Meus Mantras no Mundo do Vinho

Desde que comecei a divulgar e comentar este mundo dos vinhos regido por Baco, tentando compartilhar experiências e promover aquilo que encontro de bom em nossa vinosfera, tenho tentado fazê-lo de forma a desconstruir a imagem snobista e elitista que alguns construíram, pois nossa vinosfera precisa efetivamente de um trabalho forte de desmistificação e desconstrução! Quando dou cursos ou promovo alguma degustação temática, tomo por base esse conceito e uso como exemplo estes três pensamentos ou, talvez melhor, ensinamentos passados adiante por gente de respeito neste meio.  São meus mantras (rs) que hoje gostaria de compartilhar com os amigos leitores pensando sempre numa vinosfera mais real, com menos firulas, mais simplista porém não menos poética quando tem que ser na expressão das sensações que nos despertam.
Me fez lembrar quando com cerca de 14 para 15 anos desafiei meu professor de literatura inglesa ao ele me dar uma nota baixa quando da interpretação de um poema. Afinal, uma obra de arte não possui a capacidade de alcançar sua mente e coração de forma diferente gerando emoções diferenciadas em cada um? Por quê a minha percepção estava equivocada e não a dele? Ele esteve com o poeta ou este deixou algum escrito dizendo o que ele queria que cada um sentisse ao ler suas palavras? Lembro que tinha 14 anos, porém deixando de lado o aspecto mais ingênuo das colocações que fez com que minha nota fosse reduzida um pouco mais (rs), acho que isso se aplica muito à nossa vinosfera porque muito destes vinhos são poesias engarrafadas que falam (sim, quer os esnobes queiram ou não, eles falam) conosco de forma diferente, nos tocam e geram emoções diferentes em cada um de nós, deixando claro, a meu ver, que por estas bandas não existem verdades absolutas. Bem, já falei de mais, como de costume, então vamos aos mantras que regem minhas atividades no setor:
AlejandroDe Alejandro Vigil – Enólogo argentino, considerado um dos 30 mais importantes da vinosfera mundial, responsável por alguns dos melhores vinhos argentinos da atualidade
Porque tenemos la tendencia de lo absoluto ? Porque alguien tiene que decir su verdad como única ?  Los vinos para cada persona significan algo distinto, siente algo distinto , ven cosas distintas … Cada quien sentirá la mineralidad , verticalidad , frutas rojas o negras, para otros simplemente le gustara o no . Pero nadie puede decirte a vos que sentís o que piensas . El vino por definición es plural y diverso, nadie tiene la última palabra es tus gustos y sensaciones solo vos “.

De Saul Galvão – Saudoso e insubstituível mestre da crônica enogastronômica de nossa vinosferasaul 11 tupiniquim que com todo seu conhecimento não só pregava a humildade  no trato do vinho como a praticava em seus escritos, palestras e até nos eventuais encontros com seus seguidores como eu que tive a rara oportunidade de o encontrar uma vez tomando sua taça no shopping Iguatemi e trocado com ele dois dedos de prosa.Uma pessoas extremamente afável, faz falta!

“Quando se fala em vinhos, nunca há uma palavra final, mas sim opiniões, que podem ou não ser bem sustentadas. No final, só uma opinião importa, a sua. O vinho só existe para dar prazer, se ele deu prazer, cumpriu sua função, independentemente de regras cânones e opiniões alheias. Costumo dizer que o vinho precisa descer do pedestal no qual foi colocado por alguns esnobes e pretensos entendedores e ser colocado em seu lugar, que é o copo. Nada mais chato que um esnobe do vinho, que fala pomposamente, como se ele fosse o único ungido a entender termos herméticos”

Aubert-de-Villaine-1-docAubert de Villaine – é co-proprietário e co-diretor do Domaine de la Romanee-Conti na Borgonha, responsável de alguns dos vinhos mais caros do mundo, sendo proprietário de uma vinícola em Bouzeron na mesma Borgonha e outra ainda, na Nappa Valley tendo sido um dos juízes no famoso Julgamento de Paris em 1976.  

“Não fico surpreso que as pessoas não identificam estes aromas todos nos vinhos que compram, eu mesmo não sou capaz de reconhecê-los. Aliás, acho isso muito aborrecido, não estou interessado nisso e sim na personalidade do vinho.

Creio que fica claro, não por minhas palavras mas nas deles, que não há porquê se assustar ou se sentir frustrado se você não achar nos aromas ou nos sabores o que o produtor imprimiu no contra rótulo ou o que determinado crítico tenha escrito sobre o vinho. No final, tudo isso são meras indicações e serem sorvidas com a devida parcimônia. Curta os vinhos que achar que valem a pena, da forma que mais lhe convier lembrando que, se lhe deu prazer o resto é acessório! Pode até agregar, mas o importante mesmo é que o você sentiu. Fui, fico por aqui hoje, uma ótima semana para os amigos que hoje me deram o privilégio de sua visita, Kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui ou por aí nas estradas de nossa vinosfera tupiniquim!

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar