Tomei e Recomendo

Vinhos de Primavera Bons e Baratos

          Buscar rótulos de boa relação Qualidade x Preço x Prazer em qualquer das faixas de preço vigentes no mercado, é e sempre será um dos muitos objetivos deste blog. Estou com uma listinha desses rótulos a publicar, porém hoje me atenho aos mais baratos e aos vinhos que têm tudo a ver com a estação que recém entramos. Mês de primavera com calor de verão, que aliás parece que nunca foi embora este ano, o que nos faz buscar vinhos mais refrescantes como os brancos, rosés e espumantes.

Amalaya Branco – Vinho á base da cepa Torrontés que produz alguns bons caldos na Argentina. Com um toque de Riesling qe aporta uma maior acidez ao blend, mostra aquele floral típico da cepa, porém de forma menos intensa com algo cítrico no nariz e na boca um frescor muito bom, pois a Riesling faz muito bem esse papel dando-lhe um equilíbrio importante porque muitos torrontés por aí tendem a ficar algo enjoativos. Este é suave, balanceado e fácil de se gostar com um único inconveniente, a garrafa tem a tendência a acabar rápido demais!

Man Vintners Chenin Blanc – originária da região do Loire na França, esta cepa se deu muito bem na África do Sul onde encontramos alguns vinhos muito bons. Este vinho é de gama de entrada para ser tomado bem geladinho, ao redor dos 6ºC, é super refrescante para acompanhar petiscos variados inclusive frutos do mar e queijos de cabra. Para quem gosta dos Sauvignons Blanc, vale enveredar por vinhos desta cepa pois apresentam características de frescor muito similares.

Arco de la Vega Rosado – um rosé espanhol á base de tempranillo, de ótimo custo x beneficio que vale muito a pena como um vinho de entrada, pois possui muito das característica dos brancos mais leves e vibrantes. Notas de cereja, boa acidez que elimina eventuais sensações doces, uma mineralidade presente que me surpreendeu, certamente acompanhará bem um arroz de mariscos e um papo informal.

VillaVid Blanco – mais um espanhol de ótima relação qualidade x preço x prazer, coisa que tem se tornado costumeiro encontrar em boa parte dos vinhos espanhóis encontrados nas prateleiras dos pontos de venda de vinho espalhados no mercado. A uva Verdejo prima pelo frescor e aqui se junta à Macabeo para produzir um vinho muito saboroso de frutas tropicais,  fresco, algo cítrico na boca mas com um tempero a mais!

Falernia Pedro Ximenez – mais um que sai da mesmice, tanto no quesito região, uma nova zona quase desértica no norte do Chile – Vale do Elqui, quanto na uva em si que, na Espanha, é tradicionalmente usado na elaboração de vinhos doces na região de Jerez, os famosos PX. Este é vinificado de forma diferente gerando um vinho fresco de aromas intensos lembrando frutas cítricas e tropicais e um leve toque mineral. Na boca, é fácil de gostar, tem uma acidez gostosa, bom volume de boca, é delicado e com um final, equilibrado e seco.

       Existem muitos mais rótulos interessantes que valem a pena ser provados, aos poucos falarei um pouco deles, mas o bom destes é que a média de preços anda ao redor dos 40 Reais (mais ou menos 10%) o que é uma prova de que para se beber bem não há necessidade de grandes gastos. Explore, aventure-se por novos sabores e curta estes vinhos mais refrescantes pois a estação pede por isso.

Salute, kanimambo e nos vemos por aqui.

Um Sauvignon Blanc de Tirar o Fôlego!

          Há pouco mais de um mês tive a oportunidade de conhecer um Sauvignon Blanc como há muito não provava e num estilo “loirense” de ser que me seduz. O vinhos desta cepa elaborados nessa encantadora região da França, um de meus muitos desejos na lista de viagens a fazer antes da derradeira, são de uma elegância impar. Sedutores, sutis, plenos de frescor com boa mineralidade e vibrantes, me entusiasmam e no Chile também encontramos rótulos deste estilo, sendo o Laberinto Cenizas 2011 um exemplo onipresente e delicioso que comprova o que digo.

          Do Chile, especificamente da parte mais Andina do Vale do Maule beirando o lago Colbún, foi elaborado na edílica Viña Ribera del Lago (veja uma boa reportagem sobre o lugar aqui ) do respeitado enólogo Rafael Tirado que vem de uma família de winemakers famosa no Chile. Um projeto em que a qualidade se sobrepõe à quantidade com pouco mais de 25.000 mil garrafas produzidas entre 4 vinhos. Este Cenizas Sauvignon Blanc foi considerado pelo guia Descorchados 2012, mais importante guia do Chile, como o Melhor Vinho Branco Chileno. Como, no entanto, sou que nem São Tomé, tenho que experimentar sempre e o que comprovei é que todo esse retrospecto é mais do que merecido. Na minha taça aprovou com honras, verdadeiramente delicioso, um grande Sauvignon Blanc de notas mais vegetais que florais, ótima acidez, fino, com uma mineralidade sedutora na boca e uma persistência muito longa que pede  não a próxima taça, mas sim a próxima garrafa!

      Sem aqueles aspargo muito presente em boa parte dos Sauvignon Blancs chilenos, por vezes enjoativo quando em excesso o que não é tão incomum assim, estamos diante de um vinho muito fino onde os frutos brancos e as suaves nuances de grama cortada se juntam a uma acidez muito balanceada formando um conjunto difícil de bater para aqueles que preferem a sutileza à opulência. Mais para a delicadez da geisha do que a intensidade da madrinha de bateria, (faz algum sentido a comparação?!!) sem deixar de ser vibrante, é um grande parceiro para pratos de frutos do mar e saladas tropicais e foi uma das gratas surpesas que tive este ano, ainda mais porque mesmo com todos esse CV e retrospecto, possui um preço honesto que não chega aos 90 Reais e espero que permaneça assim. Importado pela Magnum.

Salute, kanimambo e amanhã tem Happy Wine Time na Vino & Sapore. Nos encontramos por lá?

 

Quem Garimpa Acha!

     Só não sabemos o quê e isso é o barato, a adrenalina do garimpo! Refosco al Peduncolo Rosso, como diz o Gerosa do Blog do Vinho, “Provar vinhos de uvas nativas e pouco divulgadas é como garimpar um livro em edição original em um sebo. Tem aquele apelo da descoberta de algo que existia há muito tempo, mas você desconhecia. De descobrir o novo, que na realidade é antigo, mas estava escondido. Melhor ainda quando o conteúdo surpreende.”, sim porque isso nem sempre acontece! Neste caso, este vinho do produtor Livon trazido pela Mercovino, surpreende e muito positivamente.

       A DOC é situado no nordeste da Itália quase encostado na Slovenia a leste, é a Colli Orientali dei Friulli com um formato que mais parece um camarão num país que tem a bota como referência. A região do Friulli como um todo não é muito conhecida entre nós e muito menos suas uvas. Mesmo com uma participação interessante de cepas estrangeiras, gosto dos Merlots e Cabernets da região que provei, é possuidora de uma leva de uvas autóctones desconhecidas da maioria, inclusive por mim, como as; Refosco, Schiopettino, Ribolla, Pignolo, Friulano, etc.

       A cepa de que falo hoje de nome estranho (sempre penso num furuncolo no pé! rs) Refosco al Peduncolo Rosso poderia ser traduzido como Refosco de racimo vermelho, já que existe o verde mais presente na Slovenia e Croácia, e é o mais “conhecido” da família dos Refoscos. Tive que pesquisar um pouco porque pela primeira vez me deparei com um destes vinhos na taça e desconhecia a cepa. De amadurecimento tardio é uma uva que prima pela boa acidez e taninos firmes produzindo vinhos bem estruturados.

       Falemos deste vinho que tem a conceituada Livon como produtor, é o Livon Colli Orientalli dei Friulli Refosco al Pedunculo Rosso, ufa! Possui uma bonita cor rubi, aromático com frutos negros (ameixa) bem presentes com algum tostado de fundo. A entrada de boca é franca com uma fruta fresca bem aparente, crescendo no meio de boca quando aparecem seus taninos bastante finos e sedosos, corpo médio, terminando algo especiado com boa persistência. O que mais chama a atenção afora a fruta, é a ótima acidez o que comprova o que li sobre a característica da cepa, muito gastronômico, me vi tomando-o algo mais fresco, próximo aos 15 a 16ºC, acompanhado de diversos estilos de charcutaria e, quem sabe, até  um frango grelhado na brasa ou aquela tipica fried chicken americana ou, arriscando um pouco, uma feijoada light?! Enfim, sem devaneios mil, um vinho bastante harmonioso e vibrante que me agradou e me fez lembrar do fato que vivemos aprendendo e por isso o garimpo é tão importante porque se não o que nos resta será viver na mesmice e isso é uma tremenda chatice! ). O preço gira ao redor dos R$95,00.

       Fui, salute, kanimambo pela visita e sigam singrando por mares nunca navegados, a viajem vale a pena!

Dia dos Pais Repleto de Prazeres

       Primeiramente o maior prazer de todos, o de poder estar junto de meus amados filhos e neto. Coisa melhor na vida não há e ainda bem que o fazemos com uma certa regularidade e não só num dia especial como esse! Aproveitando o momento, mais uma desculpa (como se isso fosse preciso – rs) para se abrir mais algumas boas garrafas de vinho e curtir o dia bem acompanhado.

      Começamos por matar uma garrafa de Quinta de Linhares Arinto, da região do Vinho Verde em Portugal, que tínhamos aberto no dia anterior para acompanhar um prato de Bifum ao Curry de um restaurante chinês aqui do pedaço. O vinho é delicioso e quanto mais o tomo mais gosto dele. Aquele frescor típico dos Vinhos Verdes enche a boca de prazer e acompanhou muito bem os toques orientais do prato levemente apimentado. Certamente um grande acompanhante de comida Thai e do estilo. Neste domingo, no entanto, foi muito bem acompanhando umas entradinhas, nada sofisticado tudo bem simples, e uma salada de Bifum com kani, cenoura e azeitona. Preparamos bem o palato para o que estava por vir a seguir.

     Quinta da Pellada Touriga Nacional 2004, eta vinho porreta sô!! Se você tiver uma destas garrafas na adega, no entanto, abra logo! A meu ver já está em seu apogeu e não deve melhorar muito mais na garrafa. Com sete anos nas costas, está absolutamente sedutor nos aromas mostrando toda a exuberância da Touriga e encanta o palato. Um vinho com a assinatura Álvaro de Castro um dos grandes mestres na produção de grandes vinhos no Dão. Seus; Carrossel, Pape e Doda são de lamber os beiços e beiram a perfeição! Este Touriga também impõe respeito porém não pelo peso e sim pela complexidade e elegância que ele transmite através de taninos macios e sedosos. Faltou-lhe um pouco de estrutura, esperava mais nesse sentido, por isso acho que se deve tomar logo. Acompanhou bem o strogonoff de filé mignon, elaborado com maestria por minha cara metade, mas seduziu mais sozinho. De qualquer forma, um grande exemplo dos grandes vinhos que a Touriga pode gerar e um deleite que eu merecia! Rs

    Para finalizar, decidi guardar meu Moscatel Roxo Superior 98, achei que era demais para um só dia e depois, não combinaria com a torta de morangos que tínhamos de sobremesa. Para essa combinação, preferi um Vendimnia Tardia da Vina Amalia, vinho surpreendente em sua faixa de preço (R$65) elaborado com castas de muito boa acidez  (Sauvignon Blanc, Sauvignon Gris e Viognier em partes iguais) que fazem um contrapeso à doçura da torta. Quando lembrei da foto, já era! Modéstia á parte, boa escolha pois a harmonização ficou ótima mesmo o vinho estando a uma temperatura mais alta que o desejado. Difícil foi competir com meu neto pela torta de morangos!

Grande dia, pleno de sabores e prazeres como deveria ser. Salute, kanimambo e nos vemos por aqui.

EPU um Segundo que é Primeiro

       Pelo menos no meu bolso, porque pagar mais de 600 Reais pelo primeiro vinho da Bodega, o Almaviva, está fora do meu alcance e, cá entre nós, apesar dele ser um grande vinho compro coisas melhores por esse preço. Questão de gosto e opinião, claro, e certamente haverão controvérsias.  Já o EPU é um vinho que cabe no bolso, porém o problema é que só está disponível no Chile, apesar de alguns pequenos lotes serem trazidos por uma loja virtual. EPU, aparentemente pois apesar de minha pesquisa na net pouco consegui encontrar, quer dizer segundo e não as iniciais de algum nome próprio como um famoso crtitico sugeriu num programa de rádio, neste caso o segundo vinho da Almaviva, uma joint venture entre Concha y Toro e Baron Philippe de Rotschild célebre mundo afora.

        Nunca tinha provado estes vinhos, porém, como sempre, através do desapego e generosidade enófila de um amigo e colega blogueiro (Christiano Orlandi de Vivendo Vinhos – um amante das coisas do Chile e do EPU) que se predispôs a compartilhar os sabores e mistérios desse vinho numa mini vertical, 2001, 2006 e 2007 realizada lá na Vino & Sapore. Muito bons vinhos, cortes de Cabernet Sauvignon e Carmenére, sendo que o 2001 se mostrou divino comprovando que são vinhos de guarda. Mas falemos destes vinhos, apesar de que devo chover no molhado, que custam algo como um terço do “primeiro”.

EPU Dos Mil Uno

14% de teor alcoólico imperceptível e estupendamente integrado. Muito aromático, sua paleta olfativa nos mostra frutos negros em geléia, algo de eucalipto, terminando com toques animais após um tempo em taça. Na boca é denso, muito equilibrado, vivo ainda com boa acidez após 10 anos de vida, rico, complexo e longo com um final com notas achocolatadas. Um vinho hedonístico que está no ponto certo de ser tomado, sedutor e extremamente prazeroso. Aliás, estou por montar uma degustação de vinhos com mais de dez anos e ando á busca de uma garrafa dessas, se alguém a tiver me ajude, vai! Maravilha de vinho de profunda elegância, um dos melhores que tomei em 2011.

EPU Dos Mil Seis

Os mesmos 14%, as mesmas uvas, o mesmo corte porém um vinho totalmente diferente do anterior. Aquela elegância aromática do 2001 não está presente aqui em que tudo é mais franco; fruta, álcool e um quimíco forte que não existia no primeiro. Na boca mostrou-se também menos radiante, algo mais monocromático, com um tradicional perfil chileno que, mesmo bom, não chega a encantar. Será falta de tempo? Poderia ser, mas….

EPU Dos Mil Siete

Para os mais antigos de boa memória invoco a frase; “Eu sou você amanhã” para descrever este vinho com relação ao 2001 e, neste momento, desbanco a possível falta de tempo como “desculpa” para o 2006. Este vinho mostrou todas as aptidões do 2001 porém mais novinho, fechadinho, fruta um pouco mais presente e franca no nariz faltando-lhe, ainda, os aromas terciários do 2001, mas dá para sentir que está tudo lá, ainda escondidinho! Um grande vinho que pede tempo, porém já mostra grandes virtudes e nos dá um enorme prazer tomá-lo deixando-nos, não com vontade da próxima taça, mas sim da próxima garrafa! Quem conseguir algumas garrafas, compre para beber já e guardar por mais alguns anos, vai valer a pena! Grande vinho.

       Por hoje é só. Salute, kanimambo e já sabem, na próxima viagem ao Chile é trazer EPU na bagagem, um achado que deve estar custando por volta de 30 míseros dólares por lá!

Argentinos Sedutores

        Sim existem, apesar das controvérsias, e falo dos vinhos! rs  Como já comentei, tenho provado bastantes ultimamente e dentro as diversas degustações de que participei alguns vinhos me chamaram a atenção provando que por lá também encontramos algumas surpresas. Hoje falo de um, mas tenho mais dois rótulos engatilhados e assim que der falarei sobre eles pois merecem um certo destaque entre os que provei.

Flechas de Los Andes  Gran Malbec 2008 – Tenho sempre um pé atrás com esses vinhos de alta gama argentinos pois tradicionalmente se excedem em quase tudo; muita concentração, álcool e taninos. Não falo do ponto de vista qualitativo, mas sim hedonístico pois são sensações essencialmente pessoais, simplesmente não me agradam! Ao levar essa taça á boca na degustação promovida pela Zahil para apresentar alguns de seus novos rótulos à imprensa especializada, uma enorme surpresa! Um Malbec 100%, 14 meses de barrica e 14,5% de teor alcóolico já pensei, lá vem mais bomba! Nada disso, ledo engano e uma sarrafada no preconceito inconsciente deste cronista do vinho!! Vinho delicioso, com toda aqueles frutos negros e exuberante dos bons Malbecs com nuances florais no olfato, boca de boa estrutura e volume, rico, saboroso, taninos finos e elegantes (uma meia hora de decanter lhe fariam bem) dando-lhe uma textura aveludada e sedutora que pedem mais uma taça. Encorpado porém, como no seu todo, sem exageros, finalizando com alguma baunilha, chocolate e algo de especiarias tudo muito bem balanceado por uma acidez no ponto que arredonda este vinho argentino de origem, mas de alma francesa já que os produtores são de Bordeaux.

        Com um preço ao redor dos R$90,00 me seduziu e certamente estará presente em minha taça mais vezes. Seu Gran Corte 2007, também é um belo vinho mas a “briga” é mais parelha na faixa de preço em que se encontra (R$180) e não chegou a me despertar suspiros ao contrário do Gran Malbec.

Por hoje é só. Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.

Dois Surpreendentes Vinhos Brasileiros – Parte II

            Parte dois e, como passei por uma outra experiência muito interessante recentemente, acho que terei que incluir uma terceira!  Bem, mas falemos deste segundo vinho tomado que me causou muito boa impressão inclusive por sua faixa de preço, em torno dos R$20 a 21 a garrafa de 375ml . Interessante que este Reserva dos Pampas apresenta um corte levemente diferente da garrafa de 750ml, tendo sido engarrafado posteriormente. Nesta garrafa de 375ml, o porcentual de Tannat usado é maior o que deixa o vinho bem mais interessante e marcante do que o da garrafa tradicional que já é bem saboroso. A Cordilheira de Santana  é conhecida por seus bons e longevos vinhos, especialmente pelo Chardonnay, Gewurztraminer (melhor do Brasil) e Tannat  já amplamente conhecidos pela maioria dos leitores

           A vinícola tocada a quatro mãos pelo casal Rosana Wagner e Gladistão Omizzolo, é localizado na Campanha Gaúcha, fronteira com o Uruguai. Eis o que eles  falam sobre suas terras em Palomas, Santana do Livramento:  “A escolha da região de Santana do Livramento, ao sul do estado do Rio Grande do Sul, tem uma motivação técnica própria. Essa região fica localizada no paralelo 31º, o mesmo de regiões produtoras de vinhos na Argentina, África do Sul e Austrália, países que produzem vinhos de excelente qualidade. Verificou-se que a região oeste-central da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, representada, meteorológicamente, pelas localidades de Santana do Livramento e Bagé, apresenta o melhor conjunto de condições climáticas para a produção de vinhos finos, no Rio Grande do Sul. Uma vantagem da região oeste-central do Rio Grande do Sul, especialmente Palomas, é a sua continentalidade que, aliada a uma atmosfera límpida (em virtude da baixa umidade relativa do ar), determina maior amplitude térmica diária da temperatura, (diferença entre as temperaturas mínima e máxima). Tudo isso, juntamente com a maior insolação, favorece a fotossíntese líquida, determinando maior teor de açúcar da uva.  O solo arenoso e a pouca precipitação de chuvas, características favoráveis ao plantio, tornam a região muito especial.”

          Esta linha Reserva dos Pampas é sua gama de entrada buscando uma maior participação no mercado e tenho que reconhecer que acertaram em cheio, o vinho é bom e muito saboroso sendo uma ótima opção de vinho para o dia-a-dia. O Marcelo Copello, em seu painel de 80 vinhos brasileiros analisados por faixa de preço em Setembro de 2010, colocou este vinho da safra de 2004, a que está no mercado, como destaque em melhores compras até R$50,00 e estava certo. Apesar de ser um vinho mais comercial, diferentemente do Hex von Wein que possui uma outra proposta, é muito bem elaborado e muitíssimo saboroso. A Tannat lhe aporta um corpo que o torna muito atraente na boca com boa textura, muito equilíbrio com um teor de álcool muito bem dosado (13%), frutos negros, taninos finos e aveludados compondo um conjunto deveras prazeroso de persistência média algo especiada. Um vinho de boa acidez que se mostrou gastronômico, mesmo que não complexo e nem busca essa identidade, sendo boa companhia para carnes grelhadas, um risoto de funghi e coisas do tipo, até uma boa pizza de linguiça de javali. Mais uma grata surpresa fora do roteiro dos grandes produtores e regiões mais tradicionais da produção nacional e mais uma boa razão para jogar o preconceito contra vinhos brasileiros, ou qualquer outro tipo, no lugar onde merece estar, na lixeira mais próxima. Prove vinhos nacionais diferenciados de produtores idem e surpreenda-se você também.

         Para quem os quiser conhecer melhor, minha sugestão é, afora a óbvia prova de seus vinhos, visitar seu site que é bem legal mostrando bem o projeto que vêm desenvolvendo no extremo sul do Brasil, clique aqui. É isso e logo, logo tem mais. Por enquanto, salute, kanimambo e nos vemos por aqui ou na Vino & Sapore onde uma taça de vinho sempre espera os amigos.

Dois Surpreendentes Vinhos Brasileiros

              Apesar da descrença de alguns para com este cronista dos vinhos quando o assunto é vinho brasileiro, deixemos, espero que pela última vez, claro de que meu problema é com o maledetto selo fiscal e quem nos enfiou goela abaixo essa aberração, não com os vinhos nacionais como um todo, até porque apoiar não significa dizer amém para tudo e todos a toda hora! Gosto que me pelo quando provo um vinho que me surpreenda, especialmente quando é brasileiro pois confirma o fato de que estamos evoluindo na elaboração de bons vinhos que, ás cegas e sem preconceitos, acabam ganhando, ou se posicionando muito parelhos com a concorrência externa em provas temáticas. Ainda temos um longo caminho a percorrer, inclusive para ganhar uma maior consistência, porém caminhamos a passos largos numa trajetória muito positiva do ponto de vista qualitativo, faltando-nos ainda, no entanto, desenvolver melhor os aspectos estratégicos e mercadológicos do mercado, mas isso é papo para outro post.  Hoje quero falar de mais dois vinhos que provei recentemente, em meia garrafa, que me deixaram “saborosamente” feliz.

Hex Von Wein, (vinho da bruxa) – é nossa miscigenação cultural chegando  à vinosfera tupiniquim na Picada Café, Rio Grande do Sul no caminho de Gramado. Onde mais, um vinho poderia ter suas uvas plantadas por uma família de origem italiana, vinificado por um alemão e comercializado por uma cooperativa de produtos naturais?!  O Claudio Werneck, amigo blogueiro dos bons que junto com sua parceira Rafaela produzem o delicioso Le Vin au Blog no Rio de Janeiro, é que nos traz esta novidade que alguns outros amigos já provaram. O pessoal de lá devia te dar uma medalha Claudio e valeu, muito, por este agradável e surpreendente presente que degustei neste último Sábado na loja com alguns clientes. Sua peculiaridade começa pelo fato de que sua pequeníssima produção é orgânica e vendida majoritariamente em lojas do setor, não em adegas e lojas especializadas em vinho como a maioria. Vejam o que eles dizem sobre suas uvas; “As parreiras da Hex baseiam-se na BIODIVERSIDADE, ou seja, a eliminação da monocultura e cultivo de várias espécies no mesmo habitat.  Em resumo, na nossa produção voltamos aos antigos modelos de produção agrícola, equilibrando o meio ambiente naturalmente e amenizando as mudanças no sistema biológico. Assim, o solo produz uma fruta mais autêntica, particular, caracterizando o produto de acordo com a região e expressando o real terroir. Quando o solo recebe quimicamente os nutrientes que lhe faltam, até chegar ao ponto ideal de produção, ocorre a massificação da variedade, ou seja, qualquer lugar do mundo o produto tem as mesmas características. Já nossas uvas estão em total harmonia com a natureza”.

Sua filosofia:

“Mas ao fim e ao cabo, nada mais inteligente que comermos e bebermos menos e melhor, contemplando vinhos mais autênticos e expressivos, inspirados em velhos valores de felicidade e bem-estar e orientados pelo respeito ao elo entre a natureza e o homem. Dedicatória a meu Mestre Schleicher R. (Germany), o qual me ensinou a fazer bons vinhos, com lucro se possível, com prejuízo se necessário, mas sempre bons vinhos. Herzlichen Dank. “A qualidade nunca é alcançada por acaso; é sempre o resultado de um grande esforço “.

          A esta altura espero já ter captado sua atenção. O vinho da bruxa, ou da sogra como eu lhe apelidei (rs) , tem a ver com o fato de que estas eram sábias amantes da natureza e seus segredos. Pois bem, parece-me que aqui temos um bruxo da biodinâmica pois o Ricardo Fritsch balançou meu barco com este Cabernet Sauvignon 2007! Para quem gosta, como eu, de vinhos antigos com aromas e sabores de “vinho velho” certamente saberá ao que me refiro. São sempre vinhos que mechem muito com nossos sentidos e este possui estas características Corpo médio de boa textura, acidez no ponto, taninos suaves, sabores algo terrosos, rico, fruta presente de forma sutil e harmoniosa, muito equilibrado com um final de média persistência algo mineral que nos traz de volta à taça para curtir aromas diferenciados e sedutores. Quem me lê e vê minha empolgação pode até pensar que se trata de um grande vinho. Não é, nem pretende ser, cumprindo sim o papel que o Ricardo determinou; vinho bom e autentico que reproduz a essência do terroir através de manuseio o mais natural possível. É sim algo diferente, saindo da mesmice, sedutor e prazeroso para quem aprecia o estilo, outros talvez não o entendam ou gostem dele pois gosto é puramente subjetivo, mostrando a diversidade que podemos encontrar em nossa vinosfera, inclusive a nossa tupiniquim, sem ter que cair em receitas já batidas que pouco ou nada têm para nos surpreender. Para quem queira conhecer mais, faça uma viagem pelo site deles  clicando aqui. Lá, você encontra um link para compras on-line e vi que o preço da garrafa de 750ml está na casa dos R$35,00. Vou ver se acho algumas, das pouquissímas garrafas produzidas, por aqui algures em São Paulo! Por enquanto, ainda tenho mais uma meia garrafa (da foto) para abrir com alguém, tipo eu, que curte estas surpresas, e acho que já sei quem será, mas depois comento.

          Agora, o titulo fala de dois vinhos!  Como optei por começar com o Hex von Wein e acabei me alongando demais na matéria – me empolguei com o vinho, o produtor e o conceito, o segundo vinho, um saboroso Reserva dos Pampas, corte de Cabernet com Merlot e uma boa dose de Tannat elaborado na região de Campanha Gaúcha pela Cordilheira de Santana ficará para o próximo post.

Salute, kanimambo pela visita e nos vemos .

Douro, Vinhos de Excelência na Taça

          Há um bom tempinho que não falo dos vinhos portugueses! O mercado possui hoje uma imensidade de rótulos de todas as regiões produtoras da saudosa terrinha o que torna difícil a escolha, para que não caiamos sempre nos mesmos, na busca por novos sabores. Portugal produz vinhos de grande nível reconhecidos em qualquer lugar do mundo como tal, especialmente os produzidos no Douro, Alentejo e Dão, mas não só.

         Estes grandes vinhos, como a maioria dessa categoria, precisam de tempo e tomar um grande Douro, Alentejo ou Dão novinhos, é abrir mão da complexidade, exuberância e equilíbrio que eles ganham com o tempo. Sempre falo isso acerca dos vinhos portugueses, mas nos grandes isto é ainda mais importante. Um dos melhores vinhos que tomei na minha vida foi um Chryseia 2001 após oito anos guardado. O mesmo posso dizer de vinhos como os deliciosos alentejanos Malhadinha 2003 e Avó Sabica 2004, o Quinta do Monte d’Oiro 2001 (Lisboa), Quinta do Côtto Grande Escolha 2001 (Douro), Quinta da Pelada Touriga, Quinta das Marias e Quinta Mendes Pereira Garrafeira 2004 (Dão) entre uma imensidade de outros grandes caldos tomados.

               Desta feita, dois vinhos maravilhosos um delicioso e sempre elegante Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas 2003, uma obra de arte clássica em estado liquido. Tomei em meu aniversário este ano na companhia da família e amigos, uma pena que só tinha uma garrafa pois deixou saudades. Entra ano sai ano e este vinho segue encantando, talvez uma das melhores relações Qualidade x Custo x Prazer que tinhamos no mercado em vinhos desta categoria, já que há cerca de dois anos o vinho rondava os R$120, daqueles vinhos que não só satisfaziam os sentidos como o bolso. Hoje creio que custa em torno dos R$180,00, o que me parece um pouco excessivo, mas…..é o custo da fama alcançada! Complexo, elegante, deveria vir de cartola e fraque para a mesa, possui boa estrutura com taninos macios perfeitamente integrados. Boa fruta, paleta olfativa agradável que convida a taça á boca, mineral com um longo e saboroso final é um vinho puramente hedonistico.  Compre todos as safras e vá guardando, eu não fiz isso e me arrependo! Dizem que a 2007 está divino, mas esse ainda estou procurando, já o de 2008 já garanti, mas para tomar somente daqui a quatro anos. Para este, a escolha de Bacalhau à Brás foi super acertada, casamento perfeito!

            Mais recentemente, acompanhando o sempre delicioso e especial strogonoff de filé mignon de minha esposa, um grande representante da mais clássica cepa portuguesa, a Touriga Nacional, o incrivelmente sedutor Quinta do Vallado Touriga 2005, absolutamente no ponto e divino! Tudo o que se espera de um grande vinho produzido com esta generosa cepa que tantos grandes vinhos produz e empresta sua exuberância a deliciosos vinhos de corte. Nariz gostoso, fruta negra, aquele típico aroma de violeta formando uma paleta olfativa sedutora e muito agradável. Na boca é exuberante, mais estruturado e denso que o Crasto Vinhas Velhas, taninos finos, rico e complexo com notas de tabaco, café num longo final que nos deixa aquele gostinho de quero mais, um belo vinho e finalmente mais dois tugas na taça que só vêm demonstrar a maturidade que a vitivinicultura portuguesa alcançou, especialmente no Douro, berço histórico de grandes vinhos. Este já beira os R$160,00 mas, considerando-se nossa irrealidade de preços, até que vale, mas poderia estar algo abaixo desse patamar para se tornar mais interessante ainda.

          São vinhos consagrados, mas que eu ainda não tinha comentado então resolvi que deveria compartilhar com os amigos mesmo sabendo que pouco ou nada acrescento ao muito que já se escreveu sobre eles. De qualquer forma, mais que os vinhos, é a importância de lhes darmos tempo para mostrar todo o seu potencial então, cabe aqui aquele célebre ditado de que “o apressado come cru”! Neste post iniciarei algo que pretendo vir a fazer de forma mais amiúde que é dar minha percepção, algo bem pessoal e consequentemente parcial, de valor ou seja aquilo que acho que estes vinhos valem considerando-se nossa absurda realidade de preços (acho que temos os preços de vinho mais caros do mundo). Neste caso minha percepção é de R$160 para o Vinhas Velhas e R$180,00 para o Vallado Touriga.

Salute e kanimambo pela visita

Soalheiro, melhor Vinho de 2010 para a Revista Wine.

            Soalheiro Primeiras Vinhas 2009 eleito o “MELHOR VINHO DO ANO” pela revista Wine – A Essência do Vinho em Portugal. De acordo com a revista, “Não raras vezes é apresentado como o “Riesling português”. A comparação é elogiosa, ainda que o Soalheiro seja um vinho bem português, do Alto Minho fronteiriço com a Galiza. Fruta, frescura e acidez são atributos que o fazem distinguir-se entre semelhantes e que também lhe permitem uma guarda por períodos mais longos que os habituais no caso dos brancos.” Eu tive a oportunidade de o tomar e comentar, tendo ainda há poucos dias falado dele para uns amigos. Realmente há Alvarinhos mais famosos em terras lusas, mas poucos são páreo para os vinhos deste produtor. Do mais simples rótulo aos mais complexos, sempre garantia de grande prazer e satisfação! ir a Portugal e não trazer umas garrafas na mala é crime inafiancável!! por aqui, quem o traz é a Mistral.

Um salute especial ao Soalheiro!