ABC do Vinho

Uvas & Vinhos, Chardonnay – A Rainha das Uvas Brancas

            O nome Chardonnay se tornou tão conhecido no mundo pelos amantes do vinho, que muitas vezes chegamos a pensar que seja um mero estilo de vinho branco e não uma variedade de vitís vinífera. Originária da região da Borgonha, na França, durante muito tempo foi a única variedade responsável pelos mais finos vinhos da região. O que chardonnay 2fez com que essa percepção mudasse, foi o advento da moda dos vinhos varietais a partir do século XX. É a variedade branca mais dispersa pelo mundo, sendo cultivada na grande maioria das regiões produtoras do mundo e conhecida como a rainha da uvas brancas. Dependendo da maneira como é tratada, pode gerar desde vinhos longevos e complexos até brancos simples para consumo diário. Os vinhos podem apresentar as mais diversas característica organolépticas, podendo ser;  leves, ricos, untuosos, apresentar caráter mineral, frutado, amanteigado, apresentar notas muito agradáveis de frutas tropicais como abacaxi, etc. Entre as uvas brancas, é uma das variedades mais passiveis de amadurecimento ou fermentação em barricas, desenvolvendo complexidade aromática e, mais que tudo, estrutura em boca, com untuosidade e estrutura especiais.

               Um dos grandes motivos pelo qual a Chardonnay é considerada tão versátil é, sem dúvida, sua personalidade – ou a falta dela. É uma casta capaz de expressar o desejo do viticultor e a expressão do terroir. Somente em sua região de origem, Borgonha, é que produz um estilo de vinho que até os dias de hoje não conseguiu ser reproduzido em outro lugar, talvez pela composição do solo da região, o conhecido, caro e muito apreciado, Chablis. Protos e Soutomaior 010O Clima, grande influenciador direto de qualquer vinho, é determinante no caso desta cepa. Quando cultivada em regiões mais frias, gera vinho mais frescos e leves, se em regiões mais quentes, o vinho ganha estrutura, untuosidade e notas de frutas tropicais maduras. Algumas das regiões mais tradicionais na produção de vinhos brancos de Chardonnay são:

  • Chablis, no norte da Borgonha (França); aqui o vinho produzido é o que chamamos de “tradicional” em relação aos Chardonnays, normalmente sem passagem em carvalho, frescos, com excelente acidez e caráter mineral típico em decorrência do tipo de solo calcário argiloso. Os Grand Crus e Prémiere Crus são vinhos de boa longevidade, podendo seguir evoluindo por 10, 12 ou 15 anos de acordo com Oz Clarke em seu Livro Grapes & Wines. Já os mais simples e ‘básicos’ são vinhos para 5 ou 6 anos no máximo devendo ser aproveitados enquanto jovens.
  • Champagne, no norte da Borgonha (França); é a única variedade branca permitida na composição dos tradicionais vinhos de Champagne, junto com as tintas Pinot Noir e Pinot Meunier; sozinha, é responsável pelos tradicionais champagnes Blanc de Blancs.
  • Mâcon e Cote Chalonnaise, no sul da Borgonha (França); produz vinhos brancos mais simples, normalmente denominados “Borgonha branco” para serem tomados jovens entre 2 a 4 anos.
  • Cote de Beaune, sul da Cote D’Or (França); região tradicionalmente conhecida por “coração” dos borgonhas brancos; dessa região vêm os famosos Meursault, Puligny-Montrachet e Corton-Charlemagne, vinhos cremosos, algo mais encorpados que os Chablis, complexos em aromas e sabor, e normalmente de alto custo. Vinhos que crescem com o tempo, atingindo seu apogeu por volta dos 10 anos, mas podendo ir bem além disso.
  • Friuli e Alto Adige, no norte da Itália; normalmente são vinhos frescos, com boa acidez e aromáticos. Na Toscana tem apresentado bons resultados com vinhos muito refinados, especialmente os que usam uvas de vinhedos mais antigos que ganham complexidade.
  • Chile; os chardonnays chilenos estão em crescente evolução e a cada dia nos apresentam agradáveis surpresas, apresentam-se tradicionalmente algo madeirados, ricos em aromas frutados e de boa acidez, especialmente os vindos de regiões mais frias como os vales de Casablanca, San Antonio, Limari e Leyda.
  • Austrália; aqui a uva revela sua expressão mais exótica, frutado e maduro, untuosos e normalmente amadeirados, porém a demanda do mercado tem provocado mudanças de vinificação com redução de tempo em barrica buscando mais frescor e mineralidade.
  • Califórnia, na costa oeste dos EUA; muito conhecida por seus tradicionalmente bem amadeirados chardonnays, os produtores têm apresentado ao mercado vinhos mais frescos e menos untuosos.
  • Argentina, os produtores ainda buscam os melhores terroirs para a produção de uvas com esta cepa, porém já se encontram muito bons vinhos na região, mesmo que em volume algo reduzido quando comparado ao Chile. Gera vinhos bastante amadeirados com menos mineralidade, mais pesados, alto teor acoólico e de maior untuosidade.
  • Brasil, nossos produtores ainda buscam pelo melhor terroir e nosso clima quente não ajuda. Os clones trazidos tinham características diferentes mais direcionados à produção de espumantes em que amadurecimendo e concentração de fruta são secundárias, valorizando-se a acidez e o frescor. Somente agora começamos a produzir alguns varietais mais complexos e interessantes, mas os vinhedos e as vinícolas precisam de mais tempo para buscar melhor regularidade e constância de qualidade. Já nos espumantes, nossa produção se beneficia e gera vinhos de muita qualidade.

                Sempre é melhor iniciar-se pelos vinhos mais simples e fáceis de tomar, incrementando e subindo degraus tanto de qualidade como de preço para que os tombos, ocorrem até entre os mais entendidos, sejam menos dolorosos. A meu ver é um ótimo parceiro para um Fondue de Queijo neste inverno, já tendo escrito um post sobre isso recentemente, porém o amigo, colunista e expert no assunto de harmonização, o Álvaro Galvão (Divino Guia), e agora nosso colaborador nesta coluna junto com a Mariana Morgado, nos indica massas e queijos como algumas de suas melhores harmonizações. “De todas as uvas brancas, creio que pelas mais diferentes propostas dos enólogos, o varietal Chardonnay é o que mais se pode variar em harmonizações. Pelo fato de ser uma uva que se apresenta mais mineral, como nos Chablis, mais amanteigados nos Australianos, mais frutado e alcoólico, como nos Argentinos, podemos encarar uma grande variedade de pratos em sua harmonização.

               Não nos esqueçamos que esta uva também se presta aos bi-varietais e assemblages, pois empresta seu corpo e capacidade de envelhecimento à outras cepas, onde estas qualidades faltem. Queijos de massa mole amarelos, pedem acidez, então partimos para os que não tenham muita madeira, jovens, mas quanto mais “maduros” forem os queijos, mais devemos partir para os vinhos mais encorpados e amadeirados. Para os queijos de casca branca mofada, como os Camenbert e Brie os vinhos mais jovens fazem a diferença. Pastas que contenham ou no molho, ou em sua preparação sejam acompanhadas de frutos do mar, pedem os mais jovens e ácidos, mais minerais. Para as massas que contenham em sua preparação os derivados lácteos, podemos lembrar dos mais encorpados, já que falamos de carboidratos e lácteos juntos.

           Falar de harmonização pede na verdade um tema, e eu escolhi queijos e massas por termos mais facilidade de comprendê-los e creio que todos já tenham passado pelas experiência, mas lembro que nada impede de tomarmos nosso vinho preferido com outras combinações de gastronomia e petiscos, não podemos é ficar sem os bons vinhos, e estes são os que nos agradam, para acompanhar nossas refeições.” Eu arriscaria dizer, que os chardonnays são, também, ótimas companhias para carnes brancas em geral. Escolha um vinho e faça você mesmo algumas experiências. Para facilitar sua escolha, eis alguns interessantes rótulos para seu garimpo:

Chardonnay Clipboard

  • Benjamin Senetiner 08 – Casa Flora/Argentina – R$17,00
  • Santa Helena Varietal 08 – Interfood/Chile – R$22,00.
  • Aurora Blanc de Blanc Brut (100% Chardonnay) – Brasil – R$26,00
  • Alamos Chardonnay – Mistral/Argentina – R$29,00
  • Fabre-Montmayou Patagônia – Expand/Argentina – R$35,00
  • Caliterra Tribute Chardonnay –  Decanter/Chile – (ainda não está no catálogo)
  • Familia Gascon – Wine Company/Argentina – R$41,00.
  • Danie de Wet Sur Lie – Mistral/África do Sul – R$42,00
  • Casa Valduga Gran Reserva 08 – Brasil – R$50,00
  • De Wetshof Bon Vallon – Mistral/África do Sul – R$60,00
  • Rutini Chardonnay – Zahil/Argentina – R$66,00
  • Angelica Zapata – Mistral/Argentina – R$75,00
  • Albert Bichot Chablis Domaine Long-Depaquit – Winebrands/França – (ainda não está no catálogo)
  • Arboleda 05 – Expand/Chile – R$85,00
  • Chablis 1er Cru Montmais Domaine Race 07 – Nova Fazendinha/França – R$97,60

Três Assemblages:

  • Septima – Chardonnay/Semillon – Interfood/Argentina – R$23,00
  • Trio Chardonnay 2008 – Expand/Chile – R$40,00
  • Cheverny Le Vieux Clos – Chardonnay/Sauvignon Blanc – Decanter/França (Loire)- R$73,00

Post escrito a seis mãos! Meus amigos Mariana Morgado, Álvaro Galvão e eu. Para ver como contatar os importadores e checar onde, mais próximo de você, o rótulo está disponível, dê uma olhada em Onde Comprar, post em que constam os dados dos importadores e lojistas assim como de produtores brasileiros.

Salute e kanimambo

Iniciando-se nos caminhos de Baco – Parte II

             Como disse no post de ontem, nossa vinosfera não é monocromática, então pensar somente em vinhos tintos me parece um equivoco igual ao de só tomar vinhos franceses, só espanhóis ou só argentinos. Abra sua mente e amplie seus horizontes permitindo-se provar vinhos brancos, rosés, espumantes, generosos, etc.

             Tem gente que vai dizer que mulheres é que gostam de brancos e que no inverno só se devem tomar tintos. Pois bem, existem estudos que mostram que as mulheres preferem os tintos e lhes deixo uma pergunta; por acaso pára-se de tomar cerveja e sorvete no inverno? Pode até haver redução no consumo, mas as pessoas seguem consumindo gelado no frio, então porquê essa premissa não é válida para o vinho?

             Eu tenho me deliciado com vinhos brancos, mais que rosés, confesso, e espumantes de forma bastante regular, até porque existem pratos que pedem esses vinhos, e adoro abrir um encontro de amigos ou refeição tomando algumas dessas saborosas opções. Em Março fiz um painel bastante grande sobre Brancos & Rosés, mas eis aqui uma lista bastante enxuta que creio possa ser uma entrada para esta sedutora, diferente e vibrante paleta de sabores e aromas.

BRANCOS

 

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Benjamin Senetiner Chardonnay Argentina Casa Flora

17,00

Santa Helena Varietal Chardonnay Chile Interfood

22,00

Septima Chardonnay/Semillon Argentina Interfood

23,00

Cono Sur  Riesling Chile Expand

23,00

Salton Volpi Sauvignon Blanc Brasil  

24,00

Missiones de Rengo Sauvignon Blanc Chile Épice

26,00

Varanda do Conde Vinho Verde (Corte) Portugal Casa Flora

32,00

Verdicchio dei Castelli di Jesi Classico Verdicchio Itália Expand

32,00

Crios Torrontés Argentina Cantu

39,00

Concha y Toro Late harvest Sobremesa Chile Expand

39,00

Danie de Wet  Sur Lie Chardonnay África do Sul Mistral

42,00

Muros Antigos Loureiro Portugal Decanter

52,00

Protos Verdejo Espanha Peninsula

54,00

Rutini Chardonnay Argentina Zahil

66,00

Le Vieux Clos Chard/Sauvignon Blanc França Decanter

73,00

ROSÉS

Rosé Clipboard

Obikwa Pinotage África do Sul Interfood

30,00

Crios Malbec Argentina Cantu

39,00

Melipal Malbec Argentina Wine Company

45,00

Terraza Isula Sciaccarellu/cinsault França (Córsega) Emporio Sorio

49,00

Protos Corte Espanha Peninsula

58,00

           Nos brancos certamente poderia adicionar um monte de rótulos mais como, o Dr. L, um Riesling de Dr. Loosen (Expand) da região do Mosel na Alemanha, o Valduga Gran Reserva Chardonnay ou mais dois vinhos portugueses, o Quinta do Ameal Loureiro (Vinho Seleto) ou o Prova Régia (Interfood) elaborado com 100% Arinto e nos Rosés o Vinha da Defesa (Qualimpor), também português, mas me auto-limitei em 80 rótulos, então as listas são essas mesmas.

            Antes de finalizar, no entanto, um recomendação provem, bebam e curtam os espumantes nacionais, estão muito bons. Na linha dos mais baratos (até R$25) o Salton Ouro, Marco Luigi Moscatel, Marco Luigi Brut Champenoise, Aurora Brut Blanc de Noir (100% Pinot) e o Blanc de Blanc (100% Chardonnay) são imperdíveis e botam no chinelo a grande maioria dos proseccos italianos disponiveis no mercado nessa faixa de preço e tão em voga em casamentos, festas e eventos. Num nível um pouco mais alto (até R$45) os; Pizatto, Miolo, Dal Pizzol, Marco Luigi Reserva da Familia, Cave Geisse Nature e Marson Champenoise são uma grande pedida.

            É isso meu amigo, com estas listas termino estas dicas para quem está começando a navegar nestas águas regidas por deus Baco. Não é uma rota fácil, está repleta de tentações, mas o resultado costuma ser extremamente prazeroso. Espero que, de alguma forma, tenha contribuido para uma viagem mais tranquila e lembre-se, nesta vinosfera, como na maior parte das situações em nossas vidas, é praticando que se melhora, o que em nosso caso significa litragem, mas com moderação e na hora certa!

Para ver como contatar os importadores e checar onde, mais próximo de você, o rótulo está disponível, dê uma olhada em Onde Comprar, post em que constam os dados dos importadores e lojistas assim como de produtores brasileiros.

Salute e kaimambo.

Iniciando-se nos Caminhos de Baco

             Recebi dois comentários, do Paulo Roberto e da Rachel, que me incentivaram a escrever este post. É que muita gente que se inicia nos prazeres, alguns dissabores também, de nossa vinosfera fica um pouco perdido devido á enormidade de possíveis escolhas que hoje está disponível.  Bem-vindo ao club meu amigo e não é só você não, somos todos nós, em maior ou menor escala, mas somos todos já que é impossível conhecer todos os mais de 18.000 rótulos hoje existentes no mercado. Aí ainda tem o cara que fala que vinho barato é ruim e vinho caro é bom (!) o que é, em minha opinião, uma tremenda bobagem. A tendência é essa, mas os próprios Desafios de Vinhos que promovo mensalmente, são prova evidente de que isto não é regra. Os riscos diminuem conforme você for subindo na escala de preços, mas segue lá e, quando se erra, a queda é maior. Com tanta informação e disponibilidade, a chance de dar um tilt e cair em estereótipos é bastante grande. Costumo brincar dizendo que, em nossa vinosfera a infidelidade não só é aceite como é desejável, então mãos á obra, ou melhor dizendo, mãos á garrafa e bocas á taça!

            Minha sugestão para quem começa é começar devagar e por baixo até você encontrar seu estilo de vinho não deixando de provar os brancos e rosés também. Nossa vinosfera não é monocromática, então arrisque um pouco e experimente de tudo deixando de lado quaisquer preconceitos existentes, aqui pode! Teste diversos rótulos baratos garimpando junto aos mais diversos blogs sendo que já aqui você encontrará diversas listas e sugestões de rótulos provados. Veja em Tomei & Recomendo, Vinho na Taça, Degustações, Vinhos da Semana, Brancos & Rosés, Melhores de 2008 entre outras categorias listadas aqui do lado. São, no entanto, um monte de rótulos a pesquisar, então hoje reduzirei esta lista para uns 80 vinhos com os quais você poderá se iniciar e apreciar essa jornada que se inicia. São vinhos que vão subindo em ordem de complexidade e sofisticação, sendo os mais baratos uma gama de rótulos mais amistosos e fáceis de beber, porém bem elaborados, normalmente equilibrados e saborosos. Bons para se iniciar nas alegrias do mundo de Baco e não fazer feito em festas e eventos. Depois, quando você já tiver provado uns 40 ou 50 destes vinhos, é tempo de alçar vôo e fazer seus próprios garimpos, saber onde gastar um pouco mais, definir seu estilo de vinho e aproveitar todas as delicias com que deus Baco nos tenta diariamente lembrando que uma boa taça e a temperatura adequada , junto com uma guarda adequada, são essenciais para quem por aqui se aventura. 

                Comecemos por uma lista de sessenta vinhos tintos que cobrem um spectrum bastante amplo com diversas uvas, origens e regiões. Os próprios cortes simbolizam bem cada região dentro do mesmo país. Os preços foram checados e são em reais, porém devem ser tomados apenas como referência. Indiquei os importadores, mas tente buscar seu vinho direto com sua loja especializada preferida próximo de você. Criar uma sinergia com o pessoal de lá facilitará muito sua vida nesta expedição de garimpo.

Beginners list Clipboard

Alfredo Roca Malbec Argentina Casa Flora

18,00

Alfredo Roca Pinot  Noir Argentina Casa Flora

19,00

Fincas Privadas Tempranillo Argentina Malbec

19,00

Quará Malbec Argentina  

19,50

Graffigna Cabernet Sauvignon Argentina  

22,00

Trivento Tribu Pinot  Noir Argentina Expand

23,00

Monsarraz Tinto Corte Portugal Vinho Seleto

24,00

Salton Volpi Merlot Brasil  

24,00

San Marzano Primitivo Itália Casa Flora

24,00

Las Moras Malbec Argentina  

24,00

Grand Theatre Bordeaux Corte França Expand

27,00

Casillero del Diablo Syrah Chile VCT Brasil

27,00

Casillero del Diablo Merlot Chile VCT Brasil

27,00

Don Roman Rioja Tempranillo Espanha Casa Flora

27,00

Quinta do Cabriz Colheita Corte Portugal Winebrands

27,00

Bonachi Motepulciano Montepulciano d’Abruzzo Itália Mistral

28,00

Marco Luigi Res. da Familia Merlot Brasil  

32,00

Angheben Barbera Brasil  

34,00

Robertson Pinotage África do Sul Vinci

34,00

Domaine Conté Seleccion Barricas Carmenére Chile Zahil

36,00

Marques de Borba Tinto Corte Portugal Casa Flora

37,00

Cono Sur Reserva Pinot  Noir Chile Expand

39,00

Masseria Trajone Nero d’Avola Itália Vinci

39,00

Los Cardos Malbec Argentina Grand Cru

39,00

Don Candido 4ª Geração Marselan Brasil  

40,00

Chianti Vernaiolo DOCG Corte Itália Expand

42,00

Famiglia Bianchi Cabernet Sauvignon Argentina Mr. Man

45,00

Trumpeter Syrah/Malbec Argentina Zahil

45,00

Bom Juiz Corte Portugal Vinho Seleto

46,00

Ochotierras Reserva Cabernet Sauvignon Chile BR Bebidas

46,00

Pasion 4 Bonarda Argentina Fasano

46,00

Alaia Corte Espanha Peninsula

47,00

Chateau la Gatte Tradition Bordeaux Corte França Mistral

48,00

Phillipe Bouchard VdP Syrah França Vinea Store

48,00

Les Bretaches Corte Libano Zahil

49,00

Códice Tempranillo Espanha Peninsula

49,00

Saint Esteves d’Uchaux Corte França Zahil

51,00

Pisano RPF Tannat Uruguai Mistral

52,00

Quinta da Cortezia Touriga Nacional Portugal Casa Flora

54,00

Travers de Marceau Corte França De la Croix

58,00

Alfredo Roca Reserva Familia Malbec Argentina Casa Flora

58,00

Valpolicella Classico Campo del Biotto Corte Itália Decanter

59,00

Chateau Piron Bordeaux Corte França La Cave Jado

59,00

Salton Talento Corte Brasil  

59,00

Belleruche Rouge Corte França Mistral

62,00

Melipal Malbec Argentina Wine Company

64,00

Quinta de Cabriz Reserva Corte Portugal Winebrands

65,00

Barão do Sul Garrafeira (02) Corte Portugal Lusitana

65,00

Valdipiata Rosso di Montalcino Corte Itália Zahil

68,00

Wynns Blend Corte Austrália Mistral

68,00

Arriero Reserva (03) Cabernet Sauvignon Argentina Vinea Store

69,00

Domaine du Ministre Corte França Zahil

72,00

Valfieri Barbera D’Asti Barbera Itália Vinea Store

72,00

Odfjell Orzada Carignan Chile World wine

75,00

Luis Cañas Crianza Tempranillo Espanha Decanter

75,00

Quinta Nova Douro DOC Corte Portugal Vinea Store

75,00

Montes Alpha Syrah Chile Mistral

80,00

J. Carrau Pujol Corte Uruguai Zahil

82,00

Bouchard Bourgogne Rouge La Vignée Pinot  Noir França Grand Cru

83,00

Chateau La Guérinnière Bordeaux Corte França D’Olivino

98,00

Amanhã completo o post com dicas de brancos e rosados. Serão mais 20 vinhos que valem a pena ser conhecidos e complementam seu ciclo de conhecimento. Se conseguir tomar uns cinquenta ou sessenta destes, determinando seus vinhos para o dia-a-dia, para festas, achando seu estilo, então a missão estará cumprida (rsrs). Óbvio que existe mais um sem número de rótulos, mas esta lista é somente um pequeno empurrãozinho para você começar seus próprios garimpos.

Salute e boa sorte na jornada, que deus baco lhe ilumine o caminho.

Uvas & Vinhos – Merlot

          Como prometido, começamos hoje a publicar os posts sobre as uvas e os vinhos que compõem nossa vinosfera. Mais do que falar sobre as uvas, forneceremos uma lista de vinhos que acreditamos representar bem o caleidoscópioMariana de sabores, aromas e estilos dessa cepa. Optei por começar falando de Merlot, porque neste último mês falei muito de vinhos elaborados com esta uva, tive degustações e embates, mas mais que tudo pela confusão que o amigo, de nossa historinha da semana retrasada, fez quanto às características desta gentil cepa, fato que motivou esta coluna quinzenal que assino junto com a amiga e parceira, Mariana Morgado. Para quem ainda não a conhece, ó ela aqui do ladinho >>>>>>>>>

           Uva tinta de origem francesa da região de Bordeaux. É cultivada em toda a região do Sudoeste da França, com maior destaque nas regiões de Pomerol e Saint Émilion, margem direita de Bordeaux, onde junto com as uvas Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, compõe o tradicional corte bordalês, podendo também receber um pouco de Malbec e Petit Verdot no corte. Para quem se atreve a dizer que não gosta de Merlot, um lembrete para o fato de que o ícone Petrus é elaborado em Saint Émilion com cerca de 95% Merlot ou seja, é técnicamente um varietal desta cepa! Tem a certza que não gosta de merlot, ou será que você simplesmente ainda não tomou o vinho certo?

            Hoje em dia, é uma das uvas tintas mais cultivadas no mundo, competindo somente com a Cabernet Sauvignon como a uva tinta mais conhecida. É a uva tinta mais plantada em Bordeaux, somando 101 mil hectares plantados contra os 53 mil hectares de Cabernet Sauvignon. Apesar de ter sido achacada no filme Sideways com influência negativa no mercado consumidor, especialmente o americano, no mundo, já existem mais de 250.000 hectares de vinhedos plantados com esta delicada cepa e seu volume comercial volta a avançar.

Em geral, os vinhos da Merlot podem ter dois estilos básicos:

  • Quando as uvas são colhidas o mais tardiamente possível para gerar uma maior concentração e intensidade de cor e aromas de frutas, como ameixa e amora além de taninos macios e maduros combinados com bom corpo, graduação alcoólica e notas de frutas maduras. Tudo isso ainda pode ser complementado por estágio em barricas de carvalho, em geral francês. Este seria um padrão “internacional” de vinhos com Merlot, muito encontrado em vinhos do Novo Mundo.
  • Quando a opção é por colher as uvas antes, quando atingam seu grau correto de maturação (normalmente a Merlot amadurece pelo menos uma semana antes que a Cabernet Sauvignon), gerando vinhos com corpo e graduação alcoólica mais leves e sedosos, mas com maior acidez e aromas de frutas vermelhas maduras, como framboesa e morango, e ainda algumas notas vegetais. Essa seria a versão francesa dos tintos da Merlot.

Merlot Grapes         Quando vinificada sozinha como varietal gera, tradicionalmente, vinhos macios, fáceis de beber, com taninos sedosos e redondos para serem bebidos geralmente mais jovens, entre três a cinco anos, exceção feita a grandes vinhos de terroir que podem e vão mais longe. Quando mesclada à Cabernet Sauvignon e Tannat, resulta em vinhos de maior estrutura, equilíbrio e potencial de envelhecimento ajudando a amaciar estas cepas mais poderosas e bastante tânicas.

         Com exceção das regiões de Médoc e Graves, margem esquerda de Bordeaux, onde a Cabernet Sauvignon predomina, além de St-Émilion e Pomerol, encontramos vinhedos de Merlot também em Côtes de Bourg, Blaye, Fronsac. Além disso, está presente na maioria das regiões vinícolas do mundo, como Califórnia, Austrália, África do Sul, Brasil, Uruguai, Chile (onde, durante muito tempo foi confundida com a casta Carménère), na Itália (na região da Toscana, onde entra em muitos cortes dos Super Toscanos, Friulli e Sicilia) e muitos outros.

         Definir características olfativas, em qualquer vinho, acho meio temerário devido á enorme diversidade de estilos e terroirs, mais ou menos concentração, mais ou menos madeira, etc., no entanto, para aqueles que preferem tintos de estrutura média, taninos macios, agradáveis sabores, aromas de frutas vermelha e delicadas notas herbáceas, experimentem os Merlots produzidos mundo afora. Dê uma especial atenção aos rótulos Brasileiros onde esta cepa tem demonstrado uma enorme capacidade de adaptação, gerando ótimos vinhos em diversas faixas de preço e estilos. Aqui abaixo listarei algumas boas opções de rótulos com preços aproximados, que recomendo, mas garimpe, são inúmeros os bons vinhos disponíveis no mercado.

  • Villaggio Grando 2006 – Santa Catarina – R$45,00
  • Dal Pizzol – R$30,00
  • Marco Luigi Varietal – R$24,00
  • Marco Luigi Reserva da Família – R$ 32,00
  • Cordelier garrafa velha 2007 – R$18,00
  • Cordelier Reserva 2006 – R$25,00
  • Pizzato Reserva 2005 – R$35,00
  • Cavalleri Reserva 2005 – R$32,00
  • Salton Volpi 2005 – R$24,00
  • Vina Carmen Reserve 2005 – Mistral / Chile – R$51,00
  • Salton Desejo 2005 – R$60,00
  • Miolo Terroir 2005 – R$60,00
  • Valduga Premium 2007 – R$35,00
  • Storia 2005 – Valduga – R$110,00
  • Casillero Del Diablo 2007 – VCT Brasil / Chile – R$30,00
  • Marqués de Casa Concha 2006 – Expand / Chile – R$78,00
  • Fabre Montmayou Patagônia Gran Reserva – Expand / Argentina – R$98,00
  • La Butte Vieilles Vignes 2005 – Mistral / França – R$ 85,00
  • Wente Crane Ridge 2004 – Vinhos do Mundo / USA – R$98,00
  • Fleur du Cap Unfiltered 2004 – Casa Flora / África do Sul – R$83,00
  • Smithbrook 2005 – Wine Society / Austrália – R$75,00
  • Chateau la Monastere 2005 – Merlot, Cabernet Sauvignon e um tico de Malbec – Expand / Bordeaux – R$60,00
  • Chateau Puycarpin 2006 – Merlot, Cabernet Sauvignon e Franc – Zahil / Bordeaux – R$69,00
  • Chateau La Guérinniére 2005 – Merlot com Cabernet Sauvignon – D’Olivino / Bordeaux – R$98,00
  • Chateau Noaillac 2005 – Merlot, Cabernet Sauvignon e um tico de Petit Verdot – Decanter / Bordeaux – R$104,00
  • Pisano Rio de Los Pajaros Tannat/Merlot 2005 – Mistral / Uruguai – R$30,00
  • Don Pascual Tannat/Merlot 2007 – Expand / Uruguai – R$39,00
  • Cordilheira de Sant’ana Tannat/Merlot 2005 – Brasil – R$46,00
  • Cuvée Marguerite 2002 – Chateau Desclau – Vinea Store/Bordeaux – R$98,00
  • Bouza Tannat/Merlot 2006 – Decanter/Uruguai – R$85,00
  • Alain Brumont Côtes de Gascogne Tannat/Merlot 2006 – Decanter / França – R$49,00.

Clipboard Merlot

             Harmonizar Merlot e comida é relativamente simples divido à característica menos tânica do vinho tornando-o um vinho bastante “amistoso”. Como o segredo de qualquer harmonização é o equilíbrio do peso do vinho com o do prato, o ideal é servir estes vinhos acompanhando pratos mais delicados como frango, peru, vitela, pato, carnes grelhadas sendo que a combinação de Merlot com pratos em que cogumelos façam parte de sua elaboração é  particularmente saborosa. Desta forma, carne assada com molho marsala/madeira ou strogonoff de carne, por exemplo, são duas ótimas combinações que devem resultar naquela matemática característica de qualquer harmonização bem feita em que a soma de um mais um iguala três!

            Agora, se o estilo do vinho for de um caldo mais encorpado, aí pode-se buscar pratos mais elaborados lembrando que a melhor harmonização é aquela que lhe dá maior prazer e satisfação, não existem regras e estas são somente algumas dicas que podem lhe ajudar na busca do “casamento” ideal. Não sei se os especialistas recomendariam, mas uma vez tomei um saboroso Merlot Reserva da Familia do Marco Luigi acompanhando um fettucine com rabada desfiada e rucula, que estava de lamber os beiços! Nos finais de semana gosto de fazer uns sandubas em casa como hamburger de picanha grelhada, presunto cru com brie e até algumas variações de bruschetas e acho muito gostoso acompanhar esses lanches com vinhos tintos leves e de taninos delicados o que, invariavelmente, me faz escolher um merlot jovem com pouca ou nenhuma madeira, taninos doces e macios como acompanhamento.

             Bem, é isso e, para variar, me alonguei demais. Daqui a quinze dias voltamos, Mariana e eu, a falar de Uvas & Vinhos. Os comentários, duvidas, criticas (vê se não bate muito forte) são sempre bem-vindos especialmente se for para acrescentar conhecimento e nos fazer melhorar. Se quiser ver mais, acesse os links a seguir:

http://falandodevinhos.wordpress.com/2009/06/10/merlots-brasileiros-para-que-outros/

e

 http://falandodevinhos.wordpress.com/2009/07/01/desafio-merlots-do-mundo-resultado.

Salute e kanimambo

A Importância das Cepas

            Qual a importância de se conhecer as cepas nos vinhos que tomamos? Relativa na minha opinião, até que  no outro dia assisti à seguinte conversa entre amigos por volta de seus 35 a 40 anos, que apelidarei de Zé, Marcos e Fábio, no supermercado em que tradicionalmente faço minhas compras:

  • – Cara não sei que vinho comprar, é tanta uva!
  • Marcos – Qualquer coisa meu, é tudo vinho mesmo.
  • – Ô, não é assim não, depende da uva e do país as coisas mudam.
  • Fábio – É isso mesmo.
  • – Estou na duvida; um português, merlot, cabernet, o que levamos?
  • Fábio – Vai no português não, os vinhos de lá são muito ruins e esse merlot é uma uva muito pesada, pega um cabernet que é mais suave.
  • – Sei não, mas vai lá, acho que levarei este cabernet argentino. Se der errado é culpa sua seu fio …..
  • Fábio – Garanto meu, mas da Argentina não dá, de lá só malbec. Pega do chileno que esse não tem erro não, lá só tem vinho bom e esse Privado é da hora.
  • Marcos – Pessoal, não tou nem aí, o que pegarem pra mim tá bom, mas vamos logo que eu ainda quero pegar minhas cerva!

         Não preciso dizer o quão difícil foi me segurar para não ter um quarto personagem entrando nessa conversa, certo?! Afora a falta de conhecimento, até aí tudo bem e perfeitamente aceitável, ficaram evidentes o fato do neófito ditar regras (na minha terra isso tem um nome que não dá para mencionar aqui) com uma autoridade tremenda e o excelente marketing chileno. Enfim, escutar esse bate-papo assim como na Expovinis em que um cara, ao lhe ser oferecido um Cabernet Sauvignon, perguntou se não tinha só cabernet já que ele não gostava de blends (é vero), despertou em mim a necessidade de falar um pouco mais sobre as cepas disponíveis no mercado, sua tipicidade e o que se esperar de vinhos de cada uma delas. Já fiz uma matéria sobre a Syrah há um tempo atrás, mas não dei seqüência. Agora, fazendo este trabalho, aproveito e também melhoro o meu conhecimento sobre esse vasto tema, até porque existem mais de 3.000 espécies de uvas viníferas, das quais um pouco mais de 150 são usadas comercialmente.

JFC - Grape Clipboard

             Afinal, qual a importância das cepas no vinho? Nos assemblages, até alguns anos atrás nenhuma! O que importava era o produtor, região e o rótulo, a composição não era importante e, até hoje, é secundário na maioria dos países do velho mundo, especialmente quando nos referimos a vinhos de corte. A necessidade de saber que cepas compõem o vinho tem a ver com a objetividade e pragmatismo dos mercados do novo mundo, em especial dos americanos que pediam essa informação, e os produtores acataram essa demanda do mercado. Com a introdução dos varietais, trazidas com o advento do crescimento da produção do novo mundo na produção mundial, a menção no rótulo se tornou obrigatória. Elaborar varietais de uvas tradicionais (merlot/syrah/cabernet, etc.) é, teoricamente e dependendo da qualidade do vinhedo,  mais fácil do que elaborar blends então, nada mais lógico que o Novo Mundo trouxesse à baila este estilo de vinho como um processo de autoconhecimento, tendo influenciado o consumo mundial no processo. 

          Cada cepa tem uma característica e uma tipicidade, ao saber com que uva o vinho foi elaborado o consumidor tem a sensação de saber o que está comprando, o que não deixa de ter uma certa lógica apesar dos furos nessa afirmação, criando uma expectativa que se espera seja confirmada na boca. Na verdade uma mão na roda para o consumidor que faz uma compra com menor risco. Pois bem, pensando nisso e não tendo tempo hábil para fazer todo o trabalho de pesquisa, convidei a amiga Mariana Morgado que já tinha feito um trabalho similar e, juntos, vos estaremos apresentando uma nova cepa quinzenalmente, alternando os Sábados com as gostosas crônicas do amigo Breno (por sinal a última estava divina). Ao falarmos sobre as características e histórico de cada cepa, também listaremos alguns bons vinhos elaborados com ela, dentro das mais diversas faixas de preço e origens, vinhos que, preferencialmente, já tenham andado por minha taça. A Mariana, para quem não conhece, é uma menina muito capaz e simpática que durante um tempo adornou as hostes da Wine Premium e Expand com sua graça, conhecimento das coisas de nossa vinosfera e eficiência. Roqueira, sonhadora, cheia de energia, parte agora para uma carreira solo com um monte de projetos interessantes que, conforme forem se concretizando, vocês ficarão sabendo aqui no blog. Fiquei super feliz que ela tenha aceitado meu convite e honrado por assinar este artigo junto com ela. Dia 18 já sabem, vai ao ar nosso primeiro post Falando de “ Uvas & Vinhos”.

           Por enquanto fica minha dica, evitem generalizar, pois cada vinho é um vinho, cada produtor tem o seu estilo, e cada terroir suas próprias características que influenciam sobre-maneira qualquer cepa. Existem bons vinhos de todas as cepas em todos os lugares e ninguém produz só vinho bom ou vinho ruim. Podemos ter preferências, mas se até o Cristiano (Orlandi do Vivendo Vinhos) descobriu que existem Merlots de que ele gosta (rs,rs), aos quais deu mais de 90 pontos, então abaixe a guarda, livre-se de preconceitos, mantenha a mente aberta e prove, prove muito, pois existe esperança!

Salute e kanimambo

Existe a Safra Perfeita?

A meu ver, e na da maior parte dos entrevistados, a safra perfeita colheita-e-vinificacao1é uma verdadeira utopia desde os primórdios dos tempos, quando o egipcios produziam vinho lá pelo século III a.c.. Não existe a safra perfeita porque não existe perfeição em nada neste mundo, já que sempre algo pode melhorar, ainda mais quando estamos à mercê da tão mal tratada mãe natureza. No entanto, o que faz uma grande safra? Esta foi uma pergunta que me foi feita por diversas vezes e, mesmo sabendo a resposta, acredito que não tem gente mais competente para dar esse esclarecimento do que os enólogos e produtores de vinho que lidam com o vinho, a terra e as entepéries da natureza.

Mais do que gente que fala de vinho, fui atrás de gente que FAZ vinho e/ou convive com ele na produção há décadas! Conversei com alguns que, gentilmente, me prestaram seus comentários que listo abaixo. No entanto, de forma genérica, a qualidade da safra é determinada pelo nível harmônico entre baixos rendimentos, baixas temperaturas com ausência de calor extremo e variações demasiado altas durante o amadurecimento e colheita assim como um menor índice de chuvas durante a época da colheita . Esses principais fatores regem a qualidade das safras permitindo que as uvas atinjam um melhor nível de maturidade produzindo fruta de altíssima qualidade que certamente será demonstrada nos vinhos produzidos. Também perguntei o que é importante para produzir bons vinhos. Eis algumas dessas respostas:

 

foto2Gabriel Cancino Enólogo da Caliterrea (Grupo Chadwick), Chile

1.- sanidad de la uva

2.- capacidad de esperar la madurez óptima (ausencia de lluvias)

3.- rendimientos controlados

4.- adecuada extensión de la temporada (no menos de 150 días)

5.- una buena planificación (recursos suficientes en la bodega)

 

dosroques6_luisLuis Lourenço – Quinta dos Roques (Dão) – Portugal

Para a safra perfeita (se é que tal coisa existe) precisamos de um inverno frio para induzir um “adormecimento” das plantas  durante algumas semanas e chuvoso para que tenhamos suficiente água no solo durante todo o ciclo vegetativo.

Uma Primavera suave, pode ter chuva em Abril mas não muito frio para evitar a geada e acima de tudo um Maio e princípio de Junho, que é o período da floração, sem chuva e com um pouco de vento para ajudar na polinização.

O Verão deve ser quente, sem exageros, com um ou dois aguaceiros para repor humidade no solo e noites frescas para manter uma boa acidez natural nas uvas.

Muito importante é não haver chuva durante a vindima para que tenhamos uvas bem maduras e saudáveis sem qualquer tipo de doença.

Com as condições acima, será muito provável obtermos uvas bem equilibradas, com boa maturação, aromáticas, taninos firmes mas elegantes, boa concentração e boa acidez. Devo dizer que ainda estou à espera da safra perfeita… mas isso é uma das coisas boas de ser produtor de vinho – esperarmos sempre melhorar e ter esperança na natureza!

 

emmanuelEmmanuel Delaille – winemaker e proprietário da Domaine du Salvard – Loire – França

1/ Sanidade das uvas durante o ano inteiro, especialmente no verão.

2/ Controle de rendimentos. Muita uva na vinha é ruim, assim como pouca também o é pois gera excesso de concentração.

3/ Clima ameno, sem chuvas em demasiado nem seco demais.

4/ Calor é importante, mas sem exageros. Quando muito forte como em 2003, o calor mata os aromas e reduz a acidez.

5/ Controle de qualidade na cantina, desde a colheita, passando pelo processo de vinificação até a última garrafa na caixa. Cada detalhe faz a diferença e é extremamente importante.

 

papaMarcelo Papa – enólogo da Casillero/Concha Y Toro – Chile

El bajo rendimiento, es decir, la presencia de parras con menos uvas, la ausencia de lluvias y un clima más frío en términos generales –  y más fresco en los dos últimos meses- le dio  mayor tiempo a las uvas para madurar. La maduración lenta permitió cosechar las uvas  en el momento óptimo, teniendo como resultado una cosecha perfecta.

El clima es un factor importante en el resultado final. En los años de clima frío se logran vinos mucho más elegantes. La maduración lenta de las uvas nos entregará vinos elegantes, suaves, de mejor acidez natural,  con colores espectaculares y muy concentrados

 

jmpJoão Machete Pereira – Symington Family Estates (Douro) – Portugal

Chuva Mágica:

Começando pelo Inverno, altura em que a vinha se encontra dormente, é extremamente importante ter bastante chuva e naturalmente temperaturas baixas pois queremos que a terra absorva o máximo de água possível para que os lençóis friáticos possam ficar totalmente recarregados. Esta será a reserva de água para a videira na altura de maior calor, o Verão. No Douro a irrigação está totalmente proibida.

Com o início da Primavera, a videira desperta do seu período de hibernação invernal, e para que a fase seguinte possa acontecer, a floração, é necessário que as temperaturas subam. Esta para mim é uma fase extremamente crítica, é bastante importante que as temperaturas não subam em demasia para que a floração se possa dar de uma forma gradual. Durante a floração um pouco de chuva é sempre bem-vinda pois funciona como um tipo de “poda em verde” natural. Assim a floração será mais pequena e a qualidade de fruta que iremos ter posteriormente será maior. Desta forma a videira poderá concentrar mais energia para cada flor, que irá depois dar lugar à fruta, a uva. É também importante que a chuva não seja demasiada caso contrário a floração não se irá dar, como em todas as outras fases (e talvez como em tudo na vida!) é necessário que seja na quantidade certa.

 

A fase seguinte em que a flor se irá transforma em uva, é importante que não haja chuva e que as temperaturas subam de uma forma gradual. O ideal é que as temperaturas de cerca de 40º C que possam aparecer unicamente a partir de meados de Agosto, na fase final da maturação. No final de Agosto,início de Setembro, caso o Verão tenha sido quente (como normalmente é aqui no Douro) as uvas deverão já estar ligeiramente enrrugadas começando a dar sinais de cansaço…por volta desta altura (e talvez esta é a parte mais importante) se podermos ter um pouco de chuva para que a uva possa recuperar um pouco de todo o calor do Verão é ideal. Aqui mais uma vez é importante que seja na conta certa caso contrário é extremamente prejudicial!

 

 Após esta chuva é importante que as temperaturas altas continuem durante o mês de Setembro e Outubro para que a vindima possa ser feita nas melhores condições. A fase final que também é extremamente importante é acertar com o dia para começar a vindima. Por aqui normalmente dizemos que a vindima começa no Verão e acaba no Inverno. Penso que esta expressão transmite bem o que é a altura ideal para começar a colher as uvas: tentamos aproveitar ao máximo os últimos raios de sol do Verão sem apanhar as chuvas de Outono.

 

Assim sendo, para ter uma safra perfeita é necessário além do calor, ter um pouco desta “chuva mágica” nestes três períodos.

 

         Tenho mais declarações e comentários, italianos/franceses e americanos, porém creio que os acima já mostram claramente que o clima e suas intempéries é que reinam sobre o vinho. Quanto muito, a tecnologia de vinificação conjuntamente com o conhecimento do individuo é que poderão corrigir alguns dos problemas surgidos na vinha numa má safra. Como exemplo gosto sempre de mencionar dois estupendos rótulos de 2002, considerado uma das piores safras Européias (desastrosa em alguns países) na última década; o Barão do Sul Garrafeira (Portugal) e o Marqués de Murrieta Reserva (Espanha) dois vinhos deliciosos e muito equilibrados.

        

luis-leao Finalizo com uma declaração de Luis Morgado Leão, enólogo da Herdade do Pinheiro, Alentejo, Portugal; “Não há requisitos básicos para uma boa colheita, mas sim uma série de fatores que influenciam a qualidade e quantidade dessa mesma colheita, tendo as práticas enológicas uma ação muito pequena nessa qualidade. Cada vez mais os bons vinhos são feitos na vinha e só nos resta a nós enólogos trabalhar bem e respeitar o que dela vem, dando continuidade no trabalho de adega”

 

Salute e kanimambo.

Decantar Vinhos. O que é, quando e porquê fazê-lo.

Nem sempre o óbvio é tão óbvio assim, nem todos os amigos leitores têm o mesmo nível de conhecimento e sempre podem pairar duvidas sobre o porquê da decantação e quais os seus efeitos. Esta matéria elaborada em cima de experiências próprias, contatos com especialistas e sommeliers e muita leitura, é uma tentativa de eliminar duvidas quanto à decantação de vinhos que tem seus seguidores e outros nem tanto. 

A princípio, existem basicamente duas razões para se decantar um vinho; para separar o liquido de seus sedimentos (decantação) em vinhos não filtrados, como na grande maioria dos vinhos de longa guarda, e para “amaciar” os vinhos mais jovens e de média guarda e nesse caso o termo correto a ser aplicado é aeração, mesmo que isso seja feito num decanter. Há 20 ou 30 anos atrás, os vinhos ficavam envelhecendo em garrafa, por três, quatro ou mais anos, nas adegas do produtor antes de serem colocados no mercado, chegando ao consumidor mais amistosos e prontos a beber. Apesar de ainda existirem alguns puristas que seguem essa filosofia a globalização gerou uma maior demanda e aumentos de produção o que junto ao alto custo do capital e a necessidade de fazer caixa, fez com que os vinhos começassem a sair para o mercado muito cedo estando ainda muito fechados e duros na sua maioria, especialmente os de maior guarda. São estes os vinhos que se beneficiam bastante do processo de aeração.

Nos vinhos jovens que pouco passam por madeira, quando o fazem porque a maioria é chip ou tábua, para serem tomados nos primeiros dois ou máximo três anos de vida, não existe grande necessidade de decantação, apesar de que até eles podem se beneficiar desse processo de aeração por um curto espaço de tempo. Por pressões de mercado que nos empurram as novas safras, cada vez tomamos vinhos mais jovens e aproveitamos cada vez menos todo o seu potencial o que, a meu ver e para o meu gosto, é um equivoco. Para os vinhos de média guarda a serem tomados com 5 a 8 anos de garrafa ou os de longa guarda dez a mais anos, a aeração se torna essencial quando tomados mais cedo. No decanter ou em outro contentor similar, o vinho entra em contato com o oxigênio que provoca uma aceleração de sua maturação, intensifica os aromas da fruta, reduz a tanicidade do vinho, evapora um pouco do alto teor alcoólico (muito comum nos dias de hoje), perde um pouco dos eventuais exageros de madeira tanto nos aromas como sabor e ganha harmonia tornando-se mais macio e menos agressivo.

panorama-decanter

 Decantar um vinho de longa guarda, como um grande Bordeaux ou um Porto Vintage com seus já 15, 20 ou mais anos de garrafa pode, no entanto, ser um enorme perigo. Devido ao tempo de garrafa o vinho já evoluiu e está mais fragilizado, podendo morrer se ficar no decanter por muito tempo. O ideal é decantar somente para eliminar os sedimentos existentes, se quiser porque tem gente que gosta da borra junto, e servir de imediato evitando que o vinho permaneça por muito tempo nesse processo de oxigenação. Nestes casos recomenda-se que se deixe a garrafa na vertical por uma 24 horas antes de servir para que os sedimentos existentes desçam para o fundo da garrafa. Funil com redeUsando-se um funil de inox com redinha, tem o de vidro que eu também uso, verta o vinho lentamente no decanter até que as primeiras borras caiam na redinha e pare. Na garrafa restarão as borras e algum vinho que, eventualmente você poderá filtrar com um filtro de café e usá-lo na preparação de um molho, ou, se o vinho for “daqueles” inesquecíveis e caros que você não queira perder uma única gota, siga vertendo o vinho ainda mais vagarosamente. Algum sedimento ainda passará, mas …… Quanto ao uso do filtro de café, tem gente que o recomenda no lugar do funil com redinha, o que acho um enorme equivoco, já que o filtro de papel reterá também uma série de outros importantes quesitos do vinho como seus aromas, alguma untuosidade e sabores, então sugiro que jamais seja usado como filtro para vinhos.

Um outro aspecto da decantação é onde fazê-lo, tem que se comprar algum decanter caro? Não, na verdade não e, é aqui, que as potenciais frescuras aparecem, especialmente para aqueles com menos controle consumista já que realmente existem modelos com design lindíssimos. Lógico que se tiver a possibilidade, e não são caros, de comprar um especifico para este uso melhor. Precisa ser de vidro ou cristal, límpido, transparente e muito bem limpo o formato é menos importante. Na falta de um decanter especifico, pode usar uma jarra, não tem problemas, no máximo vocês estará agilizando o processo de oxigenação caso ela seja muita aberta na boca. É bonito? Nem tanto, mas quando não dá………, não dá, né? Por outro lado, depois de decantar ou aerar, sempre dá para devolver o vinho á garrafa e servir dela, então se usar uma jarra ninguém vai nem saber! rs Agora, ente R$70,00 a 100 já dá para encontrar um que não faça feio então, assim como com taças, também não vamos exagerar na economia, certo?

Por quanto tempo e quando decantar? Bem, aí varia muito de vinho para vinho e a minha opinião é, quando você não conhecer o vinho, sempre servir um pouco direto da garrafa algumas horas antes para provar e sentir se o vinho está muito duro e tânico até porque os vinhos mudam com a idade e aquele vinho “power” no seu segundo ano de vida pode já estar mais pronto aos oito! Muitas vezes, só na taça ele já abre um pouco e melhora, então provar um tempinho antes é essencial. Se ainda estiver fechado do aí uns 40 minutos a uma hora devem dar, eventualmente uns 90 minutos para os mais duros, porém disso nasce um outro problema, a temperatura que vai pró brejo. O vinho que veio da adega a 16 ou 18 graus, após 40 minutos ou mais, estará à temperatura ambiente o que quer dizer, dependendo de onde você esteja e da época do ano, algo próximo a 25 ou 30 graus o que o tornará intragável! Para evitar que isso ocorra, a dica é comprar um decanter que tenha em sua base um porta gelo, um decanter de fundo côncavo e um ninho de gelo sob a base, alguns exemplos podem ser vistos na imagem acima (fotos 1 e 2). São peças mais caras, mas têm lá seu charme e são eficazes, porém sempre se pode usar a criatividade usando um prato de sopa, desses de vidro transparente para não ficar muito feio nem chamar muito a atenção, com algumas pedras de gelo, mas sem que o decanter fico apoiado sobre elas. Desta forma, ele recebe somente o contato do ar gelado por baixo ajudando a mantê-lo à temperatura mais próximo do desejado e você pode ir dosando essa exposição. (clique na imagem para ampliá-la).

Clipboard Decantando vinhos

Por último ficam duas perguntas, que vinhos não decantar e se os brancos também se decantam? Bem, a recomendação é que somente os vinhos mais tânicos e duros devam passar pelo decanter já que vinhos mais delicados e de grande complexidade aromática, como um Pinot Noir da Borgonha ou um Cru de Beaujolais por exemplo,  salvo alguns especiais, podem perder toda a sua exuberância no processo. Quanto aos brancos, pessoalmente nunca experimentei, mas, a rigor, nada ganham a não ser talvez alguns grandes vinhos de maior corpo e idade como alguns Chateauneuf-du-Pape ou Condrieu.  O Champagne e espumantes, nem pensar, apesar da recomendação de alguns críticos, a alma deste vinho está em seu perlage, nas suas borbulhas, decante e você perde tudo isso, não faz sentido, pelo menos para mim!

Ferramentas de trabalho? rsrs Simples, um kit básico formado por; funil de inox com rede ou de vidro, decanter (jarra) e um pedestal para secá-lo depois de lavar, como na foto 3 da imagem acima com os diversos tipos de decanter e, óbviamente, um bom vinho!

Salute e Kanimambo.

Salvar

Brancos & Rosés, um Mundo de Cores

Antes de começar a postar alguns dos vinhos que Tomei e Recomendo dentro os vinhos provados neste painel de Brancos & Rosés, com tudo a ver com o nosso quente e chuvoso verão, creio interessante explicar como se faz um vinho rosé. Como sempre, muitos já saberão como, porém também existe muita gente por aí que desconhece os métodos usados e está curiosa, porém tímida de perguntar. Como um dos objetivos deste blog é também compartilhar conhecimento, vamos lá, vejamos as formas de elaborar um vinho rosé. Existem basicamente três formas de vinificação de rosados; mistura de tintos e brancos, prensagem e sangria.

 

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Mistura de tintos e brancos. Afora Champagne, onde a mistura de vinhos brancos e tintos é permitida na elaboração do Champagne Rosé, esta forma não é aceita pelo mercado e proibida na maior parte dos países produtores. Gera produtos be baixo nível de qualidade e pode, eventualmente, ser encontrado em vinhos de mesa elaborados de uvas americanas.

Prensagem direta como nos vinhos brancos. O vinho rosado de prensa é feito de uvas tintas esmagadas e a seguir prensadas em temperatura bem elevada com uma parcela dos pigmentos sendo dissolvida no mosto. Neste caso, a intensidade da cor dependerá da intensidade da prensagem utilizada. O mosto rosado é então fermentado sob as mesmas condições do mosto de uvas brancas a baixas temperaturas e bem protegido de oxidação.

Maceração rápida ou curta, método em que se obtém vinhos de melhor qualidade sendo o mais comum hoje em dia. Neste caso, a maceração (contato do mosto com as cascas das uvas) é restrita a um curto período de tempo, de cerca de 10 a 12 horas podendo chegar até 24 horas, até atingir a extração de cor e sabores que o enólogo deseja. Após esse tempo, o tonel é “sangrado” para remover de um terço a um quarto de seu conteúdo para elaboração do rosé, e o restante segue para a produção de vinho tinto.

         Abaixo segue uma figura, extraida do site Vins de Loire, que mostra claramente, mesmo que com legendas em francês, a diferença entre estes dois últimos métodos de vinificação de vinhos rosados.

 produzindo-rose-vins-de-loire

Os vinhos rosés podem ser elaborados com uma infinidade uvas, tanto como varietais como em cortes, depende da criatividade de cada enólogo e região produtora. Lá se vão os tempos de vinhos fracos, desiquilibrados e mal feitos. Hoje os vinhos rosados estão na moda em função do grande aumento de qualidade havendo diversos ótimos vinhos no mercado seja para um aperitivo descompromissado com os amigos num happy hour, ou vinhos mais elaborados e requintados que acompanham muito bem uma refeição e são bastante gastronômicos. Harmonizam bem com saladas, frutos do mar, paella, carnes brancas (frango e peru), comida chinesa (especialmente com molhos agridoces), salmão grelhado, lanches, etc.. Opte por buscar vinhos de menor teor alcoólico e boa acidez, tomando-os jovens (entre um a dois anos de garrafa), e bem refrescados entre 6 a 10º muito como você faria com um branco.

Ao longo dos próximos trinta dias postarei diversas matérias sobre deliciosos vinhos brancos e rosés pesquisados e provados ao longo dos últimos 60 dias. Foram cerca de 60 rótulos dos mais diversos estilos e preços, uns leves para bebericar outros mais evoluídos e gastronômicos no todo um painel que me agradou muito e deixará saudades. No final postarei a lista dos vinhos que mais me encantaram e comporiam a minha adega. De todos os vinhos, tentei evitar aqueles sobre os quais já falei em matéria especifica sobre brancos que publiquei aqui  e aqui , no ano passado. Alguns revisitei neste painel, mas poucos dentro do universo provado.

Salute e kanimambo

Sua Tabela de Safras 2009

Como no ano passado, fiz um acordo com a Mistral que muito gentilmente nos cedeu os arquivos de sua Tabela de Safras que agora disponibilizo para você meu caro amigo leitor a apreciador das coisas do vinho. É o tipo de informação importante para ter, porém para ser usado com parcimônia já que não é um divisor de águas, mas sim uma ferramenta de assessoria na compra de seus vinhos. Já tratei deste tema em posts anteriores, inclusive naquele em que disponibilizei a tabela no ano passado, porém a matéria que publiquei sobre a Toscana é um claro exemplo de como esta tabela pode ser importante na nossa escolha de um vinho a comprar. Eis mais algumas dicas de como aplicar as informações para melhor usufruir sua tabela que, sugiro, seja impressa e guardada em sua carteira como uma fonte de referência lembrando que estas tabelas devem assessorá-lo e não tomar decisões por você, pois são somente indicativos genéricos de qualidade. Usadas com sabedoria, todavia, podem sim ser uma valiosa ajuda na diminuição de equívocos na compra reduzindo consideravelmente nossa margem de risco.

 Lembrando, temos hoje, mais de 18.000 rótulos disponíveis vindos de todos os cantos do mundo! Quem não precisa de ajuda para escolher, quem? Esta Tabela de Safras II (contemplando safras conhecidas e avaliadas até final de 2008) pode ajudar na hora de suas compras. Eis algumas situações práticas em que a tabela pode, e deve, ser usada considerando-se, sempre, que estamos diante de garrafas e/ou origens pouco conhecidas.

  • Na prateleira dois rótulos iguais de Chianti Clássico, porém de safras diferentes; um de 2002 e o outro de 2006, qual comprar?
  • Um vinho desconhecido, de uma região/país que você pouco conhece como, por exemplo, a Austrália.
  • Vinhos de preço similar e do mesmo país, mas de regiões diferentes. Por exemplo; um espanhol de Rioja 2002 e um Toro do mesmo ano.
  • Quero comprar um vinho conhecido, de que gostei, para guardar na adega. Sabendo-se que vinhos de boas safras costumam ser mais longevos, fica clara a escolha a ser feita.
  • Uma promoção, preço convidativo, rótulo de design atrativo, um Bordeaux  ou Amarone 92 pouco conhecido. Compro ou não compro?

         Com o uso da tabela abaixo, suas chances de acerto melhoram bastante. Existem tabelas mais completas ainda que dão a indicação de quando os vinhos dessas safras estarão no pico e prontas para seu consumo ideal; Wine Magazine, Wine Spectator e Robert Parker produzem algumas destas e para todos eles existem links aqui do lado. A Helô reclamou, no ano passado, e a Mistral atendeu, agora a o Brasil já aparece na tabela. Por outro lado, aproveito para agregar informação sobre minhas experiências recentes com os vinhos brancos e roses nacionais de 2008 que estão muito bons. Não tenho dados efetivos que substanciem isso, porém na boca parece-me que estamos diante de uma muito boa safra destes vinhos.

          Nos vinhos do dia-a-dia, mais simples e feitos para serem tomados bem jovens, realmente a importância das safras é menos relevante. No entanto, ao subirmos a escala de valores e qualidade as safras começam sim a ter importância na elaboração de um vinho. Por exemplo, existem vinhos top que sequer são produzidos numa safra mais fraca (bom momento para comprar seu segundo vinho) e, por outro lado, o que faz um Tignanello 04 custar R$480 em quanto um 05 custa quase R$100 a menos ou um Chateau Rayas Chateaneuf-du-Pape Pignan 05 custar USD250 e seu irmão mais velho de 02 custar USD175 ou, ainda, um Quarts de Chaume de Baumard 06 custar USD159 e o seu, ótimo por sinal, 00 custar USD90? Por mais que neguem, sim as safras são importantes, inclusive no seu bolso. Por outro lado, se os grandes vinhos se fazem no vinhedo, como desprezar o valor das safras que nada mais é do que a soma de diversos eventos climáticos ao longo do ano e, em especial, da vindima? Um pouco mais para alguns produtores e rótulos do que para outros, mas apesar de tanta tecnologia a natureza ainda dita suas regras! Eis aqui a Sua Tabela de Safras:

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       Para imprimir, sugiro salvar a imagem e depois imprimir adequando tamanho. Não sei porquê, mas não estou conseguindo colocar a imagem no WordPress já no tamanho correto para impressão, sorry! Salute e kanimambo.

  

De Olho na Toscana

olho-vivoHá poucos dias tive oportunidade de tomar dois vinhos da região da Toscana/Chianti e me surpreendi. Não que não esperasse algo de qualidade, muito pelo contrário, porém nem tanto e, em especial, me surpreendi pela maciez desses vinhos em sua tenra idade, pois ambos eram de 2006. Para um ainda não existe importador, um Chianti Colli Fiorentini DOCG muito agradável, sedoso e fácil de tomar e o outro um Chianti Clássico de primeiríssimo nível que me encantou por sua textura e complexidade. Ambos vinhos firmes que certamente terão uma longa vida de guarda, o Classico um pouco mais, porém já prontos a beber com um equilíbrio e harmonia impressionantes. Deste ultimo, o Clássico, sobre qual falarei mais tarde junto com algumas boas novas que trarei ao longo do mês, me despertou ainda mais a curiosidade e me deixou intrigado pois esperava algo diferente em função de sua juventude, talvez um vinho mais fechado com taninos adstringentes o que não foi o caso. Aliás, esta me parece uma característica dos grandes vinhos em grandes safras, o fato de que, mesmo sendo de média para longa guarda, já são profundamente amistosos na boca com apenas dois ou três anos de vida.

Neste fim de semana passado, morgando após cansativos feriados de Natal e Ano Novo, lia uma edição da Wine Spectator e BINGO! Ali estava a explicação, duas incríveis safras seguidas para as quais temos que botar as barbas de molho e ficar de olho, pois os vinhos estão realmente excelentes, como há muito não se via, ou melhor, provava. Pela matéria da Wine Spectator, da qual extraí a tabela de safras abaixo por sub-região, existe uma séria controvérsia entre os produtores quanto a qual a melhor safra se de 2006 ou a de 2007, porém é unânime a constatação de que há muito a região não tinha duas safras seguidas com tanta qualidade exceto, talvez, há uma década nos anos de 97 e 98. Stefano Frascolla da Tua Rita (Expand), acredita que seu Syrah de 2007 talvez venha a ser o melhor vinho que ele jamais produziu, com uma impressionante paleta aromática e enorme riqueza e harmonia.

James Suckling, degustador oficial da Wine Spectator para vinhos italianos, afirma que as quatro notas mais altas dadas por eles em 2008, foram exatamente para vinhos da região, especificamente o Testamata de Bibi Graetz 06 (98), Tua Rita Redigaffi 06 (97), Marchesi de Frescobaldi Giramonte 06 (97) e Antinori Solaia 05 (97). Guardadas as devidas proporções, para nós proletários do vinho interessa saber que a máxima de que; em safras de grande qualidade podemos comprar bons vinhos de segunda linha dos grandes produtores ou primeira linha de produtores médios e nos darmos muitíssimo bem por preços mais acessíveis, tem que ser perseguida nestas safras de 06 e 07. Grandes vinhos dos grandes produtores, todavia, ficarão por preços além do imaginável, acessível só a bolsos extremamente bem recheados ou a cartões corporativos de plantão. Eu vou, certamente, me deliciar com chiantis de qualidade pelos próximos dois a três anos, disso podem ter certeza, e o resultado do garimpo publicarei aqui!

 

Ano

Bolgheri e Maremma

Brunello

Chianti e Chianti Classico

2007

 

 

88-92

2006

92-96

92-97

93

2005

91

88-92

88

2004

92

92-97

89

2003

88

88

91

2002

85

78

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2001

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2000

89

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1999

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97

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1998

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1997

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99

97

 

Salute e bom garimpo nos chiantis. Espero ainda este mês fazer uma matéria com um novo importador que traz alguns néctares por preços bem razoáveis. O Clássico que tomei é deles e me deixou caidinho! Só um toque, a sub-região de Bolgheri é mais afortunada ainda com 4 anos seguidos de boas safras, bom para garimpar.

Neste Sábado a volta da Coluna do Breno, no Domingo Noticias do Mundo do Vinho e na Segunda volto com mais Melhores de 2008, desta feita na faixa de R$50a 80,00! Bom fim de semana.