Gastronomia & Harmonização

Garimpando Mais Gostosuras Gastronômicas com Rejane Machado

Ish, já estava ficando preocupado com a ausência dos gostosos textos da amiga Rejane, uma eximia garimpadora das coisas de nossa vinosfera e gastronomia. Compartilhamos, entre outros interesses em comum, um espírito irrequieto que necessita de novidades, de sair da mesmice, de provar do novo! Ainda bem que ela voltou e com uma dica que me deixou com água na boca, vamos escutar o que ela tem a nos dizer sobre mais um achado seu.

“Ao vencedor as batatas”. ( Quincas Borba – Obra literária de Machado de Assis).
“Supõe-se um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso , é a desnutrição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos” , diz Quincas Borba a Rubião para explicar-lhe a teoria do humanismo. E completa: “ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.

Que papo é esse??? Apenas um momento cultural, lembranças láááá do “ginasial”, tempos nos quais a escola pública era sinônimo de estudo, inteligência, esforço e capacitação, mas voltemos, foco, Rejane Machado…foco!!…rssss Com uma introdução dessas que mais poderia ser o assunto deste post senão: Batatas!!!!!

Felizmente não precisamos eliminar tribo alguma para conseguirmos nos nutrir, lambuzar, fazer gordices deliciosas com o “divino tubérculo”. Batizada gentilmente de “Batata Louca”, na real alguns conhecem como Batatas Rösti, Suíças, Hot Potato. Enfim seja qual for o nome, é simplesmente uma de lí ci aaaa!

Rejane - Batatas
A receita tradicional da culinária suíça ( Cantão de Berna), era consumida por camponeses como “café da manhã”, claro que não havia essa variedade de sabores e modelagem perfeitinha. Na real é batata ralada e recheada com os mais diversos e criativos ingredientes…ai ai crocante!!..hummm… ( fiquei com vontade….rsss). Provei a recheada com frango, requeijão, milho verde e tomate …per fei taa! Tem mais 23 sabores, nas opções pequena ou grande. Eu pedi uma pequena, vejam a foto!!! E ainda você pode deixar mais saborosa com porções extras de recheios a sua escolha. Bora pra onde???

Doce Loucura
Praça das Rosas, 20 – Centro Comercial – Alphaville –SP – Tel.: 11 4191-8139 – http://www.doceloucura.com.br

Grande beijo e boa sorte a todos.

Eu fiquei com água na boca, uma hora tenho que me programar para dar uma passada por lá! Por agora fica o lembrete para a Degustação de Vinhos Espanhóis com Tapas & Pintxos no próximo dia 15 conforme post anterior a este, aguardo vossas reservas. Kanimambo e um ótimo fim de semana para todos.

Harmonizando o Bacalhau da Páscoa de 2014

Provavelmente o prato mais emblemático da Páscoa e certamente um dos que mais duvidas causa na hora de harmonizar afinal, branco ou tinto? Pois bem, não se sinta só já que esse dilema não é só seu e, pior, não tem uma resposta conclusiva porque se existem 1001 formas de preparar o bacalhau, existem outras tantas para harmonizá-lo. Mais do que o Bacalhau em si, importante é saber como ele será elaborado pois, em última instância, será isso que vai determinar o vinho mais adequado. Eis algumas dicas:

1 – Escolha um bom Bacalhau: veja a matéria que escrevi aqui sobre o tema no ano passado. Bacalhau é
Gadus Morhua, o mais nobre e a fina flor dos bacalhaus, o mais saboroso, se desfaz em lascas e as postas são das mais altas. Advém do Atlantico Norte, Mar da Noruega e de Barents. O mais caro, mas faz diferença!
                                                            ou
Gadus Macrocephalus , de cor quase branca é mais fino não se desfaz em lascas tão facilmente sendo mais fino e fibroso. Vem normalmente do Pacifico e é mais em conta que o Gadus Morhua.

                                               O resto é peixe!
2 – Defina como vai elaborá-lo:

  • Bolinhos de Bacalhau, Punheta de Bacalhau e Pataniscas vão bem com Vinhos Verdes Brancos.
  • Bacalhau com Natas, Açorda ou Grelhado com Amêndoas vai bem com vinhos levemente amadeirados como um Chardonnay ou Antão Vaz. Gosto também dos brancos do Douro de médio corpo tradicionalmente cortes de Viosinho, Gouveio e Rabigato.
  • Bacalhau desfiado tipo; à Brás, Gomes de Sá e no estilo é uma questão de gosto, vão bem com brancos sem madeira e tintos leves.
  • Bacalhau assado no forno, churrasqueira e frito tipo; Lagareiro,Transmontana, Nárcisa e São Lourenço, a meu ver vão melhor com vinhos mais encorpados porém sem taninos agressivos. Vinhos menos jovens, portugueses e espanhóis preferencialmente, com quatro a cinco ano de vida quando os taninos já se encontram melhor integrados certamente se darão bem.

3 – Quem estará presente. Todas as vezes em que falo de harmonização insisto no ponto de que a harmonização é uma combinação de fatores em que o prato e o vinho são apenas dois dos players nessa equação. As pessoas são essenciais, então leve em conta quem estará presente e quantos!

Bacalhau e Vinho Clipboard

        No mais meus amigos, o negócio é pesquisar, provar e aí fazer a sua opção de harmonização lembrando que em harmonização existem tendências, mas é o gosto e bolso de cada um que acaba se sobrepondo a qualquer regra. O que se deve procurar é o equilíbrio entre o prato, o vinho, as pessoas presentes e o paladar de cada um. Desde 2009 que costumeiramente falo deste tema no blog, então há muita coisa no qual pesquisar, basta digitar BACALHAU em pesquisa, no canto direito do blog e sair lendo os posts com um monte de dicas e até algumas receitas simples e gostosas.

       Um post que demonstra bem o quão complexa e diversa pode ser essa escolha, é um em que pedi sugestões a diversos sommeliers, colegas blogueiros, enólogos, críticos, colunistas daqui e de Portugal, vale a pena ler clicando aqui . MUITO IMPORTANTE, muiiiiito azeite antes e durante. O Bacalhau vem do mar, mas parece mesmo é que nasceu envolto por olivais, um nasceu para o outro!

        Bem gente, é isso por hoje. Que Baco lhe acompanhe nessa escolha e que sua Páscoa seja super feliz e saborosa. Salute e kanimambo

Harmonização, Uma Arte a Explorar

Harmonizar seja lá que for; pessoas, comida, vinho, cerveja, tapas, etc., é um exercício complexo que envolve uma série de sentidos e é muito pessoal já que cada um de nós tem seus próprios gostos, cultura e idiossincrasias. Por outro lado, mais do que nunca, é vero que em nossa vinosfera não existem verdades absolutas e a experimentação pessoal é necessária para que possamos encontrar nossos caminhos. Gosto de tentar harmonizar meus vinhos com bons pratos, nem sempre acerto e muitas vezes sou atingido por enormes e gratas surpresas, mas essa viagem pela busca é que que faz desse caminho um prazeroso passeio por novos sabores, porém não sou xiita!
Como bem explica Márcio de Oliveira em artigo que repico abaixo, “O ideal é que o vinho e a comida se complementem e para tanto é importante conhecer bem toda a estrutura do prato, como sua acidez, a doçura, sua intensidade, os temperos e ingredientes, além dos aromas e paladares e a intensidade dos vinhos para acompanhá-los.”. essas informações, no entanto, nem sempre nos estão disponíveis, então eu sempre uso e  recomendo, de forma mais genérica, uma destas duas “regras” da harmonização; a da origem (pratos e vinhos da mesma região tendem a se dar bem juntos) e do peso (pratos leves com vinhos leves, pesados com vinho bem estruturado) lembrando sempre que vinhos de boa acidez (que te fazem salivar) são essenciais.
Ainda no artigo do Márcio, uma frase de um produtor francês, Jean-Luc Thunevin , chama a atenção; “Na França bebemos vinhos com comida. Se se harmonizaram bem, fica ótimo. Se não se casarem bem, não tem nenhum problema, pois o vinho é antes de mais nada um alimento ! O foco de harmonização é mais forte no Brasil do que na França!”. Como disse, não sou xiita, mas quando a soma dos dois ultrapassa o mero resultado matemático, a experiência boa se torna marcante e inesquecível! Essa busca me intriga e o resultado me encanta!! No artigo publicado pelo Márcio ele dá uma série de sugestões e em uma ou outra eu dou meus pitacos! rs

“HARMONIZAR ESTÁ NA MODA !

Não podemos esquecer que o gosto é pessoal e toda a sua avaliação é em grande parte subjetiva, e que as regras de harmonização podem ajudar, mas não são absolutas. Para não errar, listamos algumas sugestões de pratos e vinhos, mas não se preocupe em se limitar a estas sugestões. Vale a pena experimentar e abrir a cabeça a novos paladares e harmonizações.

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Entradas e saladas:
• Saladas com vinagre: água mineral ou Jerez fino
• Carpaccio: espumante, tinto leve
• Ostras: Chablis, Sancerre, Champagne , Muscadet sur Lie
• Salmão defumado: Riesling, Poully Fumé
• Salmão fresco: Chardonnay, Riesling
• Presunto e embutidos: Beaujolais Villages, Pinot Noir, Chianti, Valpolicella.
• Mortadela: Lambrusco seco
• Presunto cru: Jerez fino ou tinto frutado (Barbera, Dolcetto)

Peixes e Frutos do Mar
• Bacalhau: Branco amadeirado ou tinto jovem (depende muito do peso do bacalhau veja mais aqui)
• Frutos do mar: Brancos leves secos sem madeira Truta: Brancos secos de médio corpo (Chablis, Riesling alemão)
• Peixes leves: Brancos secos leves
• Peixes com creme de leite: Brancos secos médios ou encorpados (Chardonnays do Novo Mundo)
• Sushi/sashimi: Champagne brut, espumante nacional, Prosecco, Cava, Sauvignon Blanc, Vermentino, Pinot Grigio

Aves
• Pato: Tinto de médio a bom corpo (Bourgogne, Cote du Rhône, Shiraz australiano) – (Dão de idade mais avançada)
• Pato com laranja: Branco aromático
Vinho e Pizza• Perdiz recheada: Borgonha tinto, Pinots da Nova Zelândia, Oregon e Casablanca/Leyda no Chile.
• Coq-au-vin: Bourgogne bem estruturado, Pinot Noir do Novo Mundo

Massas
Pizza e massas com molho ao sugo: Tinto leve ou médio (Valpolicella, Chianti)
Massas com frutos do mar: branco leve (Sauv. Blanc, Pinot Grigio, Soave)

Carnes
• Coelho: Tinto médio, Pinots Cordeiro: Bordeaux tinto, Rioja, Cabernet Sauvignon chileno, Brunello sunday Oct 11th 004
• Caça: Borgonha tinto
• Fondue Bourguignone: Tinto médio (Bourgogne, Cabernet Sauvignon Brasileiro)
• Fígado: Tinto leve, jovem (Beaujolais) Vitelas: Branco médio ou tinto leve
• Cassoulet: Cahors, Vacqueyras
• Porco: Branco suave ou tinto leve (Pinots) – (Joelho de Porco com Riesling!)
• Steak au poivre: Syrah
Feijoada , Costelinha de Porco – Vinho Verde ou Espumantes Cítricos e frescos. Tannat

Queijos
• Fondue de queijo: Riesling, branco seco , Chardonnay
• Roquefort, Stilton, Gorgonzola: Porto ou branco doce,
DSC03016• Ovelha curado(Serra da Estrela): Porto LBV ou Vintage
• Queijo de cabra: Branco seco leve (Sancerre, Sauvignon Blanc)
• Camembert, Brie: Merlot

Sobremesas
• Chocolate: Banyuls, Porto Ruby ou Tawny
• Tortas (frutas): branco suave de sobremesa, colheitas tardias
• Cheesecake, cremes: branco doce, Sauternes, Muscat de Rivesaltes
• Crême brûlée: Sauternes, Muscat, Jurançon
Tortas de nozes, amêndoas, doces conventuais portugueses; Porto Tawny

Os ingleses costumam dizer que “ Practice Makes Perfect” então, mãos á obra vamos experimentar muuuuuito, afinal o fim de semana está chegando! Salute, kanimambo e dia 16 tem Riedel Tasting, ligue “djá”!

 PS. É raro, mas tem dia que o WordPress cria vontade própria e não tem santo que faça com que ele obedeça! Hoje é um desses, vai então do jeito que ele quer, não tou a fins de argumentar!! rs

Garimpando + Gostosuras Gastronômicas.

Mais uma dica de gastronomia da amiga Rejane que parece tomou gosto pelo riscado! Houve aqui uma bela harmonização de textos o que só vem enriquecer este blog que trata de enogastronomia e não só de vinhos, pois acredito que um não vive sem o outro. Seja alta gastronomia ou cozinha de fim de semana, com uma boa taça de vinho tudo ganha outra perspectiva. A Rejane e o Helio curtem demais esse garimpo gastronômico assim como eu o das coisas de nossa vinosfera, então adorei esta nova “aquisição” de GENTE que curte as boas coisas da vida sem perder de vista a perspectiva dos valores essenciais a ela. Valeu Rejane!

Oie, o primeiro “bate-papo’’ sobre o “Garimpo Gastronômico”, foi bacana (ainda se usa essa gíria?!)…rsss Essa é a idéia! Conversar como disseram alguns leitores e amigos, “ao pé do ouvido”, uma conversa  leve descontraída, cheia de paixão verdadeira por essa nossa culinária tão maravilhosamente diversificada.

Não estou aqui para criticar isso ou aquilo, mas comentar as gostosuras encontradas a ponto de vocês sentirem uma vontade doida de provar, ou ao menos de conhecer. Longe de mim  fazer com que corram para o Google a fim de entender termos técnicos.

Vamos ao que interessa? Pensem em uma comida irrepreensível, sem maquiagens desnecessárias; bem servida, na medida certa. Você nem fica com pena de desmanchar o prato, e muito menos pensa que talvez fosse melhor ter pedido uma pizza. Capitou?! Hummm… parece que estou sentindo os aromas. Sério!!!

Rancho 53 – Sabores de Portugal

Ambiente tipicamente Luso, cheio de pratos pintados á mão, trajes típicos, vinho, vinho, vinho, vinho e quando você pensa que acabou dá-lhe mais vinho, (me senti como o Esquilinho do desenho A Era do Gelo… ai aii… opa, voltando). Tem um empório enorme, que vende desde polvo gigante congelado, até Pata Negra, o legitimo! Os pratos?  Bacalhau de tudo quanto é jeito, tem jeito que eu nem imaginava que existisse e uma ou outra opção tipo; filé com fritas, arroz com sardinha, petiscos diversos. Pedimos um prato excepcional, que Rancho 53delícia!

Pensem em um polvo gigante mesmo, impecavelmente temperado, e feito na brasa, com batatas assadas na brasa também e brócolis , com alho. Polvo a Lagareiro, olha a foto e veja o tamanho de um dos tentáculos. O prato é servido com três a quatro tentáculos, e atende muito bem duas a três pessoas.

O atendimento é muito bom, bem cordial, sem exageros, tem um sommelier na casa, e você pode entrar na adega para escolher um vinho, ou simplesmente para conhecer. Os vinhos vão dos mais simples, porém honestos aos “ tops tops”; afora os licores, cachaças, e os mais diversos aperitivos e digestivos.

Já os doces, apesar de portugueses deixam a desejar, não vale a pena pedir; melhores em disparada os da Vino & Sapore (hum… Toucinho do Céu …de lí ci aaaa … olha o Merchant  João).

Agora temos que conversar sobre preços, afinal amigos são também para dividir a conta. Tipo, na alegria e na tristeza…rss Vá se preparado, nada suave, mas justo pela qualidade!

Ah, ia me esquecendo, toda quinta tem “Noite do Fado”, música Portuguesa  ao vivo… Ora Pois! É isso aí, espero que gostem da dica.

Bjusss e “óteeemooo garimpo”.

Onde fica:

Rodovia Presidente Castello Branco, Km 53, Araçariguama – São Paulo – SP

Tel.: (11) 4136-1381 / www.rancho53.com.br / facebook.com/rancho53”

        Bem, como disse no post de Segunda, esta semana teria mais gastronomia e na Sexta mais uma seção de Dicas da Semana com coisas bastante interessantes. Me aguarde, salute, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui.

 

 

Bacalhau Luso-Italiano e Tannat de Salta, Combinação Inusitada

Hoje falo de comida, meu prato de Domingo (rs), e de “prefácio” uso o texto que o Jair Oliveira (Jairzinho para os mais antigos) colocou no cardápio do restaurante de sua mãe aqui na Granja, o Escondidinho, onde em breve realizarei alguns eventos. Adorei, pura poesia de quem entende do riscado.

“Quando a boca torna-se a porta do paraíso,

a alma delicia-se sem juízo e o prazer cresce quase sem medida.

Pois é assim que é bom levar a vida; com o sabor escondidinho num sorriso

e o paraíso escancarado na comida.”

(Jair Oliveira)

Bacalhau Luso-Italiano, a união de Baca & Pasta deu samba em terras brasileiras acompanhado de um Tannat de Salta, é o samba do crioulo doido em véspera de carnaval!. Mais um prato fácil e gostoso para você testar em sua casa, tenho a certeza que o pessoal vai curtir, eu me deliciei. Já o vinho, esse fica a seu gosto, mas como já tinha um Tannat de Salta aberto, imaginem só,  tomei junto e ………….. surprise, “ornou” legal! Tannat com bacalhau, o João pirou? Pirei não minha gente, este Tannat é para lá de especial e deu muito certo! Vamos à receita para 4 pessoas com sobra para a marmita de Segunda! rs

400 grs de bacalhau em lascas ou desfiado Gadus Morhua.

1 cebola média

2 dentes de alho

600grs de spaghetti de grano duro

200grs de tomate cereja bem madurinho

Salsinha, cebolinha, azeitona preta picadinha, pimenta do reino a gosto, muito azeite e três ovos cozidos.

Dessalgue o bacalhau em água gelada na geladeira por 24 horas trocando a água pelo menos duas vezes. Guarde a água da segunda e terceira (derradeira) troca e adicione na panela em que o spaghetti será cozinhado. Como essa água já é salgada, sugiro esquecer o sal nesta receita! Escorra bem o bacalhau e deixe-o descansar por cerca de uma hora bem regado com azeite, um foi feito para o outro, pois realça o sabor do bacalhau. Desfie, lasque bem o bacalhau e guarde.

Bacalhau Luso-Italiano by JFC

Refogue no azeite a cebola, alho, tomate e salsinha finalizando com o bacalhau. Misture bem e quando o bacalhau começar a dourar adicione um pouco de cebolinha e pimenta do reino moída a gosto. Jogue a spaghetti na panela ou frigideira alta, que é a que gosto de usar, e misture bem. Desligue o fogo, termine adicionando o ovo cozido grosseiramente cortado por cima para finalizar o prato. Sirva com um bom azeite do lado, eu adoro regar bastante! Viu, não falei que era fácil!

Quanto ao vinho, recomendo um tinto não muito tânico e redondo, mas harmonize CAM00017como queira, afinal se há 1001 maneiras de fazer bacalhau, há outras tantas para harmonizar. Eu, que não sei cozinhar sem vinho, já tinha aberto um que curto muito e que, lamentavelmente, por aqui não chega, é o Colomé Lote Especial Tannat de Salta comprado no produtor.  Apenas 1430 garrafas produzidas, 14 meses de barrica e imperceptíveis 14.9% de teor alcoólico, juro! Macio, frutos negros típicos da casta, algum tabaco, meio de boca extremamente rico e absolutamente sedutor, sedoso com um final de boca longo e muito saboroso não tendo passado por cima não! Certamente que não é a harmonização clássica, mas ficou muito bom!  Bem, por hoje é só, mas na semana ainda falaremos mais de gastronomia aqui no blog com a participação da Rejane, pois onde há boa comida há sempre a presença de vinho e vice-versa. Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.

O vinho faz da refeição uma ocasião, torna a mesa mais elegante e cada dia mais civilizado.” Andre Simon, comerciante e wine writer francês.”

Gastronomia – Garimpando Gostosuras

         Mais do que vinhos, este meu caminho por nossa vinosfera me fez conhecer algumas pessoas muito especiais de quem me tornei amigo e isso talvez seja o maior legado que Baco me deu nessa caminhada. Uma dessas pessoas, ou melhor, duas porque são almas inseparáveis são a Rejane e o Helio. Gente, assim mesmo com G maiúsculo, que ama a boa gastronomia, bons vinhos, boa cachaça e boa prosa enfim, amam a vida! Suas viagens de descobertas por essas águas um dia os fez aportar na Vino & Sapore e a liga foi imediata.

        Há alguns poucos meses convidei a amiga Rejane a compartilhar com meus amigos leitores, essas viagens de garimpo para que outros pudessem ter a oportunidade de desfrutar dessas delicias que eles conheceram e tive a grata surpresa de receber esta semana sua primeira contribuição ao blog que espero seja uma de muitas por vir. Pode ser por aqui em Sampa, na Granja Viana – Cotia, Alphaville, Curitiba, Floripa, Rio o local pouco importa e sim a viajem! Neste primeiro causo, no entanto, eles já compartilharam essa experiência comigo (daí meus pitacos), porém precisamos voltar porque aquela costela de tambaqui não me sai da cabeça! Vejam só o que ela tem para compartilhar conosco.

Quando o amigo João Filipe me convidou para escrever a respeito das “gostosuras garimpadas” por mim  e meu marido, pensei: “- e por que não?! “. Afinal não tem coisa melhor que dividir com amigos as boas descobertas da vida, e quando se trata de delícias culináriasentão …Opaaaaa , é comigo mesmo!…rsss

Antes me permitam apenas explicar um pouquinho esse termo “Garimpando Gostosuras”. Tudo começou a muiiito tempos atrás, quando Deus resolveu em Sua imensa sabedoria, unir dois seres humanos loucos por garimpar nos mais diversos , e de preferência ,desconhecidos locais  as delícias do universo gastronômico. Sendo assim, decidimos que iriamos conhecer um local por final de semana, entre restaurantes, lanchonetes, petiscarias, docerias, wine bar, cervejarias…e por aí vai, e isso faz somente 30 anos, …ufa!! Em resumo é isso, e agora que já sabem como começou essa história,vamos ao que interessa.

Para inaugurar essa modesta “Odisséia “de sabores, escolhi nada mais que um de nossos locais preferidos para os almoços de Domingo:

A Graciosa – Restaurante e Eventos

Pensem em um lugar com aquele jeitinho de casa de vó, e  comida caseira deliciosaaaaa !!!! O ambiente é repleto de antiguidades em sua decoração, tipo casa do sítio da vovó mesmo. Salão, varandão na lateral e um caramanchão na frente , todos com mesas tipo fazenda. O atendimento é excelente, conta com uma equipe super simpática e muiiito bem preparada para fazer com que você sinta vontade de voltar. Já sei, você quer saber  dos pratos….rss O cardápio é muito diversificado:Graciosa

Leitãozinho à Pururuca  ,imperdível e impecável!!!!! (me lambuzei tudinho!!)

Pintado da Amazônia

Costelinha de Tambaqui assada na brasa o meu favorito.

Feijãozinho caseiro de dar água na boca…hummm

Polentinha frita, com parmesão

Muiiiita coisa deliciosamente preparada, com gostinho de comida bem feita em casa. Sabe  aquelas com “Sazon” …rsss….muito carinho mesmo. Ainda tem a cachaça de alambique, servida para degustação com gengibre, ou purinha. A dica é a caipirinha de limão com essa cachaça….ai aii! (me esbaldei!)

Para quem curte vinhos, assim como eu também gosto e muito, ainda está sendo elaborada uma carta de vinhos, porém muito fraquinha; no entanto você pode levar se quiser, a taxa de rolha é irrisória. Mas, lembre-se que é um ambiente lindo, limpo, porém rústico; então não espere degustar seu vinho em taças Riedel…rssss Onde fica, né?!

Rod. Bunjiro Nakao, Km 49,5 – Vargem Grande Paulista – SP – TEL.: 011 4611-0078 Aberto de Segunda a Sexta das 11:00 as 16:00 – Sábados, domingos e feriados das 11:00 as 18:00

Face: https://www.facebook.com/GraciosaRestaurante?ref=ts&fref=ts Site: www.buffetgraciosa.com.br

           É isso e como A Graciosa é perto da Granja Viana e você terá que passar pela Rodovia Raposo Tavares a menos de 500 metros da Vino & Sapore então, se for lá num Sábado porquê não dar uma passada (antes ou depois) para tomar uma taça comigo. Te aguardo, salute, kanimambo e um ótimo fim de semana para todos.

 

Cerasuolo, o de Abruzzo não tem nada a ver com o da Sicília

        Já não chegava a confusão entre a uva e a região de Montepulciano (um em Abruzzo e o outro na Toscana), Abruzzo também é palco Atum selado do Philippede mais uma confusão italiana a Cerasuolo. O Cerasuolo Vittoria é um  DOCG tinto da Sicilia,  normalmente elaborado como um blend de Nero ‘dAvola e Frappato. Já o Cerasuolo d’Abruzzo é um DOC de Abruzzo, com quatro regiões produtoras, em que a uva Montepulciano (min. 85%), cepa ícone da região, é vinificada em rosé. Neste Domingo tive a felicidade de abrir uma garrafa de Cerasuolo d’Abruzzo e me dei muito bem! Já faz alguns anos, mais precisamente em dezembro de 2009 , que tomei um rosé italiano harmonizado com atum selado no Philippe Bistro (aqui em Sampa na linda rua Normandia, rua de uma quadra só!) e nunca mais esqueci.

       O prato estava fantástico e a harmonização foi perfeita, porém desde aquela época que buscoVermiglio Cerasuolo um rosé daquele estilo (o importador cessou atividades) e finalmente achei, Vermiglio Cerasuolo d’Abruzzo 2012, que agradável surpresa, pena que faltou o atum, mas tinha boa companhia para compensar! Acabou rápido demais, uma tendência que os vinhos bons tendem a mostrar (sniff!), mas deixou boas lembranças. Esqueça os rosés de verão, aqueles leves e suaves para tomar na beira da piscina (quem tiver!), o Vermiglio milita em outro time, o dos vinhos gastronômicos. Cor linda, um vermelhão vivo (daí o nome?) e brilhante,  aromas de boa intensidade que chamam a taça á boca. Médio corpo, denso, fruta vermelha fresca e abundante, equilibrado e muito saboroso. Não é por nada não, mas senti falta daquele atum!! Kanimambo, salute e ainda temos 4 vagas para a degustação de Vinhos de Altitude na Vino & Sapore na próxima Quinta! se estiver afins me envie e-mail para comercial@vinoesapore.com.br. Uma ótima semana para todos!

Um Espumante Rosé Peso Pesado

DSC03250      Navarro Correas Brut Rosé de Malbec, eis aqui um espumante rosé diferenciado e isso a gente vê já na cor escura e densa na taça. A perlage é intensa e duradoura, porém o maior impacto vem na boca onde ele se mostra de forma mais marcante deixando claro que ele veio para ser diferente e certamente requer uma harmonização mais criativa e definitivamente não ó tipo de espumante ligeiro para se tomar descompromissadamente numa tarde verão. Extração mais intensa, denso e encorpado, notas de frutos vermelhos bem presentes, boa acidez que me fez pensar em duas coisas com que harmonizá-lo, musica e prato. No prato, acredito que deva ser uma ótima opção para acompanhar o inicio de um churrasco com costela de porco e linguiça, quem sabe até uma bela morcilla uruguaia ou panceta, porém foi muito interessante a harmonização com os figos com nozes!  Já na música, esse estilo mais pesado de personalidade marcante tem tudo a ver com uma batida sonora do mesmo peso e intensidade, algo como a Pork n Beans do Left Lane Cruiser

       Nunca tinha tomado um espumante rosé desse estilo o que só vem corroborar minha tese de que independente da “litragem” do enófilo, sempre há uma surpresa em cada esquina que nos coloca no lugar mostrando o quanto ainda temos a aprender e por isso curto essa viajem!  Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.

Salvar

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Nossa Vinosfera, a Cada Taça uma Descoberta!

È um pouco assim que sinto, pois por mais litragem que tenha há sempre algo novo a se encontrar numa taça de vinho. Prestar atenção nisso, apreciar o vinho e não somente tomá-lo é DSC03245um tremendo de um barato e o que faz desse hábito algo salutar e muito prazeroso sempre que praticado de forma moderada. As surpresas vêm normalmente de onde menos se espera e nesta Segunda veio numa taça de um rosado argentino, olhem só essa cor!

O visual na garrafa já é um convite a abri-la, ainda mais porque em seu rótulo aparece “Blanc de Noir”, algo mais comum em espumantes, enquanto o vinho é rosado! É na taça, no entanto, que o vinho inicia sua dança de sedução com essa cor linda e cheia de brilho já dando uma dica do que está por vir. Aromas de frutos do bosque frescos te convidam a levar a taça à boca onde ele surpreende a todos aqueles que dele esperam o básico moranguinho e groselha de muito dos vinhos rosados por aí no mercado. Sem qualquer residual de açúcar perceptível ao palato, o vinho, que não passa em madeira é seco e puro frescor, mas tem DSC03241mais! Os aromas vão dançando na taça em contínua metamorfose mostrando algo diferente que nos intriga enquanto acaricia a boca com um frutado intenso e fresco, vibrante que nos faz lembrar verão, férias, mar, mostrando que a “art de vivre” muitas vezes se encontra nas coisas mais simples, como numa taça deste saboroso vinho que no deixa nos lábios um sorriso de satisfação. Aliás, a satisfação que era uma das principais bandeiras defendidas pelo saudoso Saul Galvão que dizia; “ o vinho existe para te dar prazer e se o fez, cumpriu com seu papel”, é vero! !  Tem tudo a ver com nosso verão e nossa ceia de Natal, com o peru á califórnia e até o tender deve ficar da hora, ou para frutos do mar em geral ou, ainda, num voo solo somente com boa companhia, porque isso é essencial. Versátil e apetecível, é um vinho que curti demais e recomendo.

Blend de 50/50 Malbec com Pinot Noir,  é vinificado como branco com uma curta maceração e 48 horas de contato pelicular que lhe dá essa bonita cor salmonada. Um vinho sedutor com um ritmo próprio e marcante que eu harmonizaria com diversão e alegria, mas principalmente com boa companhia e alto astral ao som algo picante da salsa cubana de Rey Caney; Ajo, Cebolla y Tomate, porém como não mais está disponível na net, faço um link aqui para Luna Llena que também harmoniza!! rs  Have fun, salute e kanimambo! 

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Baixa Gastronomia no Domingo

      Não sei nem se o título se adequa, mas apesar de reconhecer e respeitar os feitos transformadores de alguns grandes chefes de cozinha, cansei de me satisfazer visualmente em restaurantes, mas sair com o bolso rasgado e uma certa sensação de que faltou algo, comida! É bacana, sim é na maioria das vezes servindo como experiência sensorial, porém eu gosto mesmo é de boa comida no prato, o famoso prato cheio como no Don Curro e outros restaurantes do estilo, desculpem minha franqueza.

     Sou mal e mal, um cozinheiro de fim de semana com limitações criativas porém tento sempre buscar algo novo para preparar. Neste Domingo, estava indeciso no que fazer porém quando vi no mercado uma fraldinha bonita de carne de gado criado ao pasto (gostei do conceito) e com um preço bacana, que teimava em piscar para mim, não resisti. Comprei e pensei que no forno poderia bem ser nosso almoço, algo “light”, clean sem muita invenção (há momentos em que o menos é mais!) só acompanhado de uma salada de bifun com kani, ovo mexido, azeitona e cenoura cortada fina em tiras.

     Chegando em casa lá fui eu ao google fuçar por uma receita e sem querer descobri a Larissa Januário e seu delicioso Sem Medida que já está entre meus favoritos aqui do lado. Fotos lindas, passo a passo bem demonstrado e uma série de descobertas de receitas simples e criativas. Quem sabe agora consigo me aprimorar testando algumas delas!

     A receita da Fraldinha peguei no site dela e é incrível como é fácil e rápido, em menos de meia hora estava pronta! Preciso ainda acertar o ponto melhor, mas a carne ficou macia, saborosa e a salada de bifun foi uma ótima pedida, até porque de sobremesa (há que se balancear as coisas!rs) tínhamos irresistíveis doces portugueses. Coloquei umas fotos que mostram a simplicidade do prato mas basta salgar a carne com sal grosso ou flor de sal, eu usei esse último e ficou muito bom,  selar cerca de 5 a 7 minutos de cada lado numa frigideira em fogo bem alto, depois mais 10 a 15 minutos no forno pré aquecido, só isso! Para cortar essa delicia uma faca com nome e sobrenome,rs, que ganhei recentemente do amigo Juan, mas nem precisava de tão macia que estava, e pronto a carne estava pronta a servir. A simplicidade que buscava, mostrando que não precisa complicar para se obter prazer na cozinha e que há hora para tudo! Veja mais no site da Larissa.

Clipboard Fraldinha da Larissa

    Ah, não falei de vinho né! Bem, eu precisava provar o Perrin Reserve branco Cotes du Rhone pois pensava em colocá-lo na Vino & Sapore então abri-o enquanto cozinhava e petiscávamos algo. Bom, fresco, conforme a temperatura aumentou, para próximo dos 10 graus, os aromas (pêssego, apricot e um suave floral) apareceram melhor, tendo apresentado uma certa mineralidade  gostosa de final de boca. Para um blend de Garnache Blanc, Viognier, Roussane e Marsanne elaborado por este conceituado produtor  com preço na casa dos oitenta a oitenta e cinco Reais, esperava um pouco mais de complexidade e estrutura que não encontrei. Bom para cozinha asiática, curries, entradas mas a meu ver falta-lhe punch para encarar um prato de maior estrutura, que é o que ando procurando.

     Quanto ao tinto para acompanhar a carne, abri um Malbec Carinae que também não me encantou mas que certamente terá seus seguidores pois é daqueles vinhos power (carne suculenta, delicada, pouca gordura, o vinho passou por cima) com muita extração e alto teor de álcool que demora a integrar. Bem que a amiga Flavia me recomendou decantar, mas é um vinho de cerca de sessenta Reais, achei exagerado mas ela estava certa.

    Foi um Domingo mais gastronômico que enófilo, mas igualmente gostoso pois estava com a família o que é sempre um tempero especial. Bem, é isso, salute e kanimambo pela visita.