Interessante Painel de Vinhos Brasileiros.
Recentemente na confraria Saca Rolha optamos pelo tema Brasil e sua diversidade. Como sempre, a surpresa com o nível dos vinhos foi grandes, tanto que ao final decidimos repetir o tema com novos rótulos no próximo mês.
Como alguns amigos do Face e Instagram que viram a foto dos vinhos me pediram opinião sobre o que foi provado, optei por compartilhar com vocês aqui também já que muitos não frequentam essas mídias. Como estava servindo e participando, notas não foram tomadas então meus comentários abaixo veem de memória e de forma resumida.
Conti Grechetto 2017 (São Joaquim/SC), um branco para abrir os trabalhos. Uma uva que já não é assim tão conhecida e, acho, a Villaggio Conti é pioneira no Brasil com este varietal. A Conti é uma vínicola que só planta e elabora vinhos com castas italianas elaborando uma série de vinhos muito interessantes para quem curte diversidade. O vinho é fresco, mas vai bem além! rs Boa estrutura, notas amendoadas com final meio limonado, vinho sedutor com notas aromáticas de intensidade média, frutos tropicais e leve floral, acidez balanceada e final seco.
Bassetti Roberto 2015 (São Joaquim/SC), delicioso Sangiovese que já vai na terceira safra (2013/14 e 15). Descobri há 2 anos numa visita e venho acompanhando a produção que se iniciou com pouco mais de 300 garrafas, foi para 600 e agora com a safra de 2015 creio que bateu 1300. São 22 meses de barrica, um vinho de cor clara, corpo médio, muito rico meio de boca, taninos finos que encanta quem o conhece, perfeito exemplar de Sangiovese com ótima textura e frutos silvestres que pedem a segunda e terceiras taças. Boa acidez, tipico dos vinhos de altitude, e persistência.
Cave Antiga Marselan 2007 (Farroupilha/RS), um mostra de que esta uva hibrida do sul da França pode produzir vinhos longevos e de muita qualidade. O ano de 2018 foi pródigo em algumas surpresas com vinhos brasileiros longevos, este foi uma dessas Achou, compre!! Um vinho que está soberbo, rico, equilibrado, fruta madura ainda bem presente, mas algumas notas terciárias já presente lhe aportam bastante complexidade, ótimo volume de boca, um vinho a curtir, eu o faço!
Zanella Porcentual 2014 (Antonio Prado/RS), um blend criativo que foi mais uma das gratas surpresas que tive no ano passado. Corte de majoritariamente Merlot com Cabernet Sauvignon e agora as duas surpresas, Tannat e Alicante Bouschet com passagem de 12 meses por barrica francesa e americana com uma produção limitada a 3000 garrafas. Nariz de boa intensidade com frutos secos, notas terrosas e especiarias, na boca fruto maduro, bom volume, corpo médio mostrando boa estrutura tânica e aveludado, final de boa persistência e acidez equilibrada. Boa companhia para carnes e me deu muito prazer tomar, virei fã.
Para terminar, dois vinhos de maior conceito na mídia:
Miolo Lote 43 2011 (Bento Gonçalves/RS), já virou um clássico, tradicional corte de Cabernet Sauvignon com Merlot elaborado em anos especiais (só 7 em 17 anos) em Bento Gonçalves pela Miolo. Ainda muito vivo, quase jovem, com um montão de anos pela frente. Doze meses de barricas francesas e americanas, paleta aromática complexa de notas achocolatadas misturadas a frutos negros e especiarias cresceu conforme o vinho foi esquentando. Na boca mostra-se muito rico, equilibrado, encorpado, vinho para voltar a provar daqui a mais 6 anos! Sua reputação tem razão de ser.
Guaspari Vista da Serra 2015(Espirito Santo do Pinhal/SP) de terras paulistas, um produtor que já virou referência e mais uma vez fez bonito, Ainda prefiro o Vista do Chá que acho possuir uma acidez mais acentuada que faz feliz! Clássico paulista, virou famoso rapidamente e seu preço acompanha a fama. Syrah clássico com 17 meses de barrica francesa, frutado, especiado, toque tostado, encorpado com notas apimentadas e boas persistência.
Se eu tivesse que dar uma nota média para esta degustação, sobre 10 eu ficaria com algo ao redor de 7,5 a 8 o que demonstra claramente que nossa produção tupiniquim está muito bem obrigado, bastante qualidade mesmo que ás vezes pecando pelos preços exageradamente altos. Gostamos tanto que no próximo mês degustaremos mais uma seleção de vinhos brasileiros explorando regiões e castas diferentes porque há bem mais a ser explorado que Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay mesmo sabendo que temos muito bons exemplares destes e, porquê não, alguns rótulos podem até ser com essas uvas, ou não! rs
Saúde, grato pela visita e nos encontramos novamente por aqui semana que vem. Um ótimo fim de semana e passa neste Sábado na Vino & Sapore porque aí o fim de semana ficará ainda melhor!
Adorei Joao, sempre esclarecendo e valorizando nossos vinhos de maneira simples .
Aguçando nossos desejos.
Parabéns 😉
Caro João,
Achei interessante você comentar o fator preço de muitos vinhos nacionais. Esse é, para mim, o principal fator que me afasta desses vinhos. Muitas vezes sinto-me explorado com o preço cobrado e como sempre encontro opções internacionais com qualidade e preço muito mais palatáveis, os vinhos nacionais vão ficando de lado para mim.
Atenciosamente,
Márcio
Oi Marcio, essa tem sido minha briga desde que comecei a Falar de Vinhos aqui. As pessoas até entendiam, algumas ainda erroneamente acreditam nisso, que eu sou contra o vinho Brasileiro. Longe, muito longe disso. Também já tive preconceito, isso já passou, mas a verdade é que hoje se fazem muitos bons vinhos no Brasil, alguns excelentes. Minha grande critica sempre foi quanto à forma de comercialização, mesmo antes de eu ter loja, e à precificação. Por muitas vezes o pessoal viaja, basta ter um pouco mais de qualidade e os preços disparam. Acho que há vinhos de 80 a 180 reais que brigam pau a pau com importados do mesmo naipe, mas quando começam a cobrar 200 a 400 pratas aí acho que extrapolam. Agora, se tem nego que paga será que estão errados? Não sei e cada um sabe de seu negócio, o que sei é que por esse preço eu compro um vinho de excelente qualidade de qualquer outro país.
João,
Tive a oportunidade de provar a garrafa do Cave Antiga marselan 2007 que comprei na sua loja. É um tinto que vale cada centavo dele e realmente prova que os vinhos brasileiros podem envelhecer bem e sem tem um preço abusivo.
Valeu pela dica!
Abs.,
Guilherme
Valeu Guilherme, pena que acabou, é daqueles que a gente tem dó de ver partir. rs Agora é esperar mais uns seis anos para o 2017 ficar no ponto, ou não!