ABC do Vinho

Barricas, da Floresta à Vinícola

O uso de barricas no vinho passa por uma imensidade de variáveis e depois de ver este vídeo podemos entender o porquê quando um produtor diz usar para um determinado vinho só barricas novas, estar ele elaborando vinhos de alta gama. Esse processo não é barato, mas ao ver este vídeo creio que podemos entender o porquê disso.

Mesmo que consideremos um valor (baixo) médio de USD 1200 numa barrica de 225 ltrs (300 gfas) e três usos, falamos de um custo diluído ao redor de USD1,35 a garrafa só de barrica. Algo a se pensar quando alguém te falar de vinho com estágio em madeira, reserva e que custa 50 pratas! A grande probabilidade é que esse vinho tenha passado por um processo que chamo de “madeirização” do vinho ou seja, dar aromas e sabores de madeira ao vinho. Nada contra quem gosta, mas importante saber que nesse processo se usam; chips, tábuas (duelas), serragem, cubos, etc. e não barricas. Veja mais clicando aqui.

Lembrando, de acordo com o enólogo  Edegar Scortegagna (Enólogo da Luiz Argenta e diretor técnico de enologia da Associação Brasileira de Enologia): “O aroma de carvalho cedido pela barrica é uma consequência, a barrica é usada principalmente para micro-oxigenar os vinhos durante a maturação, por isso é essencial que tenha porosidade muito pequena”.

Dicas de Serviço do Vinho

Depois de publicar algumas dicas de como comprar vinho, gostaria de compartilhar com aqueles que estão iniciando seu caminho pelas estradas de nossa vinosfera, um pouco wine Snobde minha experiência sobre o tema. O Serviço do Vinho, isso pode fazer a diferença entre você se apaixonar por estes caldos ou virar o nariz para eles e, em último caso, espantar alguns iniciantes.

Todos nós iniciamos como tomadores de vinho, qualquer coisa baratinha no super tá bom, para depois começarmos a prestar atenção no que colocamos no copo ou taça, mesmo que ainda baratinho, e um monte de duvidas começam a tomar conta de nós. Mas quanto mais nos metemos a tentar entender essa incrível e complexa vinosfera, mais vemos o quanto ainda há para aprender e mais riscos corremos de nos tornar enochatos antes de enófilos! As dicas de hoje então, são válidas também para alguns já mais experientes que volta e meia me consultam aqui no blog ou me pedem ajuda na loja mesmo depois de uma litragem já relativamente alta, então espero que aproveitem. O objetivo é alcançar prazer em cada taça e é uma contribuição que podemos dar aos caldos de Baco.

1 – Taças de Vinho – não precisa exagerar, mas nesta fase o copo de requeijão (rs) é deixado de lado e está no momento de escolher umas taças. Para bater uma bolinha de vez em quando qualquer raquete dá conta, mas quando a coisa fica mais séria e seu jogo melhora, tem que caprichar, certo? Bem, o mesmo vale para suas taças que podem fazer uma enorme diferença nos vinhos que toma. Tá certo, comprar a raquete do Nadal, Djoko ou Federer não o transformará num astro das quadras se for um perna de pau, mas ajuda se já for competitivo! Se os vinhos que compra e toma normalmente já ganharam qualidade e você está na fase de prestar atenção no que bebe, então vale a pena pensar nas taças, a qualidade da “ferramenta” depende da “Qualidade” de seu jogo ! Leia mais em Taças de Vinho, Sem Elas não Dá!

2 – Temperatura do Vinho– A temperatura errada pode acabar com um vinho. Tinto alcoólico quente só vai aparecer o álcool, o tânico resfriado demais vai se tornar um pesadelo na boca, o branco gelado demais perde todos seus aromas. Aliás, o “estupidamente gelado” não nasceu à toa! Meia boca (cerveja, vinho branco, espumante), gela bem que se toma numa boa, não se sente nada!! É incrível como algo tão importante recebe tão pouca atenção já tendo tido diversas decepcionantes experiências de degustação até em produtores e importadoras! Aliás, isso vale para as taças também. Veja mais aqui em Temperatura do Vinho, Necessidade ou Frescura?

3 – Decantar Vinho – recebo um montão de perguntas de tudo o que é nível de consumidor. Primeira coisa a saber é o que é decantar e aerar, pois não são a mesma coisa. Quando e porquê aerar seus vinhos ou decantá-los, isso você poderá descobrir aqui, num de meus posts mais lidos,Decantar Vinhos – Quando e Porquê?

4 –Por último, ao receber convidados evite abrir vinhos desconhecidos para não ter surpresas quanto a eventual necessidade de aeração o que levará muito tempo. Opcionalmente, há a possibilidade de usar um Magic Decanter que é um aparato que turbina essa aeração, mas isso é papo para outro post. Se forem amigos também apreciadores que tenham um perfil de descobertas, aí tudo bem, aventure-se sem medo e tenha uma garrafa “porto seguro” de stand by para embalar o papo enquanto as estrelas do momento não fica pronta!

Saúde, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui ou por aí nos caminhos de nossa vinosfera. Um ótimo fim de semana para todos e quem quiser agregar algo já sabe, manda bala!

 

 

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Dicas Para Comprar Vinho – Olho Vivo!

Começando a prestar atenção no mundo do vinho, então você deve estar repleto de perguntas. Pois bem, não se sinta só, pois duvidas é que não faltarão nessa fantástica Valor na Taça 2 viagem pelos caldos de Baco e nunca cessarão. Eu sigo tendo um monte e quanto mais leio, estudo e provo, mais vejo o quão imensa é nossa vinosfera e quão pouco a conhecemos. Há gente que acha e se apresenta como se tudo soubesse, desconfie. Há tanta coisa a aprender neste mundo que nunca paramos de o fazer e isso não é só no mundo do vinho não!

Tudo em nossa terra brasilis está pela hora da morte e o vinho, que embute algo entre 52 a 58% de impostos, não é diferente então é importante tomar alguns cuidados na compra para não levar para casa gato por lebre.Mais ainda numa época de crise e inflação em alta, há que se cuidar de nosso rico dinheirinho, então eis algumas dicas para você ter em mente na hora da próxima “aventura” pelos caminhos de Baco!

1 – A uva no vinho. Varietal, uma obsessão do novo mundo que a maior parte de nós apreciadores de vinho pratica ou já praticou. Os produtores e a crítica se esforçaram muito para isso sem explicar o que realmente é, mas de qualquer forma é uma escolha mais sensata para começar mesmo que dois Cabernets do mesmo país e região produtora não sejam exatamente iguais, muito pelo contrário. Será que aquele Cabernet, Malbec ou Carmenére que você tanto gosta realmente é elaborado com 100% dessa uva? Você sabe o que está bebendo? Pessoalmente tenho uma queda pelos blends,prefiro sempre o conjunto da obra, porém o que poucos sabem é que muito desses varietais realmente são blends, leia mais aqui.

2 – Comprando Pontos? Pontuações nos vinhos são indicações ou tendências de qualidade e não devem servir de única base para sua escolha, tão pouco serem tomadas como conceitos de absoluta qualidade. Esse é mais um equívoco que muitos praticamos com maior ou menor parcimônia e por isso adoro colocar rótulos em provas às cegas, ajuda a desmistificar essa prática até porque alta pontuação num vinho não quer dizer que ele agradará seu palato da forma como o fez a quem pontuou. Veja como são dados os pontos, medalhas e troféus e cuidado com as chamadas dos marqueteiros de plantão para os ditos “melhores do mundo”, coisa inexistente! Existem um monte de rótulos de muita qualidade sem qualquer pontuação e outros altamente pontuados que nem sempre performam como esperado em nossas taças. Leia mais detalhes nestes posts Vinhos com Medalhas , o Valor das Notas e Notas no Vinho, Um Mal necessário?

3 – Idade, quanto mais velho melhor? – Ledo engano e uma das maiores falácias de nossa vinosfera que provoca muitos erros na hora da compra. Existem vinhos feitos para serem tomados jovens, a grande maioria, e outros para guardar ou deixar para serem tomados com mais idade e mesmo estes com capacidade de guarda é importante saber onde e em que condições foram guardados. Não compre vinhos antigos (mais de cinco anos) sem saber de seu histórico de vida. Já vi gente gastando uma nota preta numa “liquidação” e comprando vinho decrépito e sem vida. Um Beaujolais Noveau em 1 ano virou Beaujolais Velheau, cuidado. Evite vinhos brancos muito amarelados a não ser que sejam sugestão de alguém de confiança que garanta o produto (alguns são assim mesmo) e vinhos tintos amarronzados com excessiva evolução, podem ser ótimos porém se não os conhecer, evite! Leia mais aqui em Tempos de Guarda.

4 – Cuidado com excesso de desconto! As margens do mundo comercial dos vinhos não são grandes e o maior porcentual (cerca de 57%) fica com o governo que não dá desconto para ninguém! Grandes descontos podem ser encontrados quando o comerciante muda de portfolio para renovar estoque com novidades, mas fora isso é importante ficar de olho. Sempre compre uma garrafa e prove antes de comprar caixa, não se deixe levar pela “oportunidade” que pode ser um tiro no pé! Compare preço final e não desconto lembrando-se do velho ditado de que “quando a esmola é demais o santo desconfia”. Não deixe de aproveitar, porém sempre com um pé atrás e sem se deixar levar pela emoção!!

5 – Só vinhos caros são bons. Mais uma falácia que o mercado e os maus vendedores tentam repassar para o apreciador do vinho. Vinhos bons são caros sim, mas o inverso não é verdadeiro e existem vinhos bons em todas as faixas de preço. Tem muito vinho caro por aí que carece de qualidade ou, pelo menos, não vale o que custa então pesquisar é essencial! Compre vinhos não só que possa pagar, estejam dentro de seu orçamento, porém mais importante é comprar dentro de seu estágio de desenvolvimento enófilo. Se você está na fase dos Reservados, não adianta sair queimando uma nota num “Brunelão” que provavelmente você não irá apreciar. Comece pelos vinhos mais paliativos ao bolso e vá “crescendo” gradativamente dando chance ao seu palato para apreciar alguns grandes néctares. Já vi gente torrando os tubos em grandes vinhos e reclamando depois que não eram tudo isso quando em boa parte das vezes lhes faltava “litragem” para poder apreciar a complexidade daquela taça. Tudo a seu devido tempo, não dá para tirar a carta num dia e no seguinte entrar numa Ferrari a 200 por hora, a probabilidade de se dar mal será imensa!
6 – Cuidado com os termos Reservado, Reserva e Grande Reserva. Dependendo do país produtor isso não quer dizer nada, especialmente o tal do Reservado! Oriente-se, peça ajuda ao sommelier de plantão. Nesse sentido um comerciante especializado e honesto poderá ser de grande valia, encontre um de sua confiança especialmente quando estiver em busca de algo diferenciado. Nas lojas especializadas, que só vivem disso, sua chance de ser melhor atendido é bem maior.

7 – Infidelidade. Fidelidade é um valor importante social e comercialmente, mas furado na relação com o vinho. A infidelidade é essencial para o conhecimento do vinho e o enófilo que se preze; troque de uva, de país, de estilo, prove muito e de tudo, a única forma de se tornar um enófilo é investindo num saca-rolha! Tudo bem, tenha seus “portos seguros”, mas como já dizia o poeta, navegar é preciso e um bom timoneiro (comerciante/sommelier) de confiança é importante nessas horas.

8 – Avalie o local onde está comprando vinho. Vinhos ao sol, ambientes quentes, tudo isso ajuda a deteriorar os vinhos. Ainda no outro dia uma cliente me trouxe uma garrafa cara por sinal, de um Borgonha de 10 anos em estado decrépito. Ela achava que tinha comprado comigo e só depois viu o adesivo com o nome da loja, mas de qualquer forma o que mais impressionou foi o estado do vinho, parecia que tinha passado por uma estufa, cozinhou! Ambientes e vinhos bem tratados mostram cuidado e respeito para com estes caldos de Baco então, conheça seu fornecedor e a origem de seus vinhos! O cara que traz do Paraguai/Puerto Iguazu e outros que tais onde o vinho nem sempre permanece em locais climatizados (regiões quentes para dedéu) e sequer sabemos as condições em que foi para lá transportado, deve ser evitado. Sua “economia” pode ir para o saco ao abrir e aí já sabe, dançou mesmo porque não tem nem para quem reclamar depois!! Se for vinho de guarda então, mais cuidado ainda.

9 – Prove muito, pois isso vai facilitar sua vida na hora da compra e de alçar voos fora de sua zona de segurança. Participe de degustações, confrarias, etc., pois essa “litragem” lhe será útil na hora da escolha ao identificar um produtor ou origem que seja de seu agrado. Importante, registre o que mais gosta (Rótulo, uva, estilo, país de origem, região, preço e onde comprou) e aqueles do qual quer distância, porque também os há!

10 – Seja objetivo. Em uma loja, abra-se com o atendente sommelier ou proprietário. Fale quanto quer gastar, qual o estilo de vinho de que gosta (encorpado, leve, tânico, amadeirado, macio, elegante, etc), se for para acompanhar uma refeição, se for para presente, etc. Quanto mais informação você fornecer mais chance haverá de você se dar bem.

11 – Comprando Vinho Por caixa – Sempre de um fornecedor conhecido e confiável (cuidado com ofertas via internet e muito abaixo da média de preços) e de vinho que você já conheça.

Se tiver alguma dica a adicionar, por favor compartilhe conosco, envie seu comentário. Bem amigos em breve também darei algumas dicas sobre o serviço do vinho, porque alguns leitores e clientes têm me pedido isso. Para quem começa a se aprofundar nessa “viagem” pelos caminhos de nossa vinosfera, as perguntas vão surgindo aos montes e falo de experiência própria, então fico ao dispor dos amigos para ajudar no que estiver ao meu alcance. Saúde,kanimambo e espero poder atualizar o blog com maior frequência a partir desta semana inclusive com coisas da última viagem a Mendoza que seguem represadas!

 

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Dicas de Comportamento em Eventos de Degustação

Ontem postei sobre um monte de incríveis momentos a serem vividos pelos amantes do vinho e seguidores de Baco nesta próxima semana e daí me lembrei deste post que escrevi já faz uns anos mas que é sempre atual para momentos como estes. Sem querer passar por pedante, enochato ou coisas do gênero, porém há normas, escritas ou não, de convívio em sociedade que em determinadas ocasiões devem ser seguidas e nossa vinosfera não é diferente não.  Aliás, como falamos de bebida alcoólica, mais importante ainda pois perder o discernimento no processo é facin, facin! rs

Algumas delas são essenciais quando degustamos ou vamos a eventos do tipo onde um monte de gente acotovelada ‘briga” por mais alguns ml em sua taça, mas tenho visto nas inúmeras degustações que organizo ou que visito, que poucas são praticadas então cheguei à conclusão que este post tinha vez. A experiência tem me mostrado uma série de “senões’ que devemos levar em consideração quando nos propomos a encarar esse tipo de evento. Em cima dessa experiência, sem querer ditar regras, elaborei uma curta lista de dicas que, por mais óbvias que sejam, nem todos as praticam e lhe podem ser úteis nesses momentos para melhor usufruir desses eventos.

1 – Coma um lanche cerca de meia hora, algo neutro sem grandes temperos não vá se entupir de curry apimentado (rs), antes só para que a degustação não ocorra com estômago vazio. Tendo a possibilidade de ir mordiscando algo ao longo dos eventos, melhor ainda!

2 – Evite perfumes e colônias. Atrapalha a análise olfativa dos vinhos e, muitas vezes, até o vizinho. Incrível como até gente envolvida no business do vinho se atém pouco a esse essencial aspecto de uma degustação. Já vi importador de vinho chegando num jantar degustação e, de tanto perfume, acabar com ambos!

3 – Evite o uso de batom, inclusive os de cacau, pois atrapalhará sua análise gustativa.

4 – Tome bastante água, ajuda a equilibrar e diluir o teor alcoólico consumido. A hidratação nestes eventos é fundamental.

5 – Coma paõzinho, normalmente disponibilizado nos eventos, que ajuda a dar substância, porém mais que isso, é auxiliar na preparação gustativa limpando a boca para o próximo vinho.

6 – Sempre prove do vinho mais suave para o mais estruturado. Comece pelos espumantes e brancos; rosés, tintos e termine com o de sobremesa.

7 – Não fique batendo papo com seus amigos em frente ao estande bloqueando o acesso de outros visitantes do evento ao produtor. Pegue sua “dose” e ceda espaço para outros chegarem.

8 – Dê uma chance ao produtor provando boa parte de seus vinhos em vez de só mergulhar no vinho mais conceituado ou top do produtor. Isso em nada melhorará seu conhecimento e os melhores produtores se mostram mesmo é nos seus vinhos de entrada, pois produzir grandes vinhos, a grosso modo, quase todos conseguem em escala limitada! Agora, quem produz bons vinhos de entrada certamente entregará grandes 021001_WineSpitting_Maincaldos nas gamas mais altas e esse cara você tem que conhecer!

9 – Numa degustação de muitos rótulos, cuspa a maior parte do vinho para evitar eventuais excessos etílicos. Todo mundo faz, não adianta torcer o nariz, faz parte!

10 – Quando a degustação é limitada, poucos rótulos e menos gente, dê chance aos vinhos.  Prove-os e depois deixe-os respirar enquanto prova outros, voltando ao vinho inicial posteriormente. Uma série de vinhos evoluem muito bem na taça então dê-lhes uma chance de mostrarem todo seu potencial com calma.

11 – Evite ir de carro! Metrô, taxi, ônibus, carona, invente algo e evite dirigir. Afora os possíveis problemas com a lei, você está mais propenso a causar acidentes e mesmo que o cara que te “acerte” esteja totalmente errado e você certo, podes crer que vai sobrar no teu colo!

Como em tudo na vida, etiqueta e boas maneiras, respeito ao próximo e civilidade, coisas que andam caindo em desuso, também devem imperar em nossa vinosfera então lembre-se sempre que sua liberdade cessa onde começa a do outro. Por outro lado, existem formas bem mais baratas e mais eficientes de se tomar um porre e vinho não é uma delas, então prove com parcimônia e moderação até para poder efetivamente  aproveitar a viagem pelos caldos de Baco.

Salute, kanimambo e uma ótima semana para todos. Se tiver algumas dicas a acrescentar, por favor o faça, o espaço é para interação e sua participação e sugestão é importante sempre.

Você Sabe o Que Está Bebendo?

Um varietal pode estampar o nome da uva em seu rótulo quando esta possua predominância de no mínimo 85% na sua elaboração, porém algumas regiões isso pode chegar a 70% como em Cahors na França onde a Malbec comumente é cortada com Tannat e Merlot. No Brasil, esse porcentual é de 75% e a especificação das outras cepas que compõem o restante do vinho não é obrigatória vindo daí a pergunta, você sabe mesmo o que está bebendo?
Pessoalmente me preocupo com o todo, com a origem, com o produtor mais do que com a composição do vinho, porém há quem seja fissurado por saber das uvas que está tomando. Tem gente que só toma Cabernet Sauvignon e não toma blends porque acha que a “mistura” não faz bem ao vinho ou não gosta de Merlot, Malbec ou Carmenére. Será?!! Pode muito bem ser que esse tomador de vinho esteja tomando um “varietal” de Cabernet com uma boa dose de Merlot, Malbec, Petit Verdot ou até uma somatória delas sem saber!

Afinal, qual a diferença entre vinhos varietais ou vinhos de corte? Vinhos varietais são vinhos, a principio, feitos com um único tipo de uva, ou com predominância de um tipo de uva de acordo com a legislação da região produtora. Já os blends (de corte, assemblages, coupage, de lote ) são vinhos de misturas de diversas cepas o que requer grande experiência e sensibilidade do enólogo que vira um verdadeiro alquimista. Os vinhos de corte brancos, tintos ou rosés, misturam diferentes tipos de uvas para tirar o melhor de cada uva, buscando assim um vinho, mais equilibrado, mais complexo e mais completo. Eu adoro blends e um bom exemplo deles são os vinhos tintos de Bordeaux na França, que normalmente são uma mistura três uvas, Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc (há ainda outras possíveis, como Petit Verdot, Malbec e Carménère).

Qual o melhor, varietal ou blend? Este não é um fator de qualidade em um vinho e é certamente tema para muita discussão, porém numa lista dos maiores vinhos do mundo a maioria será, com grande probabilidade, composta em sua maioria por vinhos de corte pois o resultado dessa somatória vai muito além do mero resultado matemático e por isso insisto em dizer que nossa vinosfera não é binária! Pessoalmente tenho uma queda por blends como os portugueses do Dão e do Douro com suas castas autóctones em perfeita harmonia e os Chateaneuf-du-Pape, com até 13 uvas, que a meu ver crescem em complexidade e são meus preferidos, porém em primeiro plano o vinho tem que ser bom, isso sim é essencial!

Já que embarco para Mendoza nos próximos dias com um grupo de amigos e leitores, me veio á mente que esta região tem fama por seus varietais, porém há inúmeros exemplos de bons blends vindos tanto de lá quanto do Chile que poucos conhecem. Esse Susana-Balbo-Briosoaumento de produção de bons blends mostra que esses mercados produtores começam a atingir sua maturidade inclusive misturando a mesma cepa porém de vários vinhedos e sub-regiões ou altitudes (a Catena faz isso muito bem com a Malbec e a Las Moras com a Syrah), na busca da utópica perfeição. Um bom exemplo disso é o Suzana Balbo Brioso da Bodega Domínio del Plata de Mendoza, fruto de um blend de Cabernet Sauvignon / Malbec / Merlot / Cabernet Franc e Petit Verdot (corte bordalês completo) que mostra extrema complexidade aromática e explode na boca com muita harmonia e equilíbrio deixando um rastro de muito prazer, sem perder sua personalidade mendocina mostrando grande estrutura e se mostrando um vinho de guarda para tomar, preferencialmente, com mais de quatro anos de vida mas que dura dez tranquilamente!

Aproveitando essa dica, decidi que trarei dessa viagem alguns blends diferenciados e, como fiz da última vez que por lá estive, vou montar uma degustação só com eles! Essa degustação que fiz foi o maior sucesso e o pessoal até hoje fala disso, então reservem o dia 28/08  “Blends da Argentina” na Vino & Sapore a partir das 20 horas! Peça já a sua reserva através do mail comercial@vinoesapore.com.br, os rótulos só vou saber depois da viagem, porém o preço já está definido, R$100 por pessoa.

Uma uva ou diversas uvas, seu prazer é o limite, mas cuidado porque você pode estar tomando uma coisa achando que é outra então melhor rever seus conceitos ou comece a exigir aqueles rótulos em que o contra rótulo claramente especifique 100% do uso da cepa mencionada. Salute, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui.

Côtes du Rhône, A França Esquecida – Degustação Temática

CAM00049   Quando falamos de vinhos franceses invariavelmente tratamos de Borgonha e Bordeaux, eventualmente os rosés da Provence e um ou outro rótulo do Languedoc, quem sabe do Loire, outra região de parco conhecimento. As Côtes du Rhône com toda a sua riqueza e incríveis vinhos é pouco lembrada até porque diversos rótulos Cotes du Rhône e Cotes du Rhône Village de baixa qualidade inundaram o mercado durante bom tempo denegrindo a marca como já foi feito com outras regiões produtora no mundo como Valpolicella e os vinhos alemães. Nossa proposta, em parceria com a Decanter, é abrir essa região para você mostrando alguns rótulos dos mais diversos preços e gamas de qualidade escolhido por mim. ´Como sabem, sou um seguidor da máxima de Alexis Lichine de que; “No que se refere a vinho, sempre recomendo que se joguem fora tabelas de safras e manuais investindo num saca-rolha. Vinho se conhece mesmo é bebendo! “, então montei esta degustação temática no próximo dia 13 de Agosto às 20 horas na Vino & Sapore. Um pouco de teoria com muiiiita prática explorando os incríveis sabores do norte e sul do Rhône.

  • Condrieu – Com apenas 90 hectares de vinhedos, é uma região onde se encontra a quintessência da uva Viognier (branca), única uva que é permitida pela AOC situada bem ao norte da região, pouco abaixo de Cote Rotie – Amour de Dieu 2011 ,(R$298,00) de Jean-Luc Colombo é um desses bons exemplares a que a que a Wine Spectator deu 93 pontos.
  • Côtes du Rhône – um básico que cobre diversos terroirs na região e que pode ter os mais diversos níveis de qualidade. Há de tudo no mercado, porém nas mãos de um bom produtor como o Chateau Saint Roch 2009 (R$75) esta pode ser uma denominação com qualidade.
  • Lirac – Sul do Rhône e um outro perfil de vinho. Aqui reinam a; Grenache (min. 40%), Syrah e Mouvédre (min. juntas 25%), Cinsault e Carignan sendo a maioria tintos. Vinhos complexos, que precisam de quatro a cinco anos de garrafa para mostrar todas as suas virtudes. Este exemplar Saint Roch Lirac 2009 (R$105) é um vinho que surpreende quem tem pouco relacionamento com a região.
  • St. Joseph – Ainda no norte do Rhône, uma região onde a Syrah impera solo mostrando toda a sua exuberância. O Brunel de la Gardine St. Joseph 2007 (R$145,00) é um bom exemplo dos bons vinhos da região elaborados com esta uva que tem sua origem aqui mesmo, no Rhône.
  • Chateauneuf-du-Pape – no sul, tendo como epicentro a cidade de Avigon, talvez a região do Rhône mais conhecida de todas em que 13 uvas produzem alguns dos melhores vinhos franceses. Tanto nas versões branco como tinto, são vinhos vigorosos, comumente de alto teor alcoólico, marcantes que necessitam de muito tempo em garrafa para mostrar toda a sua personalidade. O Chateau de la Gardine 2007 (R$298) é um exemplo do que esses vinhos podem nos dar de prazer.
  • Cote Rotie – Célebre pelo corte de Syrah com Viognier, é uma AOC com apenas 200 hectares de vinhedos localizada no extremo norte da região que produz vinhos esplendorosos e tradicionalmente caros. Um dos grandes vinhos da região é o La Divine de Jean-Luc Colombo 2008, (R$503,00) um vinho de longa persistência, na memória!Sorry sold Out

O custo de investimento nesta degustação temática com grandes vinhos a ser realizada no próximo dia 13 de Agosto, será de R$120,00 por pessoa, pagas no ato da reserva. Serão disponibilizadas apenas 14 vagas, então não deixe para a última hora porque você pode não mais achar lugar. Ligue no Tel. (11) 4612-1433, envie e-mail para comercial@vinoesapore.com.br ou me contate via o blog garantindo logo seu lugar nas Côtes du Rhône!

 

Rhone Valley map-1

As Uvas Brancas de Portugal

Em Portugal as uvas brancas abundam de Norte a Sul e eventualmente você poderá até se deparar com uma Chardonnay, Sauvignon Blanc e Gewurztraminer aqui ou acolá, porém o país é berço de uma série de castas muito interessantes sendo o país que, por km², possui a maior seleção de uvas autóctones, são cerca de 250 diferentes variedades . Portugal tem a cultura dos vinhos de lote (corte, assemblage, blends, etc.) com duas ou mais uvas, porém nas uvas brancas a vinificação delas como monocastas, em estreme (varietais) são bastante comuns especialmente com as castas Encruzado, Alvarinho, Arinto, Loureiro e Antão Vaz. Hoje vou listar algumas das principais castas brancas locais e em que região encontrá-las. Entre nessa viagem e curta os bons vinhos brancos lusos, garanto que não faltará prazer!

Folha - albarino_alvarinho1Alvarinho – Região do Minho (vinhos verdes) em especial na sub região de Monção e Melgaço onde atinge seu apogeu! Existe em algumas outras poucas regiões onde um ou outro eventual rótulo poderá se sobressair, porém em nenhuma outra é tão exuberante. Vinho marcado pelo aromas florais (laranjeira, tílias) e sabores que nos remetem a frutos de boa acidez como a grape-fruit e laranja.

Folha - antao_vazAntão Vaz – a marca da Região do Alentejo onde é, por muitas vezes, elaborado em blend com a Arinto e a Chardonnay, porém é comum sua vinificação em monocasta. Normalmente dá vinhos de maior corpo com notas aromáticas que lembram acácia, e erva cidreira e na boca frutos amarelos como pêssego, manga e damasco com acidez moderada. Vinhos que se mostram melhor após dois ou três anos em garrafa.

Folha - Arinto-parraArinto – Muito presente no Minho e Douro, onde também é conhecida como Pedernã, é também encontrada em diversas outras regiões, porém com maior destaque na Região Lisboa, especialmente no DOC Bucelas onde aparece como monocasta, assim como no Alentejo onde aporta acidez nos lotes com Antão Vaz.

Folha - AvessoAvesso e Azal – uvas essencialmente usadas na elaboração de vinhos verdes na Região do Minho, mas que elaborados como monocasta resultam em vinhos bastante interessantes. A Azal é mais floral com sabores mais cítricos, enquanto a Avesso dá vinhos um pouco mais encorpados e harmoniosos.

Folha - BicalBical – é típica da região das Beiras, nomeadamente da zona da Bairrada e do Dão (onde se denomina “Borrado das Moscas”, devido às pequenas manchas castanhas que surgem nos bagos maduros). A par da casta Maria Gomes, a Bical é uma das mais importantes castas da região. Esta casta é de maturação precoce, por isso os seus bagos conservam bastante acidez. Os vinhos produzidos com esta casta são muito aromáticos, frescos e bem estruturados. Na Bairrada a casta Bical é muito utilizada na produção de espumante

folha - Cerceal-Br-folhaCerceal – Também grafada como Sercial, é cultivada em diferentes regiões vitícolas. De acordo com a região pode apresentar características ligeiramente diferentes. São conhecidas a Cercial do Douro e do Dão, a Cerceal da Bairrada e a Sercial da Madeira, também denominada de Esgana Cão no Douro. As principais características das variedades da Cercial são a elevada produção e boa acidez. Mais presente nas Beiras (Bairrada/Dão/Beira Interior) em lote com a Bical e Maria Gomes.

Folha - encruzadoEncruzado – a rainha dos brancos no Dão, produz vinhos exuberantes, complexos e únicos com boa longevidade. Os vinhos são de cor citrina, com bom teor alcoólico e com uma grande delicadeza, elegância e complexidade aromática, com notas vegetais, florais e minerais.São finos e elegantes no sabor, denotando um notável equilíbrio álcool/ácidos.

Folha - godello_gouveioGouveio – mais presente no Douro, aparece também no Dão. É tradicionalmente usado em blend com a Viosinho e outras uvas regionais, porém sendo ótima opção na elaboração de espumantes. Vinhos que apresentam um excelente equilíbrio entre acidez e álcool, caracterizando-se pela sua elevada graduação, boa estrutura e aromas intensos. Além disso, são vinhos elegantes com boa capacidade para uma boa evolução em garrafa.

Folha - fernao_piresMaria Gomes – conhecida por esse nome no centro e norte de Portugal, especialmente na região da Bairrada, é designada como Fernão Pires mais ao sul onde também tem papel preponderante nas regiões Tejo, Lisboa e Setúbal. Gera vinhos muito aromáticos (lichia, rosas, tilias) maior teor alcoólico, mas com uma certa falta de acidez o que a faz ser usada na maioria das vezes como complemento em blends de vinhos brancos.

Foto - loureira_loureiro1Loureiro – mais uma uva com forte presença essencialmente na região do Minho. Menos acídula que a Alvarinho, gera vinhos muito equilibrados de muito boa intensidade aromática onde predominam as notas cítricas e florais. Na boca mostra-se tradicionalmente muito harmoniosa com nuances de casca de laranja, nectarina e algo de maçã verde. Apesar de ser vinificado, mais recentemente, como monocasta é comum a vermos associada com a casta Trajadura, Arinto e Alvarinho nos vinhos de lote denominados Vinhos Verdes.

Folha - viosinho1Viosinho – casta típica da região do Douro, também Trás os Montes, onde é muito usada em vinhos de lote com Gouveio e Malvasia Fina entre outras. Produz vinhos bem estruturados, frescos e de aromas florais complexos. Normalmente são também alcoólicos e capazes de permanecer em garrafa durante largos anos.

           Outras uvas regionais menos importantes; Rabigato (Douro/Dão/Minho), Malvasia fina (Beiras e Douro), Siria ou Roupeiro (Alentejo e Tejo), Rabo de Ovelha e Perrum (Alentejo), Trajadura (Minho). Bem, por hoje falei só das castas brancas, mas em breve retorno ao tema com uvas tintas tradicionais portuguesas que são mais um monte! Salute, kanimambo e uma ótima semana para todos lembrando que se alguém quiser adicionar algo, fique á vontade.

Fontes de pesquisa: Infovini / Guia de Vinhos ProTeste / Comissões reguladoras vitivínicolas / Vine to Wine Circle.

A Espanha Não é Só Tempranillo

Tempranillo fez o nome dos vinhos espanhóis, falei disso ainda no último post, porém há muito mais a provar! Sempre incentivo a diversidade, a busca por novos sabores e na Espanha essa viagem de descobertas pelos mares de Baco são especialmente saborosas. Por sinal, o que poucos sabem é que as uvas Mouvédre, Carignan e Garnache, que muito pensam ser francesas, são originárias da Espanha nascidas na regiões viníferas situadas entre a Catalunha e Valencia, então abram suas mentes e disponibilizem suas taças para provar alguns desses saborosos vinhos.

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Apesar da Tempranillo na maior parte das vezes receber a companhia de outras uvas no corte, a cultura do país, a meu ver, ainda é a de varietais e tende também a ser algo mais regionalizada. No norte, a maior parte dos vinhos tintos têm como protagonista a Tempranillo, com todas as variáveis de nome, porém cada região / D.O. apresenta sua casta destaque. Para ajudar os amigos, eis uma lista das principais regiões e suas uvas mais marcantes.

  • Rioja DOC – Tempranillo (70%), Garnacha, Graciano e Mazuelo / Viura (Macabeo) nas brancas
  • Ribera del Duero – Tinto Fino ou Tinta del País (tempranillo), Cab. Sauvignon, Merlot, Malbec, Garnacha / Albillo nas brancas
  • Jumilla, Yecla e Alicante – Monastrell, Cencibel (tempranillo)
  • Rias Baixas – Albariño, Loureira, Treixadura e Godello (brancas)
  • Rueda – Verdejo a protagonista e Sauvignon Blanc
  • Navarra – Garnacha, Tempranillo, Mazuelo, Graziano, Cabernet Sauvignon, Merlot / Chardonnay, Sauvignon Blanc, Malvasia e Viura nas brancas.
  • Toro – Tinta de Toro ( um clone especial de tempranillo) e Garnacha
  • Bierzo – Mencia e Garnacha / Godello nas brancas
  • Cava – Macabeo, Xarel-lo, Parellada, Chardonnay e Malvasia (brancas) e Trepat, Pinot Noir e Garnacha nas tintas
  • Valencia, Utiel-Requeña, Manchuela – Bobal, Tempranillo, Pinot Noir, Garnacha, Monastrell, e Chardonnay
  • Penédes – Ull de Llebre (tempranillo), Syrah, Monastrel, Sansó (Carinena), Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir
  • Priorat DOC – Garnacha, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Syrah e Ull de Llebre (tempranillo)
  • Jerez – Pedro Ximenez, Palomino

Uma ótima semana para todos, salute e kanimambo

 

Medalhas de Ouro – Como Funciona Essa Premiação?

Wine meddalists - Von StiehlFalando de Vinhos e premiações com amigos confrades recentemente, achei que valia escrever um post sobre este tema. Quem não milita nesse setor pode ter a impressão errônea, fortemente fomentada pelo marketing tanto de produtores como das importadoras, de que um vinho que ganhou medalha de ouro em uma determinada feira, evento ou exposição, foi o melhor desse evento. Isso NÃO É VERDADE! Para que tenham uma idéia, no Decanter (conceituada revista Inglesa) World Wine Awards de 2013, participaram 10.400 vinhos e foram distribuídas quase que 10.000 medalhas, das quais 229 de ouro, 1.665 de prata, 4.165 de bronze e 3,658 Commended (recomendados). Na recente versão 2014 da Argentina Wine Awards foram provados cerca de 650 amostras e distribuídos 4 Trophies Regionais, 12 Trophies, 58 medalhas de ouro, 256 medalhas de prata e 276 de bronze.

Como já disse sobre as notas de experts ou pseudo experts, tem diversos por aí andando de salto Luis XV (!), estas medalhas e troféus dever ser absorvidas com a devida parcimônia. Dependendo do evento, não devemos fazer pouco caso da medalha, pois esta é atribuída a vinhos dentro de uma faixa de pontuação bastante alta. Já os troféus, esses são diferentes e premiam os melhores vinhos em cada categoria (região/cepa/país, etc.) determinada pela direção de cada evento. Posteriormente, os selos de premiação são comercializados aos produtores por parte do organizadores.

Me irrita profundamente quando os marqueteiros de plantão saem por aí anunciando um vinho que foi o número 1 dos top 100 da Wine Spectator, como o melhor vinho do mundo! A Miolo, por exemplo, anunciou aos 4 ventos que o Merlot Terroir 2005 (um bom vinho por sinal) ganhou numa degustação às cegas em Londres o título de Melhor Merlot do Mundo (foram 27 os vinhos provados)! Menos, vai gente, menos porque isso é falta de ética é querer eludir o consumidor seguidor de Baco!! Que um determinado vinho tenha ganho, por exemplo, um Troféu como Melhor Merlot do Evento num evento de prestigio consagrado é digno de celebração, mas vamos manter isso dentro da realidade, foi “só” o Melhor DAQUELE evento, não do mundo até porque para isso todos os melhores (?) deveriam estar presentes e invariavelmente não estão!

Concurso de vinhos
Vamos em função disso menosprezar premiações? Não, mas vamos digerir isso com a devida cautela e sem ufanismos. Várias premiações em diversos concursos dadas a um mesmo vinho em diversas safras faz dele, sim, um vinho de qualidade respeitada que deve ser festejada, porém que pode não ser do seu agrado, então provar é sempre essencial. Para mim, o melhor merlot nacional foi o Storia 2005, que depois não conseguiu repetir a performance (pelo menos das safras que provei) e hoje o Pizzato DNA , mas isso é tão somente a minha opinião em cima do que provei e tem um montão que não cheguei nem perto!

  • No Royal Adelaide Wine Show da Austrália, as medalhas são dadas para vinhos com a seguinte pontuação: Ouro 18.5/20 pontos e acima – Prata de 17.0 a 18.4/20 pontos – Bronze de 15.5 a 16.9 pontos.
  • No Concours Mondial Bruxelles – Ouro de 92,5 a 100 pontos – Prata de 87 a 92,4 pontos e Prata de 84 a 86,9 pontos.
  • No Decanter World Wine Awards – Ouro, de 95 a 100 pontos – Prata de 90 a 94 pontos – Bronze de 85 a 89 pontos e Recomendado (Commended), que eu traduzo como Menção Honrosa, de 81 a 84 pontos.

Decanter medals

Enfim gente, bebam vinho, não pontuação e não se deixem eludir pelo marketing extremo lembrando que, NÃO EXISTE VINHO MELHOR DO MUNDO! As premiações são tão somente uma fotografia de; um determinado evento, num determinado local, de determinados vinhos provados por determinados juízes/avaliadores num determinado dia. Mude um desses fatores e você poderá obter um resultado diferente. Tem um monte de rótulos com conteúdos maravilhosos que nunca entraram numa concurso ou feira de vinhos, que nunca foram enviados para avaliação da Wine Spectator ou da Wine Advocate (Robert Parker) e não por isso são inferiores em qualidade a muitos medalhados. Liberte-se, aventure-se, prove (essencial), saia da mesmice e curta a agradável viagem da busca por novos sabores e emoções!

Salute, Kanimambo e conto com vocês no Riedel Tasting de dia 16 de Abril. Dizem ser as melhores taças do mundo, será? Venha conferir, reserve já!

Ps. O WordPress segue com vontade própria diagramando o post do jeito que quer! Alguém aí está com o mesmo problema ou sou só yo!

Uvas Brancas, Vamos Navegar?

 

caravela1No total, falamos de mais de 1250 uvas vitis viníferas em uso (das 3 mil existentes), entre tintas e brancas, produzindo vinhos em mais de 520 regiões e 45 países, então é para colocar as barbas de molho quando alguém chegar te falando que conhece tudo de vinho, pois ele certamente ainda tem muito a aprender !

Dessas, pelo menos umas 350 (se alguém tiver um número mais próximo por favor avise) são brancas e a maioria dos seguidores de Baco só conhece uma meia dúzia, tipo; Sauvignon Blanc, Chardonnay, Riesling, Gewurztraminer, Semillon e eventualmente a Torrontés da nosssa vizinha Argentina e a Pinot Grigio italiana? Tá passado da hora de expandir os horizontes não acha? Existe um mundo enorme de sabores a serem explorados em países como Itália, Espanha, Portugal, Alemanha e a festa não tem hora para acabar ainda por cima com o calor que anda fazendo! Está na hora de começar a correr atrás do prejuízo e conhecer essa enorme variedade de deliciosos vinhos elaborados com uvas diferentes e pouco conhecidas.

Sou um apaixonado por vinhos brancos, costumo dizer que é a pós graduação no mundo do vinho, e não canso de experimentar sendo este post uma decorrência da escolha de uns vinhos para a degustação de uma confraria. Fica difícil escolher entre tanta coisa boa no mercado e mais do que recomendar vinhos, recomendo a viagem por algumas destas uvas. Escolha uma e saia procurando um vinho. Peça para os amigos fazerem o mesmo, não podem ser os mesmos rótulos, marque na casa de um e juntos descubram novas sensações! Eis uma listinha (adoro listas! rs) com uma série de dicas de uvas brancas a serem descobertas, boa viagem!!

Uva

País de Origem e Principal Região

Albillo

Espanha/Ribera del Duero

Aligoté

França/Borgonha

Alvarinho ou Albariño

Portugal/Minho e Espanha/Rias Baixas

Antão Vaz

Portugal/Alentejo

Arinto

Portugal/Lisboa e Alentejo

Assyrtico

Grécia

Avesso

Portugal/Minho

Azal

Portugal/Minho

Bical

Portugal/Dão e Beiras

Catarrato

Itália/Sicilia

Chenin Blanc

França/Loire e África do Sul

Encruzado

Portugal/Dão

Falanghina

Itália/Campania

Furmint

Hungria

Garganega

Itália/Veneto

Gouveio

Portugal/Douro

Grechetto

Itália/Lazio e Umbria

Greco di Tufo

Itália/Campania

Grillo

Itália/Sicilia

Gros e Petit Manseng

França/Madiran e la Gascogne

Gruner Veltliner

Áustria

Inzolia

Itália/Sicilia

Loureiro

Portugal/Minho

Maria Gomes ou Fernão Pires

Portugal

Marsanne

França/Rhône e Languedoc

Muller-Thurgau

Alemanha/Franken

Muscadet

França/Loire

Pinot Gris

França/Alsácia e Nova Zelândia

Rabigato

Portugal/Douro

Rjgialla

Itália/Friulli

Roussane

França/Rhône e Languedoc

Siria

Portugal/Beira Interior

Sylvaner

Alemanha/Franken

Trebbiano

Itália/Abruzzo

Verdejo

Espanha/Rueda

Verdicchio

Itália/Marche

Vermentino

Itália/Sardenha e Toscana

Viognier

França/Rhône

Viura (Macabeo)

Espanha/Rioja

Kanimambo, salute e seguimos nos vendo por aqui, nas degustações da vida ou na Vino & Sapore onde estarei até este Sábado esperando esvaziar a prateleira de promoções. Depois, muita coisa nova e em Fevereiro já uma gostosa programação de degustações temáticas, inclusive uma de brancos diferentes! Ótimo fim de Semana para todos.