Menos, Menos, o Vinho Só Tem que Nos dar Prazer
Uma das coisas que me irritam em nossa vinosfera ainda é a mania de alguns em colocar o vinho num pedestal onde, em minha opinião, ele não deveria estar! Acho que o vinho é algo social, culturalmente uma bebida que nasceu para acompanhar comida, jantares, amigos em volta de uma mesa, coisa simples como o pão e o azeite. Não deveria ser algo complicado e cheio de mistérios, frescuras e salamaleques.
Está certo, existem segredos e misticismos que envolvem o vinho e o fazem especial entre o mundo das bebidas, porém devemos tratá-lo de uma forma mais simples e tentar não complicar. Deu prazer, ponto, objetivo alcançado! Um de meus melhores momentos com vinho foi numa tasca do interior de Portugal com um primo que há anos não via; direto da barrica num copo de requeijão acompanhando pataniscas de bacalhau feitas na hora! Tudo simples, tudo ótimo, e como Fernando Pessoa já dizia; “Tudo vale a pena Se a alma não é pequena.”
O titulo deste post veio em decorrência de uma experiência que fiz há poucos dias com alguns confrades. O tema que escolhi para o encontro foi, Uvas de Bordeaux na Argentina. Em Bordeaux os vinhos são essencialmente, há exceções, assemblages de diversas uvas autorizadas pela AOC, basicamente as; Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Malbec, Carmenére e Petit Verdot então escolhi 4 varietais para provar, todos vinhos muito qualificados: DV Catena Malbec-Malbec, Fabre Montmayou Gran Reserva Merlot da Patagônia, Angelica Zapata Cabernet Franc e Susana Balbo Signature Cabernet Sauvignon. Os vinhos estavam divinos sendo o Merlot uma das grandes surpresas da noite.
No dia seguinte, manhã cedo, hora da limpeza, verifiquei que as garrafas ainda possuíam algum caldo nelas, pouco, mas tinha. Decidi então produzir meu próprio assemblage, meu próprio “Bordeaux”! Partes iguais de Cabernet Sauvignon e Malbec (chuto uns 35% de cada), uns 20% de Cabernet Franc e finalizei com Merlot. Sem frescuras, só buscando prazer e deu certo. O vinho ficou muito aromático, fruta bem presente, aveludado e rico na boca, também olha só o que tive de matéria prima! Ainda vou querer reproduzir essa receita de forma mais técnica retirando uns 5% do Cabernet Franc e adicionando esse porcentual em Petit Verdot. Peguei as sobras da noite anterior e deu um belo almoço,
Tudo isso só para passar uma mensagem, solte-se! Tem gente que coloca gelo em vinho, outros coca-cola, ginger-ale ou seven up, tudo bem. Eu posso até não gostar ou discordar, mas dependendo do contexto e dos vinhos envolvidos, why not?! Viaje, experimente, faça coisas diferentes, quebre o establishment, seja infiel, curta a diversidade, se divirta. Nossa vinosfera não é tão séria e “amarrada” como alguns podem tentar lhe vender, então relaxe e curta a viagem sem preconceitos! O bom de nossa vinosfera é que não existem regras nem dogmas a serem seguidos então explore o infinito com vontade, aqui você pode e, numa dessas, você pode se dar bem, como eu!
Cheers, kanimambo e tenham todos um ótimo fim de semana. Semana que vem tem mais.
Olá João! como vai?
Concordo com você, não precisamos ter taça riedel para sentir-mos prazer em degustar um vinho, claro que uma boa taça ajuda bastante, mas não é ela o principal, o principal é o vinho, o momento, a companhia.
Pena que muitos críticos e experts em vinho criaram um mundo de adjetivos e termos técnicos para o vinho que muitas pessoas se assustam com isso.
Um abraço João e bom fim de semana!!!
Oi, João, Gostei da ideia, é certo que dificilmente aqui em casa sobre algo na garrafa, pois eu e minha esposa, normalmente ficamos com a vontade do quero mais, porém sua ideá foi ótima, vou me esforça para deixar um pouquinho na garrafa e depois tentar criar uma nova assemblage.
Agora, foi covardia, com estes caldos que vocês desfrutaram ficaria dificil não ficar bom.
Saudações
Tomaz