Bodega Vicentin na Taça
Recentemente tive a oportunidade de me juntar com uma série de ilustres colegas no Restaurante Piselli para conhecer os vinhos desta bodega que chegam ao Brasil pelas mãos da Galeria dos Vinhos do meu amigo Leandro Chicarelli com a assessoria de um profundo conhecedor desse mundo de Baco, o também amigo Breno Raigorodsky que um dia já foi colunista aqui do blog onde compartilhou um pouco de seu vasto conhecimento e experiência conosco.
Fomos recepcionados com um, a meu ver, belíssimo espumante de Malbec, o Vicentin Champenoise Rosé de Malbec, elaborado pelo método clássico, 12 meses de autólise, com um mix de uvas de cinco vinhedos diferentes em Lujan de Cuyo (Mendoza). Linda cor salmonada, fresco, ótima perlage, cítrico, acidez equilibrada que combinou ás mil maravilhas primeiramente com o bate papo entre os amigos e posteriormente com uma deliciosa Burrata sob uma cama de tartare de salmão. Para mim um dos destaques do almoço.
Combinando com a mesma entrada, foi servido um malbec branco, ou seja, um blanc de noir, o Vicentin Blanc de Malbec. Na verdade, não chega a ser branco e mais parece um rosado. Vinhedos de La Consulta e Vista Flores (Vale do Uco) com quase 15% de teor alcoólico, seis meses de barrica francesa aparentemente nova. Um vinho no mínimo diferente e marcante onde seu frescor equilibra bem a madeira que lhe aporta complexidade. Ficou bem com a entrada, mas explodiu mesmo quando no final da refeição foi servida uma incrível tábua de queijos do Capril do Bosque de Joanópolis (queijos de cabra) e deu tango! Para quem quer sair da mesmice e buscar algo bem diferente no mundos vinhos brancos, surpreenda-se!
Em seguida uma bateria de tintos onde dois vinhos roubaram a cena. Da linha de entrada o Dorado Blend com um corte majoritário de Bonarda com Malbec e um tico de Cabernet Franc com leve passagem de somente 15% do vinho por barricas de segundo uso, estava bem saboroso com taninos macios, fruta madura algo compotada, um vinho “cumplidor”, agradável e fácil de agradar o consumidor brasileiro em geral. Desta mesma linha o Malbec não fez muito minha cabeça tendo apostado minhas fichas no Cabernet Sauvignon.
O papo ficou sério mesmo quando chegou á mesa o Blend de Malbecs de La Consulta, Chacras de Coria, Tupungato e Las Compuertas com 9 meses em barricas francesas. Elegante, aromático, firme de boca, especiado, fruta, tudo muito equilibrado, sem arestas, tentador! Um belo vinho que seduziu a maioria dos presentes e a mim também.
Seu vinho top é o Colosso com 24 meses de passagem por barrica francesa. Vinho de boa estrutura, denso, porém sem excessos, mostrando potência mas de forma bastante elegante, longo, tendo acompanhado muito bem o Brasato di Vitello al Vino Rosso, uma feliz e muito bem trabalhada harmonização.
Na linha de seus produtos, eles possuem uma caixa de madeira composta de algumas preciosidades da Bodega. A meu pedido, kanimambo, eles retiraram dessa caixa um exemplar do vinho Vicentin Backbone, um blend cofermentado de Cabernet Franc, Malbec e Petit Verdot, UAU! Uma pena que este vinho não vem solo (apesar de eles estarem estudando isso) e a quantidade produzida é ínfima, porque tomaria caixas caso tivesse o din-din para isso! Realmente a experiência só me comprova prova após prova que, colocou Petit Verdot no blend, pronto, garantia de um bom vinho e este não negou a regra. Grande vinho que já encanta no olfato e na boca é só prazer. Complexo, perfeita harmonia entre taninos finos, estrutura, acidez e riqueza de sabores, gostei demais, vinho para curtir sem pressa!
São cerca de 1400 Bodegas na Argentina, então sempre haverão novidades, umas boas, outras nem tanto, porém desta eu gostei e recomendo aos amigos fuçarem por aí e se permitirem aventurar nesses caldos “Vicentinos” ! Kanimambo pela visita e em breve mais algumas notas sobre outros vinhos e bodegas provadas. Salud e uma ótima semana para todos.
Beleza, JF, aproveito para mais uma reflexãozinha sobre o blanc de malbec – aqui a linguagem pode ter ser mais ingênua e despretensiosa do que eu mesmo escrevi, a princípio. Digamos que a enologia seguiu o caminho dos rosados – no caso malbec – querendo tirar mesmo toda a cor. Lógico que poderiam chegar lá, a ciência e a técnica são mais que suficientes no caminho do senhor Paul Hobbs, consultor master do projeto Vincentin. Pois bem, pode ser uma brincadeira com a decantada cor de malbec, que jamais apresenta transparência. Neste caso, o nome blanc justificaria um procedimento dado às champagnes (????!!!). Acho que não consegui explicar, né? Mas continuar tentando. Abraços e obrigado pelos elogios nem sempre merecidos.