O nome Chardonnay se tornou tão conhecido no mundo pelos amantes do vinho, que muitas vezes chegamos a pensar que seja um mero estilo de vinho branco e não uma variedade de vitís vinífera. Originária da região da Borgonha, na França, durante muito tempo foi a única variedade responsável pelos mais finos vinhos da região. O que fez com que essa percepção mudasse, foi o advento da moda dos vinhos varietais a partir do século XX. É a variedade branca mais dispersa pelo mundo, sendo cultivada na grande maioria das regiões produtoras do mundo e conhecida como a rainha da uvas brancas. Dependendo da maneira como é tratada, pode gerar desde vinhos longevos e complexos até brancos simples para consumo diário. Os vinhos podem apresentar as mais diversas característica organolépticas, podendo ser; leves, ricos, untuosos, apresentar caráter mineral, frutado, amanteigado, apresentar notas muito agradáveis de frutas tropicais como abacaxi, etc. Entre as uvas brancas, é uma das variedades mais passiveis de amadurecimento ou fermentação em barricas, desenvolvendo complexidade aromática e, mais que tudo, estrutura em boca, com untuosidade e estrutura especiais.
Um dos grandes motivos pelo qual a Chardonnay é considerada tão versátil é, sem dúvida, sua personalidade – ou a falta dela. É uma casta capaz de expressar o desejo do viticultor e a expressão do terroir. Somente em sua região de origem, Borgonha, é que produz um estilo de vinho que até os dias de hoje não conseguiu ser reproduzido em outro lugar, talvez pela composição do solo da região, o conhecido, caro e muito apreciado, Chablis. O Clima, grande influenciador direto de qualquer vinho, é determinante no caso desta cepa. Quando cultivada em regiões mais frias, gera vinho mais frescos e leves, se em regiões mais quentes, o vinho ganha estrutura, untuosidade e notas de frutas tropicais maduras. Algumas das regiões mais tradicionais na produção de vinhos brancos de Chardonnay são:
- Chablis, no norte da Borgonha (França); aqui o vinho produzido é o que chamamos de “tradicional” em relação aos Chardonnays, normalmente sem passagem em carvalho, frescos, com excelente acidez e caráter mineral típico em decorrência do tipo de solo calcário argiloso. Os Grand Crus e Prémiere Crus são vinhos de boa longevidade, podendo seguir evoluindo por 10, 12 ou 15 anos de acordo com Oz Clarke em seu Livro Grapes & Wines. Já os mais simples e ‘básicos’ são vinhos para 5 ou 6 anos no máximo devendo ser aproveitados enquanto jovens.
- Champagne, no norte da Borgonha (França); é a única variedade branca permitida na composição dos tradicionais vinhos de Champagne, junto com as tintas Pinot Noir e Pinot Meunier; sozinha, é responsável pelos tradicionais champagnes Blanc de Blancs.
- Mâcon e Cote Chalonnaise, no sul da Borgonha (França); produz vinhos brancos mais simples, normalmente denominados “Borgonha branco” para serem tomados jovens entre 2 a 4 anos.
- Cote de Beaune, sul da Cote D’Or (França); região tradicionalmente conhecida por “coração” dos borgonhas brancos; dessa região vêm os famosos Meursault, Puligny-Montrachet e Corton-Charlemagne, vinhos cremosos, algo mais encorpados que os Chablis, complexos em aromas e sabor, e normalmente de alto custo. Vinhos que crescem com o tempo, atingindo seu apogeu por volta dos 10 anos, mas podendo ir bem além disso.
- Friuli e Alto Adige, no norte da Itália; normalmente são vinhos frescos, com boa acidez e aromáticos. Na Toscana tem apresentado bons resultados com vinhos muito refinados, especialmente os que usam uvas de vinhedos mais antigos que ganham complexidade.
- Chile; os chardonnays chilenos estão em crescente evolução e a cada dia nos apresentam agradáveis surpresas, apresentam-se tradicionalmente algo madeirados, ricos em aromas frutados e de boa acidez, especialmente os vindos de regiões mais frias como os vales de Casablanca, San Antonio, Limari e Leyda.
- Austrália; aqui a uva revela sua expressão mais exótica, frutado e maduro, untuosos e normalmente amadeirados, porém a demanda do mercado tem provocado mudanças de vinificação com redução de tempo em barrica buscando mais frescor e mineralidade.
- Califórnia, na costa oeste dos EUA; muito conhecida por seus tradicionalmente bem amadeirados chardonnays, os produtores têm apresentado ao mercado vinhos mais frescos e menos untuosos.
- Argentina, os produtores ainda buscam os melhores terroirs para a produção de uvas com esta cepa, porém já se encontram muito bons vinhos na região, mesmo que em volume algo reduzido quando comparado ao Chile. Gera vinhos bastante amadeirados com menos mineralidade, mais pesados, alto teor acoólico e de maior untuosidade.
- Brasil, nossos produtores ainda buscam pelo melhor terroir e nosso clima quente não ajuda. Os clones trazidos tinham características diferentes mais direcionados à produção de espumantes em que amadurecimendo e concentração de fruta são secundárias, valorizando-se a acidez e o frescor. Somente agora começamos a produzir alguns varietais mais complexos e interessantes, mas os vinhedos e as vinícolas precisam de mais tempo para buscar melhor regularidade e constância de qualidade. Já nos espumantes, nossa produção se beneficia e gera vinhos de muita qualidade.
Sempre é melhor iniciar-se pelos vinhos mais simples e fáceis de tomar, incrementando e subindo degraus tanto de qualidade como de preço para que os tombos, ocorrem até entre os mais entendidos, sejam menos dolorosos. A meu ver é um ótimo parceiro para um Fondue de Queijo neste inverno, já tendo escrito um post sobre isso recentemente, porém o amigo, colunista e expert no assunto de harmonização, o Álvaro Galvão (Divino Guia), e agora nosso colaborador nesta coluna junto com a Mariana Morgado, nos indica massas e queijos como algumas de suas melhores harmonizações. “De todas as uvas brancas, creio que pelas mais diferentes propostas dos enólogos, o varietal Chardonnay é o que mais se pode variar em harmonizações. Pelo fato de ser uma uva que se apresenta mais mineral, como nos Chablis, mais amanteigados nos Australianos, mais frutado e alcoólico, como nos Argentinos, podemos encarar uma grande variedade de pratos em sua harmonização.
Não nos esqueçamos que esta uva também se presta aos bi-varietais e assemblages, pois empresta seu corpo e capacidade de envelhecimento à outras cepas, onde estas qualidades faltem. Queijos de massa mole amarelos, pedem acidez, então partimos para os que não tenham muita madeira, jovens, mas quanto mais “maduros” forem os queijos, mais devemos partir para os vinhos mais encorpados e amadeirados. Para os queijos de casca branca mofada, como os Camenbert e Brie os vinhos mais jovens fazem a diferença. Pastas que contenham ou no molho, ou em sua preparação sejam acompanhadas de frutos do mar, pedem os mais jovens e ácidos, mais minerais. Para as massas que contenham em sua preparação os derivados lácteos, podemos lembrar dos mais encorpados, já que falamos de carboidratos e lácteos juntos.
Falar de harmonização pede na verdade um tema, e eu escolhi queijos e massas por termos mais facilidade de comprendê-los e creio que todos já tenham passado pelas experiência, mas lembro que nada impede de tomarmos nosso vinho preferido com outras combinações de gastronomia e petiscos, não podemos é ficar sem os bons vinhos, e estes são os que nos agradam, para acompanhar nossas refeições.” Eu arriscaria dizer, que os chardonnays são, também, ótimas companhias para carnes brancas em geral. Escolha um vinho e faça você mesmo algumas experiências. Para facilitar sua escolha, eis alguns interessantes rótulos para seu garimpo:
- Benjamin Senetiner 08 – Casa Flora/Argentina – R$17,00
- Santa Helena Varietal 08 – Interfood/Chile – R$22,00.
- Aurora Blanc de Blanc Brut (100% Chardonnay) – Brasil – R$26,00
- Alamos Chardonnay – Mistral/Argentina – R$29,00
- Fabre-Montmayou Patagônia – Expand/Argentina – R$35,00
- Caliterra Tribute Chardonnay – Decanter/Chile – (ainda não está no catálogo)
- Familia Gascon – Wine Company/Argentina – R$41,00.
- Danie de Wet Sur Lie – Mistral/África do Sul – R$42,00
- Casa Valduga Gran Reserva 08 – Brasil – R$50,00
- De Wetshof Bon Vallon – Mistral/África do Sul – R$60,00
- Rutini Chardonnay – Zahil/Argentina – R$66,00
- Angelica Zapata – Mistral/Argentina – R$75,00
- Albert Bichot Chablis Domaine Long-Depaquit – Winebrands/França – (ainda não está no catálogo)
- Arboleda 05 – Expand/Chile – R$85,00
- Chablis 1er Cru Montmais Domaine Race 07 – Nova Fazendinha/França – R$97,60
Três Assemblages:
- Septima – Chardonnay/Semillon – Interfood/Argentina – R$23,00
- Trio Chardonnay 2008 – Expand/Chile – R$40,00
- Cheverny Le Vieux Clos – Chardonnay/Sauvignon Blanc – Decanter/França (Loire)- R$73,00
Post escrito a seis mãos! Meus amigos Mariana Morgado, Álvaro Galvão e eu. Para ver como contatar os importadores e checar onde, mais próximo de você, o rótulo está disponível, dê uma olhada em Onde Comprar, post em que constam os dados dos importadores e lojistas assim como de produtores brasileiros.
Salute e kanimambo