Argentina de Sul a Norte – Uma Viagem de Descobrimentos
Foram dez árduos e intensos dias percorrendo 3850 kms da Patagônia a La Rioja, mais de 270 vinhos provados, mas o grande destaque foi a harmonização do grupo que se reuniu em Guarulhos sob a batuta do amigo Deco Rossi o homem da Wines of Argentina no Brasil. No post que publiquei a semana passada coloquei um slide show de uma visão particular além da garrafa, porém agora começo a falar de seu conteúdo e de quem os faz. Foi um tremendo de um aprendizado e quanto mais ando pelos terroirs argentinos e conheço novos produtos e alguns dos personagens por trás deles, mais eu me de deixo seduzir pelas mudanças por qual passa a enologia dos hermanos.
Chegando em Buenos Aires, depois de um ótimo voo com a Lan Chile, foi deixar as malas no hotel e irmos direto nos encontrar com o Joaquin Alberdi em sua gostosa loja em Palermo Soho, a “JÁ”. Fazia uns dois anos que por lá não passava e ele andou trabalhando, mudou marca e pintou a loja então passamos reto, mas logo a encontramos até porque a rua tem poucas quadras. O Joaquin é uma personalidade única no mundo do vinho e aquele que der a demonstrar seu interesse de ver além do preço na garrafa, terá nele um embaixador dos bons vinhos da terra. Falo isso não porque seus preços sejam caros, estão em linha com a maioria, porém o atendimento vai muito além disso e a descoberta de coisas novas e inusitadas vale a visita por si só. Se tiver a chance, participe de uma de suas degustações com produtores (basta acessar seu site e ver a programação – em Nov. tem duas imperdíveis; Tacuil e Noemia).
O Didu, amigo e companheiro desta viagem, fez um belo post sobre esses momentos vividos com o Joaquin e vale muito a pena ver sua entrevista publicada aqui, já eu vou me ater a fazer alguns curtos comentários sobre esses vinhos provados dos quais alguns trouxe para a degustação de Vinhos da Mala (agora dia 18/11) visando compartilhar essa experiência com os enófilos e curiosos aficionados do mundo de Baco.
Passionate Wines Brutal Torrontés – Jovem e criativo enólogo , Matias Michelini junto com seus irmãos produz vinhos diferenciados e criativos não se atendo à mesmice! O nome da bodega já diz tudo, são vinhos elaborados com paixão e este, de sua linha de vinhos de experimentos chamada Inéditos, com baixíssima produção (600 garrafas), é um branco vinificado como tinto e não filtrado. Resultado, um vinho laranja! Irreverante, natural, intrigante, do tipo ame-o ou odeie-o. Eu curti, mas tem que ter a mente aberta!
Buenalma – um Malbec orgânico já algo evoluído, muito saboroso e baratinho. O Didu, louco que é por vinhos deste estilo, adorou. Pelo que sei, só tem na Argentina.
Gen del Alma Otra Piel – um blend, sempre eles (!), de Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Pinot Noir sem passagem por madeira, pureza, frescor, sedução na taça um trabalho do irmão de Matias, Gerardo Michelini, num projeto solo com sua esposa. Longe de chegar no Brasil, produto vendido a conta gotas!
Achaval- Férrer Special Blend – estive na bodega em Agosto e não provei, daquelas coisas que só o Joaquin consegue trazer para sua vinoteca. Soberbo vinho digno da casa que o produz; robusto, complexo e perfeitamente equilibrado, um vinho guloso! Por enquanto ainda não está disponível por estas bandas
33 de Dávalos – soy incha desta bodega que produz tão somente umas 10.000 garrafas anuais e não é de hoje. Pedi para o Joaquin abrir algo deles, pensei no RD que já comentei aqui, mas ele estava animado e abriu este magnifico vinho que, por convicção e filosofia, não passa em madeira. Acho que poucos na Argentina trabalham tão bem as famosas piletas de concreto como Raul Dávalos em sua Bodega Tacuil (2650 metros de altitude) em Salta próximo à Colomé que, por sinal, já foi dele. Vinho de videiras muito antigas, pé franco, Cabernet Sauvignon com Malbec e cerca de 1000 garrafas produzidas que ficam essencialmente na Argentina, Suissa, França e Inglaterra tão somente. Mostra que para ter corpo e longevidade não há necessidade de madeira! Complexo, um vinho cheio de camadas a explorar e se deliciar!
De Angeles Cabernet Sauvignon – este pequeno produtor mendocino produz vinhos potentes e muito bem feitos sem qualquer geléia. Já conhecia seus malbecs e este Cabernet não nega a raça de seus irmãos, um belo e encorpado vinho para acompanhar um ojo de bife. Também não chega no Brasil.
Montesco Agua de Roca – do jovem e irrequieto enólogo Matias Michelini, mais um vinho que surpreende e bem que o Deco tinha avisado, branco diferente na parada! Um Sauvignon blanc que vem de vinhedos acima de 1500 metros de altitude em Gaultalarry ao pés dos Andes e sua mineralidade marcante originou seu nome. Talvez o melhor exemplar desta uva provada em toda a viagem, gamei!
Achaval-Ferrer dolce – a meu pedido, este delicioso e marcante vinho de sobremesa á base de malbec produzido pelo método passito italiano. Produção de cerca de 1500 garrafas ano que você compra em meia dúzia de lojas, se tanto, na argentina inteira e na bodega. Esse não falta na minha adega não!
Depois de oito vinhos deste naipe tomados mais a simpatia do Joaquin, difícil foi voltar para o hotel, porém o anfitrião (WofA) tinha armado um gostoso jantar no Puratierra regado a vinhos da Terrazas. Um destaque especial para o vinho de sobremesa um late harvest de petit manseng uma uva originária do Madiran no sudoeste francês e pouco conhecida por aqui. Bem amigos, este foi nosso primeiro dia porém não poderia terminar sem uma frase dita pelo Joaquin que me chamou a atenção, pois com seu jeito bonachão e divertido, ele diz algumas coisas que nos fazem pensar! Tudo bem, somos embaixadores e divulgadores dessa paixão que chamamos de vinho, porém os lugares que o vendem têm um certo “q” de bordel, pois ambos vendem prazer! É, acho que vou botar uma lanterna vermelha na porta da Vino & Sapore!!! Rs
Abaixo o slide show (clique na foto) com algumas imagens de nosso primeiro dia. Salute e kanimambo pela visita, um ótimo fim de semana para todos e segunda tem mais!
Parabéns João, foi graças a você que tuvemos esse momento mágico. Obrigado também por anotar os vinhos, coisa que acabo não fazendo por conta dos vídeos, mas que faz falta. Bacio!
Viste a produção do 33 de Dávalos, 1.000 gfas e só no cimento!