Harmonizar é uma arte pessoal que requer mais que tudo, prática, porém o “x ” da questão é buscar a harmonia que contente ao maior número de pessoas, o que nem sempre é viável e, por outro lado, isso não deve ser uma obsessão, mesmo que seja algo aconselhável. Há, no entanto, alguns princípios básicos a serem seguidos que podem ajudar a diminuir erros nessa busca pelo Nirvana.
Eu adoro essa busca e experimento muito, nem sempre acertando, sempre partindo de alguns desses preceitos básicos, porém sempre tendo em mente; as pessoas envolvidas, o momento, o local, o prato e o vinho. Quando o Nirvana é alcançado, é porque conseguimos harmonizar à perfeição todas essas varáveis mostrando que nossa vinosfera não é nada binária, graças a Deus, pois o resultado final é bem superior à soma dos fatores. Eis algumas dicas básicas, mas nada bate experimentar!
Por Similaridade – pratos doces são combinados com vinhos doces; carnes vermelhas de sabor intenso com tintos intensos; pratos ricos em aromas de especiarias com vinhos aromáticos; peixes grelhados de sabores delicados com brancos leves.. Exemplos – doce com doce (porto tawny com pudim de amêndoas), salgado com salgado (Jerez Manzanilla com presunto cru) .
Por Contraste – Doce com salgado, experimente um espumante Mosctael com queijo azul, Porto com queijo Stilton inglês e Sautern com Foie gras são clássicos
Por Peso – Pratos densos, ricos e encorpados, requerem vinhos do mesmo estilo.
Por Origem – Vinhos e pratos regionais tendem a se harmonizar favoravelmente como Riesling e Eisbein!
Pratos condimentados precisam de vinhos refrescantes – Brancos frescos com comida asiática.
Pratos untuosos pedem vinhos de boas acidez ou taninos – Ex. Tannat ou Vinho Verde com feijoada, Tannat com carnes gordas, etc..
Por Cor, mesmo que com base menos técnica e mais empírica, a verdade é que a prática tem me ensinado que, na dúvida, apele para a combinação de cor do vinho com a do prato. Vinhos com peixes e carnes brancas, Vinhos rosés com salmão (branco vai bem também), camarão e frutos do mar, tintos com carnes vermelhas e massas com molhos vermelhos. É meio tosco (rs) mas funciona na grande maioria das vezes,
IMPORTANTE: em muitos pratos, como por exemplo bacalhau e e massas, temos que pensar no que vai na elaboração dos pratos. Numa massa os molhos são, a liga no bacalhau os ingredientes e forma de preparo.
Seja lá que for; pessoas, comida, vinho, cerveja, tapas, etc.,harmonizar é sempre um exercício complexo que envolve uma série de sentidos e é muito pessoal já que cada um de nós tem seus próprios gostos, cultura e idiossincrasias. Por outro lado, mais do que nunca, é vero que em nossa vinosfera não existem verdades absolutas e a experimentação pessoal é necessária para que possamos encontrar nossos caminhos, mas se não der certo não se desespere e aproveite o momento! Como já disse Jean-Luc Thunevin, respeitado e conceituado produtor francês, “Na França bebemos vinhos com comida. Se se harmonizaram bem, fica ótimo. Se não se casarem bem, não tem nenhum problema, pois o vinho é antes de mais nada um alimento! O foco de harmonização é mais forte no Brasil do que na França!”.
Não sou xiita, mas quando a soma dos dois ultrapassa o mero resultado matemático, a experiência boa se torna marcante e inesquecível! Essa busca me intriga e o resultado me encanta, mas quando não dá certo, me divirto da mesma forma!! rs Kanimambo pela visita, saúde!