Pão e Vinho – Broa, uma tradição Portuguesa.
Ontem estive na Bienal Rouxinol e me deliciei com a deliciosa Broa Portuguesa que lá, entre poucos outros lugares em Sampa, fazem. Lembrei-me deste post de há quase 7 anos que decidi reviver e compartilhar com os amigos mais recentes. Eta coisa boa e quem conhece e gosta, certamente um grande reencontro lá na Bienal do João!
“Numa casa Portuguesa fica bem, pão e vinho sobre a mesa …….” já dizia a canção popular. Desconsiderando-se o valor litúrgico e religioso deste casamento, o que daria pano para manga, a verdade é que esta dupla sempre esteve presente desde os primórdios da história da humanidade. Em Portugal, o pão é essencial às refeições assim como o vinho, o azeite e, porquê não, um punhado de azeitonas pretas, daquelas bem pequenininhas e, eventualmente, um queijinho fresco. São dois os principais pães sobre a mesa Portuguesa, o papo-seco (“nosso pãozinho”) ou um pedaço de broa de milho.
Sempre estranhei que, apesar da imensa maioria das padarias no Brasil estarem em mão de Portugueses, era impossível se encontrar uma broa como feita em Portugal. A broazinha de fubá que se encontra por aqui é uma outra coisa. Em Portugal era o pão do campo, aquele que, durante a escassez de alimentos da segunda grande guerra, era o alimento energético dos camponeses. Com a falta de trigo, se desenvolveu este pão baseado em farinha de milho branca que se denominou como Broa de Milho. Nessa época, anos 40, se tornou famosa a sopa do Cavalo Cansado, tomada pelos camponeses na árdua lide do campo. Pedaços de broa embebidos em vinho verde tinto, com açúcar salpicado por cima. Muitas vezes se adicionava, em vez do açúcar, um pouco de azeite e eventualmente um ovo. Não tenho a mínima idéia se esta sopa era boa, cá tenho minhas duvidas, mas que deveria levantar defunto, lá isso deveria. Por outro lado, é um pão resistente que dura três a quatro dias sem quaisquer problemas.
Bem, voltemos á broa de hoje em dia, com cavalos menos cansados, que acompanha o café da manhã com um pedaço de queijo, um prato de bacalhau, coelho à caçadora ou, em especial, um bom caldo verde com paio ou chouriço. Hoje em dia, a broa é parte integrante do folclore gastronômico Português e, em especial, nas regiões do interior e Norte de Portugal como a Beira Litoral e Minho. Região de bons vinhos, confunde-se com a Bairrada, de onde vem nosso personagem o Sr. João Correia. Mais precisamente do Concelho de Vale de Cambra no distrito de Aveiro onde sua mãe preparava broas para consumo da família. No Brasil, o nosso amigo, dono de padaria, na foto com suas crias, morria de saudades da broa da mãe. Minha mãe não tinha essas habilidades, tinha outras também muito apetitosas, mas até hoje sinto saudades das broas que como em Portugal. Minha tia que o diga. Quando lá vou, encontro sempre uma broa fresca sobre a mesa aguardando a Carne de Porco à Alentejana, sua especialidade, e um manjar dos deuses. Um dia ainda falo disso! Na casa de meus queridos primos no Cardal, idem, gosto de uma boa broa.
Pois não é que nosso perseverante amigo João, conseguiu! Ele e dois amigos conterrâneos da mesma região, conseguiram encontrar, no interior de Minas Gerais, um produtor de farinha de milho branca e compram tudo o que ele produz. A Broa da padaria Bienal de Moema na Av. Rouxinol, 819, é um achado que gostaria de compartilhar com os amigos. Muito saborosa, com a côdea, diga-se casca, bem crocante e deliciosa, é uma delicia com um pouco de manteiga ou ao natural com azeite. Normalmente o pequeno lote de broas sai do forno por volta do meio-dia, algumas vezes um pouco mais tarde, e é impossível deixar de quebrar e comer uns bons nacos de broa ali, na horinha, ainda quente. Como a quantidade produzida, em função da limitação de matéria prima, é pequena, sugere-se ligar (tel. 5054-3692) antes e reservar. Fui conferir; comi, gostei e recomendo. Para quem conhece e gosta, é um prato cheio. Que aromas, que aromas!!!
Ah, o vinho? Bem, esse foi só para compor já que o titulo é Pão e Vinho, mas é bom! rs Kanimambo pela visita e uma ótima semana para todos!
Opa! Abalou! Eu comi um pão assim só em Pontevedra, na Galicia, que é Portugal enfiado na Espanha. Comprei uma fatia e ela pesava 1 quilo de tão densa, era quase uma carne. Preciso provar este pão!
Eu gostaria de obter a receita.
Oi Sandra, a receita eu não posso te dar porque não a tenho. Acredito que seja algo um pouco complicado em especial devido á falta de matéria prima. De qualquer forma, minha sugestão seria vc ligar para o João Correia no telefone constante no post, falar que viu a matéria aqui e ver se ele colabora. O prefixo é 11, São Paulo. Ainda neste Sábado passei lá e peguei uma, é realmente muito boa.
João
Novamente, obrigado pela dica. A broa é realmente muito boa. Eu sugiro que quem não conhece, que vá lá e busque uma.
Abraços
Daniel
“Pão e Vinho – Broa, uma tradição Portuguesa”
Olá João Filipe Clemente. Li seu artigo, do qual gostei. Moro no Rio de Janeiro já 6 meses e, como boa Portuguesa que sou, gostaria de dizer-lhe que ainda não encontrei aqui pão que conseguisse satisfazer.
Já fiz pão, mas a farinha que encontro à venda nos supermercadosé de uma moagem muito fina, não se compara à maravilhosa farinha portuguesa.
Adoro pão e é para mim uma grande tristeza não encontrar pão a meu gosto…
Grata ao Brasil e Brasileiros por me receberem tão bem! EStou construindo eese site, onde ireia falar de mim e de Portugal: http://www.coisasdanossaterra.com.br
Abraço, Ana Ferreira
Ola João, ainda sobre o pão: sou natural de MIrandela, Tras-os-Montes, a terra das Alheiras ( e também cidade jardim, capital da cultura e capital mundial do Jet-Ski). Como sabe, a base da Alheira é o pão. Já fiz alheiras aqui no Rio de Janeiro, com azeite, alho, colorau e louro, tudo Português,exceptuando as carnes e o pão, mas o pão deixou muito a desejar…
As alheiras ficaram boas, mas não as maravilhosas alheiras que faço em casa de minha mãe, com o delicioso pão da minha terra!
Uma boa alheira, grelhada na brasa, acompanhada de batatinha e grelos cozidos, tudo bem temperando com o bom azeite Transmontano, e acompanhando com um bom tinto Transmontano (pode ser um Fonte Romana ou um Pinga de Lavrador da adega de Vila Flor, ou melhor ainda, o tinto da colheita pessoal de meu pai de 2008, tambem das terras de Vila Flor), não há nada melhor!
A. Ferreira
http://www.adegavilaflor.com
Ai minha mãezinha, que saudades de uma boa alheira! Por aqui é dificil encontrar, pois enchem-na com quilos de gordura. Se tiveres portador para São paulo me avisa que encomendo! Agora, na brasa nunca fiz, alguma dica especial? Costumo fritá-la na frigideira com um fio de azeite. Uma boa alheira, batas fritas e ovo estrelado, volto aos meus 10 anos de idade e me esbaldo!
Esse gajo, João Filipe Clemente, é hilário – para ser eufemista. Ou desprovido de boa vontade e de bom senso.
Ele disse que “a receita não posso te dar porque não a tenho (?!?!)”. E, logo a seguir, dá uma dica meio confusa: “De qualquer forma, minha sugestão seria vc ligar para o João Correia no post, falar que viu a matéria aqui e ver se ele colabora. Ainda neste Sábado passei lá e peguei uma, é realmente muito boa. ” Dá pra entender?
Ora, o João gastou mais tempo dando uma desculpa para não fornecer a receita, e dizer logo depois que conseguiu. Quer dizer, só pra ele?
Ora pois, pois!
Não entendei a lógica. Acho que tô ficando meio burro (rs)
abs
Giuseppe
Peguei uma broa ó pá, depois o Luso sou eu!!! rs Quer a receita, sigo dando a minha indicação, fala com o João Correia que é o dono do estabelecimento.
abs
Faço a broa em minha padaria e, acreditem, não deixa a desejar em relação à de Famalicão. A matéria-prima, obtenho-a em Antônio Carlos, cidadezinha próxima a Barbacena, MG, onde vivo e tenho meu estabelecimento. A Casa do Pão, Barbacena. Rua Sete de Setembro, 78.
Obrigado João,pela divulgação da broa…grande abraço
João, estava ótima como sempre e com a Caldo Verde e o vinho verde!!!!!
Alguém sabe me dizer se esta padaria ainda produz essa broa? É que o post é bem antigo (apenas 13 anos…rs).
Sim Paulo, faz poucos meses comprei.