Gastronomia & Harmonização

Bacalhau – O Protagonista da Semana Santa

Tem duas coisas que brasileiro é chegado, um bom prato de bacalhau e um boa picanha na brasa. Coincidentemente, preços similares hoje em dia, popularização do bacalhau ou elitização da picanha?! Bem, essa duvida você responde, pois eu quero mesmo é falar um pouco desse peixe sem cara (já viu?!) que vive nas profundidades  dos oceanos a mais de 400 metros de profundidade. Peixe de águas frias que mesmo sem habitar as costas portuguesas, virou tradição por lá onde o consumo per capita anual beira os seis quilos ou seja, algo próximo a 70 mil toneladas ano, e é conhecido como “fiel amigo” ou “pão dos mares”.

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História

Foram os vikings, por volta do século IX, os descobridores do nobre Gadus Morhua nos mares da Islândia e Noruega.

Foram os bascos espanhóis, por volta do ano 1000, que descobriram o segredo da salga do bacalhau facilitando seu comércio e transporte.

Foram os Portugueses, entre 1450 e 1500, que descobriram os enormes cardumes da Terra Nova, inicialmente denominada Terra dos Bacalhaus, e consequentemente iniciaram o grande comércio do pescado.  Todavia, já por volta do de 1330 a pesca era forte nas costas da Inglaterra o que veio a resultar num acordo comercial de pesca entre os dois países em 1353.

Foram os Noruegueses os criadores da indústria do Bacalhau (a desova é em suas águas) sendo o maior exportador mundial tendo enviado a primeira carga ao Brasil nos idos de 1843.

O Brasil é hoje o maior importador de bacalhau Norueguês com mais de 30 mil toneladas ano (2007) porém não só de Gadus Morhua mas também de outras qualidades inferiores.

Tipos (veja mais em http://www.bacalhau.com.br/tipos.htm )

Gadus Morhua, o mais nobre e a fina flor dos bacalhaus, o mais saboroso, se desfaz em lascas e as postas são das mais altas. Advém do Atlantico Norte, Mar da Noruega e de Barents. O mais caro, mas faz diferença, e é o melhor quando preparo pede postas como o à Portuguesa ou Lagareiro por exemplo!

Gadus Macrocephalus, muito similar em aspecto ao Gadus Morhua, tem uma cor quase branca, é mais fino não se desfaz em lascas tão facilmente sendo mais fino e fibroso. Vem normalmente do Pacifico Norte e é mais em conta que o Gadus Morhua sendo mais usado em pratos em que o desfiado é usado como o Gomes de Sá e à Brás.

Saithe, mais usado em bolinhos, saladas e ensopados por se desfiar muito facilmente. De cor escura e sabor forte.

Ling, peixe tipo bacalhau, mais popular e barato, muito fino pouca gordura e cor clara não desfiando com facilidade.

Zarbo, peixe tipo bacalhau o menor do tipo, delgado, pouca carne, normalmente usado em caldos e desfiado. Também o mais barato deles junto com o Pollack (coisa ruim! rs) vindo da China.

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Curiosidades

  • Bacalhau dessalgado congelado possui cerca de 30% de água no peso versus o seco, então faça contas antes de comprar.
  • Mesmo salgado o bacalhau deve ser mantido fresco porque em temperaturas mais altas a gordura oxida e o bacalhau enrijece. Envolva-o num saco plástico e guarde-o na gaveta de legumes em sua geladeira.
  • Bacalhau seco e salgado não deve ser congelado. Se quiser congelar, dessalgue-o primeiro e depois molhe-o bem no azeite para evitar que resseque.
  • Para apurar o gosto do bacalhau, após a dessalga umedeça-o com bastante azeite  e ervas (coentro, salsa, …) por cerca de duas horas antes do preparo.
  • Dessalga, para cada centímetro de espessura de lombo, um dia de dessalga.
  • Se o cheiro nas mãos após o manuseio insistir em permanecer após diversas lavagens, tente esfregar as mão com uma rodela de limão.

Preparo – Muitas dicas, receitas e harmonizações aqui no blog, acesse este link e viaje pelos mais diversos posts sobre o tema. Opcionalmente, clique em http://www.1001receitas.com/ e bom proveito, mas não esqueça do vinho e um bom azeite!

Salute, kanimambo e amanhã tem Bacalhau com Natas do Ney e uma experiência  de harmonização aqui no blog, vejo você por aqui? Se tiver duvidas para harmonizar os pratos, dê uma passada na Vino & Sapore que estarei por lá.

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Dicas de Bacalhau & Vinhos para a Páscoa

      Foram inúmeros os posts aqui sobre o tema, então para não ficar aqui me repetindo, preferi só listar os links para alguns deles e amanhã falo um pouco sobre o protagonista, o Bacalhau, com algumas dicas de preparo.

Bacalhau & Vinho – Harmonizando a Páscoa. Veja o que pensam disso alguns conhecedores da boa enogastronomia

Páscoa com Bacalhau – Já lá nos idos de 2008 tocava neste tema com dicas de alguns vinhos.

 Dicas de Bacalhau & Vinho  para sua Páscoa – esta é a versão de 2012.

Penne com Bacalhau & Vinho – uma experiência de 2011.

Bacalhau & Vinho, mais Experiências – as aventuras de colegas provando harmonizações variadas.

Malbec & Bacalhau, não é que deu tango! – mais uma experiência mais recente.

O Bacalhau do Capitão – receita e experiência que me encantou o ano passado e quem sabe devo repetir na Sexta? Só que o vinho, esse deve ser outro!

      Amanhã falo um pouco do que procurar quando se vai comprar bacalhau. Sim, porque bacalhau existe de diveras origens e tipos assim como os vinhos do porto. Li uma matéria interessante num livro só sobre o tema que repicarei aqui. Até lá, salute e kanimambo pela visita.

All Seasons 13 anos, Imperdível!

       Quem curte bons vinhos certamente tem uma queda pela boa gastronomia, pois um não vive sem o outro. Pois bem, você tem até dia 31 de Outubro próximo, no jantar,  para se esbaldar num cardápio de prima por apenas R$59,00! Já tinha divulgado aqui este restaurante e seus festivais de Fondues, porém ainda não tinha tido o prazer de o conhecer pessoalmente o que ocorreu nesta semana a convite de sua assessoria de imprensa, a amiga Denise Cavalcante, que ainda nos trouxe de lambuja uns vinhos da Chilcas, produtor chileno que a MaxBrands está lançando no mercado e sobre os quais falarei em separado.

       Realmente, a arte deste chef suíço, Cristophe Besse, (joguei com um Yves Besse na seleção de rugby de 74?) na cozinha satisfaz a visão, o olfato e o palato formidavelmente mostrando o porquê de estar há 13 anos fazendo sucesso com o All Seasons numa época em que tantos restaurantes abrem e fecham sem conseguirem se firmar.  O segredo, afora a comida, creio que advém do fato de estarem localizados num hotel o que certamente contribui para isso, porém sem qualidade não há local que dê jeito e foi isso que comprovei in loco! Excelente cozinha e serviço, tranquilidade e segurança, que está numa promoção comemorativa, veja foto abaixo, que torna o momento imperdível viz-a-viz os preços no mercado para gastronomia deste patamar de excelência. Sim, porque tanto quanto os vinhos, os preços de restaurante andam pela hora da morte, então garimpar é essencial.

    Escolhi dentro o cardápio acima; Mil Folhas de lagosta e aspargos frescos, Lasanha de Pato com Laranja e para terminar, Delicia Bacuri com Chocolate e Creme de Manga, dos DEUSES! O Mil Folhas de Lagosta é de uma delicadeza ímpar, a Lasanha (esqueça qualquer semelhança com a tradicional) de Pato com Laranja é divina, rica, com uma profusão de sabores em perfeita harmonia. Na sobremesa, deliciosa por sinal, um toque especial que mostra a excelência do serviço. Numa mesa de seis, creio que cinco pediram Bacuri (um fruto da amazonia) e o toque especial é que foram servidos em pratos de cor diferenciados com, imaginem, combinando com a cor de camisa de cada um, dez!

 

    O mais interessante desse maravilhoso jantar na mesa complementado pela excelência da companhia que, como no vinho, são essenciais para extrair o máximo de qualquer harmonização, é que mesmo com três pratos, saímos leves! A comida não pesa e olha que não restou nada em nenhum de meus pratos! Mais uma nota de destaque nessa saborosa experiência que custa tão somente R$59,00. Se calcularmos estacionamento (mais barato que os valets de rua por aí), 10% e algo para beber , essa experiência de dar água na boca enquanto escrevo, sai por cerca de uns R$85,00 por cabeça (sem vinho obviamente) o que, convenhamos, é uma pechincha!

 

    Duas dicas para quem se interessar por aproveitar este cardápio comemorativo, que recomendo entusiasticamente, são: Escolha o salão da adega (veja foto), bem mais aconchegante fazendo jus à comida e serviço, e ligue antes para perguntar sobre a possibilidade de levar seu próprio vinho e cobrança de rolha pois a carta, essa não me encantou e senti falta de vinhos mais acessíveis porém de qualidade coerente com os pratos. De resto, só alegria, aproveitem e se quiserem, pelas fotos do buffet no almoço, essa também é uma grande opção. o All Seasons fica na Alameda Santos 85, última quadra, o telefone para contato é: (11) 2627.1336 ou acessem o site http://www.restauranteallseasons.com.br/ 

Salute, kanimambo e aproveitem o All Seasons, eu me esbaldei!

ps. Clique nas fotos para ampliar

Sem Palavras, Porto Vintage e Queijo da Serra!!!

Ou Quase.  Sublime e clássica harmonização engrandecida pelas pessoas presentes. Divino Queijo da Serra (DOP) da Quinta da Lagoa (pastor/produtor) em Canas do Senhorim comprado in loco, com um maestral Fonseca Guimaraens Vintage 95 com ainda muitos anos de vida pela frente, não esta garrafa porque dela não sobrou gota, e gente fixe sem a qual nenhuma harmonização se completa!

As Vitimas

Os Carrascos

Kanimambo aos amigos que marcaram presença e chorem os que fizeram doce! rs Fui, salute e nos vemos por aí ou por aqui, porque como já dizia o mestre Saul Galvão, o que vale mesmo é ser feliz. Um ótimo fim de semana para todos.

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Camarão à Piri-Piri com Encostas do Xisto Alvarinho

           Que pena que blog ainda não tem aromas! Queria ter podido captar os aromas que tomaram conta de minha casa em mais esta harmonização de Domingo, para poder postá-los aqui, maravilha!! Quem sabe um dia, mas hoje só posso postar essas fotos mostrando a sequência de elaboração deste delicioso prato de camarões conhecidos na África do Sul também como L.M. Prawns, uma iguaria inventada no restaurante Piri-piri em Lourenço Marques (L.M.), hoje Maputo, Moçambique. Na minha juventude iam muito bem acompanhadas por uma Laurentina (cerveja) bem gelada, mas como tudo evolui na vida, ou quase tudo, hoje acompanhei o prato com um dos mais baratos e bons Alvarinhos do mercado, o Encostas do Xisto.

        Para fazer este prato tem que ser camarão rosa grande, tipo “pistola” e o bolso nem sempre permite pois falamos de  de 500 a 750grs por pessoa! No meio do feriado, para minha agradável surpresa, o Pão de Açucar o estava vendendo pela metade do preço, não resisti! Aqui vai a receita para os mais aventureiros e os que vivem próximo de boas opções de fornecimento desta iguaria, como o Nilson, Ronaldo e José Filipe de Floripa ou os amigos do Nordeste. Para cerca de 25 camarões graúdos como estes, separe três pimentas malaguetas, cinco dentes de alho, uma tablete de 200grs de manteiga, sal, limão e, obviamente, o vinho porque cozinhar com vinho é essencial! Pré aqueça o forno a 250ºC.

Preparo

  • Não tem segredo. Corte o camarão nas costas, da cabeça ao rabo, e retire aquela tripa escura lavando bem, porém mantendo casca e cabeça. Com uma faca, faça um corte mais profundo abrindo o camarão quase até metade do corpo.
  • Sob a base da manteiga amassada, esprema os dentes de alho e pimenta malagueta, ambos frescos, formando uma pasta. Adicione sal a gosto e unte bem os camarões no corte que você fez neles.
  • Coloque em uma travessa refratária e no final lambuze os camarões por fora com a sobra da pasta feita, caso prefira um pouco mais sequinhos evite esta última parte. Leve ao forno e quando começar a dourar, cerca de uns 20 minutos dependendo do forno, esprema um pouco de limão uma a duas vezes. Quando ficar bem dourado está pronto servir acompanhado de batatas fritas e salada tropical (com frutas) adicionando um pouco mais de limão para quem quiser. O camarão deve ficar crocante por fora e tenro e úmido por dentro. Se preferir sofisticar o acompanhamento, um risoto de limão siciliano deve ficar da hora.

        Para acompanhar pode ser uma cerveja tipo lager bem gelada, mas o Alvarinho cai muito bem também e o Encostas do Xisto deu conta do recado de forma soberba e não custa 60 reais. Todo o frescor dos vinhos verdes, presença mineral com toques cítricos e uma intensa paleta olfativa que nos faz levar a taça á boca onde nos deixa uma agradável sensação de crocância que pede bis. Um vinho bem feito e muito saboroso ainda mais pelo preço já que os vinhos elaborados com esta uva costumam ser bem mais caros e muito mais agradável que a famosa cerva que incha o bucho! rs Uma harmonização que deixa na boca aquele gostinho de quero mais, camarões e Xisto!

       Ah, guarde as cabeças dos camarões, dizem que dá uma sopa da hora e eu vou testar uma receita. Se der certo passo para os amigos e se meus patricios tiverem alguma receita me enviem, aceito colaborações. Por hoje é só, salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui ou………..já sabe onde!

Fettucine Com Camarão e Limão Siciliano / Chenin Blanc

           Como prometi ontem, mais uma harmonização de Domingo só que esta teve a presença de um Chenin Blanc que ajudou muito o cozinheiro pois o prato ficou aquém do costume. Com o vinho no entanto, houve uma melhora tremenda e recomendo muito esta “maridaje”. Comecemos falando do vinho, um gama de entrada da MAN Vintners produtor sul-africano que trabalha muita bem essa uva entre outras. Pouca gente conhece a Chenin Blanc o que é uma pena, é um vinho muito fresco e vibrante que acompanha maravilhosamente frutos do mar e peixes. Originária da região do Loire onde se produzem alguns néctares tanto secos como de sobremesa, especialmente na AOC de Vouvray, se deu muito bem na África do Sul onde existe um pouco de tudo entre eles alguns ótimos vinhos como o deste produtor que deve ser servido a 6ºC quando mostra todo seu potencial, mesmo sendo um vinho de pouco mais de 40 Reais. Muita fruta tropical no nariz, já na boca me apareceu uma maçã verde, boa mineralidade, frescor típico da cepa, e uma crocância sedutora, quem gosta de Sauvignon Blanc certamente apreciará este vinho que recomendo até porque o verão está chegando só que cuidado, o vinho desce rápido mas o conteúdo alcoólico é de 13.5% então se não se mancar………! Não é um grande vinho nem se propõe a isso, mas é cumplidor e muito agradável valendo muito o preço e certamente voltará a marcar presença em minha taça muitas mais vezes.

       O prato é receita de um amigo de nossa vinosfera o Charlston Dalmonico da importadora Berenguer, gente finíssima, que há tempos me enviou esta receita que volta e meia faço e ás vezes acerto! rs Sou limitado na cozinha, falta-me o dom e a técnica, então estas receitas que posto são bastante fáceis e qualquer um dos amigos a pode preparar.  Como sempre, gosto de cozinhar com vinho então…..

Separe:

  •  Uma garrafa de vinho, esse MAN Vintners Chenin Blanc é uma ótima opção, e uma taça. Aproveite e já prove para ver se a temperatura é a adequada.
  • 400grs de pasta de gran duro, um pouco mais largo tipo Fettucine, Pappardele ou, como o que fiz, Bavette.
  • 500grs de camarão rosa pequeno tipo IQF, descascado sem cabeça (lave bem, limpe e guarde)
  • Azeite, cebola pequena dois dentes de alho e dois limões sicilianos, mix de pimenta em grão, tomate cereja, cebolinha e salsinha.

   Preparo:

  • Enquanto cozinha o macarrão na água com sal, coloque a cebola e alho bem picados para fritar num azeite bem quente, coloque um pouco do vinho na taça e beba.
  • Antes da cebola dourar, jogue o camarão, misture bem e quando o camarão começar a ficar vermelho da fritura, esprema os dois limões sobre eles.  Coloque mais um pouco de vinho na taça que a esta altura já deve estar vazia!
  •  Deixe apurar por uns cinco minutos  se tanto e tempere com um pouco da pimenta, sal  e misture bem jogando depois o tomate cereja cortado em metades e a cebolinha. Para finalizar coloque um pouco da salsinha e não esqueça de encher a taça, taça vazia, dá azar!
  •   Agora escorra a pasta e jogue o camarão por cima do macarrão misturando bem.  Leve á mesa e termine de matar o vinho com o prato! Se tiver muito mais gente na mesa, abra outra garrafa e estamos conversados! rs

      Como já dizia W.C. Fields, ou seria a chef Julia Child – há controvérsias, “gosto de cozinhar com vinho, às vezes até o coloco na receita’! Satisfação garantida, harmonização da hora e felicidade alcançada, testem e depois me digam se estou errado. Tudo muito simples, vinho saboroso e comida gostosa sem contar a ótima companhia! Por menos de 80 paus comem e bebem, moderadamente,  4 pessoas e ainda tem troco para a saladinha de entrada e a sobremesa.  Salute, kanimambo pela visita e um ótimo fim de semana prolongado para todos. Quem vai aparecer hoje no primeiro Happy Friday da Vino & Sapore?

Azeites, não entendo nada!

      Como quando me iniciei em nossa vinosfera, só sei se gosto ou não, mas estou aprendendo. A maioria de nós pouco conhece sobre o assunto, porém existem fatos incontestáveis e um azeite de qualidade sobre um prato médio fará milagres, isso não é opinião é realidade!  Sem contar que, junto com o vinho, faz parte da famosa dieta mediterrânea que comprovadamente é benéfica à saúde prevenindo uma série de doenças. Conhecer um pouco mais desse liquido conhecido como o “ouro do mediterrâneo” é conhecer um pouco mais da história da humanidade. No site Portal de São Francisco  achei o seguinte texto dentro de um longo e interessante post sobre o tema: “ Entre os séculos VII e III a.C. o óleo de oliva começou a ser investigado pelos filósofos, médicos e historiadores da época pelas suas propriedades benéficas ao ser humano. Sabe-se ainda que, há mais de 6 mil anos, o óleo era usado pelos povos da mesopotâmia como um protetor do frio, quando estes untavam seus corpos com ele. A longevidade relacionada à utilização do óleo de oliva não existe por acaso. A ciência sempre teve um especial interesse por este óleo justamente pela sua marcante presença na história. Durante anos de estudos e investigações, ela acabou comprovando os seus efeitos (principalmente nos estudos realizados na década de 50) na prevenção do câncer de fígado e em outras doenças, como, por exemplo, as cardíacas.”  

       Estou vendo se consigo me organizar para fazer um curso sobre o tema, mas enquanto isso vou lendo e pesquisando na busca de conhecimento. Nesse processo me deparei com o ótimo site “Azeite On-Line” (onde provavelmente farei meu curso) de onde tirei estas três dicas que podem nos ajudar a comprar melhor e derrubam alguns mitos criados sobre mais esse elixir dos deuses.

Tipo da Embalagem

Garrafas de vidro ou latas, que além de ter uma apresentação atrativa e informativa para o consumidor, tem como principal função a correta preservação das qualidades e características do produto. Os principais “inimigos” do azeite são a luz, temperatura, umidade e o oxigênio, que provocam alterações de sabor e aroma no azeite. A embalagem que oferece melhor proteção a estes quatro fatores é a garrafa de vidro escura, seguida da lata e da garrafa de vidro transparente. A vantagem do vidro escuro sobre a lata é devido ao fato do vidro ser um isolante térmico (“barreira ao calor”) melhor que o metal da lata, além da eficiente proteção contra luz, oxigênio e umidade. A lata, após aberta para uso, também apresenta maior risco de sofrer a ação do oxigênio e da umidade, em função de que nem todas as apresentações de embalagem de lata apresentam sistema adequado de fechamento.

Origem do Produto

Nem sempre o azeite cuja marca é originária de um determinado país, assegura que o azeite foi produzido naquele país. Na Itália, por exemplo, que consome e exporta mais do que produz, há diversas empresas que importam azeites de outros países e envasam com marcas italianas, obtendo produtos de boa qualidade, mas não necessariamente azeites obtidos de azeitonas produzidas na Itália. O mesmo pode ocorrer com outros países.  Nestes casos, normalmente se encontra no rótulo dizeres como “Embalado na Itália” ou “Envasado em Portugal”, mas não informam onde o azeite foi produzido.

 As marcas que são produzidas e envasadas em um determinado país utilizam dizeres como, por exemplo, “Produto Espanhol”, ou “Este produto cumpre com as especificações do país de origem”, “Produzido e embalado em Portugal”, ou “Denominação de Origem Protegida (D.O.P.)”, o que assegura que aquele azeite é de origem conhecida (país e/ou região). Azeite produzido e envasado (ou engarrafado) por um produtor, no país de origem da marca são um indicativo, apesar de não ser uma certeza, de que o azeite pode apresentar uma melhor qualidade

Acidez / Tipo de azeite

Apesar de a acidez ser um fator importante na classificação do azeite, ele não é adequado para sinalizar se é um produto mais gostoso em termos de sabor, aroma e intensidade. A acidez indica se o produto é “azeite extra virgem” (até 0,8%), considerado o tipo mais “nobre”, pois a sua extração foi feita apenas por processos mecânicos. Entretanto, não obrigatoriamente azeites extra virgem de acidez menor, por exemplo, 0,2% de acidez, são melhores que produtos com acidez maior, por exemplo, 0,7%. O produto classificado como “azeite de oliva”, nem sempre menciona a acidez, pois é pouco relevante para este tipo de produto, pois eles são obtidos inicialmente por processos mecânicos, nos quais não atingiram a acidez para se classificarem como “extra virgem”, e foram submetidos a processos químicos para redução da mesma, sendo posteriormente acrescidos de uma pequena fração de “extra virgem” em sua composição (veja maiores detalhes no link “produção”);

Tipo de Processo de Extração

Algumas marcas “extra virgem” informam que o processo de extração foi de “primeira prensagem a frio”. Como atualmente todos os azeites são obtidos apenas com uma única “prensagem”, ou “extração, esta informação tem pouca utilidade de diferenciação. Entretanto a segunda informação, “a frio”, é relevante, pois indica que não houve aquecimento no processo de extração do azeite, o que pode indicar que as qualidades de aroma e sabor estão melhores preservadas. Algumas empresas utilizam aquecimento no momento de extração, mas esta informação dificilmente está informada no rótulo

A Cor do Azeite

Outro mito muito presente está relacionado com a cor do azeite. O consumidor brasileiro tem a tendência de considerar azeite com coloração verde mais intensa como um azeite “encorpado”, “mais forte”, “mais gostoso”, de sabor e aromas mais intensos. Esta é uma avaliação equivocada. O que define as características sensoriais de um azeite, como o sabor, o aroma e suas respectivas intensidades, são dezenas de compostos presentes na azeitona que são resultantes da variedade, maturação do fruto no momento do processamento, bem como das condições do micro clima e do terreno em que a oliveira está localizada.

A cor verde do azeite está associada à maior ou menor presença de clorofila (pigmento natural de cor verde), que não influi na qualidade sensorial do azeite, eventualmente pode conferir notas sensoriais mais amargas.Normalmente, azeites mais verdes são obtidos de azeitonas processadas nas etapas iniciais da colheita e podem ter sabor e aroma associados a “frutos verdes”, como erva cortada, banana verde e maçã verde. A cor do azeite pode variar de intensidade entre o verde intenso e o amarelo ouro e normalmente está associada ao estágio de maturidade do fruto: cor de azeite mais verde, obtido de azeitona mais verde, cor de azeite mais amarelada pode significar azeitona mais madura.

          Bom fim de semana hoje sem dicas, a não ser gastar uns trocados num bom azeite, que aparecerão aqui na Segunda. Salute, kanimambo e nos vemos por aqui ou na Vino & Sapore com uma taça de vinho e dois dedos de prosa.

Malbec e Bacalhau, Não é que Deu Tango!

      Adoro essa experiências! Algumas dão errado, mas me esbaldo quando dão certo e esta deu muito certo porque há mil formas de preparar bacalhau e os mais diversos estilos de Malbec então é uma questão de prova e uma certa dose de sede de novidade com uma pitada de ‘aventura”. rs Na enogastronomia “inventar” pode ser uma muito boa pois vivemos nos surpreendendo e aprendendo.

     Faz uns quinze dias estava provando este vinho na loja e me surpreendi muito positivamente com sua elegância e finesse, algo não muito costumeiro nos vinhos dos Hermanos mais conhecidos por sua concentração e potência. Levei o resto da garrafa para casa para provar com mais calma e aproveitei para tentar harmonizá-la com um prato de Penne com Bacalhau e Brócolis, ficou da hora, mas vejamos por quê e que vinho é esse.

         O vinho é o Gougenheim Valle Escondido Malbec 2010 com educados 13.5% de teor alcoólico elaborado na sub-região de Tupungato em Mendoza a cerca de 1000 metros de altitude. Na cor é rubi com toques violáceos típicos da cepa sem a típica super extração que resulta em vinhos muito escuros. Nariz sedutor de frutos negros com nuances florais, pelo menos assim me pareceu, que convidam a levar a taça à boca onde ele se mostra extremamente sedutor, equilibrado e elegante com taninos macios e sedosos, boa estrutura, corpo médio e um final muito agradável algo especiado que pede mais uma taça. Leve passagem por madeira  (4 meses) muito bem balanceada que lhe aporta alguma complexidade de sabores ressaltando suas virtudes. Parker lhe deu 87 pontos, eu lhe daria talvez um pontinho a mais pela boa relação Qualidade x Preço x Prazer pois é um vinho de preço final ao redor dos R$49,00 a 55,00 dependendo da loja, mas o tenho visto em promoção por R$39,00 o que o torna irresistível e imperdível!  

        Tudo levava a crer que poderia encarar meu bacalhau com galhardia e efetivamente isso se comprovou. O prato é leve e o vinho deu-lhe um pouco mais de corpo sem se sobrepor em função de seu equilíbrio e elegância, uma harmonização como a que sempre buscamos em que ambos os players crescem quando juntos, o famoso 2 + 2 = 5 que faz com esse mundo da enogastronomia não seja binário e eu adoro isso! Não é sempre que conseguimos, mas nesta “maridaje” me dei bem. Por sinal, o prato foi regado com o incrível azeite não filtrado da Malhadinha (Alentejo) o que fez o prato crescer um montão, esse ando consumindo a conta-gotas!!

       Se ainda fizer um friozinho e você quiser aproveitar para tentar algo diferente, tente harmonizá-lo com Fondue de Queijo, acho que pode dar samba, ou harmonize-o com amigos num alegre bate papo acompanhando uma linguiça de pernil com ervas como aperitivo, também vale por sua versatilidade, e o preço está muito camarada! A importadora é a Almeria que vem primando por nos ofertar alguns “achados” por preços bem convidativos. Dizem que o Syrah deles também é muito bom, mas esse ainda não provei e quando o fizer vos conto.

Salute, kanimambo e uma ótima semana para os amigos.

Dia dos Pais Repleto de Prazeres

       Primeiramente o maior prazer de todos, o de poder estar junto de meus amados filhos e neto. Coisa melhor na vida não há e ainda bem que o fazemos com uma certa regularidade e não só num dia especial como esse! Aproveitando o momento, mais uma desculpa (como se isso fosse preciso – rs) para se abrir mais algumas boas garrafas de vinho e curtir o dia bem acompanhado.

      Começamos por matar uma garrafa de Quinta de Linhares Arinto, da região do Vinho Verde em Portugal, que tínhamos aberto no dia anterior para acompanhar um prato de Bifum ao Curry de um restaurante chinês aqui do pedaço. O vinho é delicioso e quanto mais o tomo mais gosto dele. Aquele frescor típico dos Vinhos Verdes enche a boca de prazer e acompanhou muito bem os toques orientais do prato levemente apimentado. Certamente um grande acompanhante de comida Thai e do estilo. Neste domingo, no entanto, foi muito bem acompanhando umas entradinhas, nada sofisticado tudo bem simples, e uma salada de Bifum com kani, cenoura e azeitona. Preparamos bem o palato para o que estava por vir a seguir.

     Quinta da Pellada Touriga Nacional 2004, eta vinho porreta sô!! Se você tiver uma destas garrafas na adega, no entanto, abra logo! A meu ver já está em seu apogeu e não deve melhorar muito mais na garrafa. Com sete anos nas costas, está absolutamente sedutor nos aromas mostrando toda a exuberância da Touriga e encanta o palato. Um vinho com a assinatura Álvaro de Castro um dos grandes mestres na produção de grandes vinhos no Dão. Seus; Carrossel, Pape e Doda são de lamber os beiços e beiram a perfeição! Este Touriga também impõe respeito porém não pelo peso e sim pela complexidade e elegância que ele transmite através de taninos macios e sedosos. Faltou-lhe um pouco de estrutura, esperava mais nesse sentido, por isso acho que se deve tomar logo. Acompanhou bem o strogonoff de filé mignon, elaborado com maestria por minha cara metade, mas seduziu mais sozinho. De qualquer forma, um grande exemplo dos grandes vinhos que a Touriga pode gerar e um deleite que eu merecia! Rs

    Para finalizar, decidi guardar meu Moscatel Roxo Superior 98, achei que era demais para um só dia e depois, não combinaria com a torta de morangos que tínhamos de sobremesa. Para essa combinação, preferi um Vendimnia Tardia da Vina Amalia, vinho surpreendente em sua faixa de preço (R$65) elaborado com castas de muito boa acidez  (Sauvignon Blanc, Sauvignon Gris e Viognier em partes iguais) que fazem um contrapeso à doçura da torta. Quando lembrei da foto, já era! Modéstia á parte, boa escolha pois a harmonização ficou ótima mesmo o vinho estando a uma temperatura mais alta que o desejado. Difícil foi competir com meu neto pela torta de morangos!

Grande dia, pleno de sabores e prazeres como deveria ser. Salute, kanimambo e nos vemos por aqui.

Azeites Quinta de S. Vicente, Uma Preciosidade.

          Azeites, como cafés, têm tudo a ver com quem gosta de vinhos e eu ando garimpando! Nesse garimpo já achei algumas preciosidades, não por acaso lusas (rs), mas não só pois os azeites chilenos têm surpreendido. Ainda sem a complexidade dos azeites no Velho Mundo, lá vamos nós de novo (!), que neste caso é uma região algo mais abrangente que vai da península Ibérica á Grécia. Por uma questão de oportunidade, minha experiência tem sido mais com os azeites portugueses e desta feita tive o enorme prazer de conhecer os azeites da Herdeiros Passanha apresentados por meu xará João Filipe Passanha.

         Originários da Itália, mais precisamente da Republica de Génova, os primeiros membros da família se instalam próximo a Beja (Alentejo) nos idos de 1738 onde iniciam o plantio de olivais, mas a propriedade data de 1640. Hoje, são mais de 800 hectares de olivais, cerca de 1200 quilômetros de linhas de oliveiras, que garantem ao lagar um fruto de qualidade com cuidados próprios, nada é comprado fora, ao contrário da maioria dos azeites mais midiáticos existentes por aí. O lagar é estrategicamente localizado no centro da propriedade permitindo que o processamento da azeitona se dê em menos de 12 da colheita preservando-se assim a frescura, aroma e sabores da azeitona que, neste caso, são essencialmente da variedade Arbequina e Cobrançosa mas também a Cordovil e Picual. Com uma produção exigente em que 6kgs de azeitona são usados para elaborar apenas 1 litro de azeite, a Herdeiros Passanha produz hoje cerca de um milhão e duzentas mil garrafas ano que agora também chegam ao Brasil.

        Provamos três dos azeites por eles elaborados sob o nome Quinta de S. Vicente, todos de excelente qualidade, mas antes gostaria de compartilhar com os amigos um pouco do que aprendi naquele agradável dia num almoço no Empório Central do shopping Cidade Jardim promovido pela importadora a Maxbrands.

  • Quanto mais degradado o fruto maior a acidez
  • Se processado muito tempo após a colheita o fruto pode fermentar e aí a acidez também extrapola.
  • A maturação ideal da oliva e seu teor de gordura são essenciais ao processo.
  • A prensagem a frio é essencial para conservar os polifenoides
  • Azeite pega sabores facilmente então a embalagem é essencial ao produto que deverá preferencialmente ser de vidro.
  • Os inimigos principais do azeite são os mesmos do vinho; oxigênio, luz e temperatura.
  • Diferentemente do vinho, azeite não envelhece e melhor quando jovem.
  • Os três principais países produtores são a Espanha (46%), Itália (15%) e Portugal (2%).

Voltemos aos azeites provados, todos extra-virgens abaixo de 0,2% de acidez. Três foram os escolhidos; o básico quinta de São Vicente, o intermediário Quinta de São Vicente Colheita Premium e o azeite TOP do produtor, o Dom Diogo.

  • Qta. São Vicente 500ml – Cobrançosa e Arbequina. O apimentado de final de boca mostra bem a presença da Arbequina e foi muito bem na salada caprese servida. Muito bom.
  • Qta. São Vicente Colheita Premium 500ml – Cobrançosa, Arbequina e Cordovil o que escolhi como a melhor relação custo x beneficio porque é um tremendo de um azeite e o preço é justo face a qualidade do produto, ao redor dos R$50 mais ou menos 10%. Sutil, rico, sedoso e muito aromático me encantou e seduziu.
  • Qta. São Vicente Dom Diogo –À Cobrançosa e Arbequina, foi adicionada a Picual que, aparentemente por minhas provas, dá um pouco mais de corpo ao azeite. É um baita azeite e como tal o preço acompanha (aproximadamente o mesmo do Premium acima porém em embalagem de 250ml) e mostrou todas as suas qualidades ao ser colocado sobre o Filé Mignon servido. Untuoso, macio é divino esse azeite, porém para pratos e momentos especiais, coisas da alta gastronomia.

         Nunca tinha participado de uma degustação de azeites e tenho muito que aprender, mas adorei a oportunidade e já escalei uma visita à propriedade em Outubro (Nova Viagem Enogastrocultural a Portugal que estou lançando destes dias) quando da colheita da azeitona. Enfim, para quem gosta estes azeites têm que fazer parte de sua dispensa, na minha já estão!

Salute e kanimambo.