Cara Sucia, Gostei!
Gostei, ponto! Aliás, gostei muito porque me deram enorme prazer tomar e me deixaram feliz. Afinal, o que é esse tal de Cara Sucia? Cara Sucia é um projeto dos irmãos Durigutti que dispensam apresentações, produtores de vinho em Lujan de Cuyo (Las Compuertas), Mendoza numa bodega inicialmente criada em 1959 e comprada pelos irmão em 2008. Na época essa bodega tinha uma capacidade para algo ao redor de 700 mil litros, mas a família já elevou essa capacidade para mais de 2 milhões. Seus vinhos “tradicionais” são altamente premiados por gente como Robert Parker, Wine Spectator, Wine & Spirits, Wine Magazine, Stephen Tanzer, Jim Atkins, James Suckling e outros ban-ban-bans da critica mundial. Aqui eles se dão ao luxo de voltar às origens com vinhos de uvas pouco conhecidas e valorizadas, em pequenas produções buscando vinhedos no leste de Mendoza, em Rivadavia, região menos midiática. Eu gostei muito do que provei e tomei, por isso estar aqui compartilhando com vocês estes dois rótulos.
Cara Sucia Cereza – mal sabia eu que esta uva existia! É uma uva criolla, dos tempos coloniais, cruzamento da Moscatel de Alejandria com a Listan Prieto. Vinhedos antigos (1940) e orgânicos, engarrafado sem filtrar nem clarear, somente 3 mil garrafas produzidas. Sem passagem por madeira, somente ovos de cimento, é um vinho que a maioria das pessoas, que como eu provou, o definiu como vibrante e divertido. Seus 13,5% de álcool são imperceptíveis, fresco que nem um branco, taninos quase inexistentes, cor brilhante cereja claro, seco, é vinho que surpreende, encanta e nos seduz. Não é Rosé, não é tinto, é um Claret! Uma experiência diferente para tomar de golão e que deixa em seu final um persistente sorriso no rosto. Já comprei algumas garrafas para minha adega pessoal.
Cara Sucia Cepas Tradicionales – mais uma viagem dos irmãos! Bonarda, Syrah, Sangiovese, Cardinale, Beiquiñol, Barebera, Buonamico cofermentados. Vinhedos orgânicos antigos, também de 1940, leveduras autóctones, ovos de cimento, engarrafado (só 5 mil garrafas) sem filtrar nem clarificar. O conceito é o de menor interferência enólogica possível o que costuma me assustar um pouco, mas ao abrir a garrafa todos os possíveis preconceitos caem por terra. Nariz que pede para levar a taça à boca, fruta fresca, ervas, taninos sedosos e amáveis, muito boa acidez, absolutamente delicioso na boca, um vinho guloso que pede a próxima taça e acaba rapidinho. Sem protocolos, nem grandes harmonizações, é um vinho acima de tudo muito prazeroso de se tomar.
Os vinhos acabaram fazendo parte da seleção de Agosto da Frutos do Garimpo, espero que os amigos que levaram kits os curtam como eu. É isso por hoje, kanimambo pela visita e vem comigo a Santa Catarina? Saúde e nos vemos par aí nas curvas sedutoras de nossa sempre surpreendente vinosfera.