Quarenta e Cinco Razões Para Tomar Vinho Brasileiro.
Nossa, pesquisando no blogue achei este post que, por sinal, mostra bem para aqueles que ainda acham que tenho algo contra os vinhos brasileiros o quão errados estão! Independente disso, achei legal recuperá-lo hoje porque é interessante fazer um acompanhamento da evolução dos preços nesse período. Está certo, muitos não mais estão no mercado, mas pesquise e constate o que eu estou constatando, para minha surpresa, que o aumento ficou abaixo dos aumentos de impostos e inflação neste período de 8 anos!! Alguns no entanto, …!!! vejam abaixo
Como já de praxe, termino o mês do país tema com uma lista de rótulos, das regiões estudadas, que eu colocaria na minha adega. São, entre os vinhos provados e aprovados, aqueles que me mais me atrairam e conquistaram meus sentidos independentemente de faixa de preços. São, todavia, ótimos vinhos dentro de cada faixa e contexto especifico, até porque vinho premium não é para toda a hora. Há muitos anos, ainda em Moçambique, me lembro de uma propaganda de cerveja que dizia “Contra fatos não há argumentos, um fato num copo é ….”, e esta frase me inspirou no título deste post. Não são fatos na taça, mas verdadeiras razões que só quem toma esses vinhos de qualidade, cada um com seu estilo, pode entender.
Se você ainda não entendeu é porque necessita, urgentemente, de se desarmar e encher sua taça com alguns destes vinhos que demonstram claramente que a nossa produção mudou muito e para melhor. Isto sem falar de nossos muito bons espumantes que, estes sim, vêm obtendo um pouco mais de reconhecimento. Seja para dia-a-dia com ótimos produtos nas faixas mais em conta, seja em vinhos premium, hoje produzimos vinhos de muita qualidade. Quanto aos preços, em São Paulo está complicado e tenho visto preços bem melhores em outros Estados, especialmente no Rio Grande do Sul.
Muitos outros rótulos certamente mereceriam estar aqui, mas só listo o que eu provo e não há como provar tudo em tão curto espaço de tempo e sem a ajuda dos próprios produtores. A lista, todavia, não é fechada e sempre estarei aberto a provas e a compartilhar outras experiências com você amigo leitor e apreciador de vinhos. Conforme for tomando vinhos que ache que mereçam ser recomendados, os farei em diversos posts conforme for dando tempo. Enfim, por enquanto fique com esta lista e os comentários feitos ao longo deste mês de Novembro. Liberte-se de seus preconceitos e aproveite com sabedoria alguns desses bons e saborosos vinhos. Os preços são aproximados e referência média encontrada em lojas de São Paulo neste mês de Novembro. Já no Rio Grande do Sul, por exemplo, creio que estão entre 10 a 20% abaixo destes preços, então os valores abaixo são meramente indicativos podendo variar entre os Estados e distância das áreas de produção.
Vinho |
Tipo |
Preço R$ |
Cordelier Merlot |
2005 |
17,00 |
Rio Sol Cabernet/Syrah |
2005 |
19,00 |
Salton Volpi Sauvignon Blanc |
2008 |
21,00 |
Aurora Reserva Cabernet Sauvignon |
2007 |
22,00 |
Cordelier Merlot Reserva |
2002 |
23,00 |
Marson Reserva Cabernet Sauvignon |
2005 |
24,00 |
Marco Luigi Merlot |
2005 |
24,00 |
Salton Volpi Merlot |
2005 |
24,00 |
Casa Valduga Premium Gewurtzraminer |
2008 |
24,00 |
Fausto Rosé de Merlot – Pizzato |
2008 |
25,00 |
Angheben Barbera |
2007 |
29,00 |
Dal Pizzol Tannat |
2005 |
35,00 |
Dal Pizzol Touriga Nacional |
2007 |
35,00 |
Pizzato Reserva Cabernet Sauvignon |
2004 |
35,00 |
Pizzato Reserva Merlot |
2005 |
35,00 |
Pizzato Reserva Egiodola |
2005 |
35,00 |
Marco Luigi Merlot Reserva da Familia |
2003 |
36,00 |
Casa Valduga Premium Cabernet Sauvignon |
2005 |
37,00 |
Don Laurindo Assemblage |
2005 |
37,00 |
Larentis Reserva Especial Ancellotta |
2005 |
37,00 |
Don Cândido Marselan 4º Geração |
2005 |
40,00 |
Nubio Rosé |
2006 |
40,00 |
Quinta da Neve Cabernet Sauvignon |
2005 |
40,00 |
Salton Volpi Pinot Noir |
2007 |
40,00 |
Marco Luigi Tributo Assemblage |
2003 |
42,00 |
Cordilheira de Sant’Ana Tannat |
2004 |
46,00 |
Cordilheira de Sant’Ana Chardonnay |
2006 |
46,00 |
Cordilheira de Sant’Ana Gewurtzraminer |
|
46,00 |
Portento – Quinta Santa Maria |
2005 |
58,00 |
Sanjo Maestrale Cabernet Sauvignon |
2005 |
59,00 |
Joaquim da Villa Francioni |
2005 |
60,00 |
Marco Luigi Gran Reserva da Familia Cabernet Sauvignon |
2003 |
62,00 |
Quinta da Neve Pinot Noir |
2006 |
63,00 |
Salton Desejo |
2004/05 |
65,00 |
Marson Gran Reserva Cabernet Sauvignon |
2004 |
68,00 |
Villaggio Grando Chardonnay |
2006 |
68,00 |
Salton Talento |
2004 |
69,00 |
Miolo Terroir Merlot |
2004/05 |
75,00 |
Villaggio Grando Cabernet Sauvignon |
2006 |
76,00 |
Villaggio Grando Merlot |
2006 |
76,00 |
Villagio Grando Innominabile lote II |
2006 |
82,00 |
Villa Francioni Francesco |
2005 |
85,00 |
Storia – Casa Valduga |
2005 |
90,00 |
Villa Francioni |
2004 |
110,00 |
Estes rótulos estão disponíveis nas boas lojas de vinhos espalhadas pelo país assim como em alguns supermercados. Dê sempre preferência ao locais que tratam bem o vinho mantendo-o em locais e temperatura adequados, longe do sol e de produtos de limpeza.
Foi isso e fico feliz ao ver que já naquela época eu ressaltava os vinhos de Santa Catarina, não é de agora não! Seguem evoluindo e assim que começar a postar sobre o tour que fiz por aquelas bandas creio que você também ficará curioso caso ainda não os conheça. Valeu, grato pela paciência e gradativamente retorno à minha periodicidade de sempre. Salute e Kanimambo.
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Grande João!
Concordo contigo e assino embaixo – temos que nos despir totalmente do preconceito e olhar com mais carinho do produto nacional, mas bem que eles poderiam ser mais generosos conosco e nos dar uma ajudinha nesses preços, principalmente os da faixa acima de R$ 50,00 não?
Parabéns pela iniciativa em publicar essa lista.
Facilita muito nossa busca.
abs!
Alexandre
É Alexandre, não vou dizer que não tenho uma certa dificuldade em lidar com isso também. Minha cabeça comercial com pensamento de longo prazo e análise de concorrência (livre) não digere esses preços muito bem e, interessante, tenho visto que esses níveis com 15 a 20% de redução (dependendo da faixa) ficam extremamente competitivos numa análise Qualidade x Preço x Disponibilidade de rótulos importados no mercado. Faça esse exercicio e veja se não tenho razão? Só por curiosidade e evitando usar os países vizinhos, compare com um Goats do Roam Red da África do Sul que sai na Expand por R$38,00 ou um Altano da região do Douro por cerca de R$40 na Mistral. Mais ainda; um Bordeaux Superieure Cuvée Marie-Paule por R$69 da Casa Flora, Cheverny le Vieux Clos branco do Loire por R$64 na Decanter ou ainda um Cabernet Sauvignon Pradio Crearo do Friulli na Itália da Wine Company por R$62, um Firriato Etna Rosso da Sicilia, Wine premium, por R$75,00 ou um Villa Antinori ou Insoglio da Toscana, na Expand por R$98,00, entre inumeros outros da Espanha, Portugal, etc. É o que venho dizendo, creio que todos nós, o problema não é mais qualidade é posicionamento comercial, salvo algumas boas exceções. Oops, quase outro post, me empolgo com o assunto!
Abs
Poisé…
ontem mesmo estava discutindo sobre vinho brasileiro com uns amigos e a pergunta que surgiu foi a seguinte: porque a tem que custar 70, 80 reais um Salton Talento ou um Villa Francionie? Por causa da baixa produção? Pq não aumentar a produção de vinhos bons desses, baixando seu custo?
Isso viabilizaria o consumo e consequentemente diminuiria esse preconceito ao vinho brasileiro…
Ok, talvez não seja simples assim do lado do produtor, mas acho que tentar “iconizar” vinhos num país em que a cultura do vinho ainda engatinha, é um tiro no pé.
Alexandre
Assino em baixo. Se a lista tivesse 60 vinhos acho que caberia alguns da Lidio Carraro e do Bettu.Como nao tem, concordo plenamente com você. E destaco o Ancellota da Larentis quesurpreende a cada ano.Valeu!
Bom dia cavalheiros!
Estou interessada na discussao acima sobre precos dos vinhos brasileiros. Em 2005 eu abri em Sao Carlos(SP) uma loja de vinhos, exclusivamente com vinhos brasileiros. Fui diversas vezes a Bento Goncalves e procurei comprar os melhos vinhos na razao “custo X beneficios”. Ainda assim nao consegui “sobreviver”. Pelos valores que eu vendia os vinhos brasileiros, meus ex-clientes comprovam importados de melhor qualidade. Concordo plenamente que uma reducao em torno de 20% no custo dos vinhos brasileiros vai possibilitar concorrer com os “estrangeiros”. Conversei muito com o pessoal de lah. O Sr.Firmino Esplendor, professor de enologia e dono de uma vinicola lah, diz que 60% do valor de uma garrafa de vinho eh impostos. E agora, para o Estado de Sao Paulo, ainda hah uma “substituicao tributaria”, que na maioria dos casos nao se aplica aos importados, visto que as importadoras jah estao no Estado.
Se algum da area governamental puder fazer alguma coisa…
Grande abraco a todos.
Elmo.
Concordo que deveriamos prestigiar mais os vinhos nacionais!
Gosto muito dos vinhos da Don Laurindo, mas na semana passada em um restaurante verifiquei que ele estava mais caro que muitos vinhos chilenos, não que só pelo fato de ser chileno significa que seja melhor que qualquer brasileiro, mas a industria brasileira tem que começar a fazer uma gestão mais profissional do negócio e melhorar muito o marketing de nossos vinhos, pois nunha situação dessa que me encontrei, acabei optando pelo chileno!
Conheci seu blog a poucos dias, está muito legal, parabéns!
Abraço a todos
Silas
Elmo e Silas, valeu pela visita e participação. Na minha opinião esse é o maior entrave e desafio que a vinicultura brasileira tem hoje, preço já que o tema qualidade acho que já está equacionado e só melhorando. Trabalhar junto no intuito de conseguir reduzir custos e impostos, aumentar produtividade e melhorar o sistema de distribuição e posicionamento de preços são fatores essenciais para garantor a sobrevivência e margem de lucro adequadas. Do jeito que está fica difícil para o produtor e para as lojas que não conseguem, com raras exceções, girar o estoque.
Caro João,
Estive recentemente nas serra gaúcha e conheci um vinho que me surpreendeu bastante, da vinícola Boscato, principalmente o reserva merlot. Você possui algum conhecimento a respeito desta vinícola?
Atenciosamente,
Márcio
Oi Marcio e grato pela visita. A Boscato, por pesquisa, é uma boa vinícola com bons produtos mas que conheço pouco, daí não ter listado seus vinhos. O pouco que provei, me pareceu bastante bom, tanto o Merlot quanto o Cabernet Sauvignon e, aparentemente com preços um pouco salgados.
Olá pessoal,
Gostaria de deixar minha humilde contribuição…
Sou gaúcho, moro em São Paulo a 5 anos e há poucos dias retornei de uma visita a minha cidade natal (Porto Alegre) e aproveitei para ficar hospedado no Vale dos Vinhedos mais uma vez. A cada visita tenho novas surpresas, desta vez fiquei muito surpreso com o Ancelota da Peculliare. Além deste, gostei muito do Cuvvé Giussepe da Miolo, do Nebbiolo da linha Singular da Lidio Carraro e do Egiodola da Cave de Pedra.
Com relação aos valores praticados concordo que este sim é o grande vilão dos nossos vinhos. No entanto, os produtores realmente reclamam muito da carga tributária sobre seus vinhos. Espero realmente que o governo reavalie esta carga de modo a fomentar este segmento promissor do nosso país.
Espero ter contribuído.
Abraços e feliz 2009!
Luciano Sauer
Valeu Luciano. Estes comentários sempre contribuem para a “causa”. Que os impostos são vilões, não há qualquer duvida e isso vale para a grande maioria dos setores da economia, seja água, luz, feijão, sapato ou vinho. Só fico em duvida quanto à real “culpabilidade” dos impostos e se isso não serve para encobrir outras deficiências já que existem diversos exemplos de muito bons vinhos com preços bem posicionados. Se uns conseguem …..
adorei os produtos
Lendo a discussão, não podia deixar de dar minha contribuição… Realmente a carga tributária pesa muito sobre os vinhos brasileiros e ainda há um fato, que pouca gente sabe, que deixa a situação ainda pior para nossos produtores. Em uma palestra da Vinícula Miolo, eles expuseram a situação de concorrência desleal em que nosso governo (não vou entrar em discussão política se não precisaríamos de outro blog, rs) os deixa. Em troca de isenção de impostos na Argentina e Chile para a linha branca de eletrodomésticos, os vinhos de ambos os países têm uma série de isenções fiscais na imortação para o Brasil. É uma troca comercial em que os produtores brasileiros estão bancando em benefício das multinacionais do setor de eletrodomésticos.
bom dia….
estou com uma duvia e axo que vc pode me ajudar..
tenho um tonel de carvalho de 50 litros, so que tem pinga. O que tenho que fazer pra colocar vinho ?
aguardo resposta..
muito obrigado…
Olá Alexandre. Com relação a sua pergunta, eu se fosse você colocava mais pinga. Colocar vinho num tonel que já esteve com pinga não vai dar certo, pois os sabores impreganm na madeira e vc terá vinho com gosto e aromas de pinga, algo que não recomendo tomar. No entanto, o tonel é seu, então …..
Olá João!
Parabéns pelas suas contribuições sempre bem ponderadas e embasadas.
Com relação à lista, dando rapidamente uma olhada, um deles em especial me chamou a atenção Villa Francioni VF na época 110 reais. Hoje tenho esse mesmo vinho na minha cidade por 115 reais e dando uma rápida fuçada na internet tem varias opções na casa dos 120/130 reais.
Ou seja, passados 8 anos sem praticamente reajuste no preço…..me parece muita gordura não?
Forte abraço
Marcelo
Olá amigo, tudo bem? Excelente post! Além de 45 razões para tomar vinho brasileiro, poderíamos ter mais umas 300 nessa lista, hehe. Um vinho que vem me encantando muito no Brasil, sem dúvidas é o da Vinícola Ravanello, Gramado – Serra Gaúcha. Estou falando do vinhaço Dionísio, que é um vinho potente, de grande presença e com bom potencial de guarda. Já provaste? Vale muito a pena! Saúde!
Ainda não, grato pela sugestão.