Tomei e Recomendo

Briego Crianza, mais um Belo Ribera na Minha Taça

Recentemente abri este vinho na loja com alguns amigos para ver se entrava ou não no portfolio junto com seu irmão mais novo o Briego Roble sobre o qual já teci meus comentários aqui. Mais um vinho que agradou em cheio (a Rejane não me deixará mentir) e nos faz refletir sobre a quantidade de produtores pouco conhecidos por aí que fazem alguns caldos muito especiais. Por isso bato tanto na tecla da diversidade e da infidelidade no mundo do vinho. Seja fiel à sua família, à empresa, aos seus negócios e fornecedores, à sua loja ou lojas preferidas, porém não seja fiel ao vinho, deixe-se levar por novos produtores e descubra novas sensações, é muiiiito bom! Tudo bem, tenha seus portos seguros, mas não deixe de viajar pois o sabor da descoberta faz valer a pena.

Briego crianzaBem, mas voltemos ao vinho e ao produtor. Briego significa luta, pelo vinho e pelas terras de uma região na Ribera del Duero que prima por vizinhos de primeiríssimo nível como Veja Sicilia, Pingus, Mauro, Protos, Carraovejas, Pesquera, Alión entre outros famosos, uma região algo mais distante do rio Duero conhecida como “Milla de Oro”,a parte mais nobre da D.O.. Escondido entre tantas estrelas, se esconde este produtor que agora conhecemos, Bodegas Briego, um produtor a ficar de olho!

Um Crianza na região de Ribera del Duero (como em Rioja) necessita passar um mínimo de 12 meses em barricas de carvalho e 12 repousando em garrafas onde afina, antes que possa ser lançado no mercado, porém este Briego Crianza tem um pouco mais. O vinho passa 14 meses (8 em barricas americanas e 6 em francesas) e mais 14 em bodega para só depois chegar em nossas taças. Elaborado com 100% de Tempranillo.

Como no Roble, sua paleta olfativa surpreende por sua riqueza e intensidade chamando-nos a atenção já na abertura da garrafa e se superando na taça quando mostra todo o seu potencial de aromas que nos convida a levar a taça á boca! Surpreende porque os Ribera costumam ser mais exuberantes em boca do que no nariz, mas este exemplar consegue nos despertar sensações em ambos. Fruta madura explode no nariz com suaves nuances mentoladas e algum caramelo. Entrada de boca sedutora ganhando volume no meio de boca onde a parece a tradicional estrutura dos vinhos região. A fruta aqui está mais fresca, acidez média, harmônico com taninos aveludados mais presentes no final de boca deixando um retrogosto de boa persistência onde aparecem nuances de tabaco, tostado e algo de especiarias.

Complexo, é um vinho que agrada sobremaneira e custa na praça algo ao redor das 140 pratas, em linha com vinhos similares disponíveis no Brasil. Importado pela Almeria do amigo Juan, um cara que conhece bem os vinhos de Espanha! Salute amigos e kanimambo pela visita. Uma ótima semana a todos.

Chile Annual Wine Awards – Estes Eu Provei!

CAM01256Estes eu provei e gostei! Como disse ontem, enquanto o pessoal discursava e divulgava os ganhadores, nós comíamos e sorvíamos alguns dos medalhistas deste concurso. Alguns desses rótulos chegaram a ser indicados entre os três classificados para a final dos troféus, só belezuras! rs As fotos ficaram horríveis, mas…… Eis um curto resumo dos que mais se destacaram na minha taça.

Coyan – sempre um porto seguro. Muito rico e equilibrado, guloso e ainda por cima ôrganico o que é um plus.

Tralca – da Bisquertt é um corte de Cabernet Sauvignon, Carmenére e Syrah, tendo estado entre os três finalistas na categoria Premium Red. Um vinho marcante com ótima entrada de boca, boa estrutura e volume de boca. Um belo vinho para tomar agora e guardar por mais uns anos.

Cousino Macul Finis Terrae tinto – é a segunda vez que o provo e a segunda vez que me delicio com ele. Entre os finalistas na categoria Blends Tintos, é um vinho muito elegante e fino, um corte de Cabernet Sauvignon e Merlot de dar água na boca. Desta feita também conheci o branco, um corte de Chardonnay, Riesling e Vignier muito bem balanceado e apetitoso que recomendo. Essas garrafas eu teria em minha adega fácil, dependendo do preço obviamente!

Millaman Reserve Zinfandel – uma grata surpresa com uma uva pouco comum fora dos Estados Unidos e Austrália. Muito agradável, com um toque mais chileno e final menos doce, uma garrafa para curtir e surpreender os amigos.

Odfjell Winemaker’s Travesy – gosto deste produtor e este blend foi desenvolvido com duas uvas que, em minha opinião, geram dois de seus melhores varietais; a Malbec e a Carignan que aqui ainda levou uma parte de Syrah. Concentrado, intenso e untuoso, belo vinho!

Casa Lapostolle Borobo – bem, para mim a grande surpresa. Tenho algum preconceito, confesso, para com este produtor pois sempre achei seus vinhos algo exagerados. Super extração, alto teor alcoólico, nunca fizeram minha cabeça com excecão do Cuvée Alexandre Merlot que reputo com um dos melhores do Chile junto com o Marques de Casa Concha. O Borobo é o oposto do conceito que eu tinha e tudo a ver com os vinhos que mais curto, daqueles que você não sabe se funga ou se bebe e, na dúvida, faz os dois com enorme prazer. Absolutamente sedutor, uma obra prima que me encantou e do qual sorvi vários goles recomendando a todos. Complexo blend de Cabernet Sauvignon, Carmenére, Syrah, Pinot Noir e Merlot extremamente elegante e fino sem perder a estrutura, meio de boca cativante, taninos aveludados, final longo, guloso, um vinho para curtir com calma como numa boa relação amorosa, nada de pressa! Gamei, ainda bem que é só vinho!!! Como não chegou na final de Premium Reds não sei, mas eu o indicaria com toda a certeza!

WC Clipboard gold medalists tasted

Bem gente, por hoje chega de “charla”. Ótima experiência essa promovida pela Wines of Chile e um privilégio ter podido estar presente nesse evento. Agora preciso arrumar tempo para finalizar minha reportagem sobre minha viagem à argentina em Outubro!! Aproveitando, não vai vir comigo no Tour Loucos por Vinho, olha que vai perder “big time”, heim?!  Salute, kanimambo e um ótimo fim de semana para todos!

Vinhos Abaixo de Quarenta Que Satisfazem

Díficil a tarefa de encontrar bons vinhos que satisfaçam tanto o palato como o bolso, especialmente abaixo das 40 pratas, mas os há por aí. Tem gente que não acredita, que tem preconceito para com vinhos mais em conta, porém num país de preços exorbitantes de tudo, há que se garimpar esses rótulos. Pessoalmente e não é de hoje, adoro pesquisar esses rótulos até porque sempre tive que pagar por meus vinhos e nem sempre a grana abundou. Estou sempre aberto a receber vinhos para prova nessa faixa de preços, porém é incrível como vem pouca coisa e desses, o tanto que rechaço!

Os vinhos chilenos nessa faixa não têm me agradado muito e mesmo os argentinos que conseguem fazer uns vinhos mais palatáveis estão perdendo para os vinhos Lusos e olha que existe aqui uma diferença alta de taxação, 27%, isso sem falar de custos de transporte! Para mim, a linha que separa o mediano do medíocre, indepentente de origem, é a traçada pelo preço de R$25,00 porém até aí existem exceções (sempre as há) mesmo que bem mais raras.

Portugal FixeJá me referi há um tempinho atrás, de que nessa faixa de preço não tem para ninguém, existe uma série maior de melhores vinhos portugueses nessa faixa de preço do que de qualquer outra origem e para todos os gostos; fruta madura, madeira, sem madeira, alto teor alcoólico, baixo, tintos, brancos, rosés e por aí vai. Hoje listo aqui três vinhos de três regiões diferentes que surpreendem os mais incautos e os esnobes de plantão. Tomados ás cegas, tradicionalmente transmitem uma percepção de valor bem maior, como se fossem vinhos entre os R$50 a 60,00 e desafio você a fazer esse teste. Para mim, uma seleção de bons vinhos para o dia-a-dia com preço para lá de convidativo e, muito mais que medianos, são muito bons vinhos nessa faixa mostrando uma qualidade acima da média.

Costumo dizer que os vinhos conversam com a gente, alguns mais que os outros, e estes já têm um papo bastante agradável, têm o que dizer e o dizem bem! Agora, só toma Carmenére, Cabernet Sauvignon e Malbec, bem nesse caso creio que está perdendo muiiiiito por não ousar e diversificar, mas respeito pois nem todos gostam de blends e esses são todos fruto de uma composição de uvas e muitas autóctones de Portugal. Como diz o ditado, o que seria do amarelo se todos só gostassem do vermelho?! Bem, eis os vinhos e minha rápida e sintetizada opinião sobre eles:

Vinhos lusos abaixo de 40 pratas

VilaFlor tinto – Produzido no Douro Superior pela Casa de Arrochela, é um vinho com blend típico da região; Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Tinta Barroca com educados 13% de teor alcoólico, acidez bem equilibrada, ótimo meio de boca (bom de papo), rico, fruta e especiarias bem presentes, taninos aveludados com um final de boca de boa intensidade. O branco é outro achado que ganhou como o melhor branco abaixo de R$50 na Expovinis deste ano e já mencionei aqui.

Confidencial Tinto – Este vem da região Lisboa e conhecemos numa apresentação que o Master of Wine Dirceu Viana Jr., brasileiro que mora em Londres e é o único Master of Wines da língua portuguesa, fez numa máster Class sobre vinhos portugueses e da escolha de seus TOP 50 vinhos lusos para terras tupiniquins. Elaborada pela Casa Santos Lima, é um vinho elaborado com cerca de seis a oito castas não divulgadas. Bem frutado, médio corpo, rico, frutas silvestres, taninos maduros e suculentos, taninos finos com frutos do bosque, notas de baunilha, algum moka de final de boca, um verdadeiro achado que agrada fácil demonstrando perfeito equilíbrio com seus 13% de álcool muito bem integrados e médio corpo.

Monte Perniz – Chegamos ao Alentejo onde a modernidade se une à tradição o que se confirma neste blend de 40% Aragonez, 30% Syrah, 20% Alicante Bouschet e 10% Cabernet Sauvignon sem passagem por madeira. Um vinho mais leve, porém não ligeiro. Taninos mais suaves, fruta mais presente, mas sem aquela sobremadurês com que muitas vezes nos deparamos nos vinhos da região. Todo ele é mais fresco, macio e fácil de agradar. Para acompanhar a pizza de fim de semana ou pratos mais leves, um vinho que não nega a raça!

O bom de todos estes vinhos é que são uma ótima opção para eventos, jantares, casamentos e festas de fim de ano pois são baratos (normalmente se compram caixas), são saborosos e agradam fácil os convivas tanto os mais dedicados aos vinhos como os iniciantes. Tá na duvida do que comprar neste final de ano então viaje um pouco, vá de vinhos portugueses! Aqui estão apenas algumas boas dicas, mas o mercado tem muita coisa boa a ser provada então aventure-se um pouco.

Salute, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui ou melhor, vem comigo para uma experiência única em Mendoza!

O Outro Cabernet Chileno

È, há umas duas semanas falei de um e tinha prometido o segundo em seguida, mas o trampo está pesado então está faltando tempo para colocar a escrita em dia, porém não esqueço minhas promessas, não, só tarda! rs Falei do Lauca Reserva Cabernet Sauvignon e hoje quero compartilhar com os amigos e amigas o In Situ Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2010. Mais um vinho desta uva que mostra bem a boa adaptação aos diversos terroirs chilenos. O Lauca é do Vale do Maule e este é de Aconcagua, o que gera algumas diferenças, porém entre eles uma linha mestra, a ausência da excessiva piracina que tanto me incomoda em boa parte dos vinhos chilenos. O produtor é a Viña San Esteban e esta linha de produtos me atrai bastante porque afora o prazer na taça, também dá um alivio no bolso entregando mais do que se espera em função do preço.

Gosto do In Situ Big Red Blend (que nem é tão big assim!) que conjuga muito bem a Cabernet, com Petit Verdot e algo de Carmenére na casa dos R$56, mas este 100% Cabernet traz algo mais! O enólogo, Horácio Vincente, é  filho do proprietário, formado em Bordeaux e essa influência se sente bem em seus vinhos CAM00300com um algo mais de sofisticação. O In Situ Gran Reserva Cabenet Sauvignon, leva 90% desta cepa à qual ele adiciona um tempero de 5% cada Carmenére e Cabernet Franc, e deixa “amadurecer” em barricas francesas e americanas de 225 litros por cerca de doze meses.

O resultado é um vinho que atrai á primeira “fungada” mostrando uma fruta vermelha viva e fresca, e um toque algo terroso (bosque molhado), de boa estrutura tânica, densoe de bom corpo sem ser excessivo ou pesado,  complexo, elegante, textura aveludada, boa acidez e harmônico com uma leve pimenta de retrogosto e boa persistência. Um Cabernet muito bem feito, sem exageros nem maquiagem com a madeira a dar apoio ao conjunto sem jamais se sobrepor. Pelo preço, na casa dos R$75 a 80,00 acho que é uma boa opção a vinhos de marca mais famosa e mais caras, porém sem a qualidade e equilíbrio que este apresenta e prazer que nos dá. Como já disse anteriormente e por diversas vezes, é esse o barato do garimpo, encontrar estes rótulos menos midiáticos de produtores de menor porte que nos surpreendam. Se você gosta de Cabernet Sauvignon, eis uma boa opção ao seu dispor no mercado.

Espero que curtam! O VSE Cabernet, o de gama de entrada deles, é um vinho bem feito que já comentei por aqui há uns cinco anos atrás e dizem que o In Situ Laguna del Inca, seu vinho top, também é muito bom e esse eu botei na alça de mira para uma próxima oportunidade provar. Se você provar antes, ou já conhecer, me diz algo? Bem gente, a conclusão que tiro é que este produtor se dá bem com a Cabernet em sua propriedade e cantina o que pode ser um fator a se considerar quando nos depararmos com seus vinhos no mercado, ojo! Bem, hoje é só e amanhã falarei um pouco da degustação às cegas que armei com Malbecs chilenos, argentinos e franceses, mais surpresas! Kanimambo e uma boa semana para todos.

Dois Bons Cabernets Chilenos

Por mais que insistam em fazer da Carmenére a uva ícone chilena, ainda acho que as principais uvas comerciais chilenas são mesmo a Cabernet Sauvignon e a Syrah. Na Cabernet, o que mais me incomoda é o excesso de piracina (pimentão verde) em boa parte dos vinhos assim como aquela goiaba verde, aromas que não me seduzem e que, por muitas vezes, se repetem na boca. Quando provo um vinho que foge dessas características, isso já me aguça o palato e se o preço está em acordo com meu bolso, então me seduz de vez e foi isso que ocorreu com dois vinhos em dois patamares de preço diferentes, um Reserva e um Grande Reserva. O primeiro que compartilharei com os amigos hoje, foi mais uma revisita a um vinho que já tinha curtido muito em 2009, confirmei em 2011 e agora revisito mais uma vez e reconfirmo tudo o que já tinha comentado sobre ele e que o fez ser destaque aqui no blog há época, é o Lauca Cabernet Sauvignon Reserva, hoje importado pela Mercovino.

CAM00298Da região do Vale do Maule, passa por oito meses em barricas francesas e americanas. A primeira grande surpresa é a ausência total dos tradicionais aromas de goiaba e pimentão, com a paleta olfativa mostrando muito mais seu agradável e sedutor caráter frutado com notas de baunilha sutis mostrando o bom uso das barricas. Na boca, taninos muito bons, equilibrado, bom corpo, rico, álcool bem integrado formando um conjunto muito prazeroso e, como dizem meus conterrâneos, apetecível com um final saboroso de boa persistência que nos chama à próxima taça. Como o preço se encontra numa faixa ao redor dos 55,00 Reais, temos aqui, na minha opinião, um best buy com uma elegância e finesse pouco presentes em vinhos nesta faixa.
Ainda durante a semana voltarei a falar dos Cabernet Chilenos com um outro rótulo, um Gran Reserva. Até lá, Salute, kanimambo e uma ótima semana para todos. Ah, ia-me esquecendo, reservem o período de 21 a 25 de Agosto para viajar comigo a Mendoza! Ainda esta semana os detalhes, porém será uma experiência enogastronomica como visita a 8 bodegas, lagar de azeite e 4 refeições harmonizadas descobrindo novos sabores, aguarde!!

Vinho de Reflexão, Um Moscatel Roxo de Setúbal 1998

Tem um monte de gente que, cada vez que você fala de vinho de sobremesa, viram a cara e dizem não gostar. O interessante é que em diversos eventos de degustação que promovi e coloquei um vinho doce, de sobremesa, em prova, estes acabaram sendo os rótulos mais vendidos do evento. O fato me leva a concluir que a maioria é do tipo; “não provei e não gostei” tudo aquilo que tentamos mostrar aos nossos filhos ser errado! O grande segredo desses vinhos é o profundo equilíbrio entre o residual de açúcar e a acidez. Já provei um Tokaji Essencia com 200grs/l de açúcar residual e estava magnífico, digno de vir acompanhado da famosa almofadinha!!

Já eu, salvo algumas exceções nojentas (rs) adoro provar de tudo e vinhos de sobremesa são uma de minhas paixões. É difícil encontrar bons vinhos de sobremesa baratos, a produtividade costuma ser pequena, mas há exceções sendo que a maioria destes são vinhos de colheita tardia sul americanos, mas hoje quero falar deste verdadeiro elixir dos deuses produzido pela Quinta da Bacalhôa com esta pouco conhecida e rara variedade de moscatel, aparentemente autóctone da região de Terras de Setúbal, o Moscatel Roxo, vinho licoroso, fortificado (adição de aguardente vínica), com cerca de 18º de teor alcoólico!

CAM00302         Como costumo dizer, há vinhos que não sabemos se cheiramos ou bebemos, pois este é daqueles por quem nos apaixonamos à primeira fungada e mais do que beber, é de lamber!!! Extremamente sedutor, com notas florais que me fazem recordar laranjeira e rosas, com algo de frutos secos e mel, talvez até influenciado pela incrível cor amarelo dourado, quase topázio, uma verdadeira preciosidade. Tudo isso, no entanto, não convence se quando chega à boca esses aromas morrem e são substituídos por um liquido xaropento, enjoativo e sem vida. Este Moscatel Roxo da Quinta da Bacalhôa é o oposto de tudo isso, pois possuí uma acidez maravilhosa que lhe aporta uma personalidade muito vibrante, elegante, de grande leveza e maciez que convidam ao próximo gole. Absolutamente encantador, um adolescente de dezesseis aninhos, nove ou dez dos quais envelhecendo em meias pipas de carvalho, anteriormente usadas na produção de whisky, devendo, conforme pesquisado, ainda evoluir por mais vinte, trinta ou mais anos! Para tomar devagar, após o almoço, jantar ou a qualquer hora, sorvendo todas as suas nuances e desfrutando de toda a sua riqueza de sabores.

Ele é a sobremesa, um vinho para tomar olhando o horizonte e ver o sol se pôr, um vinho de contemplação e reflexão, para agradecermos a dádiva da vida e o privilégio de poder tomar um néctar desses. Para quem queira acompanhar com algo, penso que um Toucinho do Céu (típico doce conventual português) ou um Panetone de Zabaione italiano poderão ser grandes parceiros.

A uva, de cor arrocheada em vez de branca como a Moscatel “comum”, é tida como uma mutação regional da mesma e algo rara (pouca área plantada) com volumes pequenos de produção, gerando vinhos algo mais secos e complexos que os Moscateís tanto das regiões de Setúbal como do Douro (Favaios). Considerando-se o que o vinho é, o preço nem é caro pois anda na casa dos R$200 a 230, porém quem tiver a chance de passar no Duty Free de chegada no Brasil, vi no site por USD37, uma baba! Para quem quiser se aventurar em outros vinhos Moscatel Roxo deste quilate, minha recomendação fica com o Domingos Soares Franco Coleção Privada 2001, outro néctar de lamber os beiços e não esquecer tão cedo.

Salute e kanimambo, uma ótima e doce semana para todos.

Mais Vinhos de Bom Preço a Curtir na Copa

Agora o próximo jogo do Brasil é Sábado ás 13 horas! Não é por nada não, mas estou louquinho para a copa acabar e podermos retomar nossas vidas. A indústria vai ter queda, o comércio vai ter queda, porém as contas insistem em chegar “no matter what”! Enfim, não tem jeito então vamos tocando e eu cá estou de volta para dar mais algumas dicas de vinhos para curtir na copa só que destes países os preços são algo menos atrativos. Tenho pesquisado, mas achar bons vinhos da Alemanha, EUA, Uruguai e Austrália abaixo, ou próximo das 50 pratas não tá fácil não. Para quem está a fins de curtir vinhos de um desses países, não vou colocar nada da Grécia nem Croácia pois o que conheço é bem mais caro e nem sempre facilmente encontrados, eis algumas poucas dicas.

Flag button UruguaiUruguai – assim como a Argentina reinventou a malbec o Uruguai fez o mesmo com a Tannat e tem muita coisa boa por lá, nem sempre a preços muito convidativos. Nas faixas mais baixas de preços os vinhos variam muito, porém na casa dos R$35 a 40 o Don Pascual Tannat/Merlot (tradicional corte local) é bem agradável. Não tenho provado muita coisa nessa faixa que tenha me agradado, porém a R$45,00 o Pisano Cisplatino tannat/merlot é um porto seguro e na casa dos R$55 gostei bastante do Rio de los Pájaros Tannat Reserva. Outra opção certeira, porém já na casa dos R$65 é o Carrau Tannat de Reserva todos vinhos mais densos, típicos da cepa, porém sem taninos agressivos, teores alcoólicos educados e bastante ricos.

 

Flag Button alemanhaAlemanha – paraíso dos vinhos brancos e eventualmente Pinot Noir nos tintos, porém difícil encontrar vinhos com preços mais convidativos. Rieslings já com qualidade garantida, tem muita coisa por aí bem meia boca, sugiro a garrafa de litro de Heinz Pfaffmann Riesling por cerca de R$72,00 um vinho de baixo teor alcoólico e fácil de tomar, o Loosen Dr. L por volta dos R$69 assim como o Anselmann Trocken, um pouco mais de corpo e estrutura, na mesma faixa. Da Anselmann, també interessante o Pinot Noir deles que mostra uma outra faceta da região, a dos tintos e este é bastante interessante, porém já na casa do R$79,00.

 

Flag Button AustráliaAustrália – outro país de onde é difícil encontrar vinhos a preços convidativos. Afora seus famosos Shiraz, há também bons vinhos brancos, Cabernets e blends a serem explorados, porém devemos abrir a carteira um pouco mais. Na faixa entre entre R$55 a 65,00 gosto do Down Under Chardonnay com pouca madeira e bastante frescor sem perder as características da cepa, o Lindemanns Bin 50 Shiraz um bom “entry level” aos bons Shiraz australianos assim como o Three Steps Shiraz que já mostra um pouco mais de complexidade e corpo.

 

Flag button EUAEUA – nos próprios Estados Unidos os vinhos nacionais são dos mais caros e os de baixo preço tendem à carregação, produtos demasiado industrializados de qualidade muitas vezes duvidosa, porém não sou expert nos vinhos de lá. Conheço alguns bons e lamentavelmente caros rótulos, porém por aqui há pouca disponibilidade de vinhos de qualidade com preço mais acessível. Conheci alguns poucos rótulos que me pareceram bastante honestos e que hoje rondam os R$60 mais ou menos R$5 que creio podem ser interessantes para o momento, pois em turma vendo jogo não me parece que haja muito foco para grandes vinhos. Busque o Crane Lake Zinfandel, Forest Ville Cabernet Sauvignon e Fox Brook Shiraz, não são nenhuma quintessência de vinhos, mas são agradáveis, bem feitos, fáceis de tomar e honestos em seu segmento de preço.

Com isso finalizei minhas dicas de vinhos para curtir na copa. Foram uma série de rótulos de onze diferentes países então até dia 13 de julho há muito o que experimentar! Salute, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui.

Mais Vinhos Bons e Baratos para Curtir nos Jogos da Copa

Uma boa parte dos colegas blogueiros e colunistas, sommeliers e profissionais do ramo costumam chegar nos eventos e buscar os grandes produtores e grandes vinhos para prova, o que respeito, porém meus caminhos normalmente me levam na contramão dessa tendência. Gosto de pegar outras estradas; as das descobertas e busca por aquelas pérolas escondidas no meio de uma enormidade de rótulos, aqueles bons vinhos de preços camaradas independentemente da faixa em que se encontrem. Não que esnobe os grandes vinhos, não sou idiota (!) rs,  e ao final sempre encontro um espaço para provar alguns deles, mas o que me dá satisfação mesmo é achar essas pérolas perdidas, o que me dá tesão nessa vinosfera é mesmo o garimpo, sair da mesmice procurar o desconhecido! Boa parte destas descobertas costumo compartilhar com os amigos aqui e os rótulos que sugiro nestes posts de vinhos Bons e Baratos para curtir durante os jogos da copa são fruto desse garimpo, espero que gostem.

Flag button ArgentinaARGENTINA – o Baladero Cabernet Sauvignon, Merlot e o Raza Malbec, entre R$35 a 40,00 são duas ótimas opções para quem quer gastar pouco e não fazer feio com os amigos. O Baladero Cabernet recebeu 89 pontos da Revista Adega e é um vinho surpreendente pelo preço enquanto o Merlot encanta por sua textura. Já o Raza  Malbec é de uma elegância e uma riqueza de meio de boca que agradam fácil a gregos e troianos primando pelo equilíbrio. Entre R$40 a 50,00 as opções são inúmeras porém gosto bastante dos vinhos do Gougenheim Valle Escondido Cabernet, do Syrah e do Bonarda/Syrah que está muito interessante e sedutor

 

Flag Button BrasilBRASIL – Recentemente falei do Salton Paradoxo Merlot e certamente esse teria que ser um dos sugeridos, pois por R$25,00 é uma bela relação qualidade x preço e sob o qual você pode ler mais clicando no link para post que escrevi há dias. Nessa faixa não tenho provado muita coisa, porém o Aracuri Merlot/Cabernet Sauvignon por cerca de R$48 é uma boa opção para quem quer algo mais, um vinho de Campos de Cima (R.S) que surpreende com boa estrutura, taninos finos e uma certa complexidade de final de boca. Óbvio que quando se fala de Brasil um espumante é sempre uma boa opção e se a galera for grande o negócio é apelar para um saboroso fresco Don Bonifácio Brut na casa dos 35 a 40 Reais, fácil de agradar e como já dizia Napoleão, “nas vitórias é merecido e nas derrotas necessário”!

 

Flag Button EspanhaESPANHA – há uns três anos descobri este rótulo que me encantou tanto na boca quanto no bolso, Legado Munoz Garnacha. Segue sendo uma ótima opção e uma surpresa para a maioria dos que o provam pela primeira vez já que é difícil crer que um vinho desses possa custar somente cerca de 42 Reais. Corpo médio, muita fruta, baunilha, acidez correta, final de boca especiado, um destaque na taça que impressiona nessa faixa de preço e que os críticos internacionais já pontuaram por diversas vezes entre 86 e 87 pontos. Já se preferir um 100% Tempranillo, recomendo o Canforrales Classico que surpreende entregando muito mais do que se espera de um vinho desta faixa com bom volume de boca, boa fruta e especiarias presentes. Considerado um dos melhores vinhos jovens de Espanha, foi escolhido para ser servido nos voos da Iberia. Sua versão rosé pode acompanhar bem uma paella ou camaróes empanados como aperitivo, uma família de respeito. A Espanha já nos disse adeus, mas…….. porquê parar?!

 

Flag Button ItáliaITÁLIA – O Paiara, blend de Negro Amaro com  Cabernet Sauvignon, vem da Puglia uma região menos conhecida e esta dupla está muito bem entrosada neste vinho que apresenta frutos negros bem presentes e algumas notas mais terrosas, equilibrado, médio corpo, taninos maduros e custa algo ao redor dos 45 Reais sendo uma ótima pedida para acompanhar a pizza ao final do jogo. Algo mais leves, os Sangiovese como; Confini, Villa Cardeto e o Alido entre R$40 a 48,00 são boas opções. Na mesma faixa de preço um gostoso e festivo Ballabio, rosé do Friulli á base de pinot nero e levemente frisante, um bom espumante Prosecco como o Cecilia Beretta Extra-Dry ou ainda, se quiser acompanhar um sashimi no jogo do Japão, o saboroso espumante rosé Contessa  Borghel,  são ótimas pedidas para acompanhar a Scuadra Azzura! Se quiser pular um degrau (por volta de R$10 a mais) vá de Surani Primitivo di Manduria ou Rubiolo Montepulciano de Abruzzo, satisfação garantida!

Durante a semana que vem volto com meu post final com dicas de vinhos da Austrália, Uruguai, EUA e Alemanha. Até lá, kanimambo e um ótimo fim de semana.

Vinhos Bons e Baratos Para Tomar na Copa

Aproveitando a maré, são 13 os países produtores de vinho presentes a esta Copa do Mundo que paralisa o país. Aliá, tem momentos que me assusto, gente isto é só um jogo! Legal, mas um jogo!! Enfim, voltemos ao vinho que este é assunto mais perene e podemos aproveitar esses momentos de êxtase para tomar alguns vinhos interessantes nos dias em que esses países jogam, ou não? Tá bom, tá bom, pode até iniciar com uma cervejinha, mas depois retorne à trilha! Eis algumas dicas interessantes, de 3 desses países, para os próximos dias com vinhos de custo mais acessível já que ainda tem muito jogo pela frente!

Flag Button FrançaFRANÇA, Roncier Tinto ou Branco – como ainda temos alguns jogos da França, podemos alternar entre um e outro. Vinho barato e bom francês não existe, certo? ERRADO! Este vinho sem safra, sem uva e sem região (sim é isso mesmo) que eu apelidei como Vin de Bistro, é alegre, vibrante e foi uma descoberta que fiz no Encontro de Vinhos OFF deste ano aqui em Sampa. O tinto deve ser tomado refrescado entre 12 a 14º e o branco a 6/8º e garanto que uma garrafa vai ser pouco nesses jogos, porque desce fácil. O Branco mais vibrante que o Tinto, mas ambos vinhos muito equilibrados elaborados para dar prazer sem compromisso. Anda na casa dos 35 Reais. Uma outra opção interessante é o Ondines, um Rhône barato e pero cumplidor!

Flag Button PortugalPORTUGAL, Vilaflor Tinto e Branco – Como nos jogos da França, agora chegou a vez de Portugal com o mesmo produtor nos trazendo vinhos muito agradáveis numa faixa de preço bem camarada. Sim, pode se preparar porque Portugal (inshala!) ainda vai sair em segundo na chave mesmo depois daquele chocolate amargo que a Alemanha providenciou afinal, acidentes acontecem! Do branco já cansei de falar aqui e foi ganhador na Expovinis na categoria brancos abaixo de R$50,00. Um branco do douro com conteúdo, saboroso e bem fresco. Já o tinto vem para confirmar a atual boa fase por que passam os vinhos lusitanos que conseguem nos surpreender com bons vinhos a ótimos preços. Também na casa dos 35 reais. Outras opções nessa faixa; Terras do Pó branco e tinto, Forja do Ferreiro (mais amadeirado) e Casa do Brasão, este último abaixo das 30 pratas!!

Flag button ChileCHILE, Millaman Condor Chardonnay e Carmenére – mais dois achados recentes. O Chardonnay foi muito bem avaliado pela Confraria de Sommeliers do Didu e Cia, e quando provei também me surpreendeu com seus frutos tropicais e vibrante frescor, tanto que me animei a provar o Carmenére que não chega a ser uma uva que normalmente me atrai muito. Mais uma surpresa, sem aquele verde herbácio forte o vinho traz uma fruta gulosa e bom equilíbrio calcado numa textura gostosa de meio de boca e taninos maduros e macios. Para não destoar, vinhos na casa dos 35 reais! Se quiser algo mais barato, o Promesa Sauvignon Blanc na casa dos R$28,00 é uma bela pedida!!

Na Sexta dou mais algumas dicas interessantes de outros países como Brasil, Itália, Alemanha, EUA, Espanha, Uruguai, Argentina, Austrália,…… Salute e kanimambo

Magnífica Montalcino!

Tenho o privilégio de fazer parte desta confraria e mais uma vez me esbaldar nos abençoados elixiris de Baco, mais uma grande e inesquecível experiência com vinhos marcantes que considero, entre todos os que já provei ou tomei desta região, os melhores em seu estilo, verdadeiros bálsamos para a alma. Tem muito Brunello que gostaria de ser um Rosso Salvioni e esse Poggio di Sotto é um Brunello para o qual faltam adjetivos, pura luxúria! Vinhos de excelência, de extrema persistência na mente e na alma, como bem descreve a amiga Raquel (nossa porta voz da Confraria Saca Rolhas), é fechar os olhos e ser levado numa inebriante viagem ao passado, à cultura e  tradição de uma romântica e sedutora região, é arte e poesia em forma liquida! Enfim, deixemos que a Raquel fale desse encontro em que eu fiquei numa dúvida cruel, se fungava ou bebia e, na dúvida, lambi! rs

Mas é tudo Sangiovese!!!!!!!! Foi a primeira coisa que pensei, quando comecei a organizar as informações pré degustação da confraria.

Toscana
A região da Toscana, situada entre Firenze e Roma, foi o berço da renascença. Sua paisagem verde, recortada em vários tons, possui pequenos vales e montes que não passam de 600m de altitude. Os verões são quentes , muito ensolarados e secos, fazendo dessa paisagem uma grande pintura de cores contrastantes entre o claro e o escuro, luzes e sombras, no mais puro estilo renascentista. Os invernos frios com névoas que cobrem os pequenos vales como um véu pela manhã, transformam sua paleta em tons pastéis.

Foi nesse ambiente que a uva Sangiovese se originou. Alguns dizem que seu nome provem de “Sangue de Giove”(sangue de São João), outros de “Sangue de giogo/gioghetti”(sangue de um monte/montanha, com referências aos Apeninos). É a matéria prima dos principais vinhos da Toscana (DOCG): Chianti, Chianti Clássico, Nobile di Montepulcciano, Rosso de Montepulcciano, Rosso di Montalcino, Brunello di Montalcino, Morellino di Scansano e Carmignano. Todos eles com personalidade marcante e tão diferentes entre si. O que os diferencia é justamente o local de plantio da Sangiovese, que foi se desdobrando em vários clones. Há basicamente dois tipos da mesma uva: A Sangiovesi Grosso, maior, com a pele mais grossa e a Sangioveto, com uvas menores. E dependendo da denominação de origem, vão mudando de nome: Prugnolo Gentili em Montepulcciano, Brunello em Montalcino e Morellino em Scansano.

Tudo começou por conta de uma viagem à Toscana dos amigos e confrades Márcia e Marc, que se dispuseram a trazer umas garrafas do mítico Brunello de Montalcino Poggio di Sotto, que seriam o alvo da nossa próxima degustação. A ideia no entanto, não era conhecer vários produtores, mas sim um produtor em especial a que alguns ali já haviam sido apresentados e vez ou outra comentavam como sendo uma experiência única! Curiosidade atiçada, foram eles atrás do tão bem falado “Poggio di Sotto”. E para lhe fazer páreo, foi escolhido um Salvioni Rosso de Montalcino produzido pela Azienda Agricola Cerbaiola.

Montalcino At it´s Best

Os vinhos de Brunello em Montalcino originaram em 1870, pelas mãos da família Clemente Santi (hoje Biondi-Santi) que replantou todo seu vinhedo com a variedade Grosso, por ser mais resistente, principalmente à filoxera. Nos anos 80, ganhou interesse internacional pela qualidade, que faziam frente aos grandes vinhos Barolos do Piemonte. São vinhos classudos, que demoram 5 anos para serem colocados no mercado ( 6 anos para os reserva). Já o Rosso foi uma opção dos produtores da região, obterem um produto de qualidade, porém com mais agilidade de comercialização. Utilizando as mesmas videiras em safras não tão boas ou mesmo videiras mais jovens, e com apenas 1 ano de maturação na cave, já é possível colocar o produto no mercado. E convenhamos que a diferença de qualidade entre um Brunello e um Rosso di Montalcino, depende muito das mãos do seu produtor, já que a matéria prima é a mesma. Portanto, um Rosso bem feito, poderá ser melhor que um Brunello mal feito. Independente de quanto custou cada garrafa em questão!

E este foi naquela noite o nosso dilema: quais dos vinhos estariam mais sedutores? O Rosso ou o Brunello? Tínhamos ali um ótimo Rosso e um ótimo Brunello, ou seja , deveríamos nos desarmar de todos os paradigmas já estabelecidos e simplesmente apreciá-los. Afinal, nesse universo de bacco, o que menos importa é o julgamento e sim as sensações presentes em cada taça. No meu caso, a única coisa que vinha à mente era a paisagem da Toscana. E não era uma paisagem real, mas sim uma pintura renascentista, com seu realismo particular, revelando-se pouco a pouco como uma história remota. Os aromas facilitavam esse embarque no tempo e no espaço. Naquela paisagem bucólica, permeada de ciprestes e oliveiras, as vinhas e construções em terracota, que inspirou pintores como Leonardo da Vinci, Raffaelo Sanzio, e tantos outros. Nuances cromáticas, sabores e texturas aveludadas deixavam cada um de nós, a cada gole mais tocados e embriagados, no bom sentido, por aquela experiência vivida, que só um bom vinho é capaz de nos oferecer.

Provamos primeiro o Rosso di Montalcino Salvioni 2009 e depois partimos para o Brunello di Montalcino Poggio di Sotto 2007.

Acho que não da para dizer que um vinho é melhor que o outro. Os dois eram muito bons dentro de cada categoria. Obviamente, fiz minhas anotações e acho que a “viagem” foi longa, intensa e certamente quando a experiência é boa, fica para sempre. Foi uma estória com final feliz onde eu arriscaria até a dizer que compreendi o sorriso da Monalisa!