Enólogo, Enófilo ou Sommelier?
No dia 22 passado foi comemorado o dia do Enólogo e no Face postei uma homenagem a esses profissionais que elaboram esses caldo de Baco, que comumente optamos por chamar de vinho, para nosso deleite e prazer. Recebi um monte de parabéns de amigos e com isso me dei conta que talvez não esteja muito claro o que cada profissional faz em nossa vinosfera, qual o papel que cada um exerce nessa viagem com destino ao prazer!
Já dizia Luiz Groff, engenheiro paranaense, estudioso e comerciante do mundo do vinho com anos de história nas costas, que “Enólogo é o cara que diante do vinho toma decisões, e Enófilo é aquele que, diante das decisões toma vinho”, preciso como todo o bom engenheiro! rs Para deixar mais claro sobre o papel que cada profissional tem nesta nossa vinosfera, escrevi este post usando como base um texto dos amigos da Academia do Vinho (já estudei muito por lá e recomendo aos amigos acessarem) que acho deixa isso bem claro.
Enólogo – O Pai da Criança
O Enólogo desde 2007 tem sua atividade regulamentada no Brasil devendo ser formado em Agronomia, com especialização em Enologia, ou formado em uma faculdade de Enologia. Trabalha na vinícola e é responsável por todas as decisões de produção do vinho: escolha do local do vinhedo, métodos de irrigação, escolha das mudas, da melhor hora para plantar, para podar, para colher. Define as técnicas de vinificação, os cortes, o tempo de amadurecimento e a hora de colocar o vinho no mercado. São muitas as decisões importantes que ele (ou ela!) precisa tomar durante todo o processo de produção e como estas decisões são cruciais para o resultado final. Os vinhedos produzem uvas, a empresa produz o vinho, porém a elaboração do vinho (para bem ou para mal) fica a cargo deste profissional. A todos eles minhas homenagens e agradecimentos!
Enófilos
Euzinho! rs Na verdade são todos os aficionados por este diverso mundo do vinho que se dedicam a ler e estudar nossa vinosfera, todos nós que freqüentamos feiras e apresentações de vinhos, que fazemos anotações sobre os vinhos que tomamos, que freqüentamos confrarias ou encontros de vinhos, viagens a produtores, etc., gerando diferentes níveis de conhecimento sobre vinhos.
Sommelier
Já que estamos falando dos personagens do vinho, precisamos ainda apresentar o Sommelier. Ele é o soldado do vinho. Não raramente é um garçom talentoso para o assunto que estudou e se especializou. O sommelier trabalha em restaurantes e lojas de vinhos, orientando os clientes a respeito da melhor escolha de compra de forma a atender o gosto e necessidades do cliente assim como dando dicas harmonização, especialmente nos restaurantes. Hoje já existem diversos cursos disponíveis, porém é uma profissão ainda em busca de regulamentação. Podem existir os híbridos também (rs) que são o resultado do Enófilo Sommelier e vice versa!
Enochato
É esse também existe e pode ser qualquer um de nós! rs Vigie-se, controle-se, contenha seus impulsos, se preciso use venda, mordaça, algemas e se amarre ao pé da mesa, mas, por favor, não se torne um enochato. Aqui gostaria da citar a famosa e grande critica de vinhos, a inglesa Jancis Robinson, que diz; “A melhor maneira de introduzir amigos ao mundo do vinho é abrir garrafas melhores do que eles estão acostumados, mas só falar de suas virtudes caso lhe seja perguntado”
Enochato é aquela espécie da qual todos nós conhecemos um exemplar (ou vários). O enochato chega nas festas ou no restaurante, pega uma taça, certifica-se de que tem bastante gente olhando, faz cara de entendido, gira o copo no sentido horário e com inclinação de 26,487º em relação a Greenwich, funga dentro da taça, revira os olhos, fala um monte de coisas complicadas e depois olha para as outras pessoas presentes com ar superior, como se elas fossem a ralé da humanidade por não entender de vinhos tanto quanto ele.
Tem mais, esse Enochato pode ser qualquer um, inclusive alguns desses enólogos, enófilos, sommeliers, críticos e colunistas (a esses classifico entre 4 paredes e entre eu e você, de um novo subproduto que tem aparecido muito por aqui – 0 Enopomposo! rs) aproveitando para citar aqui uma frase do meu mentor Saul Galvão; “Nada mais chato que um esnobe do vinho, que fala pomposamente, como se ele fosse o único ungido a entender termos herméticos” . Enochatisse ao cubo!! rs
É justamente por causa dos Enochatos e também dos Enopomposos (argh) com sua sofisticada linguagem para valorizar caché, que o vinho tem essa fama de coisa complicada, sofisticada, exclusiva de gente rica, metida e chata. O Enochato, porém, tem antídoto basta que ninguém mais preste atenção às macaquices deles frente a uma taça de vinho. Sem platéia o enochato murcha, perde a pose e sai de fininho! rs
Por hoje é isso. Espero ter podido ajudar, um pouco que seja, a desvendar quem é quem e quem faz o quê nesta nossa vinosfera. Tem gente que é só tomadora, a você meu amigo, um brinde e aproveite a viagem, sem preconceitos e sem frescuras! Kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui ou qualquer outra esquina de nossa imensa vinosfera, saúde!
João, muito bom e divertido o texto. E, melhor, com definições precisas do papel desempenhado por todos. O mundo do vinho precisa de todos estes…até dos Enochatos, embora concorde que pouco contribuam para um maior acesso de todos a este lindo universo! Abraço
Parabéns pelas definições, João. Ótimas e didáticas! Havia lido a definição do Luiz Groff há algum tempo em uma publicação e também gostei bastante.
Essa do “…copo no sentido horário…” e a precisão do giro… rsrs. Um abraço.
Ah, adorei João!! Precisa, didática e bem humorada lição! Obrigada!
Já vi que, para não parecer enochato, devo beber vinho em copo americano ou usar canudinho!
Vou então beber cerveja, já que aí posso arrotar e falar alto. Ou anda, beber um chopp numa tulipa que só comporta 270 ml ao invés de 300, como imaginamos!
Nem tanto ao céu nem tanto à terra meu caro Jorge, equilíbrio é o nome do jogo, tudo tem seu tempo e momento. Acho que você não pegou o espírito e ironia do texto ou talvez eu não tenha conseguido passar a mensagem de forma adequada, desculpe, porém te digo que apesar de toda a experiência, grandes vinhos em grandes taças, um dos meus melhores momentos vividos na companhia de vinho foi numa tasca meia boca, tomando vinho da barrica de meu primo num copo de requeijão acompanhado com umas pataniscas de bacalhau lá na Vila Nova da Barquinha onde a família se origina. Vivamos o momento, saúde!
Caro João,
Acho apenas que ficou faltando a descrição do enópota, presente no livro do Émile Peynaud, O Gosto do Vinho.
Abraços,
Márcio
Apenas para deixar um forte abraço de agradecimento pela excelência da página (digo, do texto) relativo ao suco de Baco. Uma das melhores da parte da Net. Além disso, deixo claro, para os devidos fins que:
1. Não conheço o autor;
2. Não sou parente próximo ou distante do autor ou do webmaster (na maioria dos casos são a mesma pessoa!);
3. Estou mais próximo do Enochato, embora me esforce para abandonar a categoria;
4. Serei leitor assíduo.
Assim, repito, receba o abraço pelo conhecimento do tema e pela veia sarcástico-humorista de primeira casta.
Decio.