Sobre a Minha Mesa
Seleto grupo de vinhos portugueses sobre minha mesa e na minha minha taça. Mesa portuguesa farta, repleta de sabores e de boa companhia. Para acompanhar um primeiro prato de bacalhau e um segundo de cordeiro com batatas e brócolis, ambos deliciosos, os confrades levaram algumas preciosidades. Cortes de Cima Reserva 03, Quinta do Corujão Dão Reserva 01, Esporão Reserva 04 e eu levei minha ultima, snif/snif, garrafa de Malhadinha Tinto 03. Para finalizar a refeição e acompanhar as rabanadas, um Vinho do Porto Fonseca Ruby, melhor só se fosse um LBV!
Lembrar de todos esses vinhos tomados com muito gosto faz quase seis meses, acompanhados de uma galera de bons gourmets, fica difícil até porque tomar notas numa hora dessas seria uma tremenda enochatisse! Então, se me permitem, copiarei algumas resenhas encontradas na rede, adicionado de algum comentário do que eu me lembrei. Agora, que foi inesquecível lá isso foi!
Esporão Reserva 04, esta foi a avaliação do Pedro Barata do blog Os Vinhos com link aqui do lado. Diz ele; “Aromas de fruta madura bem vincados, com leves especiarias a acompanhar, tem um paladar cheio e volumoso, a madeira ainda está muito presente, mas denota alguma elegância, taninos maduros e complexidade muito interessante, o final é prolongado”. Apesar de todas as criticas favoráveis, tenho que confessar um pecado; não sou um fervoroso e apaixonado consumidor dos vinhos da Esporão, pelo menos dos que já tomei, mesmo os achando muito bons e bem feitos. Este, mais uma vez, lembro-me que não entusiasmou, mesmo sendo um vinho correto e muito bem feito. Será uma questão de incompatibilidade de gênios? rsrs. Sou teimoso por natureza então seguirei tentando e provando, afinal são vinhos de grande prestigio e respeitadissímos. Os vinhos da Herdade do Esporão são importados pela Qualimpor e o preço deste deve andar por volta dos R$90,00.
Quinta do Corujão Dão Reserva 2001, deste me lembro claramente, pois me surpreendeu muito positivamente, um vinho muito equilibrado, elegante, macio e de grande sabor, que me agradou sobremaneira. O provei novamente num recente encontro promovido pela ViniPortugal e esta primeira impressão se confirmou estando no ponto para ser tomado. Um vinho sedutor de corpo médio, boa acidez, de grande harmonia, taninos finos, boca de boa fruta e algo de especiarias com um final muito saboroso, agradável e longo implorando pela próxima taça. Um vinho que acaba rápido, com um estilo que me agrada muito e faz a minha cabeça. Este é certamente uma boa opção que recomendo aos amigos, até em função do preço que está por volta de R$82,00 na Vinci, que é quem importa.
Cortes de Cima Reserva 2003, um degrau acima dos demais, complexo, denso e ainda muito fechado, tanto que deveria ter passado por um decanter para melhor mostrar todas as suas nuances. Um belo vinho do qual tenho uma garrafa na adega, mas que a meu ver precisa de tempo. Nesse momento e dia, não apresentou tudo o que pode, mas mostrou muita qualidade, estrutura, grande riqueza de sabores e muito potencial do qual espero sorver e apreciar melhor no ano que vem em meu 55º aniversário. Devido às “condições” em que foi servido, nem deu para abrir na taça como deveria! Eu gosto muito do “básico” tinto Alentejo deles, que é um dos meus achados (Melhores de 2008 entre R$50 a 80,00) e um vinho muito especial. Diz Pedro Gomes no www.novacritica-vinho.com ; “Amplo e profundo na entrada, cheio e denso, sem ser excessivamente gordo. Rico na evolução, sedoso, muito envolvente, com uma acidez quase estranha para a região e taninos robustos mas ao mesmo tempo muito sedosos. Termina muito longo com uma dimensão frutada –amora e ameixa- plena de encanto. Grande Alentejo, grande tinto, grande vinho. Se tudo fosse assim…”. Um digno representante do que de melhor o Alentejo tem a oferecer. Quem o trás é a Adega Alentejana, mas não tenho noção de preços, creio que deve andar próximo dos R$290,00.
Malhadinha Tinto 2003, desse eu lembro-me bem! Para mim e naquele momento, o vinho do dia. Aliás, poucos à mesa conheciam o vinho e ficaram entusiasmados, tendo dividido a preferência da mesa com o Cortes de Cima Reserva. Uma das principais diferenças entre os dois, todavia, foi o fato de que o Malhadinha estava absolutamente pronto, no momento ideal para ser tomado e apreciado. Por estar mais macio e pronto, se contrapôs melhor ao bacalhau, apesar de ter escoltado bem o cordeiro. Aliás, fosse um almoço normal e eu sugeriria essa harmonização, Malhadinha com o bacalhau e o Cortes de Cima com o cordeiro. Falemos desse Malhadinha, um vinho do Alentejo, corte de Aragonês, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon muito frutado com o que me pareceu ser algumas nuances florais, denso, de muito boa estrutura, taninos finos, elegantes e sedosos, ótimo equilíbrio, com um final de boca complexo, longo, algo especiado e muito saboroso que pede o segundo, terceiro e mais goles. Estava perfeito, um grande vinho no ponto para ser tomado, companhia certa e pratos idem, só podia dar no que deu! A comprovação de que o Alentejo possui uma interminável coleção de grandes vinhos que, por caracteristica de seus cortes e terroir, necessitam de tempo para mostrar toda a sua exuberância. A importação é da Épice e o preço ronda os R$260,00. Comprei em Lisboa por uns 25 euros, hoje deve estar um pouco mais caro, e esta garrafita já deixou saudades!
Fonseca Porto Ruby, esperar que depois de tudo isso eu lembrasse deste vinho seria exigir demais deste vosso amigo! Vinícola histórica produzindo Vinhos do Porto desde 1820, possui uma vasta gama de produtos, entre eles o BIN 27 que me agrada muito. Como só tenho uma vaga lembrança, recorri aos “universitários” (rsrs), neste caso ao www.portuguesewinesshop.com que diz: “Vinho jovem e encorpado, apresentando frescura e vigor, sabores de ameixa bastante prolongado, robusto, rico e harmonioso.” Que era bom era e a combinação com a rabada, divina! Disponível na Vinho Seleto por R$55,00 e o BIN 27 por R$70.
Os vinhos portugueses top estão já muito caros em Portugal e por aqui ficam quase que inacessíveis a nós pobres mortais, em função dos altos impostos e margens praticadas, porém sempre existem uns amigos viajando o que permite umas estripulia ou outra, opcionalmente se garimpa alguns bons vinhos menos midiáticos e de grande qualidade que abundam tanto aqui como especialmente por lá. Ao longo do ano passado comentei diversos e este ano, prosseguirei na mesma batida buscando os bons rótulos a preços melhores ainda, sem que haja necessidade de grandes perdas de qualidade. Enganan-se aqueles que pensam que a qualidade está no preço, qualidade está no conteúdo da garrafa! No caso do Malhadinha e do Cortes de Cima Reserva, e outros do mesmo calibre, o preço acompanha a qualidade do caldo, mas também o marketing e a produção limitada. São néctares que todos gostaríamos de ter na taça mais assiduamente, porém estão no mesmo nível dos grandes espanhóis, italianos ou franceses, então não é de se estranhar os altos preços, mesmo que não seja do nosso agrado. Tendo a chance, no entanto, não perca a oportunidade pois são soberbos.
Salute e kanimambo.
O último vinho que degustei se chama Quieto, produzido em mendoza, sinceramente muito bom. Belo corte de Cabernet Franc, Malbec e Cabernet Sauvignon, estagiou 12 meses em carvalho, deve custar na faixa de R$50,00 preço justo, encorpado, macio, notas de frutas vermelhas e baunilha, muito agradável ao meu paladar, eu recomendo.
Viva João,
Vejo a sua predilecção pelo Cortes de Cima, seja ele comum ou Reserva, com grande satisfação. É realmente de guardar e aproveito para o incentivar a provar o Reserva 2004 que apesar de jovem também está muito bom e copm um enorme potencial.
Aquele abraço!
Agradeço a dica. Vou colocar na lista de encomendas para quando tiver o próximo portador.
Abs
Não tem que agradecer João eu é que agradeço toda a divulgação que o meu amigo acaba por fazer ao publicar os seus artigos!
Já agora já alguma vez provou o nosso vinho 100% Syrah – Incógnito?
Ainda não meu caro José Eduardo, ainda não, mas te garanto que está na minha lista já faz um bom tempinho. É só uma questão de falta de oportunidade, sua fama, no entanto, o precede!