Tomei e Recomendo

Terrazzas Rosé, o Frescor da Córsega

Não são só os vinhos do Brasil que são exóticos e diferentes, ou de Israel ou do Líbano ou da China. Vinho europeu também pode ter um lado exótico corse-map-Mediterrquando produzido numa região pouco conhecida com uvas autóctones mais desconhecidas ainda. E o que dizer quando um vinho tem Terrazza Isula no nome, é produzida com uma uva chamada Sciaccarellu, mas é de origem francesa. Sim tudo é vero e, para lhe dar um toque francês, o corte foi elaborado com Cinsault. Tudo isso no entanto, tem a ver um pouco com a própria história dessa ilha mediterrânea chamada Córsega, mais conhecida entre nós por ter sido o berço de Napoleão, com pouco mais de 8500 km² e uma população ínfima de algo próximo a 280.000 habitantes coberta de muita vegetação e montanhas situada a oeste da Itália próximo a Pisa e à Sardenha.  Andou de mão em mão durante tempos pertencendo ao reino de Pisa (1077 – 1284) e ao de Génova (1284 – 1768), antes de ser vendida à França pela última. Desta forma, a existência de um dialeto Corso (parecido com o dialeto Toscano) e a influência de nomes e sabores não é mera coincidência.

               Foi aqui que o Empório Sorio veio buscar algumas preciosidades as quais já comentei anteriormente no blog, em especial em meu relato direto do front da Expovinis deste ano quando tive oportunidade de degustar 3B + Corsega Rosé 007Adiversos rótulos, porém não este que veio complementar estes dias de vinhos diferentes, em minha taça. Terrazza Isula 08 um corte de Sciaccarellu e Cinsault vinificado em rosé e uma verdadeira delicia. Um VdP (Vin de Pays) de l’Ile de Beauté, ilha da beleza, possui uma paleta olfativa muito vibrante e frutada convidando o vinho á boca onde ele explode de forma exuberante com enorme frescor. Atraente na cor, mostra na boca uma acidez acentuada, porém balanceada que umedece a boca chamando comida, ótima parceira para canapés de queijo de cabra e salmão, saladas, lombo agridoce e, como no meu caso, com peito de peru à Califórnia. Muito saboroso, é daqueles vinhos que acabam rápido e deixam aquele gostinho de quero mais na boca. Já tinha gostado muito de um outro vinho rosé que eles possuem em seu portfolio, Terra Nostra, e este é páreo ficando difícil escolher entre um ou outro. Muito bem elaborados e harmônicos, são vinhos para acompanhar comida, mas são ótimos parceiros de um papo informal como aperitivo e preparação do palato para a refeição principal. Em torno de R$50,00, são vinhos que tomei e recomendo, na minha modesta opinião melhores do que a maioria dos aclamados rosés da Provence onde ainda não consegui encontrar um rótulo que efetivamente me empolgasse.

Salute e kanimambo.

Confraria na Taça

Nestas últimas semanas tenho tido a oportunidade de provar alguns vinhos diferenciados, como o que comentei ontem. Desta feita, mesmo com o friozinho de nosso inverno, tomei  dois vinhos bConfraria brancos 2rancos portugueses que ainda não estão disponíveis no Brasil, mas que espero possamos tê-los por aqui dentro em breve, são os vinhos Confraria (nome sugestivo) da Adega Cooperativa do Cadaval pertencente à CVR Lisboa. Por pura coincidência, meu primo trabalha na prefeitura da cidade, ô mundinho pequeno esse!

A Adega Cooperativa do Cadaval produz seus vinhos de uvas plantadas nos vinhedos que cobrem as encostas soalheiras da Serra do Montejunto e que, em declive suave, se estendem pelo vale. Foi fundada em 1963 por um grupo de pequenos viticultores que processaram na ultima safra um pouco mais de 7.000 toneladas de uva.  Presentemente, passa por uma grande reformulação no sentido de colocar a ACC no mapa de nossa vinosfera mundial, mas já possui uma marca bem conhecida no mercado português que é esta linha de vinhos Confraria composta de um vinho tinto e estes dois brancos provados. Há cerca de uns três para quatro anos, cheguei a tomar o tinto (castelão/aragonês e trincadeira), foi-me dado por meu querido primo Álvaro, e me lembro que mesmo não sendo nenhum blockbuster, foi um vinho que me agradou como um vinho correto para o dia-a-dia. Este post, no entanto, é para falar dos vinhos brancos, pois estes tomei agora e com a devida atenção.

Confraria Branco Leve 2008, é elaborado com a uva Moscatel num processo de vinificação a frio que resulta num saboroso caldo com apenas 10% de teor alcoólico e um muito leve açúcar residual que lhe dá um toquinho doce, queConfraria branco leve me fez lembrar um vinho off-dry alemão ou francês (loire) guardadas as devidas proporções. Um vinho muito interessante devido a ser menos comum numa vinosfera cada vez mais monocromática; nariz de ótima intensidade que convida a tomar, vibrante, muito leve agulha na boca, muito boa acidez, ótimo aperitivo, muito saboroso e fresco, ótima persistência, uma delicia que agrada/seduz fácil, tendo sido tomado no sábado como aperitivo acompanhado de um queijo de cabra, patê de atum com torradas e lulas à dorê com molho tártaro, tendo se dado muito bem. Faltou garrafa! Creio que deve se dar bem com comida Thai, talvez até um caril (curry) de camarão, levemente picante fazendo as vezes de um gewurtzraminer. Para os amigos portugueses, em pleno verão, uma grande sugestão de um vinho que costumo chamar de BGB (bom, gostoso e barato) para acompanhar os mais diversos frutos do mar sentado numa esplanada à beira-mar. Se chegar ao Brasil por um preço camarada, será a perfeita companhia para uma beira de piscina, na praia com mariscos, para se comprar às caixas!

Confraria branco seco 2Confraria Branco Seco 2008 é um corte de Fernão Pires, Vital e Seara Nova, esta última me era desconhecida, com 13% de álcool. Também um bom vinho, porém com outro estilo, mais gastronômico de maior corpo, mostrando bom equilíbrio, acidez na medida e um leve amargor ao final que não chega a incomodar, mas que torna importante manter-se a temperatura, tendo acompanhado muito bem um prato de fettucine com bacalhau e azeitonas verdes regado com bastante azeite. Pensei em  Amêijoas à Bulhão Pato (quem ainda não conhece está perdendo um manjar dos deuses), filés/postas de peixe frito com um arroz de tomate, pataniscas de bacalhau e até uma eventual carne branca com temperos leves, como outros possíveis bons companheiros para este saboroso  vinho.

              Sentados na varanda, curtindo dois vinhos brancos num almoço gostoso de sábado com “as crianças” e fazendo descobertas enogastronômicas, não dá para ficar muito melhor que isso e agradeço por esse privilégio.  Enfim, mais um dia bastante agradável, bonito, de céu azul e sol batendo na cara, apesar do friozinho dentro de casa, fazendo-me sonhar com mais um cantinho de Portugal a ser conhecido. Salute amigos.

Clipboard ACC

Vinhos de Celebração

Há um tempo que estou devendo esta lista de vinhos tomados durante as celebrações de meu aniversário este ano. Já me pediram a data, não passo, mas sou Aquariano para quem interessar possa. rsrs Nestes momentos, é comum extrapolarmos orçamento e nos presentearmos com o que de melhor podemos comprar. No meu caso, um verdadeiro assalto à adega e algumas compras, a maioria no exterior. Por outro lado, desta vez decidi comemorar um mês inteiro, então houve tempo para eleger e curtir só vinhos de primeiro nível.

Como sabem, sou um firme defensor de buscar bons vinhos por bons preços, esse é um dos objetivos deste blog, e estes se encontram em qualquer gama de vinhos. Mesmo nos top, existem vinhos que se sobressaem pois entregam, ou pelo menos deixam essa percepção, mais valor do que o preço pago. Nesta lista, a maioria se encontra nessa faixa de mais valia, ainda mais quando comprados fora. Os novos preços em decorrência da taxa cambial e outros senões, lamentavelmente prejudicam qualquer avaliação mais criteriosa nesse sentido. De qualquer forma, em momentos de celebração o preço acaba virando fator secundário.

Nas próximas semanas comentarei os vinhos e sensações ao tomar estes deliciosos vinhos dividindo-os em dois posts. Por enquanto fiquem somente com a lista e imagem desses vinhos de primeiro nível, dos quais boa parte, disponíveis no mercado brasileiro. Já antecipo, são todos deliciosos, cada um com seu jeito e sua personalidade, mas todos de grande qualidade tendo me dado muito prazer tomá-los.

 

vinhos-de-aniversario-008

 

Esbaldei-me com vinhos de tudo o que é estilo e origem, mas ao escrever estas linhas é que me dei conta de que minhas preferências vieram à tona mesmo que inconscientemente. São quase todos vinhos de assemblage, exceção feita ao Albariño, ao Allende (tempranillo) e ao EMME (cabernet sauvignon) e do Velho Mundo!

  • Bindella 2004 – Toscana / Vino Nobile de Montepulciano – Não é importado no Brasil.
  • Peter Lehman Barossa Cab/Merlot 2004 – Barossa / Asutrália – Expand (não vi este rótulo no portfolio)
  • Il Brusciato 2005 – Toscana / Bolgheri – Expand
  • Chateau Les+Trois+Croix 1999 – Fronsac / Bordeaux / França – Mistral (?)
  • Abadia Retuerta Selección Especial 2001 – Sardon del Duero / Espanha – Peninsula
  • Prosecco Bedin –  Veneto / Itália – Decanter
  • D. Pedro de Soutomaior Albariño Rias Baixas 2007 – Galicia / Espanha – Peninsula
  • Chateau Milens 2001 Grand Cru – Saint-Emilion / França – Não importado no Brasil.
  • Prosecco Rústico de Nino Franco – Veneto / Itália – Expand
  • EMME Grande Escolha 2003 – Terras do Sado / Portugal – Lusitana
  • Allende 2004 – Rioja / Espanha – Península
  • Quinta do Noval LBV 2000 Unfiltered – Vinho do Porto / Portugal – Grand Cru

Salute e kanimambo.

Minha Adega de Brancos & Rosés

adega-2fQuando termino o tema do mês ou neste caso, do bimestre, já que foram muitos os rótulos provados, relaciono uma lista daqueles que compôem minha Seleção de Adega. Neste caso, selecionei os 35 vinhos que mais me entusiasmaram entre os bons rótulos que provei ao longo do mês e constantes dos meus posts Tomei e Recomendo, Vinhos Verdes, Desafio Torrontés, etc., publicados neste período. Dois ainda estou por comentar, o Valduga Gran Reserva Chardonnay e o Albariño Don Pedro de Soutomaior, mas já adianto sua seleção entre os meus preferidos desta incrível viagem por Brancos & Rosés disponíveis no mercado.

Os preços listados foram pesquisados junto aos importadores e lojas, tanto virtuais como fisicas, e são um retrato do momento. Alguns já aumentaram, outros ainda estão por sofrer algumas mudanças. Outros, ainda, se encontram por preços inferiores como o Crios que está or R$40,00 na BR Bebidas ou o Varanda do Conde na Casa Palla por R$28,00 ou o Quinta da Ameal Loureiro na Vinho Seleto por R$44,50 para os leitores de Falando de Vinhos, valores que negociei. Agora, porquê estes rótulos e não outros? Primeiramente porque só falo sobre minhas experiências, ou seja vinhos tomados. Segundo, porque dentro do universo desses vinhos tomados pontuo cada um deles com uma nota RB (Relação de Beneficio) de 1 a 5, que é o que, em ultimo caso, faz a diferença e o faz ser ranqueado numa lista de Melhores do Ano ou de uma Seleção de Adega. Para quem ache que isso tem a ver só com preço, ledo engano e permitam que esclareça. A nota de RB de cada vinho, que até hoje usei para uso pessoal e doravante comecarei a publicar, está diretamente relacionada com a equação pessoal e puramente subjetiva encontrada entre a Qualidade o Preço e a Satisfação que o vinho me tráz.

        Para que não pairem duvidas sobre a forma destas escolhas, cito o exemplo de um vinho que me agradou muito, o Fonte do Nico Fashion 07, que poderia estar aqui se o preço fosse mais baixo, só que existiram outros vinhos de igual qualidade e índice de satisfação (I.S.P), porém de melhor preço resultando num RB superior. No outro dia provei um Sauvignon Blanc de R$75,00 vindo da Nova Zelândia, preço até que razoável para um vinho desta origem, porém seu RB foi 3 enquanto um incrível Riesling da Austrália por R$93,00 teve um RB de 4, ou seja, superior a um vinho mais barato. A diferença entre eles é que posso comprar diversas boas opções de Sauvignon Blanc com qualidade similar a preços muito mais baratos, e não necessariamente do Riesling. Só para que não pairem duvidas. Espero que possam desfrutar de alguns desses ótimos rótulos de vários preços, para vários tamanhos de bolso, ocasiões e gostos. Em minha modesta opinião, certeza de satisfação. Salute!

Rótulo

Cepa

País

Estilo

Imp. / Prod.

Preço R$

Obikwa Rosé

Pinotage

África do Sul

Rosé

Interfood

24,00

Cono Sur

Riesling

Chile

Branco

Wine Premium

24,00

Salton Volpi

Sauvignon Blanc

Brasil

Branco

 Salton

24,00

Valduga Gewurtz

Gewurtzraminer

Brasil

Branco

 Valduga

24,00

Misioneros del Rengo

Sauvignon Blanc

Chile

Branco

Épice

27,00

Quinta da Aveleda

Assemblage

Portugal

Branco

Interfood

27,00

Umani Ronchi Dei Castelli di Jesi Classico

Verdichio

Itália

Branco

Expand

28,00

Sucre

Sauvignon Blanc

Chile

Branco

Wine Company

29,00

Varanda do Conde

Alvarinho/Trajadura

Portugal

Branco

Casa Flora

30,00

Terras d”Uva

Assemblage

Portugal

Rosé

Lusitana

30,00

Artero

Tempranillo

Espanha

Rosé

Decanter

31,00

Pascual Toso

Sauvignon Blanc

Argentina

Branco

Interfood

32,00

Goats do Roam

Assemblage

África do Sul

Rosé

Expand

35,00

Fabre Montmayou

Chardonnay

Argentina

Branco

Wine Premium

35,00

Vega Los Zarzales

Verdejo

Espanha

Branco

Wine Premium

36,00

Trio Chardonnay

Assemblage

Chile

Branco

Expand

37,00

Muralhas de Monção

Alvarinho/Trajadura

Portugal

Branco

Barrinhas

38,00

Reflejo de Syrah

Syrah

Argentina

Rosé

Vinea

38,00

Familia Gascon

Chardonnay

Argentina

Branco

Wine Company

39,50

Crios

Malbec

Argentina

Rosé

Cantu

45,00

William Cole Mirador

Sauvignon Blanc

Chile

Branco

Ana Import

45,00

Melipal

Malbec

Argentina

Rosé

Wine Company

45,00

Crios

Torrontés

Argentina

Branco

Cantu

45,00

Quinta do Ameal

Loureiro

Portugal

Branco

Vinho Seleto

49,50

Muros Antigos

Loureiro

Portugal

Branco

Decanter

50,00

Valduga Gran Reserva

Chardonnay

Brasil

Branco

 Valduga

50,00

Forste Mariengarten

Riesling

Alemanha

Branco

Decanter

51,00

Domaine Sorin Terre Rouge

Assemblage

França

Rosé

Decanter

55,00

Dr. L

Riesling

Alemanha

Branco

Expand

55,00

Vinha da Defesa

Assemblage

Portugal

Rosé

Qualimpor

55,00

Protos Rosado

 Tinta del País (tempranillo)

Espanha

Rosé

Peninsula

56,00

Protos

Verdejo

Espanha

Branco

Peninsula

56,00

Abadal Rosado

Cabernet Sauvignon

Espanha

Rosé

Decanter

57,00

Rutini

Chardonnay

Argentina

Branco

Zahil

66,00

Don Pedro Soutomaior

Albariño

Espanha

Branco

Peninsula

112,00

 

Quer contatar importadores ou lojas aqui mencionados, veja detalhes em “Onde Comprar” .

Acabou-se o que Era Doce

quinta-de-baldias-008Neste caso acaba, mas dá para passar na Lusitana e comprar outra garrafinha. Quinta de Baldias Tawny. Dos Vinhos do Porto, tenho uma preferência pelos Rubi, especialmente os Reservas e os LBV. Nos Tawny, gosto muito dos envelhecidos; 10, 20 e 30 anos o que não é para o bolso de todos nós, mas este tawny da Quinta de Baldias é muito especial, pois permanece por 8 anos em barricas antes de ser engarrafado. Possui aromas frutados e na boca a tipicidade acentuada de frutas secas e amêndoas, tudo de bom. A um preço bem competitivo e uma ótima relação Qualidade x Preço x Prazer é, nesta época do ano, um grande parceiro para um panetone. Em outros momentos, é grande companhia para os doces conventuais portugueses (ovos e amêndoas) ao final de uma refeição ou a qualquer hora. O meu acabou, snif, essa foi a ultima taça, mas logo/logo vou comprar mais uma garrafa porque sem Vinho do Porto não fico não! Na Lusitana e lojas por cerca de R$55,00.

Salute

Sobre a Minha Mesa

Seleto grupo de vinhos portugueses sobre minha mesa e na minha minha taça. Mesa portuguesa farta, repleta de sabores e de boa companhia. Para acompanhar um primeiro prato de bacalhau e um segundo de cordeiro com batatas e brócolis, ambos deliciosos, os confrades levaram algumas preciosidades. Cortes de Cima Reserva 03, Quinta do Corujão Dão Reserva 01, Esporão Reserva 04 e eu levei minha ultima, snif/snif, garrafa de Malhadinha Tinto 03. Para finalizar a refeição e acompanhar as rabanadas, um Vinho do Porto Fonseca Ruby, melhor só se fosse um LBV!

Lembrar de todos esses vinhos tomados com muito gosto faz quase seis meses, acompanhados de uma galera de bons gourmets, fica difícil até porque tomar notas numa hora dessas seria uma tremenda enochatisse! Então, se me permitem, copiarei algumas resenhas encontradas na rede, adicionado de algum comentário do que eu me lembrei. Agora, que foi inesquecível lá isso foi!

esporao-reserva-04Esporão Reserva 04, esta foi a avaliação do Pedro Barata do blog Os Vinhos com link aqui do lado. Diz ele; “Aromas de fruta madura bem vincados, com leves especiarias a acompanhar, tem um paladar cheio e volumoso, a madeira ainda está muito presente, mas denota alguma elegância, taninos maduros e complexidade muito interessante, o final é prolongado”. Apesar de todas as criticas favoráveis, tenho que confessar um pecado; não sou um fervoroso e apaixonado consumidor dos vinhos da Esporão, pelo menos dos que já tomei, mesmo os achando muito bons e bem feitos. Este, mais uma vez, lembro-me que não entusiasmou, mesmo sendo um vinho correto e muito bem feito. Será uma questão de incompatibilidade de gênios? rsrs. Sou teimoso por natureza então seguirei tentando e provando, afinal são vinhos de grande prestigio e respeitadissímos. Os vinhos da Herdade do Esporão são importados pela Qualimpor e o preço deste deve andar por volta dos R$90,00.

 

corujaoQuinta do Corujão Dão Reserva 2001, deste me lembro claramente, pois me surpreendeu muito positivamente, um vinho muito equilibrado, elegante, macio e de grande sabor, que me agradou sobremaneira. O provei novamente num recente encontro promovido pela ViniPortugal e esta primeira impressão se confirmou estando no ponto para ser tomado. Um vinho sedutor de corpo médio, boa acidez, de grande harmonia, taninos finos, boca de boa fruta e algo de especiarias com um final muito saboroso, agradável e longo implorando pela próxima taça. Um vinho que acaba rápido, com um estilo que me agrada muito e faz a minha cabeça. Este é certamente uma boa opção que recomendo aos amigos, até em função do preço que está por volta de R$82,00 na Vinci, que é quem importa.

 

cortes-de-cimaCortes de Cima Reserva 2003, um degrau acima dos demais, complexo, denso e ainda muito fechado, tanto que deveria ter passado por um decanter para melhor mostrar todas as suas nuances. Um belo vinho do qual tenho uma garrafa na adega, mas que a meu ver precisa de tempo. Nesse momento e dia, não apresentou tudo o que pode, mas mostrou muita qualidade, estrutura, grande riqueza de sabores e muito potencial do qual espero sorver e apreciar melhor no ano que vem em meu 55º aniversário. Devido às “condições” em que foi servido, nem deu para abrir na taça como deveria! Eu gosto muito do “básico” tinto Alentejo deles, que é um dos meus achados (Melhores de 2008 entre R$50 a 80,00) e um vinho muito especial. Diz Pedro Gomes no www.novacritica-vinho.com ; “Amplo e profundo na entrada, cheio e denso, sem ser excessivamente gordo. Rico na evolução, sedoso, muito envolvente, com uma acidez quase estranha para a região e taninos robustos mas ao mesmo tempo muito sedosos. Termina muito longo com uma dimensão frutada –amora e ameixa- plena de encanto. Grande Alentejo, grande tinto, grande vinho. Se tudo fosse assim…”. Um digno representante do que de melhor o Alentejo tem a oferecer. Quem o trás é a Adega Alentejana, mas não tenho noção de preços, creio que deve andar próximo dos R$290,00.

 

malhadinha-1Malhadinha Tinto 2003, desse eu lembro-me bem! Para mim e naquele momento, o vinho do dia. Aliás, poucos à mesa conheciam o vinho e ficaram entusiasmados, tendo dividido a preferência da mesa com o Cortes de Cima Reserva. Uma das principais diferenças entre os dois, todavia, foi o fato de que o Malhadinha estava absolutamente pronto, no momento ideal para ser tomado e apreciado. Por estar mais macio e pronto, se contrapôs melhor ao bacalhau, apesar de ter escoltado bem o cordeiro. Aliás, fosse um almoço normal e eu sugeriria essa harmonização, Malhadinha com o bacalhau e o Cortes de Cima com o cordeiro. Falemos desse Malhadinha, um vinho do Alentejo, corte de Aragonês, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon muito frutado com o que me pareceu ser algumas nuances florais, denso, de muito boa estrutura, taninos finos, elegantes e sedosos, ótimo equilíbrio, com um final de boca complexo, longo, algo especiado e muito saboroso que pede o segundo, terceiro e mais goles. Estava perfeito, um grande vinho no ponto para ser tomado, companhia certa e pratos idem, só podia dar no que deu! A comprovação de que o Alentejo possui uma interminável coleção de grandes vinhos que, por caracteristica de seus cortes e terroir, necessitam de tempo para mostrar toda a sua exuberância. A importação é da Épice e o preço ronda os R$260,00. Comprei em Lisboa por uns 25 euros, hoje deve estar um pouco mais caro, e esta garrafita já deixou saudades!

 

fonseca1Fonseca Porto Ruby, esperar que depois de tudo isso eu lembrasse deste vinho seria exigir demais deste vosso amigo! Vinícola histórica produzindo Vinhos do Porto desde 1820, possui uma vasta gama de produtos, entre eles o BIN 27 que me agrada muito. Como só tenho uma vaga lembrança, recorri aos “universitários” (rsrs), neste caso ao www.portuguesewinesshop.com que diz: “Vinho jovem e encorpado, apresentando frescura e vigor, sabores de ameixa bastante prolongado, robusto,  rico e harmonioso.” Que era bom era e a combinação com a rabada, divina! Disponível na Vinho Seleto por R$55,00 e o BIN 27 por R$70.

 

         Os vinhos portugueses top estão já muito caros em Portugal e por aqui ficam quase que inacessíveis a nós pobres mortais, em função dos altos impostos e margens praticadas, porém sempre existem uns amigos viajando o que permite umas estripulia ou outra, opcionalmente se garimpa alguns bons vinhos menos midiáticos e de grande qualidade que abundam tanto aqui como especialmente por lá. Ao longo do ano passado comentei diversos e este ano, prosseguirei na mesma batida buscando os bons rótulos a preços melhores ainda, sem que haja necessidade de grandes perdas de qualidade. Enganan-se aqueles que pensam que a qualidade está no preço, qualidade está no conteúdo da garrafa! No caso do Malhadinha e do Cortes de Cima Reserva, e outros do mesmo calibre, o preço acompanha a qualidade do caldo, mas também o marketing e a produção limitada.  São néctares que todos gostaríamos de ter na taça mais assiduamente, porém estão no mesmo nível dos grandes espanhóis, italianos ou franceses, então não é de se estranhar os altos preços, mesmo que não seja do nosso agrado. Tendo a chance, no entanto, não perca a oportunidade pois são soberbos.

           Salute e kanimambo.

Espumantes que Tomei e Recomendo III – Dez/08

A principio, prefiro os espumantes elaborados pelo método tradicional já que o processo é mais elaborado e menos estressante sobre o vinho gerando, normalmente, produtos mais complexos, com maior intensidade de sabores e aromas, quase sempre mais cremosos apresentando perlage mais fina e delicada do que os elaborados pelo método charmat. Por outro lado, é comum os “charmats” apresentarem perlage abundante, de dimensão maior, porém de menor persistência, e bom frescor. Tudo isto, no entanto, tem suas exceções como é o caso de um dos melhores, se não o melhor espumante nacional, o Chandon Excellence, que possui todos os atributos do método tradicional mesmo sendo elaborado pelo método charmat. Resumo da história, apesar dos guias, dicas e sugestões, não existem verdades definitivas no mundo do vinho, tudo é mutável e nada supera a prova, então aproveite ao máximo a época, ótima desculpa, e diversifique o quanto possa até encontrar o estilo de espumante que lhe agrade mais.

A faixa de preços anterior é tão rica de bons produtos, que pouco tenho me aventurado nos rótulos acima de R$50,00, apesar de ter provado diversos bons espumantes tanto nacionais como importados. Neste post, pretendo cobrir as ultimas duas faixas de meus Tomei e Recomendo, de R$50 a 80,00 e de R$80 a 120,00.

 

50-a-8000-003

 

De R$50 a 80,00 – Meu garimpo por bons vinhos e espumantes com bons preços, gerou algumas pedras preciosas neste ano, e alguns deles estão presentes aqui.

Proseccos, tradicionalmente elaborados pelo método charmat, algums belos exemplares que mostram que existem proseccos, e PROSECCOS! Estes fazem parte dessa ultima leva, rótulos de muita qualidade e muitíssimo saborosos. Bedin (Decanter) e Incontri (Vinea Store) são produtos muito similares, até de preço, e de grande qualidade, verdadeiramente cativantes. Ambos apresentam um enorme frescor, algo de maçã verde no olfato, bem cítrico na boca, muito bem balanceados e sedutores com um final de boca muito agradável e longo, deixando na boca aquele gostinho de quero mais que faz com que a garrafa acabe rápido demais. Duas opções difíceis de resistir em função da incrível relação Qualidade x Preço x Prazer que entregam. Rústico (Expand) é um prosecco também muito fresco, porém um pouco mais complexo com aromas que me lembram pêra e algo de pêssego, mais encorpado sem ser pesado, muito harmônico, cremoso com suave presença de sabores de levedura na boca, um senhor prosecco com uma personalidade muito própria.

petit-kriter1Dos outros espumantes importados, dois franceses de tirar o chapéu e cair o queixo, ótima opção para quem é chegado num champagne, porém está com o bolso meio curto. Kritter Brut Blanc de Blancs (Decanter) crémant de bourgogne da região de Beaune, amarelo palha, límpida e brilhante, perlage muito boa, fina e abundante. De média estrutura é um espumante macio, algo cremoso, mais sério e compenetrado mostrando alguma fruta, bom frescor e algo de torrefação e leveduras bem ao estilo dos espumantes de champagne.  O Kritter Rose, me encantou mais ainda porque tenho uma certa dificuldade em gostar deste estilo de espumante, em função do forte amargor de final de boca que costumam apresentar, tendo-me deixado muito satisfeito e seduzido por seu saboroso e muito agradável final de boca com grande frescor. Os suaves aromas de frutas silvestres frescas, se confirmam na boca com muita sutiliza e harmonia. O legal é que estão disponíveis em doses quase que individuais em pequena e charmosas garrafinhas de 200ml.

Ainda dentro os importados, duas deliciosas Cavas, tradicionalmente elaboradas pelo método champenoise; a Raventos i Blanc L’Hereu Reserva Brut .(Decanter) muito equilibrada, saborosa, frutada, fresca, de perlage fina e abundante, aromas sutis e delicados, persistência média, muito fácil de tomar e agradar formando um conjunto muito refinado; a outra acaba de chegar e já está à venda na rede de supermercados do interior Paulista, a rede Paulistão, e é uma grata surpresa, verdadeiramente encantadora e complexa, é a Marrugat Gran Reserva Brut Nature 04 (Pinord) de produção biodinâmica que passa 36 meses em garrafa. De cor amarelo dourado, límpida e brilhante, na boca é cheia, cremosa, seca, porém sem nunca perder o frescor aportado por uma ótima acidez. Boa estrutura, perlage muito fina, abundante de enorme persistência (aproximadamente uns 30 minutos) mostrando todo o seu potencial. Aromas sutis de leveduras e frutas cítricas, uma cava de primeiro nível, muito bem elaborada, de delicado final de boca mostrando muita finesse e elegância. Enorme surpresa que esteja posicionada nesta faixa de preços e um grande achado.

Dos nacionais, alguns dos considerados tops e já amplamente comentados pela imprensa especializadada; Valduga 130, Miolo Millésime e Chandon Excellence, todos grandes espumantes, porém bem diferentes entre si, com estilos diferentes que atendem gostos diferentes. O Valduga 130, homenagem à idade da vinícola, é o mais encorpado deles, um espumante que passa 30 meses em contato com as leveduras e adquire aromas muito clássicos de brioche e algo tostado,  muito presente no nariz, boa estrutura de corpo médio, denso, mostrando boa concentração de aromas e sabores mostrando um leque de sensações bastante complexas e uma perlage de média intensidade. O Millésime 04 da Miolo, segue o mesmo estilo, mas tenho para mim que a melhor acidez lhe dá um frescor maior de final de boca que me atrai mais. Cremoso, algo de torrefação e leveduras no nariz, na boca apareceu uma certa mineralidade, algo de abacaxi que me agradou bastante. Perlage abundante e fina com leve amargor no final. O teor alcoólico de 13º incomoda um pouco, não na boca porque está bem equilibrado, mas na terceira taça (hic.. rsrs). O Chandon Excellence Brut Cuvée Prestige, único deles produzido pelo método charmat, é elegante e sedutor, mostrando uma perlage fina, abundante e concentrada de ótima persistência. Apresenta aromas sutis de padaria, algo de abacaxi com eventuais nuances florais. Ótima acidez aportando bom e refrescante frescor produzindo muito equilíbrio, cremoso com espuma abundante que forma um bonito colar. Final de boca saboroso e muito agradável, algo cítrico e amendoado, convidando a mais uma taça.

 

De R$80 a 120,00 – quase não provei espumantes nesta faixa de preços, exceção feita a um delicioso spumante italiano rose e um soberbo espumante francês que, lamentavelmente, subiu para esta faixa em função da forte valorização do Euro e do Dólar. Da faixa anterior, andei pulando direto para alguns champagnes realmente muito bons, mas sob os quais pouco falarei já que, certamente, a maioria é bem conhecida e já amplamente comentada pela critica especializada.

Começemos pelo Bailly-Lapierre Brut Reserve (Nova Fazendinha) um crémant de bourgogne de muita qualidade  e um verdadeiro achado, que já foi mais competitivo, mas segue sendo uma boa opção aos champagnes de maior valor, especialmente para os amigos do Rio de Janeiro, Niterói e região. Às cegas, é difícil identificá-lo como um cremant e não um verdadeiro champagne. É bastante complexo, elaborado com um corte de Pinot, Chardonnay e Aligoté, passa 18 meses em garrafa nas caves antes de ser lançado no mercado. Os aromas de panificação estão muito presentes, com algo de frutas brancas e uma acidez e mineralidade bem marcantes que ajudam a dar-lhe equilíbrio, tornando-o mito agradável e sedutor na boca.

O Faive Rosé (Expand), é mais um daqueles espumantes que me arrebatou e encantou. Começa a cativar pela bonita cor rosa pálido, quase cobre, e límpida. Corte de Cabernet Franc e Merlot, muito balanceado com a marca de frescor e frutuosidade que Nino Franco, produtor italiano, imprime a seus saborosos espumantes, é extremamente sedutor, cremoso, equilibrado e fácil de beber. Ótima perlage, fina, persistente e abundante algo de cereja fresca na boca, vibrante, levemente off-dry, suave e de boa textura, muito agradável e saboroso final de boca de muito boa persistência. Um dos meus favoritos.

 

Acima disto chegamos nos champagnes e aí o céu é o limite. Para quem pode, recomendo alguns “básicos” de excelente qualidade com os quais me identifico mais. Um dos mais baratos e, na minha opinião, um dos mais frescos e saborosos é a Piper-Heidsieck (Interfoods), depois temos a super-elegante Taittinger Reserva Brut (Expand) verdadeiramente aristocrata e fina plena de sabor, cremosa, algo de baunilha e caramelo na boca com grande frescor harmonizando o todo; a Gosset Excellence Brut (Expand) muito equilibrada e de estupenda perlage, fina, abundante e persistente e a Veuve Clicquot Ponsardin Brut, de grande frescor e frutuosidade todos entre R$180 a 200 exceto a Piper que costuma estar por volta dos R$140,00.  Uma das que mais gostei, sem considerar o Comtes de Champagne de Taittinger que é de reflexão e talvez o melhor vinho que tenha tomado este ano, está o Mailly Grand Cru Brut Reserve (Ana Imports), de perlage abundante, persistente e fina com sur-lie de 3 anos que lhe dá profundas notas de brioche, boa fruta com ótimo frescor que mexem com nossas pupilas gustativas, um champagne verdadeiramente inebriante e muito elegante.

Bem, este foi realmente longo, mas queria terminar isto hoje. Faltaram os Cave Geisse, eu sei Leandro, mas estes e mais uma série de outros bons rótulos nacionais e importados, serão um de meus focos para 2009. Salute amigos, com muita borbulha e muito sabor. Aproveitem com moderação, desfrutem das festas, de bons vinhos e de boa gastronomia. Espero que estas dicas de Tomei e Recomendo do mês tenham ajudado em sua escolha e termino aqui as indicações do ano. Kanimambo e nos vemos por aqui lembrando; Sábado a Coluna do Breno e Domingo Noticias e Eventos de nossa Vinosfera. Segunda tem mais.

Espumantes que Tomei e Recomendo II – Dez/08

Afinal, o que é espumante? É um vinho com presença elevada de dióxido de carbono, proveniente de uma segunda fermentação alcoólica; no caso do uso do método conhecido como champenoise, clássico ou tradicional, em que isto ocorre na garrafa; do método charmat, em que esta fermentação ocorre em grandes tanques de aço inoxidável sendo engarrafados sob pressão ou tipo Asti, de uma única fermentação como no caso do Moscatel nacional, quando a fermentação se faz em autoclaves sendo interrompida antes do final do processo com isso resultando em vinho adocicados (por conta do açúcar residual), aromáticos e com nível de álcool não muito elevado, entre 7 e 8,5º. Uma outra característica importante a ser considerada, e o que elimina lambrusco como espumante (entre outros fatores), é que existe a obrigatoriedade de este ultrapassar uma pressão de gás carbônico de no mínimo três atmosferas sendo que os bons estão muito acima disso, entre quatro a seis. Quer saber mais sobre espumantes, acesse post especifico que escrevi no ano passado, clique aqui.

 Lembrando o que Saul Galvão diz sobre nossos espumantes nacionais; “Os fatores que conspiram contra o vinho tranqüilo são, exatamente, aqueles que favorecem o espumante. Para um bom vinho de mesa, a uva deve amadurecer ao ponto ideal, armazenar bastante açúcar, acidez e cor nas cascas, no caso dos tintos. Quando o tempo ameaça, os agricultores cortam as uvas antes do tempo ideal, gerando vinhos de mesa com pouco álcool, pouca estrutura e alta acidez. Esses “defeitos” no vinho tranqüilo são virtudes para a elaboração de espumantes. È bom lembrar que a região de Champagne também é de clima difícil e seus vinhos tranqüilos não costumam ser atraentes”. Palavras sábias do mestre que sempre bem humorado ainda adiciona esta pérola, “é na hora da adição das bolinhas que o pato vira cisne”! Mas falemos dos espumantes que Tomei e Recomendo nesta faixa de R$30 a 50,00 em que abundam muitos bons produtos, inclusive uma bela coleção de nacionais, todos garbosos cisnes.

 

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Filipa Pato 3b, (Casa Flora) é um surpreendente espumante português que descobri recentemente e que me encantou! A cor é linda, salmonada, tem perlage fina e persistente, boa estrutura já que parte do vinho passa levemente por madeira, ótima acidez, muito balanceado e extremamente saboroso com um final de boca bastante longo e sedutor, podendo ser encontrado nos nossos parceiros Kylix/BR Bebidas e Casa Palla, entre outros. Ainda na linha dos espumantes estrangeiros, dois franceses já bem conhecidos nossos a começar pelo Paul Bur Brut (Zahil), um espumante realmente muito agradável e bem feito, que encanta com seu corte de Chardonnay/Folle Blanche/Chenin Blanc. Um dos mais vendidos na França e talvez o maior concorrente estrangeiro aos muito bons espumantes nacionais aqui relacionados. De muito boa e abundante perlage, bom frescor, suaves aromas de brioche, algo mineral, uma bela opção que segue sendo imbatível na relação Qualidade x Preço x Satisfação, ainda mais nesta época do ano em que a Zahil o coloca com preços promocionais (veja o Boas Compras da semana passada). O outro é o Louis Perdrier Brut (BR Bebidas) corte de Ugni blanc, Colombard,Chenin, Folle Blanche, e Menu Pineau um espumante com um estilo mais sério, estruturado, algo tostado, espuma abundante e um leve amargor no final que não chega a incomodar. Um terceiro francês, menos conhecido mas de igual qualidade e muito saboroso, é o Duc de Valmer Brut (Decanter),amarelo verdeal, claro e límpido, perlage média, aromas de boa intensidade lembrando padaria, final de boca um pouco curto mas muito agradável e fácil de beber.

Da Argentina, vêm três interessantes produtos. O Mariá (Interfoods), é produzido pela operação da Codorniu na Argentina com um interessante corte de Chardonnay (60%) e Tocai Friulano que lhe aporta uma ótima intensidade aromática. Muito pálido, transparente, perlage fina e abundante, agradável com algo de maça verde no palato. O Trivento Brut Nature (Wine Premium), foi uma grata surpresa. Com a Pinot Noir como protagonista e a Chardonnay de coadjuvante nesse corte, o espumante é levemente rosado e muito bonito na cor. Nos aromas aparece algo de maçã verde, mas na boca os sabores puxam um pouco mais para abacaxi, bastante interessante. Muito boa acidez que lhe transfere ótimo frescor e um final de boca bastante agradável. A Perlage é abundante, delicada e de média persistência. Para finalizar, de cor amarela palha com laivos rosados, o muito agradável Santa Julia Brut (Expand) um corte majoritário de Pinot com Chardonnay e Viognier. Perlage de boa intensidade, fina e muito persistente com leves nuances florais. Na boca está muito balanceado, cremoso e refrescante com algo de frutas tropicais, um espumante que agrada fácil e é bastante sedutor, mais um tiro certeiro da casa de Zuccardi.

Das cavas, uma das melhores é certamente a Anna de Codorniu Brut Reserva, que ás cegas será bem capaz de enganar muita gente. Extremamente saborosa, muito balanceada, cremosa, fresca, algo cítrica, ótima perlage, elegante e muito longa é uma ótima pedida e uma das grandes opções de espumantes de qualidade nesta faixa de preços. A Marrugat Brut (Pinord) também é uma boa opção de cava nesta faixa, de perlage fina e abundante de boa persistência, boa acidez, balanceada e bastante saborosa, um produto muito rico e interessante que recém chega ao mercado. O Brut nature é ainda melhor, mas está em uma faixa de preços acima.

Proseccos; Janus (Expand) muito delicado, suave com agradáveis aromas em que desponta um certo floral, cítrico, muito fresco e balanceado; Villa Sandi DOC (Barrinhas/Cia do Whisky) muito rico de sabores, boa paleta aromática, muito saboroso e harmônico e o Tosti (Bruck), um dos primeiros a chegar ao Brasil, detonando essa prosecco mania, de boa estrutura, corpo médio, algo mais seco, leveduras presentes com leve amargor final, tipico da cepa, continuam sendo alguns dos melhores proseccos nesta faixa. Ainda da itália, mas do Piemonte um bom Spumante Asti Araldica DOCG (Decanter), elaborado com Moscatel, é muito aromático com grande tipicidade, riqueza de sabores, fino e elegante um perfeito companheiro para a sobremesa após a ceia.

Dos espumantes nacionais, temos ótimas opções nesta faixa de preços e são uma grande escolha nestas festas e em qualquer outra época do ano, pois devemos tornar o ato de tomarmos bons espumantes em algo mais comum, mesmo que não corriqueiro. Pizzato Brut, Marson Brut, Salton Evidence e Miolo Brut são elaborados com o tradicional e clássico corte de Chardonnay com Pinot Noir, já o Dal Pizzol Brut inova agregando Sylvaner à Chardonnay e Pinot. Todos elaborados pelo método champenoise, são espumantes de primeiro nível em qualquer lugar do mundo e não fazem feio perante a maioria dos espumantes estrangeiros encontrados no mercado. Algumas características comuns a todos eles que me cativam e me seduzem são;  o equilíbrio, boa frutuosidade com toques citricos, enorme frescor, algo mineral e ótimo e agradável final de boca com perlage de primeira, consistente e fina, um estilo de espumantes que me atrai pela delicadeza e finesse. Cada um apresenta sua própria personalidade, seus próprios sabores, mas todos são extremamente prazerosos de tomar e incríveis relação Qualidade x Preço x Prazer. Adicione a este seleto lote, o Marco Luigi Reserva da Família Brut (que consta da faixa anterior) e você terá seis deliciosos espumantes para experimentar e se deliciar. Um, talvez algo mais complexo que o outro, outro de maior ou menor intensidade, um levemente mais caro que o outro, tudo é uma questão de escolha pessoal, do seu gosto e de seu bolso. Eu cá tenho minhas preferências, mas sugiro que aproveite este final de ano e faça sua própria degustação de espumantes nacionais, divertida e, certamente, saborosissíma experiência! O gasto não será grande e, se quiser variar, aproveite e adicione um Dal Pizzol Rosé, o melhor de todos os espumantes rosés brasileiros que já provei.

Salute e que Baco o/a acompanhe nesta difícil escolha, definir o(s) espumante(s) deste final de ano. Eu já me defini e serão vários! Amanhã, a lista de meus Deuses do Olimpo 2008, vinhos excepcionais, verdadeiro Dream Team selecionado entre os muitos néctares degustados este ano. Ao longo da semana, mais Boas Compras com dicas de nossos parceiros e o post final de Tomei e Recomendo deste mês. Kanimambo e vejo você por aqui! 

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Espumantes que Tomei e Recomendo I – Dez/08

As dicas dos espumantes que tomei ao longo do ano e que recomendo como boas opções passam por todos os estilos e métodos de produção, seja ele tradicional (champenoise), charmat ou asti. Sem preconceitos, provei um pouco de tudo, desde proseccos a grandes champagnes, independente de faixa de preço, no sentido de posicionar o leitor de diversos tamanho de bolso e gosto. A partir de R$15 a 17,00 já encontramos vinhos de alguma qualidade que nos trazem bastante satisfação pelo preço especialmente se tomados no momento adequado. Neste primeiro Tomei e Recomendo, listarei rótulos até R$30,00, faixa em que encontramos alguma boas opções ligeiras, descompromissados bons para o dia-a-dia e eventos como festas, comemorações ou casamentos, inclusive os espumantes Moscatel nacionais, e algumas gratas surpresas, rótulos realmente muito bons por um preço muito convidativo. Os preços são médios e aproximados já que não conferi níveis sendo hoje praticados, podendo haver variações dependendo de Estado, loja, etc., e obtidos nas lojas da grande São Paulo. Por outro lado, tentarei não listar aqui os que já comentei no final do ano passado, tentando fazer com que esta lista seja uma adicional aquela e somente de vinhos que provei este ano, com algumas poucas exceções.

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Dois espumantes nacionais que surpreendem, são o Conde de Foucault Brut da Aurora (Casa Palla)) e o Tributo Brut da Marco Luigi. O primeiro foi um leitor que me recomendou e realmente é bastante saboroso, suave ligeiro e muito fácil de agradar, ótimo para grandes eventos. O segundo, a Marco Luigi recém lançou para explorar esse mesmo segmento de espumantes de baixo valor agregado direcionado a eventos e conseguiram uma perlage bastante abundante, muito frescor e aromas cítricos sendo que ambos saem por menos de R$18,00 e muito melhores que a grande maioria dos proceccos meia-sola que se encontram por aí nessa mesma faixa. Um pequeno degrau acima e encontamos o Terranova Demi-sec, produzido pelo método Charmat no Vale do São Francisco pela Miolo, que é uma grande opção também para eventos pois é muito fácil de agradar apresentando bastante frescor, apesar de um pouco curto. Num patamar de preços um pouco mais acima, mas ainda mantendo-me nos bons espumantes nacionais, tenho que tirar o chapéu para dois produtos imperdíveis nessa faixa, o Salton Reserva Ouro Brut e o Marco Luigi Reserva da Família, dois verdadeiros blockbusters e uma grata surpresa, não pela qualidade, mas por terem caído nesta faixa de preços. O Salton Reserva Ouro Brut  (BR Bebidas)está mais próximo dos R$24, razão pelo qual o recomendo muito para eventos, e é um espumante fácil de gostar, de boa intensidade, balanceado e de boa perlage fina e abundante; já o Marco Luigi Reserva da Família Brut 2006 (Saint Vin Saint) fica mais perto dos R$30 e está num degrau mais acima ainda, sendo elaborado pelo método champenoise, mostrando muita elegância e finesse, enorme frescor, muita frutuosidade, grande harmonia, perlage de boa intensidade, fina e persistente deixando aquele gostinho de quero mais na boca, uma beleza. Outros bons produtos nacionais disponíveis nesta faixa de preços, mesmo que sem o destaque dos outros, são o; Salton Reserva Brut, Terranova Brut e Peterlongo Brut. Para dizer que não falei dos estrangeiros nesta faixa, há pouquíssimos, afora os que já sugeri o ano passado provei um que certamente será interessante para os amantes dos vinhos de nossos irmãos Argentinos, é o Nieto Senetiner Extra Brut (BR Bebidas). Não sou fã dos espumantes argentinos, acho os nossos bem melhores, mas este não faz feio, apesar de ser bem diferente já que é um Blanc de Noir, ou seja um espumante à base de cepas tintas em que se sobressai a Pinot Noir. Espumante mais encorpado e denso, de uma bonita cor salmão, bem seco, de boa perlage que certamente acompanhará comida muito bem.

Das Cavas, a Don Roman Brut e a Cristalino Brut e Demi-sec, seguem imbatíveis nesta faixa podendo ser encontradas no mercado a partir de R$29 e, em média, chegam a cerca de R$35,00. Como, no entanto, encontrei-os abaixo de R$30, os inclui nesta lista. Ambos são super frescos, o que acho essencial num espumante, bastante frutados, algo cítricos, corpo médio, boa acidez, fáceis de beber e agradar, com boa perlage, vão muito bem com a época do ano pois ambos têm uma personalidade bem viva e festiva. Provei outras boas Cavas, mas todas acima desta faixa.

Dos Proseccos, provei alguns entre os quais destaco o Chiarelli (Casa Palla) e o Cassal Del Ronco que são bastante agradáveis, porém mais encorpados, secos com leve amargor no final de boca, que tem muito a ver com a própria casta. O Villa Fabrizia (Kylix), é mais ligeiro, mais frutado e fresco com um bom preço. Para o meu gosto, todavia, nesta faixa de preços o Corte Viola Extra Dry (BR Bebidas) ainda segue sendo imbatível com uma ótima relação Qualidade x Preços x Prazer.

Moscatel é o que mais abunda nesta faixa de preços e a produção nacional está muito boa, com diversos e bons rótulos no mercado variando de R$16 a 25,00 que combinam muito bem com sobremesa e bem geladinhos são uma ótima opção para aperitivos, especialmente aqueles menos doçes que são os que mais me atraem. O onipresente Marco Luigi Moscatel, que tanto elogio por seu incrível equilíbrio de acidez com açúcar residual e sua intensidade de aromas e sabores com grande tipicidade da cepa, é o principal deles e o meu preferido, mas o da Aurora também é bastante saboroso como já anteriormente dito. Este ano, todavia, tive a oportunidade de provar diversos outros espumantes deste estilo e obtive alguns bons resultados que quero compartilhar com você. A começar por um novo lançamento no mercado o .Nero, produzido pela Domno, um novo projeto da Família Valduga, que me agradou pelo bom equilíbrio encontrado, muito sutil na boca e no nariz, fácil de agradar e bem leve; detentor do maior market share neste estilo, o Terranova Moscatel, exemplo da Moscatel nordestina do Vale do São Francisco, que está de cara nova, é muito bom no nariz e na boca mostrando boa intensidade, perlage abundante e persistente com um final de boca muito fresco e agradável; Oremus, produzido em Flores da Cunha pela Fante Bebidas é o mais suave deles, pálido, quase incolor, muito ligeiro, fino e feminino, para agradar em encontros informais sem grandes compromissos e onde a presença feminina seja maioria;  o Salton Moscatel (Cia do Whisky), com ótima espuma que deixa um bonito colar na taça, possui boa intensidade de aromas, na boca é saboroso e fresco, apesar do residual de açúcar um pouco alto e o Cavalleri que possui uma cor diferenciada, amarelo palha, nariz de bastante intensidade com algo floral, maior corpo que os outros acima citados, de boa concentração e bastante doçe, o que não faz muito a minha praia, mas para quem prefere algo mais doçe ambos são boas opções assim como, certamente, boas companhias para uma sobremesa de salada de frutas com sorvete ou, aproveitando a época, panettone de frutas. 

Enfim, será uma questão de difícil escolha já que há opções diversas, mas acredito que pelo menos uma deva encaixar no seu bolso e lhe agradar ao palato. Salute e no decorrer da semana tem mais. 

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Brasil, Vinhos que Tomei e Recomendo III

Chegamos numa faixa de preços difícil. O porquê do difícil é em função da enormidade de rótulos do mundo inteiro disponíveis no Brasil exatamente dentro desta faixa. Nas listas que tenho publicado em Tomei e Recomendo, nas Adegas do Mês montadas, nas Degustações, existe uma enormidade de opções de belíssimos e conceituados vinhos disponíveis à escolha de cada um de nós consumidores. Porquê então comprar um nacional? Problemático explicar, até porque, preço por preço, a maioria ainda escolhe um importado e tem lá sua dose de razão. Os vinhos nacionais seguem sendo ilustres desconhecidos em nossa própria terra, os preços nesta faixa estão, salvo algumas poucas exceções, supervalorizados e existe uma dificuldade em encontrá-los nas lojas por falta de uma distribuição comercial adequada. Já comentei alguns vinhos nacionais aqui no blog, e deixo claro que, não fosse o alto preço, freqüentariam minha mesa mais assiduamente. Depois, acompanhando a rede, vi diversas outras manifestações de blogueiros e jornalistas especializados, batendo na mesma tecla o que, acredito, cria um importante ponto de reflexão para todos nós, inclusive os produtores. Estará a política comercial e de preços adequada à realidade do mercado e à forte e diversa concorrência? Colocar a culpa nos impostos, bode expiatório tanto dos produtores nacionais como dos importadores que tem lá sua penalizadora influência sobre o preço, ou nos importados, me parece argumento já falido e passível de revisão reflexiva.

Bem, enquanto refletem sobre esse tema, eis alguns dos bons vinhos que tive a oportunidade de tomar ao longo deste ano. São todos vinhos de qualidade reconhecida, que recomendo, a nata da produção nacional.

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Vinhos de R$50 a 80,00

Começo pelo bom Joaquim 2005 da Villa Francioni, corte Cabernet Sauvignon com Merlot que mostra uma paleta de aromas muito boa com frutas vermelhas e algo herbáceo finalizando com uns aromas tostados após um tempo na taça. Na boca não apresentou a mesma exuberância que no nariz, mas achei um vinho bem equilibrado, com taninos finos bem posicionados e aveludados, de corpo médio para encorpado e acidez adequada. Talento 2004, da Salton outro vinho bem conhecido e já com um histórico de qualidade. O 2002 que provei o ano passado achei já passado da hora ou talvez tenha sido mal guardado, apesar de que compro sempre em lojas conhecidas e de qualidade, mas este 2004 me agradou sobremaneira e, na minha opinião, está no ponto para ser tomado. Um agradável corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat de bastante harmonia e acredito com mais potencial de guarda do que seu antecessor.  Da Miolo, o Merlot Terroir 2004 é um digno representante dos bons vinhos elaborados no Brasil com esta casta. Um bom vinho, mostrando boa estrutura e algumas especiarias, bom volume de boca e taninos aveludados tendo lido de que o 2005 se apresenta melhor que este. Ainda dentro dos vinhos premium elaborados com Merlot, dois outros rótulos que ma agradaram muito. O Desejo 2004 da Salton, está muito cremoso e elegante, saboroso e de boa persistência mostrando bastante equilíbrio, taninos presentes, mas finos sem qualquer agressividade e o Villaggio Grando Merlot  mostrando gostosa fruta madura, corpo médio, harmônico e de taninos macios, fácil de beber e gostar deixando aquele gostinho de quero mais na boca especialmente se levemente referescado a cerca de 16º.

Três Cabernet Sauvignon 100% que me encantaram, cada um com seu estilo; Gran Reserva da Família Cabernet 2003 de Marco Luigi um belíssimo e clássico vinho, taninos prontos, aveludados, muito rico e de bom volume de boca; o Villaggio Grando Cabernet 2006 recém lançado que me encantou e prima pela elegância e finesse, sedutor, macio redondo, saboroso, cativante entrada de boca e de muito boa persistência num longo final e o Gran Reserva 2004, da Marson, de muito boa estrutura, taninos equacionados, finos e elegantes, mostrando muito equilíbrio e harmonia num vinho muito saboroso e longo, de boa complexidade. Três belissímos vinhos!

Innominabile Lote II, vinho top da Villagio Grando produzido a 1400 metros de altitude em Caçador, Santa Catarina, um divino corte de cinco cepas (Cabernet Sauvignon/Malbec/Cabernet Franc/Merlot e Pinot Noir) e duas safras tendo como protagonista a de 2006, porém cortado com uma parte do Lote I de 2005, um dos melhores vinhos nacionais, tem boa complexidade e elegância, muito saboroso com grande equilíbrio e taninos doces, um vinho realmente sedutor e fino com uma característica muito velho mundo, talvez em função do enólogo que é francês.  Quinta da Neve Pinot Noir 2006 de Santa Catarina, talvez o melhor do Brasil, que apresenta um nariz de boa intensidade, corpo leve, equilibrado, rico, taninos macios e gostoso final de boca que invita à próxima taça e, para finalizar, o Portento 2005, vinho fortificado produzido em São Joaquim pela Quinta Santa Maria num estilo dos Vinhos do Porto fruto de um corte de Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Merlot e Aragonez. Um vinho surpreendente, muito bem feito, num estilo Porto Ruby muito cremoso, frutado e equilibrado. Produz um branco também, de uva Moscatel, que também é saboroso, porém longe to tinto que realmente é muito interessante.

Nos brancos gostei do Chardonnay da Villaggio Grando que mostrou qualidades apesar de não ser um blockbuster.

 

 

 

 

 

Vinhos de R$80 a 120,00

Provei alguns bons vinhos, entre eles o Boscato Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2002, de muito boa estrutura, boa acidez, vinho que combina bem, potência com elegância num conjunto de muito boa qualidade. Villa Francioni Francesco 2005, um bom corte de Merlot/Cabernet Sauvignon / Malbec / Cabernet Franc e Syrah. Muita fruta madura de boa intensidade no nariz, macio, taninos finos perfeitamente equacionados, saboroso repetindo a fruta levemente compotada com algo de salumeria num corpo médio bem balanceado. Não provei nenhum branco dentro desta faixa, mas dizem que o Sauvignon Blanc da Villa Francioni é de primeira. Dois tintos, no entanto, são de tirar o chapéu e são prova viva de que sim, o Brasil já possui alguns grandes vinhos para brigar de frente com alguns dos bons rótulos importados.

         Storia 2005, o merlot super premium da Valduga, um senhor vinho que foi, também, muito competentemente trabalhado do ponto de vista mercadológico. Ainda fechado, taninos maduros ainda bem presentes e adstringentes, com ótima estrutura, bom equilíbrio, potente, longo e saboroso final de boca e uma paleta de aromas em que sobressai fruta vermelha e algo de café. Em uma degustação às cegas realizado na Portal dos Vinhos com os vinhos varietais; Ventisquero Queulat Pinot Noir 2006, Achaval Ferrer Malbec 2005, Kaapszchit Shiraz 2004, Abraxas Tannat 2002 e Coppola Claret Cabernet Sauvignon 2004, levou a melhor sobre todos eles. Um grande merlot de bastante potência requerendo um tempo de decantação antes de servir e certamente melhorará muito dentro de mais um ou dois anos. Preço, se achar, é em torno de R$90.

         Villa Francioni 2004, o top de linha desta jovem vinícola catarinense, eleborado com um corte Cabernet Sauvignon/Merlot/Cabernet Franc e Malbec num típico corte bordolês e, dentre todos os nacionais que já tomei, gostei e recomendei, este é certamente o melhor! Vinho complexo, muito rico, equilibrado, saboroso, ótimo volume de boca, taninos finos de grande elegância e ótima persistência. Daqueles que quando você sente os aromas e toma o primeiro gole, já se dá conta de que está frente a frente com um grande vinho de muita personalidade tomando conta de todos os seus sentidos. Em mais uma degustação às cegas no Portal dos Vinhos, este Villa Francioni foi colocado à prova junto com outros bons e conceituados blends estrangeiros; Altimus 2004 e Chakana Estate Collection 2004 ambos da Argentina, Valdivieso Éclat 2005 do Chile, Francis Coppola Rosso Classic 2005 e Morkel Atticus 2003 Sul Africano. Deu Villa Francioni na cabeça e o preço está por volta de R$100 a 110,00!

           Painéis compostos essencialmente por consumidores, que são o júri mais imparcial, isento e pé no chão que podemos encontrar, aquele que realmente conta. O unico senão segue sendo o preço, especialmente nesta faixa mais alta onde temos inúmeros néctares de igual ou melhor nível a preços inferiores, dificultando a escolha por um destes ótimos produtos.

Salute e kanimambo.