Espumantes & Casamento

Surpreendente, Valmarino & Churchill Extra Brut 2009

 

Pequena produção, somente 1250 garrafas disponibilizadas para venda, quatro meses de barricas francesas de primeiro uso, uma perlage e um colar que há muito não via numa taça de espumante. Tudo muito bonito e convidativo, mas e na boca? Eh, eh, é aí que ele surpreende para valer e adoraria ver esse espumante sendo servido ás cegas numa prova em que participassem os melhores rótulos nacionais e alguns champagnes. Delicioso, fino, muito fino, perlage consistente, muito equilibrado , fresco sem exageros, brioche, sutil fruta citrica, cremoso, complexo e absolutamente sedutor. Um belo espumante que não vai se encontrar por aí em qualquer lugar, só em lugares especiais como na Vino & Sapore (eh,eh), mas certamente daqueles que valem ser comprados de caixa e guardados porque, com esse pequeno volume de produção, vai faltar! Parabéns Nathan, mais uma tacada de mestre e essa parceria com a Valmarino, que já deu certo com o Cabernet Franc, realmente mostra que boas uvas, vinificação adequada e barricas de qualidade bem usadas rendem bons dividendos.

Um salute especial e kanimambo pelo privilégio.

Rito de Passagem – Paella, Rosé de Navarra e Anna de Codorniu!

Gosto da passagem de ano. Me atrai esse sentimento de ter alcançado mais uma etapa da vida, de conseguir alcançar mais uma e de renovar esperanças. De rever erros e acertos aprendendo com eles, de reformular o que tem que ser, de traçar novas rotas e definir objetivos. É, tradicionalmente para mim, um momento de reflexão importante mas que antes tem que ser festejado com mesa farta e saborosa bem temperada por um vinho à altura e um bom espumante.

Desta feita minha festa foi algo prejudicada por uma visita ao hospital no dia 30 que acusou a presença, graças a Deus ainda leve, de uma diverticulite tratada á base de antibióticos por uma semana! Desnecessário dizer que a gula, companheira destes momentos, teve que ser controlada, porém não deixei de dar alguns poucos goles.

Na ceia, uma incrível Paella da Dona Sagrário, célebre aqui na região da Granja Viana, que estava absolutamente divina! Conheço a Dona Sagrário e sua paella há mais de 20 anos e incrível como a qualidade se mantém, sem um único deslize ao longo de todos estes anos. Só a chegada dela à mesa já é um motivo de festa e deleite para os olhos, esse você pode ver na foto, e olfato com seus aromas envolventes  anunciando o prazer que certamente sentiremos no palato à primeira garfada. Para acompanhar, certamente o melhor ainda é uma sangria (faço uma da hora e ainda publicarei minha receita) mas com todo o trabalho deste final de ano, abri a loja no dia 31 até as 16 horas, esqueci!Não seria por isso, no entanto, que passaríamos a seco, então escolhi três vinhos; um branco Verdejo, um Rioja tinto básico e um Rosé de Navarra. Aclamado por todos, foi com o Señorio de Sarría Rosé que a paella mostrou melhor harmonia. Uma bela pedida, mesmo que em doses homeopáticas no meu caso, tendo o vinho demonstrado ter corpo e perfil adequado para acompanhar muito bem este magnífico prato. Obviamente, rs, que repeti a dose no almoço de dia 1, mesmo que comedidamente!!

Para celebrar a entrada em mais um ano de nossas vidas, abrimos um cava que está entre meus favoritos desde há muito tempo e que, quando se encontra no Free Shop de chegada a cerca de USD17, é uma barganha irresistível, para comprar de caixa! Elaborada com Chardonnay, o Anna de Codorniu é um cava diferenciado que deixa marcas na memória.  Às cegas, certamente passaria por champagne e foi uma bela maneira de celebrar o Novo Ano, muito bom! Enfim, um rito de passagem hispânico  muito saboroso que espero seja um sinal de boa colheita neste novo ano.

Agora restam-me mais cinco dias de tratamento e no próximo Domingo um belo churrasco com Tannat ou Malbec, estou na dúvida se abro um Abraxas ou Cobos 2002,  me espera e aí tiro a barriga da miséria!

Amanhã, meus Deuses do Olimpo. A primeira de uma coletânea de listas com o que de melhor passou por minha taça em 2010. Salute e kanimambo!

Salvar

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É Hora de Champagne Canard-Duchêne na CBE

         É, foi essa a minha escolha para o tema do mês escolhido pelo Silvestre para a Confraria Brasileira de Enoblogs. Após 10 dias de secura, a CBE me trouxe de volta, mas é que tenho trabalhado sete dias por semana, tido diversos eventos e realmente não tenho tido tempo para me dedicar ao blog. A partir de Janeiro, já com outra programação de trabalho, volto a escrever com mais assiduidade e regularidade.

           Bem, mas falemos deste champagne brut que, por seus R$165,00, se mostrou ser um achado num segmento de vinhos espumantes em que não é fácil encontrar algo abaixo dos R$200, quanto muito R$180,00 ou em alguma oferta esporádica. A Canard-Duchêne existe desde 1860 e está em sua terceira geração, agora com aporte do grupo Alain Thienot, ou seja; entende do riscado e isso está bem presente no caldo provado.

            Elaborado com 40% de Pinot Noir, 40% de Pinot Meuniére e 20% de Chardonnay, apresenta bolhas finas, abundantes e persistentes como tem que ser todo bom champagne. Aromas de boa tipicidade com o brioche bem presente, complexo e sutil. Na boca é tudo de bom e onde ele mais mostra seus predicados, com a chardonnay, mesmo que como coadjuvante no assemblage, mostrando sua cara de forma escancarada como que te dizendo “sou mais eu”! Delicado, fresco, mostrando uma faceta mais cítrica, termina cremoso e com boa persistência deixando aquele gostinho de quero mais na boca.

        Um bom Champagne que faz bonito na taça e satisfaz sobremaneira. Uma boa opção para este final de ano ou qualquer outro momento especial que mereça celebração!

Salute

Espumantes de Preços Módicos – Parte II

            Eis o restante dos espumantes provados neste painel que iniciou no post do último dia 24 . Ficou provado que preço não é documento nestes casos, mesmo reconhecendo o fato de que, normalmente, conforme ele cresce aumenta também a complexidade dos caldos. Fica no entanto uma pergunta; na praia ou em grandes festas e eventos precisa dessa complexidade toda? O que é que buscamos nessas horas? Essas perguntas deixo para você responder.  

         Uma outra conclusão é que, com algumas exceções, entre os importados nesta faixa, os mais baratos, melhor ficar com os nacionais. O Brasil está produzindo espumantes muitos bons com preço bem competitivos, coisa estranha já que nos tintos os preços são razoavelmente altos alegadamente devido a impostos que também existem aqui. De qualquer forma, a não ser que busque complexidade e espumantes especiais para momentos especiais, pode-se esbaldar por aqui no dia-a-dia!

Marco Luigi Brut, um Blanc de Blanc com 100% chardonnay e método clássico que lhe dá uma delicadeza e perlage fina cativantes já mostrando uma certa complexidade com aomas cítricos e algo de brioche sutil. Boa acidez lhe aporta um frescor gostoso com boa presença das características da chardonnay. Mais uma grata surpresa que entrega muito pelo preço.

Garibaldi Premium Brut – Bem seco, maior presença de leveduras, pouco frescor, cítrico muito sutil mostrando alguma rusticidade na boca com um amargor final e pouco equilíbrio que o torna um conjunto não muito apetecível, porém de preço bem camarada. 

Veuve Alban – Francês, franco, simples, balanceado, leve toque de fermento com nuances cítricas, perlage abundante e verdadeiramente efeverscente na boca. Não chega a empolgar, mas para quem quer um importado tem aqui uma opção.

Valduga Arte Brut – um achado nesta faixa de preço. Belo espumante elaborado pelo método clássico com um tradicional blend de chardonnay com pinot. Harmônico, balanceado, fresco, elegante com perlage bem fina e persistente, aromas de panificação, vale mais do que custa, ainda bem!

Ponto Nero Brut – espumante que ganhou recentemente uma prova de vinhos elaborados pelo método charmat. Muito fresco, cítrico perlage abundante, balanceado e vibrante, bem saboroso agradando fácil a gregos e troianos. Boa opção para festas e eventos.

Tributo Prosecco – uma grande pedida de um prosecco brasileiro, muito fresco, equilibrado, sem amargor final típico da cepa, mais um vinho que já tinha provado no lançamento o ano passado e agora confirma minhas primeiras impressões. Fresco, saboroso, algo amendoado, a revista adega lhe conferiu 86 pontos e também o cercou de elogios. Parabéns ao produtor, produto surpreendente.

Cava Marrugat – um exemplar de Cava complexo, ótima perlage, bom corpo, ótimo acompanhante para umas tapas, sendo companheiro fiel de umas tapas à base de presunto cru. Para brindar e para curtir, um espumante diferenciado, de bom preço tendo-o incluído mesmo estando R$2 acima do limite que impus ao painel.

Prosecco Moinet IGT – Na faixa de até R$30,00 é um dos campeões. Da região do Veneto, na Itália, é fresco, sem amargor final de boca, balanceado, saboroso, fácil de agradar e para ser tomado desde na praia até eventos. Gostei!

       É isso pessoal, por falta de opções é que vocês não ficarão sem espumante neste final de ano. Minha dica, não pare nas festas, tenha sempre algumas garrafas em casa, especialmente neste verão. Você verá que a abertura de uma garrafa num final de tarde vai recompensar as agruras do dia e alegrar o ambiente.

Salute e kanimambo.

Espumantes de Preços Módicos

Entendo espumantes de preço módico aqueles que possuem um preço aqui em Sampa, de até R$35 em média podendo, certamente serão, ser bem mais baratos no Sul, Rio e Minas. Já fazia um tempo que trabalhava no projeto deste painel, tanto que alguns rótulos, como o da Miolo, até mudaram. Outros aumentaram e saíram um pouco fora, mas como os leitores estão espalhados pelos quatro cantos do país, optei por mantê-los na lista dos vinhos provados.

             Lamentavelmente vou ficar devendo fotos mais completas, pois minha assistente do lar se irritou com minha demora em fotografar as ditas cujas e tratou de limpar a área, ou seja lixo! Bem, de qualquer forma as notas e avaliações estavam comigo então aqui vão meus comentários sobre sete entre os dezesseis provados ficando o restante para a semana que vem ou quem sabe ainda nesta Sexta. Deste primeiro lote, um deles acabou sendo o que mais me impressionou entre todos os provados, mas deixo essa identificação para depois, por agora conheça o; Gran Legado Brut Champenoise, Alto Valle Prosecco, Dedicato Prosecco Extra-dry, Stravaganza, Cava Marqués de Monistrol , Miolo Cuvée, e Fausto Brut. No próximo falaremos de Valduga Arte Brut, Ponto Nero Brut, Marco Luigi Brut Champenoise, Tributo Prosecco , Pol Clement Brut, Prosecco Moinet, Veuve Alban e Garibaldi Premium Brut. O que tiver de fotos publico, mas vamos ao que interessa, falemos dos vinhos!

Cava Marques de Monistrol – um espumante que sempre me agradou dentro desta faixa de preço, porém este estava prejudicado mostrando-se oxidado. Mesmo nessa situação deu para ver a existência de uma perlage bastante fina e persistente e quando ok, mostra-se bastante fresco. Uma pena! (sem nota)

Dedicato Prosecco Extra-dry – este foi uma curiosidade que há muito tinha já que era uma enormidade a quantidade de comentários recebidos dos amigos leitores indagando sobre ele. Só é vendido no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte tendo esta garrafa sido trazida pelo amigo Claudio do Le Vi nau Blog. Simples sem grandes atrativos a não ser pelo rótulo mais caprichado, possui uma espuma rala, perlage fina, centralizada e escassa. Na boca é delicado com algumas notas de panificação muito sutis e algum amargor final que não chega a incomodar, mas que também não entusiasma nem incita a volta à taça. 

Fausto Brut da Pizzatto – o primeiro espumante brasileiro provado e a confirmação de que estamos muito bem servidos no quesito espumantes. Borbulhas de tamanho médio, abundantes e persistentes. Acidez bem presente tornando-o muito fresco e agradável de tomar. Citrico e vibrante, é uma boa pedida para eventos pois agrada fácil aos mais diversos paladares.

Miolo Brut, agora de cara nova com o nome de Cuvée Tradition – Muito fino, leve brioche no nariz, bolhas finas abundantes e persistentes mostrando claramente seu berço já que foi elaborado pelo método clássico. Bom corpo, alguma complexidade de sabores no palato, final balanceado e cítrico um espumante muito bom que entusiasma e pede bis. 

Gran Legado Brut Champenoise – boa perlage, amarelo com laivos dourados me parecendo já um pouco evoluído. Boa acidez, cremoso, algum floral no nariz com toques de levedura. Um amargor final me incomodou e prejudicou o conjunto. Esperava mais e, apesar de alguns poderem gostar, acho que num evento pode dificultar pela diversidade de palatos. Não encantou.

Stravaganza Brut – surpreendente! Foi o quinto vinho na minha prova e um pulo de qualidade enorme. Ás cegas acho que vai balançar muito degustador experiente e, em minha opinião, bem mais interessante que seu irmão mais velho, o Don Giovanni. Paleta olfativa complexa em que sobressai um brioche com algum cítrico, boa mousse, perlage finíssima e abundante de boa persistência. Bom volume de boca, muito equilibrado e sedutor mostrando a mesma complexidade do nariz no palato, um espumante mais sério e marcante com uma personalidade muito própria e bem cremoso. Não sei se seria um espumante que eu colocaria numa festa, mas certamente seria um que eu compraria para compartilhar com os amigos, é surpreendente e mexe com os sentidos. Belo espumante que vou querer rever mais vezes, o melhor deste painel!

Alto Valle Prosecco – Palha claro, muito suave, algo ralo com um residual de açúcar mais alto que a maioria dos espumantes deste tipo. Deixa um retrogosto doce e algo enjoativo faltando-lhe acidez, todavia pode fazer a cabeça daqueles menos chegados que gostam dos vinhos mais “docinhos” e possui um preço bem competitivo que pode ser preponderante na escolha.

Salute e kanimambo.

Bom Vinho Rima com Boa Comida

              É, dá para tomar bons vinhos solo, mas a grande maioria foi feita para acompanhar comida, preferencialmente bem acompanhado(a).  A minha dica de hoje, na verdade duas, tem a ver com essa constatação e não deixem de brindar. Não interessa ao quê, pegue uma garrafa de espumante e faça deste dia um dia especial!

Restaurant Week – no Dicas da Semana da semana passada, tinha dado destaque e sugerido a visita ao Hitan, um local diferente a ser conferido. Hoje tenho o prazer de de destacar um restaurante pertinho de casa, o Açafrão da Terra. Local muito agradável que possui a Chef Cacilda (conhecida na região) comandando a cozinha, é um restaurante jovem com menos de seis meses de vida, mas que já começa a mostrar ao que veio com muito dinamismo e competência. Melhor ainda, é aqui na Granja Viana, um local especial com ampla carta de vinhos e uma ótima opção á zorra que se tornou Sampa. Vejam abaixo e não deixem de prestigiar, especialmente os moradores da região da Raposo Tavares.

Chef Márcia é Ideia Gourmet – estamos em plena Restaurant Week,  mas tem gente que gosta mesmo é de receber e se aventurar pelos segredos da boa culinária, em casa! Nesse caso, tanto você pode encomendar os serviços da simpática e sempre alegre Chef Márcia de Paula como aproveitar de seu conhecimento tomando umas aulas e visitando seu site da Ideia Gourmet. Eu tenho isso no meu wish list! Agora com a abertura da loja, não pude nem pensar nisso, mas deixa a coisa acalmar que estarei batendo na sua porta para marcar minhas aulas.

               Para acompanhar as dicas acima, um bom vinho sempre vai bem. Desta forma fica aqui a minha sugestão para um espumante. Falo muito destes vinhos borbulhantes, mas já faz um tempinho que não publicava nenhum comentário aqui. Desta feita venho recomendar um de uma casa produtora nacional, mais precisamente de Garibaldi, relativamente nova porém com um respaldo enorme de conhecimento já que pertence ao grupo Valduga, é a já muito premiada Domno. Sua marca, Ponto Nero, da qual sou gamado no Extra-brut que já comentei aqui por diversas vezes,  vem crescendo em diversidade e incorporando marcas importadas usando sua rede de ditribuição. Hoje gostaria de comentar o Ponto Nero Brut, seu espumante “básico” desta gama (tem outros) produzido pelo método charmat e mui recentemente premiado na avaliação do Guia 4 Rodas, em que ficou no segundo lugar na classificação geral de melhores espumantes do Brasil, sendo o mais bem colocado na categoria charmat.

Corte de Chardonnay com Pinot Noir e um tico de Riesling, mostra-se muito fresco e especialmente vivaz, talvez por esse tempero do riesling que lhe dá um toque mais mineral. Cremoso e de perlage fina, creio que advindo do uso do método charmat longo em que passa seis meses sobre lies, é cítrico com nuances de tostado e levedura, possui interessante volume de boca e é  muito bem balanceado dando-nos enorme prazer ao tomar. Pode ser tomado solo, como eu fiz no Domingo, ou acompanhando saladas, peixes grelhados sem grandes temperos, frutos do mar fritos (lula, camarãozinho), etc.. Um espumante que se vende no mercado por volta dos R$35,00 preço justo para o que entrega e, mesmo não sendo exuberante, não é esse seu papel e se buscar isso vá de extra-brut, é um espumante muito agradável e fácil de se gostar. Tomei e recomendo.

Salute e kanimambo

Mais uma Dupla Ibérica na Taça.

                Vou fazer o quê? Parte escolha e parte obra do acaso, ou do destino, em dois fins de semana diferentes mais uma dupla Ibérica de peso. Cá entre nós, se pudesse e fizesse sentido comercialmente, mais da metade dos vinhos em minha loja seriam desta região. Tanto Portugal como Espanha possuem enorme diversidade e uvas autóctones de grande prestigio, ótimos produtores e, na maioria das vezes, vinhos de boa relação preço x qualidade quando comparado a outras regiões de história e tradição similares com rótulos do mesmo porte. Estes tomados não são dos mais baratos, pois se tratam de vinhos já conceituados, mas fazem jus ao que se cobra por aqui, considerando-se da realidade Brasileira. Quando comparado aos preços que pagamos lá fora, aí é outra conversa!

Domingo de Páscoa – tenho que reconhecer que sou um apaixonado pela Touriga Nacional, cepa que faz parte do blend de grande parte dos vinhos portugueses e é vinificado em varietal resultando em alguns dos melhores vinhos lusos. Para acompanhar o bacalhau escolhi este Só Touriga Nacional, velho conhecido, um rótulo produzido pela Quinta da Bacalhoa na região do Sado (Setúbal), uma visita obrigatória para quem vai a Lisboa, pois fica a apenas 40 minutos do outro lado do Tejo. Menos na mídia do que os grandes vinhos, este é um rótulo que me agrada muitíssimo e um de meus preferidos que sempre compro em minhas viagens a Portugal. Aliás, vai aqui uma curta dica de vinhos obrigatórios para quem lá vai que valem muito o que lá se paga já que não passam dos 12 Euros; Só Touriga Nacional /  Cortes de Cima Alentejo / Vila Santa Tinto / Quinta do Camarate / Post Scriptum / Quinta do Ameal Escolha Branco / Alvarinho Soalheiro / Grainha Branco, vinhos que costumam compor minha bagagem de retorno. Falemos, no entanto, do que bebi, do Só Touriga Nacional 2005. È um vinho que está no ponto certo de ser tomado e tenho visto que os varietais de Touriga Nacional crescem bem com tempo em garrafa, desabrochando e mostrando todo o seu potencial entre os 4 e os 6 anos, obviamente havendo vinhos que amadurecem bem mais tarde como, por exemplo, um Vallado ou Quinta do Crasto.

            Como disse, abri esta garrafa no momento certo. Um floral muito típico sobe da taça ao nariz trazendo-nos aquele aroma de violetas de boa intensidade porém delicado, mostrando também algumas notas de fruta vermelha compotada compondo uma complexa e agradável paleta olfativa que nos incita a levar a taça á boca. No palato mostra-se um vinho muito equilibrado, rico, ótimo volume de boca sem ser pesado, taninos finos e aveludados, rico, um final saboroso, longo e especiado que encanta e pede bis. Pouca garrafa para tanta gula e um perfeito acompanhamento para o Bacalhau à Braz que preparamos. Fosse de uma safra mais nova e seus taninos firmes se sobressairiam, mas este encaixou á perfeição e mostrou ser um lobo em pele de cordeiro já que, no meu conceito, é um vinho que surpreende e ás cegas certamente bateria um monte de rótulos mais afamados e caros. Após aquele maravilhoso champagne Mailly Grand Cru Blanc de Noir, um magnífico complemento para a primeira Páscoa com meu neto e uma digna celebração por sua chegada. Grandes vinhos, ótima comida e a companhia certa, receita para grandes momentos! O rótulo é trazido pela Portuscale anda na casa dos R$130 nas lojas especializadas.

Domingo Seguinte – mais uma celebração, a primeira visita de meu neto em casa. Lá fui eu para a cozinha preparar meu já tradicional Fetuccine com Salmão e Espinafre tendo como aperitivo polvo de caldeirada (esta em conserva) com um pãozinho italiano. O que acompanhar? Bem, certamente um vinho branco e pensei no delicioso Alvarinho Soalheiro que me aguardava na adega, mas aí caiu a ficha, porquê não algo diferente já que era um dia especial em que recebíamos um “convidado” para lá de especial? Busquei assim o presente que ganhei do Juan (Peninsula) quando do nascimento do Bruno, uma deliciosa cava, Juve y Camps Vintage Reserva 2006, estupenda! Mais uma vez faltou garrafa para tanta gula e a harmonização com ambos os pratos foi perfeita. Já tomei o Reserva da Familia Grand Reserva Nature 2004 deste mesmo produtor, por sinal também muito boa, mas tenho que reconhecer que para o meu gosto e para esta harmonização o Vintage 2006 se mostrou superior e desde já declaro que estará entre minha seleção de espumantes na Vino & Sapore.  Frutado (frutos brancos) no nariz com toques florais e nuances de brioche e leveduras sutilmente presentes. A perlage mostrou-se muito persistente, fina e abundante teimando em produzir estrelas no céu da boca. Bom corpo, cítrico, boa acidez, muito balanceado e agradável, crescendo muito com a comida e mostrando-se um ótimo companheiro de garfo afora se comportar maravilhosamente bem como aperitivo acompanhando umas tapas. É importado pela Peninsula e anda pela casa dos R$95 a 105 pelas lojas pesquisadas.

            Mais uma vez o Bruno iluminou o ambiente e me levou a tirar algumas preciosidades da adega que vieram alegrar o dia e dar enorme satisfação à família reunida em volta da mesa. Pena que ele ainda só tenha boca para leite, mas aguardo ansioso o dia em que tomaremos juntos a primeira taça.

Salute e kanimambo

Champagne Mailly Grand Cru Blanc de Noir, Exuberante!

                 Eis aqui um espumante digno do meu pequeno Bruno. Nesta Domingo de Páscoa, iniciamos nosso almoço com um brinde especial a meu neto, á felicidade, á saúde e união da família abrindo uma garrafa que minha querida Karina me trouxe de Paris especialmente para este momento. Gente, existem vinhos que são realmente difíceis de serem descritos devido sua exuberância e impacto sobre nossas pupilas gustativas e este é um caso, um espumante que nos deixa sem palavras, literalmente boquiabertos enquanto nos deixamos levar pelo êxtase gustativo que mexe com nossas emoções. Champagne Mailly Grand Cru Blanc de Noir, elaborado com 100% de uvas Pinot Noir deste que é um dos únicos 17 Grand Crus da região de Champagne que espero, um dia, poder visitar.

Nariz que já desnuda o elixir que está por vir, não com estardalhaço, mas sim com sutileza e grande elegância deixando transparecer leves nuances florais, um brioche muito suave e um toque cítrico formando uma paleta olfativa complexa e de boa intensidade. Na boca segue o mesmo padrão mostrando-se de uma harmonia ímpar em que o todo é mais importante que as partes enchendo-nos de prazer e êxtase ao sorver o primeiro gole deste verdadeiro néctar abençoado pelos deuses. Frutado ( pêssego/nectarina) uma perlage muito fina e abundante que não termina nunca nem na taça nem na boca, cremoso, fino, muito looooongo e mineral! Já tinha gostado muito do Brut Reserve, mas este que pelo que sei o importador não traz, é excepcional e já é um de meus candidatos a tomar um lugar na minha lista anual de Deuses do Olimpo.

                Soberbo, delicado, sedutor e arrebatador, um espumante que quem tomou não esquece. Afora o incrível Comtes de Champagne 98 da Taittinger, de longe o melhor espumante que já tomei. Na Europa, o Mailly Blanc de Noir custa em torno de 30 a 40 euros, imperdível e um tremendo achado. Quem for a Paris não esqueça do Vô aqui!!!

Salute e kanimambo

Desafio Luso-Brasileiro de Espumantes

            Determinado a fazer meu primeiro Desafio de Vinhos internacional, solicitei ajuda aos amigos João Pedro Carvalho (Copo de 3) e Rui Miguel (Pingas no Copo) para realizar este embate entre espumantes brasileiros e portugueses em minha recente visita a Lisboa para participar da SISAB 2010. O evento foi muito bom, ainda me faltam alguns posts para encerrar minha reportagem, e aí tirei mais meia dúzia de dias para visitar alguns produtores e família assim como conhecer pessoalmente os colegas e respeitados blogueiros do vinho que conseguiram incluir uma data em suas atribuladas agendas para realizarmos esse Desafio.

Representando o Brasil e levados por mim, alguns dos melhores espumantes brasileiros:

  • Miolo Millésime 2006
  • Salton Evidence
  • Marson Brut Champenoise
  • Valduga 130
  • Ponto Nero Extra Brut
  • Chandon Excellence (contribuição do amigo Marcio Marson da Eivin, já que a Chandon não me dá a miníma atenção).
  • Villaggio Grando Brut (também contribuição da Eivin)
  • Cave Geisse Nature

         Destes, houve uma lamentável baixa devido a problema de rolha com a garrafa da Marson, restando sete rótulos no embate. Para enfrentar esse escrete canarinho, uma equipe de porte e diversidade composta pelos seguintes rótulos portugueses:

  • Caves Montanha Bruto Super Reserva 2003
  • Kompassus
  • Murganheira Super Reserva Bruto
  • Vértice Gouveio
  • Quinta de Cabriz Bruto

        Para evitar críticas quanto ao número de “desafiantes” por equipe, resolvi (para efeito de somatória de pontos por equipe) eliminar dois rótulos brasileiros excluindo o de maior nota e o da menor. Deste jeito o embate fica mais justo, mas todos os espumantes competiram ao titulo de Melhor Vinho da Noite e campeão desta disputa internacional.

         

              Quem terá sido o ganhador? Portugal ou Brasil? Qual o espumante que levou o titulo de campeão? Bem, isso veremos depois de amanhã, porém já adianto que dele não sobrou gota para contar a história e fiquei preocupado com o Rui que se abraçou à garrafa assumindo a posse dela. (rsrs).

Salute e kanimambo

25 Vinhos Inesquecíveis

         Diz-me com quem andas e te direi quem és! Ditado antigo, mas cada vez mais real tanto em nossas vidas como na política, mas não  é “deles” que quero falar não. Quero falar dos amigos Bebel e Sebastian, autores de um dos mais suculentos blogs sobre enogastronomia o Espaço Gourmet com link aqui do lado, além de outras artes, certamente o casal mais chique e “in” de toda a nossa vinosfera tupiniquim. Formam um lindo e jovem casal que, afora as virtudes visuais são gente boa para caramba. Tendo dito isso, veio-me á cabeça aquele papo de leis que pegam e leis que não pegam, não sei porque, mas “eles” insistem em me querer assombrar hoje! Na verdade, assim como existem leis que não pegam, existem idéias que também não colam. Ainda há pouco tempo abri um espaço para os amigos leitores se expressarem aqui no blog, mas não deu em nada. No ano passado tinha solicitado a amigos que me listassem seus 25 vinhos inesquecíveis e suas três melhores harmonizações, também não teve um retorno dos mais brilhantes, mas a Bebel e o Sebastian fizeram a parte deles então guardei a mensagem deles para um momento oportuno, que aqui está. Uma lista muito, mas muito especial que tem tudo a ver com o jovem e charmoso casal!

Foi com enorme satisfação que recebemos o convite do querido amigo João Filipe Clemente para listarmos os nossos 25 vinhos inesquecíveis e os três grandes momentos de harmonização. Optamos por apresentar exclusivamente Champagnes que degustamos nos últimos dois anos (tempo de existência do site Espaço Gourmet), três deles também presentes na nossa classificação de harmonizações, por tratar-se de uma celebração!

Um grande abraço e Santé!”

 

25 Champagnes

 

1 – Champagne Dom Pérignon Vintage 1992 (Celebração do Aniversário de 2 anos do site Espaço Gourmet)

2 – Champagne Dom Pérignon Vintage 1990 (Bodas de Pérolas, 30 anos, do Querido Casal Saba)

3 – Champagne Taittinger Brut Réserve (Bodas de Pérolas, 30 anos, do Querido Casal Saba)

4 – Champagne Veuve Clicquot Brut Yellow Label – base na vindimia de 2004 (Celebração da Posse do Novo Chefe de Cave da Maison francesa Veuve Clicquot Ponsardin – Dominique Demarville)

5 – Champagne Veuve Clicquot Vintage 2002 (Celebração da Posse do Novo Chefe de Cave da Maison francesa Veuve Clicquot Ponsardin – Dominique Demarville)

6 – Champagne Veuve Clicquot Vintage 1979 Magnum (Celebração da Posse do Novo Chefe de Cave da Maison francesa Veuve Clicquot Ponsardin – Dominique Demarville)

7 – Champagne Veuve Clicquot Vintage 1982 Magnum (Celebração da Posse do Novo Chefe de Cave da Maison francesa Veuve Clicquot Ponsardin – Dominique Demarville)

8 – Champagne Veuve Clicquot La Grande Dame Rosé 1988 Magnum (Celebração da Posse do Novo Chefe de Cave da Maison francesa Veuve Clicquot Ponsardin – Dominique Demarville)

9 – Champagne Pommery Brut Royal (Cruzeiro Marítimo a bordo do navio Silver Wind, da Companhia Marítima de Luxo Silversea, em 2008 entre Rio de Janeiro e Barbados, Caribe)

10 – Champagne Henriot Cuvée des Enchanteleurs 1995 (Vini Vinci 2009 no Hotel Grand Hyatt São Paulo)

11 – Champagne Henriot Brut Millésimé 1998 (Vini Vinci 2009 no Hotel Grand Hyatt São Paulo)

12 – Champagne Henriot Blanc Souverain pur Chardonnay (Vini Vinci 2009 no Hotel Grand Hyatt São Paulo)

13 – Champagne Henriot Rosé Brut 2002 (Vini Vinci 2009 no Hotel Grand Hyatt São Paulo)

14 – Champagne Henriot Brut Souverain (Vini Vinci 2009 no Hotel Grand Hyatt São Paulo)

15 – Champagne Moët & Chandon Nectar Impérial (Tour Moët & Chandon 2009 no restaurante Chef Rouge)

16 – Champagne Moët & Chandon Brut Impérial (Tour Moët & Chandon 2009 no restaurante Chef Rouge)

17 – Champagne Moët & Chandon Rosé Impérial (Tour Moët & Chandon 2009 no restaurante Chef Rouge)

18 – Champagne Moët & Chandon Grand Vintage 2000 (Tour Moët & Chandon 2009 no restaurante Chef Rouge)

19 – Champagne Mumm Cordon Rouge Brut (Jantar Harmonizado no restaurante Kinoshita do premiado chef Tsuyoshi Murakami)

20 – Champagne Drappier Cuvée Charles de Gaulle (Super Bowl 2007 com os queridos amigos Saul Galvão e José Oswaldo Albano do Amarante)

21 – Champagne Drappier Carte d’Or Brut (Nosso Aniversário de 3 Anos de Namoro)

22 – Champagne Legras & Haas Tradition Brut (Jantar de Gala “Paladar do Brasil 2009” Promovido pela Grand Cru no Hotel Grand Hyatt São Paulo)

23 – Champagne Piper-Heidsieck Brut (Degustação Especial “Reveillon 2008” para o Caderno Paladar (OESP) com os queridos amigos Saul Galvão e José Oswaldo Albano do Amarante)

24 – Champagne Gosset Brut Excellence (Degustação Especial “Reveillon 2008” para o Caderno Paladar (OESP) com os queridos amigos Saul Galvão e José Oswaldo Albano do Amarante)

25 – Champagne Veuve Clicquot Brut Rosé (Lançamento do Acessório Ice Dress para o Champagne Veuve Clicquot Brut Rosé no restaurante Braverie)

 

Três Grandes Momentos de Harmonização

 

Todos na Celebração da Posse do Novo Chefe de Cave da Maison francesa Veuve Clicquot Ponsardin, Dominique Demarville, com Menu Harmonizado pelo emblemático chef Laurent Suaudeau

  • Tartare de coquille (vieiras) St. Jacques em emulsão de coentro (Champagne Veuve Clicquot Brut Yellow Label)
  • Canneloni de crabe (caranguejo) com aipo ao molho de laranja acompanhado de um levíssimo gnochetti (Champagne Veuve Clicquot Vintage 2002)
  • Classique blanquette de veau Albuféra – Ensopado de vitela ao molho branco com cebola e cogumelos. (Champagne Veuve Clicquot Vintage 1979 Magnum

Quer arriscar a sua lista? Se quiser o espaço é seu, fique à vontade para se expressar e compartilhar com os amigos essa sua coleção de rótulos muito especiais que você já traçou ou provou!

Salute e kanimambo