente, como se ele fosse o único ungido a entender termos herméticos.”

Albert de Villaine (Sócio diretor da Domaine de Romanée Conti) em entrevista á revista veja há alguns anos atrás: “Não fico surpreso que as pessoas não identifiquem estes aromas todos nos vinhos que compram. Eu mesmo não sou capaz de reconhecê-los. Aliás, acho muito aborrecido. Não estou interessado nisso, e sim na personalidade do vinho.”

Pessoalmente, acredito que a democratização do mercado do vinho com a quebra de um monte de paradigmas se faz necessário para que possamos facilitar seu entendimento e tirá-lo do seu pedestal onde alguns insistem em colocá-lo. O mundo regido por Baco não é binário, não pretende ser uma ciência exata já que é pleno de subjetividades e nele não existem verdades absolutas, isso eu já aprendi! Há que se desmistificar nossa vinosfera e viver o momento, é esse o pensamento que compartilho com os autores acima e lembro de duas experiências que exemplificam isso:

  • Algumas pessoas me dizem que o vinho não viaja bem. Ao indagar do porquê terem chegado nessa conclusão, elas alegam que, por exemplo, aquele vinho da Provence que tomou lá, estava muito melhor do que o mesmo vinho comprado e tomado aqui. O que se tende a esquecer é que; o momento, as pessoas, o local, tudo isso influencia a percepção de valor e o vinho é só uma (boa) parte disso! De férias em Provence com alguém amado, até a água tem outro sabor!!!
  • Eu mesmo sempre recomendo tomar bons vinhos em boas taças, porém um dos melhores momentos que ficaram gravados na minha lembrança foi um vinho de mesa regional, tomado numa tasca, tirado de uma barrica e servido num copo simples acompanhado de pataniscas de bacalhau no interior de Portugal, compartilhado com um primo que não via há anos!! Não é o melhor vinho que tomei, porém é dos que me deu mais prazer tomar assim como um tapada de Chaves 86 tomado na companhia dos amigos Rui Miguel e João Pedro.

Enfim, algumas opiniões e pensamentos para que reflitamos sobre o que realmente devemos valorizar em nossa vinosfera. Ás vezes levamos isto tudo muito a sério, há que relaxar e aproveitar, o vinho tem uma alma algo lúdica que devemos liberar de forma mais amiúde. Uma ótima semana para todos, salute e kanimambo pela visita